Contrariamente ao que dizia o nosso presidente há uns anos, não me parece que esteja no futuro próximo do Glorioso pertencer à lista dos 5 maiores clubes da Europa. Ainda assim, pela vitalidade que demonstra mesmo em época de vacas magras, creio que o nosso Benfas facilmente alcançaria uma posição temível na Europa, e, implicitamente, dentro de portas - um exemplo que me ocorre é o Lyon, mas há mais.
E o que é que nos separa desse futuro? Na verdade, acho que nem estamos assim tão longe, falta pouco - mas falta um pedaço importante!
Gostando-se ou não, a verdade é que desde o Vilarinho, mas essencialmente com LFV, o Benfica iniciou um processo que o atirou para o século XXI. Trata-se agora de uma empresa, cotada em bolsa, com credibilidade, com capacidade de gerar receitas em grande escala e um potencial de negócio e de rentabilidade sem par em Portugal. Lamentavelmente, a frieza da gestão empresarial não chegou ao futebol profissional e apenas atingimos algum sucesso no reinado do “desaparecido” José Veiga, esse senhor bem penteado e de pronúncia saloia que não vestia bem com as nossas cores e que, sinceramente, me agrada ver longe, bem longe.
E então, e o futebol? Pois, o problema mantém-se. Tenho sido acusado de pessimismo, aliás, admito um certo pessimismo, mas insisto que na génese do mesmo estão sinais bem preocupantes... Como ando a ver Dr. House em doses substanciais, arrisco uma metáfora:
Se o nosso Benfica for o doente, o que lhe receitar? Um treinador novo?
Concordo que não. Já testámos esse tratamento e o paciente continuou a agonizar.
Melhores jogadores?
Sim, claro que sim, mas o investimento desta vez até foi feito e os sinais vitais não melhoraram...
O director para o futebol, o nosso Rui?
Não! Nem todo o meu pessimismo me vai fazer virar baterias contra o Rui, pelo menos não nos próximos 50 anos. O Rui é um clássico, é como a aspirina, só faz bem!
Antes de continuar, até porque não sei onde isto vai dar, recuo um pouco. O treinador até pode não ser parte do problema, mas também não está a ser parte da solução. O meu pessimismo alimenta-se aqui. Neste dilema. Não devo despedir mais um treinador, apesar de não estar a funcionar. Não há solução, só deixar andar. E sim, eu sei que temos que lhe dar mais tempo - tenho a certeza que todos nós lhe vamos dar mais tempo e se o Quique quiser cá ficará por mais um ano, pelo menos. Mas uma coisa fique clara, ele não é parte da solução. Não é ele que vai criar uma nova equipa, como fez o Camacho da primeira vez que por cá passou. O que se está a assistir é a um treinador que apesar de mexer com a maneira como a equipa se posiciona e movimenta não altera a sua personalidade, e isso será essencial para o salto que todos esperamos para o Benfica. A diferença que vai do porto para o sporting (na champions) é de personalidade, tem a ver com a psique do grupo. E se no porto tal não tem necessariamente a ver (só) com o treinador, na generalidade dos casos essa identidade é passada ao grupo pelo treinador.
O que eu tento dizer é, esta primeira época do Quique não soa ao começo de nada, apenas a uma continuação - e do que tem sido o nosso passado recente não vale a pena assistir a mais sequelas.
Mas vamos acreditar e dar mais um ano ao homem, afinal não nos resta mais nada e eu, secretamente, estou sempre à espera que seja no próximo jogo que vamos fazer o Barcelona parecer uma cambada de tropeços!