1 - Rotatividade. É uma virtude contar com um plantel tão extenso em qualidade e com tantas opções para os diversos sectores do terreno. Este é um dos planteis mais bem apetrechados e com mais recursos que me lembro de ver no Benfica nos últimos vinte anos. Com excepção de Grimaldo, Fejsa e Jonas, nenhum dos outros jogadores parece ser claramente superior ao seu colega de sector ou concorrente directo. Resta agora empregar com critério e ponderação essa mesma rotatividade, porque como vimos no passado, quando é feita sem rei nem roque, como no caso do Porto de Lopetegui, corre-se o risco de perder pontos, perder o balneário e perder o campeonato.
2 - Defender a profundidade. Uma equipa como o Benfica, que privilegia a posse continuada da bola, sujeita-se a ter entre o seu guarda-redes e a primeira linha defensiva uma enorme espaço de terreno desocupado. E como já vimos esta época, não só fruto de alguma desorganização defensiva mas também pela lentidão ou desposicionamento dos centrais e dificuldade na leitura do tempo de abordagem à bola e jogo aéreo dos laterais, temos passado por dificuldades nos contra-ataques dos adversários (vide jogos em Aveiro com o Braga e em Chaves). A rever.
3 - Oitchentcha e... oito. Ramires, Witsel, Enzo, Renato. Temos sido afortunados com a qualidade dos jogadores que têm passado pelo lugar que se denominou nos últimos anos como "8", no futebol moderno. Ficam agora dúvidas sobre quem herdará esse fardo e se terá capacidade de levar a bom porto a tarefa de carregar piano com a mestria e qualidade que os supramencionados fizeram. André Horta é um jogador de qualidade e que se apresenta em alta rotação durante 90 minutos, mas sobram dúvidas quanto à capacidade para pegar no meio-campo e quanto à sua consistência para uma temporada inteira. Pizzi, o homem do trabalho invisível (e que eu não consigo ver), numa me encheu as medidas. Danilo é, para mim, uma incógnita. E Celis, a avaliar pelo que vi no Benfica e pelo [pouco] que vi ao serviço da selecção colombiana não é jogador para o Benfica.
4 - Lesões, lesões e mais lesões. O número de jogadores indisponíveis por lesão avolumou-se com o decorrer das primeiras semanas da temporada. Má preparação física, procedimentos mal efectuados, recuperações aceleradas e azar à mistura, muitos foram os factores envolvidos nesta maré de lesões que afectou o Benfica no início da temporada. Felizmente, fruto da profundidade do plantel e da qualidade dos jogadores, foi possível chegar a este interregno para jogos internacionais com os principais objectivos alcançados, quiçá ultrapassados: conquista da Supertaça e liderança isolada do campeonato nacional com 3 pontos de vantagem sobre os dois maiores rivais.
5 - Treinador com tacto. Rui Vitória não é um génio táctico. Não é, seguramente, o treinador que melhor entende ou lê o jogo, estando aquém do seu antecessor nesse aspecto. Mas a forma como comunica, como tem o balneário e o plantel na sua mão, como consegue manter motivados e satisfeitos os jogadores, mostrando respeito, seriedade e confiança mesmo nos momentos de adversidade (vide a forma como está a "recuperar" Luisão e como não irá deixar cair Júlio César) fazem dele um líder com as qualidades suficientes para levar o Benfica ao tetra. Como disse há cerca de um ano, Rui Vitória não é o melhor treinador que poderíamos ter, mas é o treinador que precisávamos ter para o projecto que a "estrutura" do Benfica delineou. É um treinador à Benfica.