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domingo, 4 de novembro de 2018

A dita Estrutura



Foi mais ou menos há 3 anos e meio que a palavra "Estrutura" entrou no léxico benfiquista.
Nunca entendi muito bem a sua essência.

Na altura pareceu ser o resultado de uma luta de egos entre treinador e Direcção. 
A um era atribuído todo o mérito de um bi-campeonato enquanto os outros também queriam propaganda.

"Não é o treinador que ganha títulos, é a estrutura."

O mundo do Futebol é um mundo de extremos - ou estamos no topo ou na miséria.

E o ciclo de Jorge Jesus no Benfica também viveu desses extremos. O Benfica de Jorge Jesus era isso mesmo, era dele. Tudo rodava consoante as suas vontades. O Benfica era o mundo louco do Jorge Jesus. Ganhava pela sua tenacidade e pela sua loucura. Perdia pela sua teimosia e pela sua loucura.

Os jogadores entravam e saíam consoante os seus humores.
Tudo era decidido pelo próprio. Foi-lhe dada carta branca e total liberdade.

Jorge Jesus tinha a sua própria comunicação. Jorge Jesus tinha os seus próprios comportamentos. Era tudo dele. Ou pelo menos era segundo esta premissa que ele agia.

Mas sabemos o quanto o actual presidente do Benfica precisa alimentar a sua epopeia enquanto salvador do Benfica.

E assim nasceu a disputa pelo protagonismo – Treinador vs Estrutura.

Sou totalmente a favor de uma metodologia à inglesa do treinador enquanto Manager.
O treinador cria, alimenta e alimenta-se da estrutura. Está envolvido como líder em cada processo do dia a dia do clube. E porquê? Porque este é cérebro futebolístico da estrutura, do clube.

Vejo Jorge Jesus com competências para ser um Manager? Claro que não. É um bicho do treino que não consegue ser limitado às ideias e decisões de outros mas não tem competências além treino.

No pós Jorge Jesus o Futebol passou a ser liderado e conduzido por uma Estrutura já implementada e na qual um treinador estaria limitado ao seu papel integrado nesta.

Passou assim a ser a estrutura, aquele Ser que está 10 anos à frente de qualquer rival, que iria gerir todo o futebol do clube.

O treinador não passaria de um mero funcionário, sem voz e com directrizes a seguir.
Passa a ser somente responsável por treinar e gerir os jogos. Tem de respeitar a rota traçada pela dita Estrutura. Há jogadores que tem de lançar. Há jogadores nos quais tem de insistir. Há jogadores que tem de encostar. Há uma Comunicação que tem e seguir. Há uma gestão de compras e vendas que tem de respeitar.

Tudo funciona sem o seu input. Porque há uma Estrutura que já definiu tudo e que toma todas as decisões.
Os sucessos são da dita Estrutura. Os insucessos... a Estrutura não está estruturada para responder por estes.

Que treinador aceita trabalhar nestas condições? Que treinador aceita ser só uma figura dentro de uma enorme Estrutura?
Aqueles que têm consciência que estão a competir em um nível muito superior à sua capacidade. Ou então aqueles que não têm estofo para se imporem.

Reflito sobre como esta Estrutura surgiu e como pretende funcionar mas continuo sem a entender num contexto futebolístico. Só vejo cimento, departamento de comunicação, scouting e dirigismo. E conhecimento do jogo jogado?

A dita Estrutura não deveria ser gerida por gente do Futebol? Não deveria haver um core futebolístico à volta do qual toda a Estrutura funcionasse?

É isso que não percebo na dita Estrutura.

Já que nos é vendida a sua existência como algo que guia o clube 10 anos à frente de qualquer outro, o que eu gostaria de lá ver era alguém capaz de olhar além do óbvio.
Qualquer adepto, qualquer Calado e qualquer Rui Santos, é capaz de dizer que um treinador é insuficiente quando a equipa se encontra a perder.

A equipa ganha então está tudo bem. A equipa perde então está tudo mal.

O que queria ver no Benfica era alguém capaz de ver as insuficiências de um treinador em pleno treino. Alguém capaz de ver a qualidade do treinador numa maré de derrotas. Alguém capaz de perceber a incompetência de um treinador mesmo numa sequência de vitórias.

Tem de existir na Estrutura tenha Visão para o jogo. Quem reaja, com 6 meses de antecedência, como os adeptos reagiram após o jogo com o Moreirense.

Um treinador não passa de óptimo a péssimo de um jogo para outro. Há um caminho que é percorrido jornada após jornada, treino após treino.E este caminho, este trabalho, não parece ser criticamente acompanhado e avaliado pela dita Estrutura.

Olhamos para o nosso Benfica. Todos conhecemos o nosso clube e como este é gerido. Há anos que o observamos. Há anos que o vivemos.

Se o Rui Vitória tem um papel menor na Estrutura, se o Nuno Gomes foi corrido, se o Rui Costa é pouco mais que uma mascote do presidente paga a peso de ouro, quem é que ali analisa o trabalho diário da equipa principal? Quem é que ali analisa o que de 3 em 3 dias se desenvolve nos relvados nacionais e internacionais?

É o Vieira? Um presidente que nunca percebeu nada de bola?
É o Domingos Soares de Oliveira?
É o José Eduardo Moniz?
É o Nuno Gaioso?
É o Silvio Cervan?
É o Paulo Gonçalves?
O Jorge Mendes?
O Luís Bernardo?
O Tiago Tacho Pinto?
Os cartilheiros Guerras, Boaventuras, Marinhos e afins?

Alguém que por favor me explique esta Estrutura. Por mais voltas que dê não vejo nela mais que uma ideologia forçada em resposta à omnipotência do anterior treinador.

Nela não vejo mais que uma forma enviesada dos méritos serem conduzidos à imagem do presidente.

Porque de futebol ali dentro? Estamos demasiado carentes. 


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Discutamos o Benfica dos Relvados

Ederson
Lindelof
Grimaldo
Fejsa
Pizzi
Mitroglou

Esta é a base de uma grande equipa.

Com o regresso do Jonas e a afirmação do Rafa isto fica ainda mais bonito.

Adoro o Horta mas não como o 8 num meio-campo a 2. Vejo-o como um talento que para crescer em rotação na direita com o Pizzi.

O Semedo é mais talentoso e tem mais rasgo. O Almeida traz mais estabilidade e solidez à nossa equipa. Para a titularidade aposto no segundo.

A 8 tenho enormes expectativas no Danilo. Pode ser aquilo que precisamos. Quero vê-lo a titular na Luz contra o Paços.

A maior dúvida está no parceiro do Lindelof.

O Luisão já atingiu o pico e cada ano que passa vai-se afastando mais desse momento de forma. É, contudo, o nosso maior líder em campo, o nosso central mais experiente, com maior maturidade e melhor percepção da organização defensiva da equipa. Em entrega ao jogo não fica atrás do Jardel.

O Jardel é o que menos combina com o Lindelof. É um exemplo de raça, querer e entrega. Melhorou muito e deixou de ser aquele central medíocre de há poucos anos. É bom para o contexto nacional mas um perigo com a bola nos pés.

O Lisandro já foi a minha primeira aposta para jogar com o Lindelof mas não tem crescido com a velocidade que eu esperava. Com a bola é uma delicia. Sem a bola frequentemente se precipita na abordagem aos lances e num central de topo isso não pode acontecer.

Entre Luisão e Lisandro acho que iria pelo capitão e obrigava o Lisandro a lutar por recuperar a titularidade.

Júlio César, Samaris, Cervi e Guedes também merecem destaque.

Trazem benfiquismo, talento e qualidade às nossas opções.

O Samaris está a ser injustiçado esta época.
Do Cervi espero muito. Qualidade técnica e rapidez fenomenal. Não é um génio mas é um talento.
O Guedes mexe com um jogo. Nunca vai ser craque, não tem genialidade mas tem muita qualidade. Mais solto e mais confiante está a ser e vai continuar a ser muito importante.

O Carrilo está a pagar pela opção que fez há um ano no Sporting. Está ele e estamos nós. Qualidade sem rentabilidade.

O Salvio vinha a decair antes de se lesionar. Já 100% recuperado desse calvário está longe de ser aquilo que já foi.

O Zivkovic tem ainda tudo para mostrar. Duvido que esta época chegue realmente a apresentar-se.

O Celis é uma piada de muito mau gosto.

O José Gomes entusiasma-me. Espero que não seja automaticamente encostado à B devido ao retorno do Jiménez.

Gosto muito do manager Rui Vitória mas o treinador ainda não me convenceu. Falta-lhe sal. O nosso futebol tem muito pouco conteúdo, é muito politicamente correcto, exactamente como as suas conferências de imprensa e entrevistas. Falta sumo.

A equipa é o reflexo do treinador.

Está tudo muito bem trabalhado menos os processos de jogo, principalmente os processos defensivos que são onde há maior influência de um treinador.

Temos de defender menos e melhor.

Gosto do Rui Vitória, estamos melhor com ele do que estávamos antes, respiramos melhor, somos mais Benfica, mas tecnicamente ainda não me convenceu. Ainda há muito Guimarães neste Benfica.

Este ano temos um plantel de sonho. Umas pequenas afinações e seria uma construção perfeita desta equipa.

Que seja um plantel de sonho para uma época de sonho.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Rui de Vitória em Vitória



É complicado falar da chegada de Rui Vitória sem primeiro abordar a saída do treinador que por cá andou durante 6 anos.

Não sou fã de Jorge Jesus. Acompanhei com entusiasmo o seu início no Benfica mas perdi-lhe o encanto logo em Anfield.

Fazia muito tempo que desejava a sua saída e coincidência das coincidências saiu na única altura em que a sua permanência me pareceu a decisão mais acertada – um Bicampeonato e 6 anos de trabalho garantiam a estabilidade que pensei ser essencial nesta época.

Jorge Jesus saiu. Saiu como saiu e saiu para onde saiu. Desejei o Marco Silva, chegou o Rui Vitória e aplaudi a sua vinda.

Sempre achei que o treinador Rui Vitória merecia voos mais gloriosos. Fez um excelente trabalho tanto no Paços como no Vitória, é um treinador jovem com potencial de aprendizagem e teve sempre uma conduta respeitadora e um discurso futebolístico.

Após vários anos a contradizer as suas palavras com as suas acções, Luis Filipe Vieira finalmente contratou um treinador que fazia sentido com o projecto tão anunciado.

A grande incógnita à sua volta era sobre a sua capacidade de implementar um futebol diferente daquele que optara por trabalhar nos seus anteriores clubes. Eu acreditava que sim.

Recebi o RV com entusiasmo, apelei à paciência e à justiça dos adeptos e tentei partilhar a minha ideia de não o avaliarmos nesta época pelos títulos conquistados mas sim olhando detalhadamente para toda a narrativa e evolução do seu trabalho de Julho a Junho.

Chegados a Maio o que posso dizer sobre o seu trabalho ao longo da época?
Correspondeu? Desiludiu? Excedeu as expectativas?

Um ziguezague desorientador.

Inicialmente foi uma enorme desilusão. Esperava mais pulso, mais liderança e acima de tudo esperava mais futebol.

Os primeiros meses de Rui Vitória no Benfica foram marcados por uma submissão e passividade perante as ordens/exigências da estrutura. Era um treinador sem expressão e sem balneário. As consequências viam-se no relvado

Resultados desapontadores e exibições ainda mais. Equipa sem fio de jogo e um treinador sem força para se impor. Não encaixou.

Derrotas com o Sporting, humilhação na Luz, adeus Taça, empate com o União, 8 pontos de atraso e um futebol pobre.
Nesta altura anunciei neste espaço a minha desilusão e o fim do benefício da dúvida.

Rui Vitória bateu no fundo mas quando o tentaram esmagar encontrou-se.

A arrogância e mesquinhez de JJ foram o último serviço que nos prestou. Uma desesperada tentativa de conseguir o mês de salário que tem em atraso.
RV ganhou novo fôlego e fez-se ouvir tanto entre os adeptos como entre os rivais, tanto no balneário como em pleno relvado.

“A mim ninguém me come de cebolada.”

Este novo Vitória tem conquistado o meu respeito semana após semana. Penso que já conquistou o de todos os benfiquistas.

Numa época de transição assombrada por constantes lesões, Rui Vitória lutou por todas as competições com a coragem de olhar a nossa Formação, acreditar nos nossos jovens e apostar também neles.

Muitas vitórias consecutivas transformaram 8pts de desvantagem em 2pts de vantagem. Alcançámos os Quartos da Champions onde lutámos até ao último segundo pelo nosso orgulho frente ao Bayern. Estamos agora a 2 passos de sermos tricampeões.

Este Benfica deixou para trás aquele de Dezembro mas nem tudo são rosas.
O Rui Vitória é muito melhor do que mostrou em 2015 mas acaba por não corresponder às minhas expectativas na sua chegada.

Tecnicamente é um treinador bom mas curto para o Benfica.

Curto, é esta a palavra. Curto.

A grande vitória do Rui foi a de se encontrar como um líder de eleição. O seu grande mérito foi o de conseguir motivar todo o plantel num sonho único.

A nossa liderança nasceu da união deste grupo, da motivação para o sonho de sucesso. Consolidou-se no relvado mágico onde pisam os génios de Jonas e Nico Gaitán.

A coesão, cumplicidade e confiança do grupo proporcionou as condições necessárias para que todos os outros, no apoio à fantasia do duo sul-americano, também brilhassem.
A máquina carburou, o suor honrou as camisolas e assistimos enormes jogos do Pizzi e Mitroglou, um Jardel mais determinante, um Fejsa (qual fénix) a encher o campo e ainda à afirmação de dois miúdos – Lindelof e Renato – como grandes entre os maiores.

O mais impressionante é ver os titulares, suplentes e reservas todos entregues à paixão benfiquista. Não há egoísmos mas sim uma dedicação máxima ao Benfica. São todos adeptos, tanto o puto titular como o mexicano que vai entrando ou o grego que cria no banco um mini Estádio da Luz.

Destaco a justa gestão que o Vitória faz do 11. Não sobem ao relvado nomes mas sim méritos. O Rui Vitória não só abriu alas à Formação como também a qualquer jogador que fizesse por merecer.
Perante a lesão de um titular, quantos treinadores o manteriam recuperado no banco porque o seu substituto está a corresponder?

Aplausos para o líder Rui. Vénia para o manager Vitória.

A sua vertente de treinador é que está aquém do que é como manager e líder.

Jogo após jogo percebemos que este é um Benfica de crença e com um colectivo tecnicamente limitado.

O treinador RV não se excede nem no treino nem na sua ideia de jogo.

Este é um Benfica de entusiasmo com um futebol que não entusiasma.

Defendemos muito recuados, somos passivos e demasiado expectantes no nosso meio-campo e fechamos os espaços pela sobrelotação da área.
Ofensivamente dependemos da garra, força e velocidade de um miúdo de 18 anos no transporte da bola para os espaços. Aí ou há inspiração dos craques ou remetemo-nos para um futebol previsível de cruzamentos cegos.

Com a equipa fresca corre-se mais e melhor, criando-se uma maior proximidade das linhas e proporcionando um futebol apoiado onde o Nico, Pizzi, Jonas e Mitroglou nos elevam a patamares divinos.
Com uma menor capacidade para correr e pensar afastam-se os sectores, o elo de ligação, o motor Renato, fica limitado no transporte e os criativos caiem em desapoio na procura da bola e do espaço.

É no momento mais empolgante da época que apresentamos um futebol mais triste.

Boavista, Tondela, Académica, Setúbal, Rio Ave e Guimarães. Vencemos pela vontade. Vencemos pela capacidade de sofrer. Excepção feita à recepção do lanterna vermelha.

Rui Vitória tem mérito na nossa capacidade de vencer sofrendo mas o só vencermos com sofrimento é também espelho das suas limitações.

Como chegámos a este momento de forma?
 – Esvaziamento emocional com a eliminação da Champions.
– Constante futebol de esforço.
– Insistência no mesmo 11 jogo após jogo.
– Lesões. Apesar do mérito na forma como se venceu este obstáculo, estará a equipa técnica isenta de culpa? Foi só azar ou o trabalho de prevenção e recuperação teve falhas?

Encarar todos os jogos como finais passa uma mensagem de força e concentração aos jogadores. Contudo, não é por o fazermos que todos os jogos passam a ser finais. Uma final implica não haver jogo seguinte. Além disso, uma equipa com a nossa ambição não pode ter só 11 titulares.

No início da época apelei a que o trabalho de RV não fosse exclusivamente avaliado pelos seus resultados.
Por isso resolvi apresentar o meu “veredicto” nesta altura.

O Rui Vitória deu tudo e conseguiu aquilo que parecia impossível. Agarrou o leme e soube conquistar o respeito de todos.

É um bom treinador, fez um grande trabalho mas é curto para o Benfica. É homem para o leme mas não treinador para a máquina de sonhos.

Terá todo o mérito no Tricampeonato. Contornou as suas limitações e fez explodir de benfiquismo todos com quem trabalhou.

Se esta época se viveu muito Benfica devemo-lo ao Vitória.

 “Se fosse fácil não era para nós”

A frase da época 2015-16. O espelho deste Benfica que teima em sobrevoar todas as dificuldades que encontra.

Rui Vitória foi do 80 ao 8. Ouviu-se e afirmou-se num 45 do qual se atirou ao 35 para se tornar um 80 de benfiquismo entre nós.