Ontem ficou compreendido o porquê de Luís Filipe Vieira ter tido a necessidade de não marcar presença no Clássico da passada Quinta-Feira. Isto apesar de ser um Benfica-Porto na reta final da época e com as dezenas de milhões da Champions em jogo.
É que pelas últimas comissões parlamentares de inquérito e pelos vários clips
que andaram por aí a circular, a estratégia do “esquecimento” já estava a ser
usada em excesso. Mais uma vez o Vieira saiu prejudicado.
Então não podendo aparecer em São Bento largando o trunfo do esquecimento para
tudo e mais alguma coisa, Vieira teve de rever os seus planos e estratégias.
Pelo que vimos ontem, foi definido um Plano B e várias outras pequenas
estratégias para o complementarem caso os deputados não estivessem lá para
prestar vassalagem ao Rei-Sol.
Não estavam.
Então e no que consistia este Plano B?
- Comissão Parlamentar de Inquérito equals Entrevista BTV.
Portanto, Vieira chegava e lia uma autobiografia elogiosa à sua pessoa, todos
batiam palmas, Vieira demonstrava disponibilidade para responder a todas as
perguntas por escrito à posteriori, todos concordavam e por fim passavam ali
umas agradáveis horitas onde Vieira contava umas histórias engraçadas, fazia
uns desabafos, ninguém contestava, Vieira repetia as lengalengas do costume, ninguém
averiguava nada e no final era coroado rei daquela porra toda. Pelo meio
largava a sua versão mais agressiva e não havendo sócios disponíveis então insistiria
no enforcamento de um Centeno desta vida. Caso estivesse presente era o momento
alto para André Ventura.
Contudo o Plano B também não foi um sucesso. Não houve aplausos, não houve
coroação, não houve Rei-Sol.
As perguntas eram mesmo para ser respondidas ali, naquele momento e por ele.
Qual o problema? Não dava para começar de novo, o plano já estava em marcha.
Assim lá tivemos várias vezes de ouvir o presidente daquela comissão de
inquérito a pedir a Luis Filipe Vieira que:
- Respondesse às perguntas.
- Não lançasse insinuações sobre quem lhe fazia perguntas desconfortáveis.
- Que concretizasse as insinuações que deixava no ar sobre seres abstractos.
- Não estivesse tão “à vontadinha”.
Aquilo não era mesmo a BTV e por isso foram dando jeito as outras pequenas
estratégias também preparadas:
- Apostar no esquecimento mas dos deputados.
- Alcochetear assuntos incómodos. “Suores frios e tremores” em cada negócio sem
explicação.
- Redireccionar as perguntas incómodas para o sócio.
- Puxar pelos Gato Fedorento. Optou pelo “Falam falam”. O do “15 a 0” fica para
quando finalmente nos der a prometida explicação sobre as vendas a 15 milhões.
- Inverter a situação. Não era o BES/Novo Banco que lhe faziam favores, ele é
que fazia favores a estas instituições.
- Distribuir Kits Novo Sócio pelos deputados. Pelo menos pareceu-me que era
isso que ele estava a fazer naquele breve intervalo.
De referir que o senhor que não se esquece, não foge nem se esconde, andou a adiar
a sua presença em inquirições noutro processo e também nesta CPI devido a
surtos de amnésia e consultas médicas.
As histórias da carochinha que Vieira conta para enganar tolos benfiquistas,
não eram do interesse de ninguém daquela sala.
Contudo Vieira sabia que nunca estaria ali somente como presidente da
Promovalor porque Vieira é presidente do Sport Lisboa e Benfica. Ele sabe isso,
ele não poderia nunca esquecer-se disso e foi ele que constantemente sentiu
necessidade de puxar o Benfica à equação. Os acontecimentos naquela sala iriam
sempre ter impacto fora dela, a sua imagem perante os benfiquistas também
estava em xeque. Depois (suponho) da família e saúde, a popularidade é o seu
maior Bem. Vieira estava bem ciente que naquela CPI também iria estar a lutar
pela segurança da sua posição no Sport Lisboa e Benfica.
Daí as muitas demagogias e histórias da carochinha. Não eram para o Fernando
Negrão, nem para o João Paulo Correia e muito menos para a Mariana Mortágua ou
para a Cecília Meireles. Eram para a comunicação social e especialmente para os
sócios do Sport Lisboa e Benfica.
Para a posteridade ficarão os conceitos de Luís Filipe Vieira. Ao longo de todos
estes anos sempre o ouvimos gabar que, ao contrário de outros, sempre pagou as
suas dívidas e que nunca nada lhe foi perdoado.
Ontem ficámos a saber que para Vieira pagar as dívidas é pagar os 3% de juros e
adiar indefinidamente o real pagamento do valor devido.
Ontem ficámos a saber que para Vieira constantes reduções das taxas de juro, constantes
extensões de prazos e reestruturações constantes no seu vencimento, não é uma
forma de perdão.
Ontem ficámos a saber que para Vieira só está em incumprimento quem pode
cumprir. Quando alguém não paga mas é sabido que não tem como pagar, esse
alguém não está a incumprir, está só a ser coerente.
Uma pessoa que fez toda a sua vida empresarial com base em endividamento sem se
ter de preocupar em o pagar de volta, é normal que não esteja bem ciente do
real conceito de “pagar dívidas”.
Felizmente o Benfica, apesar do Vieira, foi e é demasiado grande para cair
perante endividamentos astronómicos.
Já o Alverca não teve a mesma sorte, não tinha mesma grandeza.
Vieira é só mais um ser vergonhoso que pulula por este país e que os
benfiquistas continuam a optar por o deixarem também envergonhar o mais
maravilhoso clube de Portugal.
Apesar de tudo isto, e muito mais, houve quem rapidamente viesse elogiar a prestação
de Luís Luís Filipe Vieira. Aquela parte em que meio estupefacto e meio indignado
refere que tinha de pagar aos seus colaboradores, foi certamente o que
conquistou o seu não-opositor Bruno Costa Carvalho.