Um árbitro da AF Porto assinalou um penalty contra o FC Porto sofrido por um jogador emprestado pelo Porto e que foi concretizado pelo mesmo quando o resultado não era favorável aos azuis-e-brancos. É um daqueles acontecimentos que acontece com a mesma frequência que a passagem de determinados cometas pelo planeta Terra. De qualquer das maneiras, aconteceu, foi bonito e serviu para o Benfica reforçar a liderança no campeonato, que é o que mais importa.
Mas importa também ler isto (link). Diz Nuno Madureira que "o penálti de Tozé faz-nos bem à cabeça", entre outras coisas para acabar com uma série de mitos e crenças que existem, esquecendo-se (ou não) do facto (e facto é uma palavra que merece ser sublinhada) de ter havido jogadores que foram aliciados para falharem golos, realizar más exibições e até para cometerem grandes penalidades para favorecer um certo clube. Eu compreendo que haja jornalistas que queiram ver o mundo em tons de cor-de-rosa e outros que sejam puramente mal intencionados, mas há uma coisa que um jornalista não pode esquecer e que é a famosa "verdade dos factos". É que por cada história de um jogador que é efectivamente aliciado e alvo de tentativa de corrupção para falsear a verdade desportiva, outros 10 ou 20 há que não se conhece a história. E um artigo como o que Nuno Madureira escreveu mais parece uma tentativa de passar uma esponja sobre o assunto, uma tentativa de esquecer ou apagar a história, de a varrer para debaixo do tapete de vergonhas do futebol português. Se há coisa em que o jornalismo desportivo português é fraco e pobre é no campo da investigação. E se tanto há para investigar, se tantas histórias há que poderiam ser descobertas. Mas não, preferem escrever textos moralistas onde fingem esquecer o passado e até mesmo o presente, como os abusos que houve no túnel do António Coimbra da Mota protagonizados por Rui Barros, Nelson Puga e sabe-se lá mais quem ao jovem Tozé.
O penalty de Tozé fez-me bem à cabeça. Fez-me recordar que apesar de tantas histórias podres que existem no futebol português, pouquíssimos jornalistas querem mexer nestes assuntos. Arautos da moral e dos bons costumes, na verdade são cúmplices de mais de trinta anos de mentira. Que lhes sirva de algo.