Foi sem grandes contemplações e
alaridos que o Benfica iniciou a fase de grupos da Liga dos Campeões com uma
vitória sobre uns Belgas que agora devem perceber melhor quem é a equipa mais
fraca do grupo.
Quanto a mim, fizemos uma das
melhores exibições dos últimos tempos, não tanto pela “nota artística” que
Jorge Jesus tanto gosta de valorizar, mas bem mais pelo equilíbrio emocional e táctico
com que soubemos jogar.
Entramos na partida da forma que
os Belgas pediram, ou seja, pressionantes e determinados a mostrar quem somos.
Fruto disso marcamos e poucas hipóteses demos ao adversário para nos
surpreender. Com Fejsa e Matic no controlo das operações defensivas a meio
campo, com Djuricic a passear classe pela defesa adversária, rapidamente
demonstramos que a vitória jamais poderia ser de outro que não do Benfica.
Entramos na 2ª parte da forma que
mais vezes nos fez perder pontos a este nível, ou seja, na mesma vertigem com
que havíamos abordado a partida, no entanto, estando já em vantagem no
marcador, ou seja, entramos com ânsia de marcar, mas do outro lado estava uma
equipa a quem já lhe não bastava não sofrer, uma equipa que também já tinha na
sua mente o golo como uma inevitabilidade para não sair da Luz sem pontos. O que
isto significa? Simples, significa que o Benfica continua a arriscar no golo “a
todo o custo” e, por isso, expõe-se a um golo desnecessário e que intranqualizaria
a equipa. O que fazer? Simples, o que se fez quando a equipa percebeu que tinha
de serenar o jogo, ou seja, guardar a bola na sua posse, perceber que já não
tinha de assumir todos os riscos no passe, entender que trocando a bola de
forma calma e segura, uma vez que o adversário iria abrir mais espaço, mais
segundo menos segundo, a oportunidade em chegar à baliza Belga ia chegar, sem
que se comprometesse o equilíbrio colectivo. É isto que as grandes equipas
fazem, é isto que as equipas vencedoras fazem. Tendo a noção que não é por
ganhar por muitos que conquistaremos mais pontos, saberemos jogar com mais equilíbrio,
logo, com mais controlo sobre o adversário e, por consequência, sobre o jogo.
Chegados aqui, desculpem, mas não
posso entender os assobios “oferecidos” à equipa quando, aos 90 minutos, repito
e sublinho, 90 minutos, está a vencer por 2-0 e tenta controlar o adversário através
da posse de bola em vez de, estupidamente, procurar o 3-0 de forma desenfreada.
Se assim o fizesse, poderia correr muito bem, ou seja, marcar mesmo o 3º golo
ou, pelo tal desequilíbrio que isso provoca, correr muito mal e sofrer um golo
que nos traria à memória algum minuto 92 desta vida.
Na minha opinião, Jorge Jesus,
num tom didáctico, calmo e compreensivo, deveria tentar explicar isto mesmo aos
adeptos, para que se tenha uma mensagem do treinador neste sentido, tentando assim
acabar com esta moda, cujo objectivo tenho dificuldade em entender.
Não obstante da boa vitoria e
exibição, é ainda preocupante a nossa permeabilidade nas bolas paradas
defensivas. No jogo de ontem, foram demasiadas as vezes em que a nossa defesa
zona se deixou antecipar pelos adversários. E o que realmente preocupa é que
isto não é deste jogo, nem sequer exclusivo desta época, acho que ainda nos
lembramos, por exemplo, do golo que nos tirou a Liga Europa, certo?
Por outro lado, gostaria de “avisar”
que vencendo o jogo de ontem o Benfica só venceu o jogo teoricamente mais fácil
desta fase de grupos. Olimpiakos e PSG, em tese, serão adversários mais
complicados, mesmo na Luz, que o Anderlecht. Ou seja, foi óptimo iniciar a
competição com uma vitória, mas há que relativizar a coisa, sabendo que a
partir daqui a dificuldade só terá tendência para subir.
Para finalizar, gostaria de
realçar Fejsa. O médio Sérvio soube confirmar e reafirmar durante estes 90
minutos as boas notas retiradas na partida com o Paços de Ferreira. No final do
jogo do passado sábado, disse que via em Fejsa um jogador dentro do estilo de
Javi, não obstante, gostaria de adicionar um dado novo a essa análise: O Sérvio
alia as boas qualidades defensivas que Javi tinha, a uma muito melhor
capacidade técnica e de passe que o médio Espanhol. Posso dize-lo sem grandes
duvidas, Fejsa já me “conquistou”.