Zivkovic foi um dos jogadores
mais subaproveitados durante o reinado de Rui Vitória no Benfica ainda que, em
abono da verdade, tenha sido com o técnico Ribatejano que o jovem Sérvio melhor
revelou o que pode dar, quando teve alguma continuidade enquanto escolha para o
onze.
O ex-técnico Benfiquista nunca demonstrou
saber entender o que de melhor Zivkovic tem para aportar ao jogo da sua equipa,
tendo sido recorrentes as saídas do jogo ou das escolhas nos momentos em que
mais se pedia a sua presença. Alturas em que a anarquia e correria tonta
tomavam conta do colectivo, Zivkovic aparecia a ensinar a todos o melhor
caminho a seguir, porém, foi nesses mesmos momentos em que Rui Vitória abdicou
dele vezes sem fim, ora substituindo-o, ora deixando-o de fora das escolhas
para o jogo ou a conserva-lo ao seu lado no banco de suplentes.
Sobre o jovem talento dos Balcãs,
Rui Vitória chegou mesmo a afirmar faltar-lhe “rasgo”, signifique isso o que
significar. Em boa verdade, a única coisa que faltava/falta a Zivkovic é… jogo!
Apenas e só jogo! Jogar mais, mais e mais, porque tudo o resto o jovem Sérvio
tem de sobra e a mais que a esmagadora maioria.
Com a chegada de Bruno Lage ao
comando da equipa principal, ainda sem saber o que ele queria para o jogo,
alimentei a esperança de ver, finalmente, Zivkovic jogar integrado numa ideia de
jogo colectivo e com continuidade.
Porém, os jogos foram passando e
os minutos de Zivkovic não foram aparecendo e o próprio jogador foi
desaparecendo gradualmente das opções, dando a ideia de ter sido ultrapassado
por tudo e todos dentro do plantel.
Percebendo que o sistema de jogo
escolhido não é o que melhor pode explorar Zivkovic (sendo óptimo para Félix,
por exemplo) e entendendo que Bruno Lage vê em Pizzi um jogador para o corredor
direito e que pretende um homem no corredor esquerdo que seja capaz de provocar
a profundidade constantemente, não sobram lugares no onze para o Sérvio, é uma
verdade.
Ainda assim, e tendo em conta que
Bruno Lage optou sempre por alguma rotatividade nas provas paralelas ao campeonato
nacional, é-me difícil compreender que o Sérvio nunca tenha entrado verdadeiramente
nas contas do técnico. Porque se é verdade que Zivkovic não é o homem certo
para uma ideia de alguém que explore a profundidade com ropturas em movimento
de forma consistente, também não deixa de ser verdade que me parece a melhor
opção para, pelo menos, o segundo plano do homem que procura mais o jogo
interior em apoio, sendo muitas vezes o 3º médio, isto é, se entendo que a rotatividade
na posição de Rafa não passe por Zivkovic, não entendo que a mesma rotatividade
de Pizzi não passe por ele.
Se há coisa que o Sérvio faz como
ninguém, é mesmo o jogo associativo, criativo e com elevado recorte técnico
associando-o a uma enorme qualidade de decisão. Ou seja, todos os critérios
para se ter sucesso em terrenos interiores, onde o espaço escasseia e cada bola
assume uma importância fulcral, estão reunidos em Zivkovic para que ele tenha impacto
positivo no jogo colectivo e com isso aproxime a equipa do sucesso.
A juntar a isto, sobra ainda a
ideia veiculada por Bruno Lage na entrevista dada no final da época a vários jornalistas,
referindo que opta por dar liberdade de decisão aos jogadores, ficando para ele
a definição de posicionamentos. Ora, dando liberdade de decisão, quanto a mim,
faz ainda mais sentido que se opte por quem é capaz de tomar as melhores
decisões e nisso não há como não destacar Zivkovic nos melhores do nosso
campeonato.
Esta, quanto a mim, foi a única
grande questão que ficou por responder na mesma entrevista. Numa segunda metade
da época carregada de jogos, porque não foi Zivkovic utilizado com alguma
continuidade? O que lhe falta? Em que lugar Bruno Lage o enquadraria e porquê?
Não sei por onde passará o futuro
do Sérvio, mas seja por onde for, que tenha jogo, porque o Jogo precisa de
Zivkovic.