Muito curiosa (porém nefasta), a actual situação política no Benfica:
- um Presidente totalmente incompetente, alapado ao poder por prometer coisas que nunca cumprirá, fazer obras e mentir sobre a situação dramática em que o Benfica se encontra: financeira, desportiva e socialmente;
- uma Direcção que é um ninho de ratos: adeptos de outros clubes, lambe-botas e gente que vendeu as ideias que tinha em troca de uma Vice-Presidência;
- um Rui Costa em desacordo com o que se passa no clube, apenas mantendo-se por estar preso por invisíveis fios de possessão e chantagem;
- dois Vice-Presidentes que, cada vez que abrem a boca, demonstram os objectivos que têm a médio prazo: suceder a Vieira no poleiro. Se preciso for, minando por dentro o clube. Um, num registo trauliteiro e populista, vai tentando (e conseguindo) agregar benfiquistas com um discurso de ódio a tudo o que mexe, constante desculpabilização sobre erros próprios e ataques enviesados à própria Direcção; outro, mais ponderado mas assertivo, bicando aqui e ali a escolha de Vieira em ter renovado com Jesus, com a qual esteve em desacordo;
- uma oposição quase inexistente. Não podemos considerar oposição pessoas como Rangel - que, pelas últimas declarações, se prepara para seguir os seus antigos amigos Varandas e Moniz na maleabilidade de espinha e consequente submissão ao tacho - ou Veiga - que por ora se mantém distante, à espera de nova possibilidade de investida. Um nome surge apenas como uma espécie de oposição: Bruno Carvalho. Candidato sem ideias, sem soluções fundamentadas, apenas repetindo o apontar dos óbvios problemas no Benfica que este e outros blogues já desvendam há anos a fio.
Numa fase em que o clube se afunda inevitavelmente numa situação mais decrépita do que aquela que viveu nos tempos de Damásio e Vale e Azevedo, não há sócios benfiquistas que saibam ter a coragem de assumir, com inteligência, método, organização, soluções, um caminho para o Benfica. Falta coragem aos sócios benfiquistas que preenchem os requisitos que os absurdos estatutos exigem para confrontar Vieira. Uns, porque lhes interessa o acomodamento ao poder; outros, porque não sabem perceber o actual miserável estado em que o clube se encontra; por fim, os que não têm interesses dentro do clube e não têm a cegueira da grande maioria. A estes, exigia-se-lhes que se pensassem o Benfica e trouxessem pensamento, discussão e uma possibilidade de futuro ao clube. Mas não. Resguardam-se. Não querem ser logo apelidados de "abutres", "papagaios", "maus benfiquistas" e todas as outras imbecilidades que um Benfica caciquista como o de Vieira debita através dos seus apoiantes, tropas acéfalas seguindo a cartilha do querido líder.
Compreende-se que estes sócios benfiquistas tenham algum receio em aparecer, que não queiram ver a sua família exposta em praça pública, que não desejem o seu nome atirado para os insultos, as teorias conspirativas, as torpes insinuações. Compreende-se, mas começamos todos (os que sabemos há anos que chegaríamos aqui) a deixar de compreender. Se querem defender o Benfica e salvar o clube das garras desta gente, têm de aparecer. O caminho traçado não pode ser de medo, mas de coragem. A seu tempo, esta gente será desmascarada e pagará o que fez ao Benfica. É tempo de se organizarem e constituírem uma verdadeira alternativa - a tal que os submissos sem argumentos reclamam, para poderem continuar a apoiar o "Benfica rumo ao abismo".
Todos os que podem e não aparecem; todos os que sabem e não falam; todos os que vêem e fecham os olhos; todos os que não têm a liberdade intelectual para defender o clube. Todos são cúmplices. No momento actual, no trágico momento actual por que passa o nosso querido clube, já não é só cúmplice quem apoia Vieira e sua corja, mas todo o que, podendo, não faz por salvar o Sport Lisboa e Benfica destes criminosos.