A pré-epoca
aproxima-se, o dia de arranque dos primeiros trabalhos é já amanha, e como já
aqui foi escrito pelo Ricardo, as duvidas sobre o plantel são mais que muitas,
e eu, em jeito de complemento do que foi dito pelo Ricardo, e para que não
digam que só apontamos problemas e não soluções, proponho-me tentar apontar
algumas soluções para os problemas encontrados.
Com a chegada
de Djuricic, o Benfica assegura um organizador de jogo de qualidade extra e
que, quanto a mim, justifica a aposta num sistema de jogo (diferente de modelo)
ligeiramente diferente do que tem sido habito em Jorge Jesus no Benfica, mas
muito semelhante ao que foi aposta na sua 3ª época ao comando da equipa e que
passava por um trio de meio campo de luxo, com o qual Jorge Jesus conseguiu o
Benfica mais equilibrado da sua era, na minha opinião, falo claro está, do trio
composto por Javi-Witsel-Aimar. Embora JJ preferisse sempre dizer que o sistema
era o mesmo, mas composto por jogadores diferentes, logo, com dinâmicas diferentes,
eu prefiro achar que, com este trio, o Benfica jogou muito mais próximo do
4x2x3x1 do que do tal 4x1x3x2 com um dos avançados claramente mais recuado que
o outro. Já sem Aimar e Witsel, mas com a chegada de Djuricic, parece-me o
momento ideal para o regresso táctico ao melhor passado de JJ no Benfica,
relembro que foi com aquela disposição no miolo que o Benfica chegou aos ¼ de
final da Liga dos Campeões e não acredito que sejam factores dissociáveis,
apostando então numa “tripla” que pode ser composta por Matic-Enzo-Djuricic,
isto se Matic não abandonar o clube entretanto.
Esta minha
breve introdução daquilo que acho que deve ser o sistema táctico predominante
da equipa para a próxima época, serve essencialmente para justificar a minha única
discordância em relação ao que foi escrito pelo Ricardo, isto é, com esta
disposição táctica, o Benfica passará a jogar com um único ponta-de-lança puro,
logo, mesmo que Cardozo não permaneça, parece-me desnecessária a chegada de um
novo nº 9, e porquê? Para assumir a titularidade teremos sempre Lima, jogador
que na sua primeira época apresentou um registo impressionante e que deu provas
de ser capaz de assumir o papel de maior referência ofensiva da equipa. Como
opção para a rendição de Lima teremos sempre Rodrigo, jogador que parece estar
no ponto para se ir afirmando, sendo que ainda não goza do estatuto de jogador
completamente “afirmado”, ajudando na gestão de espectativas e egos dentro do
plantel. Para terceira opção, há Nelson Oliveira que, depois de um ano
horribilis no Corunha, começa este ano como o ano do “sim ou sopas” para a sua
afirmação, até porque estamos em ano de mundial, competição onde ele pode
alimentar legitimas aspirações a estar presente no Brasil com a selecção nacional.
Em suma, para um sistema que contemple um único avançado puro, parece-me
exagerado haver mais que 3 avançados no plantel, sendo que Rodrigo e Nelson
Oliveira poderão viver no respaldo de Lima e de não serem as referências máximas
do ataque encarnado. Para alem destes, ainda há Markovic, que vejo mais como
jogador de faixa, do pouco que vi, mas de quem se diz poder ser também um
avançado de eixo central, ainda que preferencialmente nas costas de outro que
seja mais referencia.
Para o lugar
de lateral direito, seguindo a mesma linha de raciocínio de que há Maxi Pereira
(ainda que ache que não tem nível para ser titular indiscutível do Benfica)
para assumir a titularidade num primeiro momento, podendo por isso, servir de
respaldo para o aparecimento de um jovem, aponto duas soluções, uma interna e
outra externa: A interna – João Cancelo, jovem que na época passada “flutuou”
entre e equipa B e os juniores e que se encontra na Turquia com a selecção de
sub20 a disputar o mundial daquele escalão, pode ser uma aposta arriscada, mas
com a vantagem de ser uma aposta de baixo custo. Acho que para ele, o mais benéfico
seria o de rodar numa equipa da 1ª liga portuguesa no próximo ano (já não lhe
vejo grande margem de progressão na equipa B e 2ª liga), antes de ser “atirado”
para a equipa principal, sobretudo para o ajudar a refrear um pouco os ânimos “agressivos”
que parecem ser alguns e perigosos, voltando então ao Benfica posteriormente,
para aí sim assumir um lugar no plantel principal. Este possível empréstimo deverá
passar por um clube cuja constituição do plantel lhe possa “assegurar” uma
utilização regular, sugerindo eu o Vit. Guimarães, que se prepara para ver Alex
dizer adeus à sua carreira. Quanto à solução externa – Lucas Marin, lateral
direito Argentino de 21 anos que actua no Boca Juniors, que apareceu na
primeira equipa este ano e, do que vi, me parece um lateral muito equilibrado,
ou seja, que ataca a preceito, mas que antes de mais sabe defender e não perder
posicionamentos, sendo também competente no jogo aéreo e na ajuda aos centrais,
fazendo-se valer do seu 1.83m. Esta solução será, claramente, mais cara que a
primeira, mas parece-me possível, podendo assumir posteriormente, o papel em
relação ao João Cancelo que Maxi pode assumir em relação a si, ou seja, o do
tal “respaldo” para o aparecimento do jovem. No caso do lateral direito, caso o
Benfica tivesse achado que o necessário mesmo seria a contratação de alguém capaz
de assumir a titularidade já, poder-se-ia ter “atacado” Leandro Salino, mas
agora já vamos tarde. Há sempre a solução Sílvio, que me parece boa, mas
incerta pela sua recente propensão para lesões.
Para a posição
de lateral esquerdo a solução afigura-se mais difícil de encontrar, pois é uma
posição deficitária a nível mundial, logo, os melhores estão escolhidos e/ou
são demasiado caros. Por isso, e não tanto pela existência de algum titular indiscutível
no plantel, aponto dois nomes jovens, mas que me parecem com capacidade para se
assumirem como titulares, falo de Lucas Digne (Lille) e de Daley Blind (Ajax).
O primeiro, francês de 19 anos, começou a afirmar-se na primeira equipa do
Lille no ano seguinte a estes terem ganho o campeonato francês, sendo, apesar
dos seus 19 anos, um lateral já rodado no futebol profissional, inclusive com
alguns jogos de Liga dos Campeões, mas que, por isso mesmo, pode ser uma
solução demasiado cara para os cofres Benfiquistas. O segundo, holandês de 23
anos, vi-o no mais recente Europeu Sub21, e pareceu-me, ao contrário do que vem
sendo hábito dos laterais holandeses, um lateral com qualidade posicional, sem
ser demasiado defensivo, sendo que a solução Lucas Digne me parece uma solução
mais solida. Há ainda Gianni Rodriguez, jovem uruguaio que já pertence aos
quadros do Benfica, mas para aposta nesta solução, parecia-me indispensável que
o plantel dispusesse do tal lateral esquerdo titular indiscutível.
Para
alternativa a Matic, poderíamos enveredar por uma solução que passasse por um
jogador já feito, mas sem a “reputação”/qualidade suficiente para colocar em
causa o sérvio, ou seja, um jogador capaz de tapar as “falhas” de Matic, mas
não o suficiente para lhe fazer sombra na equipa titular ou, por oposição, a
solução pode passar por um jogador jovem que possa ir evoluindo à sombra de
Matic. Para a primeira linha de raciocínio, aponto André Leão do Paços de
Ferreira, um jogador já “formado” (28 anos) e perfeitamente identificado com a
posição e futebol português. Sabe defender e bem, mas também ajuda na
construção ofensiva, não tem, até pela idade, muita margem de progressão, mas
acho que tem qualidade para dar segurança ao treinador de ter nele uma opção credível
para as “deixas” de Matic. Para a segunda linha de raciocínio, vejo na actual selecção
portuguesa de sub20 duas soluções possíveis ainda que completamente diferentes
entre si, quer no que diz respeito aos jogadores quer no que concerne à possível
negociação com os respectivos clubes. Falo de Agostinho Ca do Barcelona e
Ricardo Alves do Belenenses. O jovem que passou a época passada na equipa B dos
blaugrana já demonstrou algum interesse em voltar a Portugal, nomeadamente para
o Sporting, pelo que não seria disparatado uma tentativa de empréstimo com
opção de compra por parte do Benfica. Agostinho cá é um jogador com bastante
intensidade defensiva e óptima capacidade de passe, sendo por isso um jogador
algo semelhante a Matic, sendo que é, consideravelmente mais baixo e, por consequência,
mais débil no jogo aéreo e ajuda aos centrais. Quanto a Ricardo Alves,
fisionomicamente mais próximo de Matic, mas futebolisticamente mais afastado,
ou seja, parece ter boa capacidade de posicionamento defensivo, sendo que está
habituado a fazer aquela posição sem acompanhamento, mas na saída de jogo opta
muitas vezes (considero mesmo demasiadas) pelo passe longo à procura das costas
da defensiva adversaria, ou seja, defensivamente assegura qualidade, mas
ofensivamente, parece-me algo limitado e “impaciente”.
Para o lugar
de nº 8, como alternativa a Enzo, se Jorge Jesus optar pela via que logo no
inico referi, a tal do trio de médios, parece-me que André Gomes e Ruben
Amorim, a que se pode juntar Diego Lopes (que esteve emprestado ao Rio Ave)
podem ser alternativas credíveis ao Argentino, pois são jogadores menos
intensos, mas que por via de terem mais um jogador na ajuda defensiva e
ofensiva (o tal 10 que seria Djuricic) podem perfeitamente fazer o lugar sem
grandes sobressaltos. No entanto, se Jorge Jesus insistir na ideia de manter 2
avançados puros na equipa, aí já duvido mais das capacidades de qualquer um
destes 3 jogadores para fazerem a posição com competência exigível. Nesse caso,
e uma vez “perdido” Carlos Eduardo, vejo também na selecção holandesa sub21 3
boas soluções, sendo que uma delas já não deve estar ao alcance do Benfica,
falo de Kevin Strootman (o tal que não deve ser alcançável) jogador pertencente
aos quadros do PSV, com 23 anos e capitão daquela selecção; há ainda Leroy Fer,
jogador pertencente ao FC Twente, também ele com 23 anos, passada larga, quase
190cm de altura e facilidade de remate com ambos os pés; e por último e, talvez
o mais discreto, Marco van Ginkel do Vitesse, com 20 anos, e por quem o Benfica
já se terá demonstrado interessado.
Como podem
perceber, não falei em nenhum central por ser quase certa a chegada de Lisandro
Lopez.