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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

SEBASTIAN GORKA: AGENTE DA INTELIGÊNCIA BRITÂNICA?

Kit Klarenberg e Max Blumenthal | The Grayzone | # Traduzido em português do Brasil

O envolvimento de Sebastian Gorka com a inteligência britânica custou-lhe uma autorização de segurança na Hungria. Seu mentor de longa data é um espião do Reino Unido atualmente envolvido em operações secretas contra a Rússia. O falcão da Ucrânia e nomeado antiterrorista de Trump está operando no horário de Londres?

Depois de anos no deserto do rádio de direita, onde ele proclamou extravagantemente sua lealdade ao presidente eleito Donald Trump por anos, Sebastian Gorka finalmente encontrou seu caminho de volta ao círculo íntimo de Trump, ganhando uma nomeação como novo conselheiro antiterrorista da Casa Branca. 

Gorka atuou como assessor adjunto de Trump em questões de segurança nacional por oito meses em 2017, deixando seu cargo com uma carta de demissão petulante que culpava "forças" dentro do governo que não apoiavam a "promessa MAGA" de Trump. Durante seu breve mandato na Casa Branca, Gorka, um imigrante nascido em Londres, foi creditado como o mentor da chamada "proibição muçulmana" do presidente, que recusou a admissão nos EUA de cidadãos de países identificados como ameaças à segurança nacional.

Enquanto os democratas martelaram Gorka como "um extremista de direita" e bajulador do MAGA, ele se destacou como uma voz da continuidade da política externa de Biden dentro do Trumpworld, prometendo mais agressões contra a Rússia e ainda mais ajuda militar a Kiev. Durante uma entrevista em 23 de novembro, por exemplo, Gorka prometeu que "a ajuda que demos à Ucrânia até agora parecerá amendoim" se "o coronel assassino da KGB" Vladimir Putin não obedecer aos ditames de Trump. 

A história completa da origem de Gorka explica por que suas visões sobre a guerra por procuração na Ucrânia seguem mais de perto as do vira-casaca anti-Trump John Bolton do que as do novo vice-presidente JD Vance, que prometeu negociar o fim do conflito. Como esta investigação demonstrará, a mentalidade do agente da política transatlântica foi moldada principalmente por meio de seu envolvimento íntimo nos círculos de inteligência britânicos — não por seu papel no movimento America First.

Filho de um exilado húngaro anticomunista, Gorka se juntou a uma unidade de inteligência do Exército Britânico enquanto ainda estava na universidade. Quando entrou no mundo dos estudos de segurança nacional, ele aprendeu no colo de um oficial de inteligência militar britânico notoriamente conivente chamado Chris Donnelly, que dedicou sua carreira a instigar conflitos com a Rússia, e foi exposto pelo The Grayzone como um arquiteto do notório atentado à Ponte de Kerch.

Donnelly endossou pessoalmente a tese de doutorado de Gorka, concedendo-lhe o imprimatur de um alto oficial de inteligência no Ministério da Defesa britânico. O relacionamento alimentou a carreira de Gorka dentro da crescente infraestrutura militar atlantista, mas, no final das contas, custou-lhe a autorização de segurança na Hungria natal de sua família, onde o National Security Office do país suspeitava que ele fosse um espião do Reino Unido.

Logo após Gorka renunciar ao primeiro governo Trump, documentos vazados expuseram Donnelly como o fundador de uma operação secreta de influência financiada pelo estado do Reino Unido chamada Integrity Initiative , que tinha como objetivo incitar a guerra com a Rússia por meio de uma rede secreta de propaganda internacional. Uma proposta de financiamento de 2017 enviada pela Integrity Initiative ao Ministério da Defesa britânico prometeu entregar uma "posição mais dura em relação à Rússia" ao providenciar "mais informações publicadas na mídia sobre a ameaça de medidas ativas russas".

Quando Donnelly visitou Washington em 2018 para expandir sua iniciativa secreta, o primeiro item de sua agenda foi o café da manhã com Gorka. Até hoje, Gorka se recusa a discutir a reunião, ou qualquer aspecto de seu relacionamento com Donnelly, explodindo de raiva com repórteres que ousaram perguntar sobre a longa amizade.

sábado, 1 de junho de 2024

Angola | Factos do Golpe Militar de Maio -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Em Maio de 1977 trabalhava no jornal “Página Um”, em Lisboa. Este diário disputava o primeiro lugar em audiências na capital portuguesa. No dia 27 fiz a cobertura do golpe militar em Angola. As minhas fontes foram o Bureau Político do MPLA, Ministério da Defesa, Estado-Maior Geral das FAPLA e Comando do Corpo de Polícia Popular de Angola hoje Polícia Nacional. Nem uma linha publiquei sem ser chancelada por estas fontes. E foram-me fornecidos documentos autênticos que comprovam tudo o que escrevi. Hoje mando-vos um resumo desse material. Peço a vossa paciência porque o texto é longo.

No dia 27 de Maio de 1977 não houve em Angola uma purga e muito menos foram mortos milhares de militantes no golpe e contra golpe de 27 de Maio de 1977. Foram fuzilados os membros da direcção política e operacional golpista. Nos centros de detenção morreram algumas dezenas porque viviam em condições precárias e não tinham meios para se resguardarem do frio, no Planalto Central e sobretudo no Leste de Angola, onde no Cacimbo se registam temperaturas negativas. Nas ruas das cidades, durante as confrontações militares, morreram igualmente algumas dezenas.

Os falsificadores acusam Agostinho Neto de ter ordenado uma “purga” que teve a dimensão de “genocídio”. Afirmam que os golpistas foram fuzilados sem julgamento. Jogam com o tempo e confundem propositadamente as circunstâncias que existiam em Angola no ano de 1977 e as de hoje. Em 11 de Novembro de 1975, Angola tinha poucos advogados e ainda menos magistrados. Os funcionários judiciais mal chegavam para por a funcionar um Tribunal. O regime era revolucionário, na forma de uma democracia popular. 

O Poder Judicial assentava em tribunais populares revolucionários. Para os crimes de guerra e traição, cometidos pelos golpistas, foram criados tribunais marciais. Era esse o regime e eram essas as regras. De resto, os golpistas estavam de acordo com elas e até desencadearam o golpe de estado, porque consideraram que a direcção do MPLA estava nas mãos de burgueses reaccionários que traíram a revolução. 

Agostinho Neto dirigiu a luta armada dos angolanos contra o colonialismo, até à Independência Nacional, em 11 de Novembro de 1975. Quem, como eu, trabalhou com ele, sabe que a sua dimensão humana e política o coloca entre os maiores líderes mundiais do Século XX. O que é um orgulho para os angolanos patriotas e particularmente para os que lutaram contra o colonialismo. Neto é um dos maiores poetas de língua portuguesa, ainda que alguns autoproclamados intelectuais angolanos, não tenham capacidade nem disponibilidade mental para compreender a profundidade e complexidade da sua arte poética, porque ele usa uma linguagem muito simples. 

Contra ventos e marés, traições, sedições, calúnias, infâmias de toda a espécie, Agostinho Neto conduziu o seu povo, pelo “caminho das estrelas”, até à liberdade. Enfrentou vitoriosamente as forças armadas de Portugal, um país que é membro da NATO. Foi capaz de combater num terreno particularmente perigoso e difícil, porque além das forças de ocupação tinha que lutar contra a hostilidade de países vizinhos de Angola, nomeadamente o Zaire de Mobutu. Mas sobretudo foi capaz de combater as forças da África do Sul, que na época era uma das maiores potências militares do mundo. Venceu a coligação mais agressiva e reaccionária que alguma vez se formou no planeta: a ditadura salazarista e marcelista, o regime de apartheid da África do Sul, o Zaire de Mobutu e mercenários de várias nacionalidades contratados e pagos por Londres, Paris e Bona. 

Agostinho Neto encostou a pele ao chão, ao lado dos seus combatentes e dos oprimidos. Nas estruturas da guerrilha exigiu sempre especiais cuidados com as crianças. Esse foi o segredo do seu sucesso. A luta de libertação só teve êxito porque Agostinho Neto era um homem honrado, justo e o primeiro a dar o exemplo. Nunca delegou nos outros as missões mais difíceis. Quando as condições assim o exigiram, ele esteve sempre na linha da frente. Nenhum angolano pode permitir que o fundador da Nação seja vilipendiado, insultado e agredido, sobretudo porque já não está entre nós para se defender. Por isso escrevi este livro. 

Quais foram as causas do golpe militar em 27 de Maio de 1977?

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