Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil
Essa frente emergente da Nova Guerra Fria provavelmente verá a Entente Sino-Russa se coordenando mais estreitamente contra o Ocidente liderado pelos EUA.
A África está cada vez mais figurando nas discussões de grandes países e organizações devido à sua crescente importância nos assuntos globais. A ONU espera que mais da metade do crescimento populacional mundial até 2050 ocorra naquele continente, com o número de pessoas na África Subsaariana dobrando até lá. Isso abrirá novas oportunidades de mercado e trabalho ao lado das existentes de recursos que já atraíram interesse internacional, mas também levará a desafios humanitários e de desenvolvimento.
A Declaração de Kazan que foi acordada durante a última Cúpula do BRICS fala muito sobre ajudar e empoderar a África durante esse período de transformação, mas esses países – seja como um todo, por meio de minilaterais ou bilateralmente – inevitavelmente terão que competir com os EUA lá. A grande estratégia deste último assume várias formas que serão brevemente descritas nesta análise, mas, no geral, visa impedir os esforços dos outros para se beneficiarem mutuamente desses processos enquanto exploram a África o máximo possível.
A manifestação mais visível dessa estratégia é o fornecimento contínuo de ajuda humanitária, que parece nobre à primeira vista, mas na verdade é motivada por segundas intenções. Essa forma de apoio tem sido transformada em arma ao longo das décadas para cultivar e cooptar elites corruptas a fim de institucionalizar relações de dependência das quais os países receptores têm dificuldade de se libertar. O propósito é criar alavancas de influência que possam ser utilizadas para legitimar acordos desequilibrados com o Ocidente.