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quinta-feira, 25 de abril de 2024

As relações complexas de Israel com o Irão

Thierry Meyssan*

Se a retórica dos mullahs é claramente anti-israelita, as relações entre os dois países são muito mais complexas do que se crê. Existem, com efeito, dois grupos opostos no Irão. Um entende fazer negócios por todos os meios com o resto do mundo, enquanto o outro ambiciona apenas libertar os povos da colonização. O primeiro não parou de fazer negócios com Israel, enquanto o segundo o combate, ao mesmo nível da luta contra o imperialismo do Reino Unido e dos Estados Unidos.

O conflito entre Israel e o Irão é distinto daquele que opõe a população árabe da Palestina aos imigrantes judaicos. Contrariamente a uma ideia feita, os Persas nunca foram inimigos dos judeus. Aliás, durante a Antiguidade foi Ciro o Grande que permitiu aos judeus sair da Babilónia onde estavam presos como escravos.

Após a Segunda Guerra mundial, quando os Estados Unidos se apoderam dos restos do Império britânico, o Presidente norte-americano Dwight Eisenhower reorganizou o Médio-Oriente. A fim de o dominar, ele designou duas potências regionais para o representar, o Irão e Israel. Desde então, os dois países foram simultaneamente amigos e rivais.

Eisenhower, enviou o seu Secretário de Estado, John Foster Dulles (o irmão do Director da CIA, Alan Dulles), à Síria para organizar uma aliança irano-síria a fim de conter as ambições israelitas. Um tratado de defesa mútua foi assinado entre Damasco e Teerão, em 24 de Maio de 1953. À época, o Presidente sírio, o General Adil Chicakli, era pró-britânico e anti-francês. Este Tratado perdura até hoje [1].

Ao mesmo tempo, o Reino Unido entrou em conflito com o Primeiro-Ministro do Xá Reza Pahlevi, Mohammad Mossadegh, que entendia nacionalizar a exploração do petróleo. Com a ajuda dos Estados Unidos, Londres organizou uma Revolução colorida («Operação Ajax») [2] . Milhares de pessoas foram pagas pelo MI6 e pela CIA para protestar nas ruas e derrubar Mossadegh. Respondendo ao « apelo » do seu povo, o soberano mudou o seu Primeiro-Ministro designando em seu lugar o General nazi Fazlollah Zahedi [3].

terça-feira, 11 de abril de 2023

A ONU está sendo usada pelos EUA na propaganda de guerra contra a Nicarágua

António Guterres, o capataz  de serviço dos EUA na ONU

Novo relatório tendencioso dá peso às operações de mudança de regime dos EUA visando o governo sandinista de esquerda.

John Perry* | Global Research | # Traduzido em português do Brasil

Embora os Estados Unidos dêem pouca atenção aos direitos humanos de muitos de seus próprios cidadãos, manifestam intenso interesse pelos de países que consideram seus inimigos.

A Nicarágua, designada por Trump e Biden como uma “ameaça estratégica”, é vista como um desses inimigos. Dos países selecionados para sua própria avaliação anual de direitos humanos pelo Departamento de Estado dos EUA, a Nicarágua mereceu atenção especial em 2022, com um relatório de 43 páginas em comparação com, por exemplo, apenas uma análise de 36 páginas do vizinho El Salvador, onde 66.000 pessoas foram submetidos a prisões em massa no ano passado. Isso faz parte de uma abordagem altamente seletiva em que as violações dos direitos humanos por aliados dos EUA são minimizadas ou ignoradas .

Pior ainda, os Estados Unidos exercem uma influência extraordinária sobre os organismos internacionais para seguirem o exemplo, produzindo seus próprios relatórios do mesmo tipo. A Organização dos Estados Americanos (OEA), amplamente financiada por Washington, prontamente examinará o desempenho dos governos de esquerda na América Latina a seu pedido, embora, é claro, nunca ameace monitorar os direitos humanos nos próprios EUA. Talvez o mais alarmante seja o fato de o aparato de direitos humanos das Nações Unidas ter sido instrumentalizado de forma semelhante para servir à agenda de Washington, como argumentou o ex-relator da ONU, Richard Falk .

Isso ficou evidente novamente em março, quando o Conselho de Direitos Humanos da ONU divulgou um novo relatório de um “grupo de especialistas em direitos humanos sobre a Nicarágua”.

O relatório afirmava que o governo do presidente Daniel Ortega havia “executado” 40 pessoas, desconsiderando o contexto de ataques violentos da oposição com armas de fogo. O relatório também afirmou que o governo ordenou que os hospitais não tratassem os manifestantes feridos, quando o então ministro da saúde deixou claro que todos os feridos deveriam receber tratamento. Ele continua detalhando uma série de outros supostos abusos dos direitos humanos do governo, incluindo tortura, onde as evidências são contestadas.

O objetivo de demonizar a Nicarágua ficou claro na entrevista coletiva de lançamento do relatório: um dos “especialistas”, Jan-Michael Simon, pesquisador sênior do Instituto Max Planck para o Estudo do Crime, Segurança e Direito na Alemanha, comparou as condições na Nicarágua para aqueles na Alemanha nazista (as ações do governo sandinista são “exatamente o que o regime nazista fez”).

Dado que o grupo nem havia visitado o país, isso não era apenas absurdo, mas grosseiramente irresponsável. No entanto, permitiu ao The New York Times , que nunca deixou de criticar o governo sandinista, apresentar a manchete “Os 'nazistas' da Nicarágua: investigadores estupefatos citam a Alemanha de Hitler”.

No entanto, é o conteúdo prejudicial do próprio relatório que levou a Coalizão de Solidariedade da Nicarágua a lançar uma petição exigindo sua retirada, já co-assinada pelos especialistas em direitos humanos Alfred de Zayas e Professor Falk .

terça-feira, 21 de março de 2023

A MORTE DA UCRÂNIA POR PROCURAÇÃO -- Chris Hedges

Chris Hedges [*]

Há muitas maneiras de um Estado projetar o poder e enfraquecer os adversários, mas as guerras por procuração são uma das mais cínicas. As guerras por procuração devoram os países que pretendem defender. Elas seduzem nações ou insurretos a lutar por objetivos geopolíticos que, em última análise, não são do seu interesse. A guerra na Ucrânia tem pouco a ver com a liberdade ucraniana e muito a ver com a degradação do exército russo e o enfraquecimento do poder de Vladimir Putin. E, quando a Ucrânia caminhar para a derrota, ou quando a guerra chegar a um impasse, a Ucrânia será sacrificada como muitos outros Estados, mencionado por um dos membros fundadores da CIA, Miles Copeland Jr., como o "Jogo das Nações" e "a amoralidade da política de poder".

Nas minhas duas décadas como correspondente estrangeiro cobri guerras por procuração, nomeadamente na América Central, onde os EUA armaram os regimes militares em El Salvador e Guatemala e os rebeldes Contra, tentando derrubar o governo sandinista da Nicarágua. Informei sobre a insurreição no Punjab, uma guerra por procuração fomentada pelo Paquistão. Cobri os curdos no norte do Iraque, apoiado e depois traído mais de uma vez pelo Irão e Washington. Durante a minha estadia no Médio Oriente, o Iraque forneceu armas e apoio aos Mujahedeen-e-Khalq (MEK) para desestabilizar o Irão. Quando estive na ex-Jugoslávia, Belgrado pensava que ao armar sérvios bósnios e croatas, poderia absorver a Bósnia e partes da Croácia para uma Grande Sérvia.

As guerras por procuração são notoriamente difíceis de controlar, especialmente quando as aspirações dos que combatem e dos que enviam as armas divergem. Têm também o mau hábito de atrair diretamente para o conflito patrocinadores de guerras por procuração, como aconteceu com os EUA no Vietname e com Israel no Líbano. Há pouca responsabilidade na distribuição de armas aos exércitos por procuração, quantidades significativas das quais acabam no mercado negro ou nas mãos de senhores da guerra ou de terroristas. A CBS News relatou no ano passado que cerca de 30% das armas enviadas para a Ucrânia conseguem chegar à linha da frente, um relatório que preferiu desdizer-se parcialmente sob forte pressão de Kyiv e Washington. O desvio generalizado para o mercado negro de equipamento militar e médico doado à Ucrânia foi também documentado pela jornalista norte-americana Lindsey Snell. As armas nas zonas de guerra são mercadorias lucrativas. Havia sempre grandes quantidades para venda nas guerras que cobri.

Senhores da guerra, gangsters e bandidos – a Ucrânia há muito que é considerada um dos países mais corruptos da Europa – são transformados pelos Estados patrocinadores em heroicos combatentes da liberdade. O apoio aos que combatem estas guerras por procuração é uma celebração da nossa alegada virtude nacional, especialmente sedutora após duas décadas de fiascos militares no Médio Oriente. Joe Biden, com números sombrios nas sondagens, pretende candidatar-se a um segundo mandato como presidente "em tempo de guerra" que apoia a Ucrânia, à qual os EUA já se comprometeram com 113 mil milhões de dólares em assistência militar, económica e humanitária.

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