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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A Província Jardim e o Bispo -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Atenção, em meados do século XIX Angola tinha um governador-geral mais governadores distritais em “Loanda”, Benguela e Moçâmedes. O distrito de Luanda era gigantesco, tinha 20 municípios: Alto Dande, Ambaca, Ambriz, Barra do Bengo, Barra do Dande, Calumbo, Cazengo, Duque de Bragança (Kalandula), Encoge, Golungo Alto, Icolo e Bengo, Loanda-sede, Malanje, Masangano, Muxima, Novo Redondo (Sumbe), Pungo Andongo, Tala Mugongo e Zenza do Golungo. Abrangia o Cuanza Norte, Cuanza Sul, Malanje e Uíje. Ainda bem que na altura não existia a UNITA. Porque se existisse era contra a nova divisão administrativa.

O distrito de Benguela tinha seis municípios: Benguela-sede, Caconda, Catumbela, Dombe Grande, Egipto e Quilengues. Abrangia uma parte da província da Huíla que ainda não existia. O distrito de Moçâmedes também tinha seis municípios: Bumbo, Gambos, Huíla, Humpata e Moçâmedes-sede. Abrangia parte do território actual da província da Huíla.

Em resposta à Conferência de Berlim (1884-18859), o governo de Lisboa criou o distrito do Congo “desde o extremo setentrional do distrito de Loanda” até às fronteiras das colónias de França e Bélgica. Ficou com governador e secretário “de nomeação régia”. E sede em Maquela do Zombo. Mais tarde no Uíje. O decreto atribuiu ao novo distrito uma comarca judicial. Levou tempo a criar e instalar tudo. Se existisse a UNITA ainda hoje andavam aos papéis.

domingo, 24 de novembro de 2024

TRIBUNAL DE POSTO E PALMATÓRIA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A sociedade colonial era suportada pelo latrocínio, a desumanização e a injustiça. Nos velhos tempos coloniais Angola era um imenso campo de concentração para os angolanos negros, que não tinham qualquer direito, nem à vida. A justiça era no posto administrativo. Os juízes eram chefes de posto, administradores e intendentes. Além de condenação à prisão arbitrária esses tribunais podiam sentenciar as vítimas com palmatoadas, chibatadas nos dorsos nus, trabalhos forçados e à morte. Uma criança que vê desaparecer seus companheiros de brincadeiras porque foram levados para trabalharem na granja do chefe de posto ou nas estradas esburacadas, fica revoltada. Odeia o sistrema. Repudia as injustiças.

Cresci neste ambiente e em mim cresceu o ódio às injustiças que dura até hoje. Foi a injustiça que me levou a lutar contra o colonialismo, sob a bandeira do MPLA. Dei o meu contributo ao nascimento de Angola Independente. Ajudei como pude Diógenes Boavida e Agostinho Neto a lançarem os alicerces da Justiça. Eles apostaram na construção de um Estado de Direito no regime de Democracia Popular. A criação da primeira Faculdade de Direito na Universidade Agostinho Neto foi um marco no edifício do Poder Judicial. Garcia Bires e Fernando Oliveira foram os construtores. Do zero chegámos longe. Muito longe. Mas em 2017 retrocedemos. E o retrocesso continua, imparável.

Hoje temos em Angola tribunais ao estilo do chefe de posto e sentenças muito parecidas, ainda que a chibata e a palmatória sejam mais sofisticadas. Os ocupantes do Poder matam sem dó nem piedade a Honra, o Bom Nome, a Consideração Social de quem não se submete. Como têm à disposição os Media do sector empresarial do Estado, verdadeiramente os que contam, a palmatória é a TPA e a RNA, a chibata o Jornal de Angola. Os trabalhos forçados foram substituídos por exílios forçados. As prisões arbitrárias avançam imparáveis sem que a sociedade solte um grito de revolta.

Noite de sexta-feira. A TPA incluiu na sua tortura das 20 horas uma sentença do chefe de posto e uma condenação de sipaio. Infringiu uma pena de chibatadas e palmatoadas. Isabel dos Santos foi a sentenciada. Mas a sentença veio da embaixada britânica em Luanda. O juiz foi o ministro das relações exteriores do Reino Unido. O chefe Miala e a sua criadagem apenas cumpriram ordens dos patrões em Londres.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Festa do Cassai e Zambeze -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mapa de Angola vai fazer 100 anos no dia 22 de Junho de 1927, data em que foi assinado o “Tratado de Loanda” entre Portugal e a Bélgica. Os portugueses cederam o Vale do Mpozo aos belgas e estes a Bota do Dilolo aos portugueses.

O Vale do Mpozo serviu à Bélgica para desencravar o então Estado Livre do Congo permitindo a construção do caminho-de-ferro e a estrada que ligam todo o território aos portos de Matadi Boma e Banana. Até à Conferência de Berlim também pertenciam à colónia de Angola. 

A Bota do Dilolo abrange praticamente todo o território da Lunda. Foi assim chamada porque entre a fronteira do Luau e o saliente do Cazombo se forma o desenho de uma bota de cano alto. O Almirante Gago Coutinho desenhou as fronteiras sul e sudeste de Angola. Ao incluir no mapa o Cazombo, Portugal ganhou o rio Zambeze e grandes reservas de cobre, como indiciavam os aforamentos de malaquite. Até tentou anexar todo o território, desde a nascente do grande rio. Não conseguiu.

A única qualidade que se exige a um repórter é sorte. Sorte de repórter. Um dia coube-me reportar a vida das comunidades ribeirinhas do Zambeze, em território angolano. Quando terminei fui informado que as comunidades do Cassai é que valiam a pena! E lá fui, com uma autorização especial da Diamang, que tinha estatuto de estado dentro do estado. Ninguém entrava no território da concessão diamantífera sem autorização dos seus donos e da sua polícia privada, na época comandada pelo Major Brito. Passei semanas e semanas no Cassai, onde a poesia e a música existem em estado puro. A dança é ao natural.

O Partido do Nunca Jamais -- Artur Queiro

Artur Queiroz*, Luanda

Adalberto da Costa Júnior foi a Paris ao beija-mão da Internacional Democrata Cristã, uma mafia extremista de direita. A Rádio França Internacional, emissão em português, entrevistou o chefe do Galo Negro. Disse de Angola o que Maomé jamais diria do toucinho. Provou, mais uma vez, que não é o líder da oposição. Nem sabe o que isso significa. Não passa de um maldizente equivocado, encadernado num fato comprado com os diamantes de sangue roubados pela UNITA ao longo de décadas, à sombra da agressão a Angola pelo regime de apartheid da África.

Adalberto provou, mais uma vez, que a UNITA é o partido do nunca jamais no poder em Angola. Nem os marginais a quem paga, aceitam fazer descer Angola a um nível tão rastejante. Não vou reproduzir as alarvidades disparadas pelo chefe do Galo Negro, por uma questão de higiene. Mas vou pegar no que disse sobre as eleições para o Poder Local.

Um líder político incapaz de analisar a realidade do seu país, não merece crédito. Adalberto está nessa situação. Na entrevista à RFI falou das províncias, dos municípios e comunas mas não foi capaz de dizer que entre 1975 e 1988 (trezes anos) Angola enfrentou uma guerra particularmente destruidora. No Norte, contra o Zaire, o ELP (tropa portuguesa que defendia o colonialismo e o fascismo), a CIA e matilhas de mercenários, Milhões de pessoas deslocaram-se para Luanda. A Sul do Cuanza a guerra foi contra os racistas de Pretória e seus aliados, sobretudo o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA).

A UNITA de Jonas Savimbi serviu de biombo às agressões da África do Sul. Ajudou a destruir e matar. Escorraçou milhões de angolanos para Luanda e outras cidades do litoral. Ou refugiaram-se na Namíbia e Zâmbia. Não ficou pedra sobre pedra.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Galináceos Apodrecidos – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A minha lista de leprosos morais nunca mais acaba, já vai em mil páginas. Tenho medo de abrir os olhos, ver notícias nos canais televisão, ler jornais, falar com os meus vizinhos. Por tudo e por nada, lá vem mais uma leprosa ou um leproso moral. Basta! Laura Macedo diz que desenha projectos culturais e ambientais. A CIA inventa cada uma! No dia da Independência Nacional ela tinha 13 anos. Viveu a data sem emoção. Ainda bem. Eu estava borrado de medo, pistola com a bala na câmara e uma granada à mão. Para comemorar mais um aniversário da nossa Dipanda escrevinhou contra o MPLA e particularmente contra Roberto de Almeida.

Esta não tem estaleca para leprosa moral. Está muito mais abaixo desse nível rastejante. Mas para melhorar o seu desempenho sempre lhe digo que Roberto de Almeida começou a ser reprimido pelos colonialistas portugueses ainda era estudante. Adolescente! Foi enviado preso para Lisboa. Durante anos frequentou as cadeias do fascismo. Fez exame de sétimo ano (fim do curso complementar) no ginásio do Liceu Salvador Correia escoltado por dois agentes da PIDE. Foi impiedosamente perseguido.

Para os seus poemas serem publicados combinou um estratagema com Carlos Ervedosa (Carlitos) que consistiu em mudar de nome. Assim nasceu o poeta Jofre Rocha, uma das mais importantes vozes poéticas de Língua Portuguesa. Assim escreveram Carlos Ervedosa e o crítico literário Filipe Neiva. Faltar ao respeito a este Homem é o mesmo que excrementar todos os patriotas angolanos. Eu sinto-me cuspido na cara pela Laura Macedo. Toma nota, megera! Vais pagar a afronta. Nunca levei desaforos para casa.

A Luta Armada de Libertação Nacional no Norte de Angola perdeu eficácia devido às contradições insanáveis entre políticos e militares no seio da FNLA. Mas também foi altamente prejudicada por razões tribais. O tribalismo é uma doença tão grave como o racismo.

Na Frente Leste o problema foi mais grave. A estratégia do MPLA era criar vastas zonas libertadas no Moxico, Lunda e Cuando Cubango. A partir daí era aberta uma frente para o mar seguindo a trajectória do Caminho-de-Ferro de Benguela. As forças guerrilheiras já estavam nas matas do Bié. Foi aberta a Rota Agostinho Neto para ligar o Leste à Frente Norte, a partir do Planalto de Malanje e à boleia do Caminho-de-Ferro de Luanda. O General Ndalu tinha a missão de comandar as forças que partiram em direcção ao Norte.

Uma Guerra à Civil -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mundo pode mudar os dias para as noites e as noites para os dias. A Terra pode parar as rotações ou acelerar. Os homens podem virar burros e os burros zurrarem como alguns homens. Mas nada vai alterar a História Contemporânea de Angola. O MPLA fez a Luta Armada de Libertação Nacional. Derrotou os colonialistas e seus aliados. Conduziu Angola à Independência Nacional. Derrotou os invasores sul-africanos na Batalha do Cuito Cuanavale esmagando o regime racista de Pretória. Ajudou a libertar a África Austral. Nenhuma organização política no mundo conseguiu tão importantes e retumbantes vitórias. 

Militantes e dirigentes do MPLA que participaram na Luta Armada de Libertação Nacional são angolanas e angolanos excepcionais. São o orgulho da Nação. Devemos-lhes respeito e gratidão. Ninguém espere que um país que há 49 anos era uma colónia fornecedora de escravos e contratados à força (séculos de dominação estrangeira!) hoje tenha recursos humanos suficientes para resolver todos os problemas que se colocam à governação, num mundo em profunda crise política, social e económica. 

Ninguém espere que tudo corra bem quando as forças imperialistas e colonialistas de sempre impõem em Angola a desinformação e compram por 30 makutas os mentores do banditismo mediático. Aderimos à democracia popular e ao socialismo. O sistema ruiu. Optámos pela democracia popular e o capitalismo O sistema está em desintegração. Os problemas e as dificuldades continuam. 

No dia 11 de Novembro de 1975 não tínhamos recursos humanos qualificados para governar Luanda. Em 49 anos não conseguimos formar massa cítica que coloque Angola entre os países desenvolvidos. Somos um dos mais pobres do mundo! Em Angola até os ricos são pedintes. Vivem de mão estendida ao chefe de turno. Calma, vamos vencer. 

A parir de 2027 a aposta na Educação vai triunfar. Como entre 1975 e 1988 triunfou a aposta na Defesa. Formámos os melhores militares do mundo, que derrotaram a coligação mais agressiva e reaccionária que alguma vez se formou no planeta: Colonialismo Português, OTAN (ou NATO), EUA, França, Reino Unido, Alemanha Federal e África do Sul racista! Para disfarçar atiravam para a frente a FNLA e a UNITA. Ninguém aguentava tanta carga. As FAPLA aguentaram e venceram.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Angola | Os Pais do Embuste e da Traição -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Na hora da Independência Nacional nasceu o meu filho Kropotkine. Fui à Conservatória do Kinaxici com o Rola da Silva e o Tarique Aparício registar o rebento. Recusado. Esse nome não está na lista. Falei com a senhora que dirigia a repartição e expliquei que aquele menino era o sinal de que Angola também tinha anarquistas. Anarco-comunistas! A senhora respondeu: Nem pensar.

O Tarique resolveu logo o problema: Vamos chamar-lhe Nuno. Sempre quis ter um filho Nuno! A Senhora aceitou, mas eu não. Insisti no nome Kropotkine. E ela insistiu na recusa. O Rola da Silva, legalista e institucionalista, ordenou a retirada. Recusei sair sem registar o meu menino. Aí ele explicou: Vamos fazer uma exposição ao ministro da Justiça. Ele vai aceitar os teus argumentos.

O ministro era Diógenes Boavida, amigo e camarada. Penso que foi o primeiro requerimento que teve de deferir. Em dois dias veio a autorização e ficou assinalado, na Conservatória do Kinaxixi, que existe um angolano chamado Kropotkine. O Tarique exigiu que o seu afilhado se chamasse Nuno Kropotkine. E assim ficou para a posteridade. Os anarquistas existem. E lutam. Hoje o miúdo tem 49 anos e cabelos brancos. Repudia o anarquismo e chama-me esquerdista. Acredita piamente no “socialismo democrático”! Como o tempo passa.

A minha geração foi carregada com pesadíssimas responsabilidades. Mas apenas uma minoria assumiu o seu papel. Há 49 anos trabalhava na Emissora Oficial de Angola (RNA), realizava o Jornal das 13 horas e chefiava a Redacção que tinha os seguintes jornalistas: Maria Dinah, Victor Mendanha, José Mena Abrantes, Francisco Simons, Graça D’Orey, Catarina Gago da Silva, Isabel Colaço, Conceição Branco, Pena Pires, Quinta da Cunha e Anapaz o novato meu favorito. Poucos fazendo muito.

domingo, 10 de novembro de 2024

Moçambique - Angola | Democracia sem Partidos nem Políticos -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Um padre, reitor da Universidade Católica, e um jurista, antigo Procurador-Geral da República, deram a sua opinião na televisão moçambicana sobre as eleições em Moçambique, cujos resultados foram fraudulentos para os derrotados. Trocado por miúdos, ambos defenderam uma tese que começa a fazer caminho entre as elites das antigas colónias portuguesas. Para acabar com as suspeitas de fraude o melhor é “profissionalizar” os Tribunais Constitucionais e as Comissões Nacionais Eleitorais. 

MPLA e FRELIMO foram forçados a pegar em armas para a conquista da Independência Nacional. Na hora da vitória dos angolanos e moçambicanos, o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) e seus kaxikos europeus (eternamente de joelhos ante o Plano Marshall) tentaram impor o “federalismo” com Lisboa. Falharam. Depois avançaram com os esquadrões da morte para anexarem Angola e Moçambique ao regime racista da África do Sul. Foram derrotados. Fizeram um cerco de morte aos dois países só levantado se Luanda e Maputo aceitassem a democracia representativa. Ai é isso? Vamos a votos. 

MPLA e FRELIMO aceitaram desmantelar a democracia popular e abandonar o socialismo. Venha daí a democracia representativa e o capitalismo, eufemisticamente baptizado de “economia de mercado” mas sem zunga e kitandas de rua. Os partidos do estado terrorista mais perigoso do mundo afinal eram os cavalos errados. Perdem tudo quanto é eleição mais ou menos estrondosamente. 

Em Angola, o povo do MPLA zangado com o seu líder deu a vitória ao partido nas eleições de 2024, com maioria absoluta, ainda que tenha perdido nos círculos de Luanda, Cabinda e Zaire. Mesmo assim, os vassalos da Casa dos Brancos e dos covis de bandidos europeus dizem que houve fraude! Os fraudulentos decidiram batotar na capital do país onde vive metade da população angolana. E na província de Cabinda, vendida às grandes potências europeias e aos EUA pela UNITA e sua sucursal FLEC. Ficou provado que sem uma vitória em toda a linha, os kaxikos da Casa dos Brancos nunca aceitará os resultados eleitorais.

Aqui entra o absurdo. Vamos regressar ao tempo do partido único mas com muitos partidos que não contam para nada. E como não contam, recuamos ao tempo do colonialismo. Quem manda em Angola e Moçambique são forças estrangeiras por meio dos seus serventes locais. Quanto mais incapazes, incompetentes e obedientes, melhor. Se tiverem ligações a seitas religiosas, óptimo. O ideal é um Estado confessional, pagando uma tensa anual à Igreja de Roma.

domingo, 20 de outubro de 2024

Luanda Passional e a História -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Um político poder ser líder do seu país sem conhecer a capital? Pode, mas não convém nada. Porque depois nomeia para governador da província de Luanda uns acomodados que não conhecem a cidade e fazem tudo para destruir o que ainda resta da velha São Paulo da Assumpção de Loanda. Ao governador Manuel Homem recomendo vivamente o meu livro “Luanda Arquivo Histórico”. Apresenta Luanda desde a fundação até ao final do século XX. 

Um político luandense, Aldemiro Vaz da Conceição, tem há muitos anos entre mãos a missão de escrever sobre a Luanda Passional. Espero que o livro esteja em marcha e um dia partilhe connosco a sua escrita escorreita e limpa. Depois oferece um exemplar ao desgovernador nomeado pelo filho de enfermeiro, que só conhece corredores de hospitais. 

A primeira grande tragédia passional na velha cidade de Luanda foi protagonizada por Maria Teresa Archer, filha do abastado comerciante Archer da Silva que tinha palácio assobradado onde é hoje a União dos Artistas, antigamente afamado de Largo da Portugália, porque ficava lá um restaurante e cervejaria com esse nome.

A menina Maria Teresa foi raptada pelo Dembo Kazuangongo durante o ataque à casa do comerciante Archer da Silva, no porto do Sassa. A guarnição militar tinha canhões de bronze e os guerreiros levaram essas armas para a cidadela real da Pedra Verde. Quando a menina atingiu a idade núbil, o rei guerreiro desposou-a e desse casamento nasceram dois meninos mestiços. As tropas portuguesas só conseguiram entrar nos seus domínios quando fizeram um acordo com o soba do Encoje, que deixou passar as tropas do capitão João de Almeida para atacar o Dembo Kazuangongo pelas costas. Foi uma tragédia. 

Maria Teresa e seus dois filhos foram levados para Luanda e entregues à família. Archer da Silva deu uma grande festa a todos os luandenses porque tinha de volta a sua menina. Ela recusou a festa porque perdeu o seu amado Kazuangongo e considerava-se uma filha dos Dembos. Fez greve da fome até morrer! 

Outro drama passional na cidade de Luanda envolveu os pais de Luís Filipe da Mota Veiga, o poeta David Mestre, tinha ele poucos meses de vida. O pai matou a mãe e depois matou-se num acesso de ciúmes delirantes. O menino foi adoptado pela enfermeira Edviges e seu mardo, também enfermeiro. Este drama atingiu-me fundo. Quando mais tarde conheci Luís Filipe (David Mestre) criei com ele uma relação de pai para filho.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Coisas do Passado e o Vilão -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Eles não querem que se fale do passado. Só conta o presente e o futuro. De preferência vistos com óculos cor-de-rosa e decorados com fotos de João Lourenço. O resto só atrapalha. E isso da História é truque de branco ou mesmo de marimbondo. O passado é hoje, que agora mesmo passou. O futuro não existe, nem chega a passar. Convém saber o mais possível sobre quem somos e donde viemos. Com esse saber fica tudo mais fácil.

Para os esclavagistas e seus herdeiros, a escravatura nunca aconteceu. Mas aconteceu, acontece e depende de todos nós que deixe de acontecer. Não há vitórias sem luta, temos de lutar contra os esclavagistas de hoje. Para os colonialistas e seus beneficiários, o colonialismo nunca existiu. Mas em Angola foi uma realidade dolorosa que passou por trabalhos forçados, destruição dos valores culturais, ocupações violentas e uma longa guerra que começou em 1842 (Guerra dos Dembos) e acabou em 2002, mais de 180 anos de alta ou baixa intensidade de massacres e ocupações. 

Pelo meio tivemos a Guerra Colonial, entre 4 de Fevereiro de 1961 e 25 de Abril de 1974. Massacres e prisões arbitrárias. Deslocados e refugiados aos milhares. Sanzalas incendiadas. Campos de cultivo arrasados com bombas químicas (desfolhantes). Campos de concentração. Abusos de toda a espécie. Tudo aconteceu com o apoio directo e entusiasmado das grandes potências ocidentais e a OTAN (ou NATO). Os EUA, Reino Unido, França e Alemanha votavam sempre ao lado dos colonialistas portugueses na ONU.

Ninguém conhece a história de amor entre o Dembo Kazuangongo e a menina Maria Teresa Archer, que ele fez sua esposa quando ela atingiu a idade núbil. Ninguém sabe do Ninho da Águia, lá nas alturas da Pedra Verde. Os guerreiros mubiris derrotaram os ocupantes. O líder do golpe fascista em 28 de Maio de 1926, Gomes da Costa, foi estrondosamente derrotado nos Dembos alguns anos antes. Chegou a Luanda roto e descalço, com meia dúzia de sobreviventes. Vitórias sobre vitórias, até que intrigas e traições levaram à ocupação. Só terminou em 11 de Novembro de 1975. Sempre a traição e a intriga fazendo fraca a forte gente.

Angola já foi uma imensa Faixa de Gaza. Poucos se colocaram ao nosso lado contra os agressores. Os eurocentristas decidiram que os colonialistas tinham razão. O estado terrorista mais perigoso do mundo forneceu aos colonialistas e fascistas de Lisboa apoio político e militar a troco de petróleo. O ditador Mobutu anulou a FNLA. A PIDE/DGS e os generais colonialistas recrutaram a UNITA para a independência branca em conluio com a Rodésia (Zimbabwe) de Ian Smith e a África do Sul do regime der apartheid. A Lura Armada de Libertação Nacional sobrou para o MPLA e seus heroicos combatentes. 

Tantos anos depois estamos na mesma, mas agora até o líder do MPLA se colocou ao lado do estado terrorista mais perigoso do mundo, para garantir a sua vitória na dominação de Angola. Ontem os guerrilheiros do MPLA eram poucos mas conseguiram vencer em toda a linha. Hoje ninguém sabe quantos são. Nem sabemos quem está disponível pada lutar pela Soberania Nacional, novamente em perigo. Temos pouco tempo para nos decidirmos.

Israel mata deliberadamente mulheres e crianças na Palestina, no Líbano e na Síria. Carta-branca para matar. Às vezes surgem umas vozes implorando aos nazis de Telavive que matem mais devagarinho E eles não ouvem ninguém. Israel impede a entrada de comida e água potável na Faixa de Gaza. Surgem umas vozes implorando aos nazis de Telavive para deixarem entrar a ajuda humanitária. Os EUA até enviaram uma carta implorando de joelhos. A coisa fica em privado.

 Israel destruiu a Faixa de Gaza e está a destruir Beirute. Os EUA dizem que não estão de acordo. Mas continuam a mandar armas para Israel. E anunciaram que estão a combinar com os nazis de Telavive um ataque ao Irão!

A União Europeia também discorda dos massacres das tropas israelitas contra palestinos, libaneses e sírios. Os nazis de Telavive continuam a matar. Bruxelas resolveu agir e impôs mais sanções ao Irão.

Zelensky tem um plano para a vitória sobre a Federação Russa. O primeiro ponto é a adesão da Ucrânia à OTAN (ou NATO). Do Kremlin vem um pedido pungente: Quando estiverem sóbrios falem de paz! A Federação Russa desencadeou a operação militar na antiga “república soviética” para desarmar e desnazificar o país. Uma forma de Zelensky vencer a guerra, é armar e nazificar ao máximo. Estes bebem mais do que o André dos Anjos e são mais tortuosos do que o Pereira Santana1. Vão todos ter o mesmo fim.

Circula um papel onde se “explica” por que razão Biden não vem a Luanda. Quem escreveu aquilo vê tudo pelo lado do olho do meio. O esquerdo e o direito estão cegos. Joe Biden cancelou a viagem a Angola porque percebeu que não era possível levar com ele os norte-americanos implicados no golpe de estado  na República Democrática do Congo e condenados à morte. Apenas isso. 

Todos sabiam desde o primeiro instante em que foi anunciada a visita de Estado, que João Lourenço ia capitalizar politicamente com o acontecimento. O seu capital político ia aumentar. Portanto não foi por isso que a viagem foi cancelada. Em rigor, Biden é que ia servir-se de João Lourenço para sair bem na fotografia e ajudar Kamala Harris a ganhar as eleições. Se chegasse a Washington com os golpistas norte-americanos condenados à morte em Kinshasa, os democratas iam ganhar e muito.

Atenção Palácio da Cidade Alta. Pereira Santana anda a usar o bom nome da Primeira- Dama para dar uma de machista desbragado e atacar jornalistas só porque são mulheres e melhores profissionais do que ele. Ponham na ordem o vilão!

* Jornalista

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Surukukus e Cobras Rasteiras -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

As cabras estavam a comer capim novo e de repente o rebanho espantou-se. O Velho Tuma disse que andava ali a cobra cuspideira. Tomou as medidas necessárias e tudo voltou ao normal. E eu perguntei donde vinha mais perigo, da surukuku ou da cobra rasteira que comia os pássaros novos nos ninhos? Ele respondeu inquieto: Estás a ficar burro, ambas são perigosas e nos matam. Foge das duas!

Angola aderiu oficialmente à Organização Internacional da Francofonia (OIF) durante a 19ª cimeira dos países membros em Paris. A candidatura angolana aconteceu há cinco anos, quando João Lourenço fez nascer um novo país sem corrupção, sem nepotismo, sem desvios de milhões, sem miséria, sem malucos nas ruas porque foram todos para os gabinetes do poder.  

A Embaixada de Angola em França emitiu um comunicado sobre este acontecimento onde afirma: “Esta candidatura reflecte o compromisso de Angola com o reforço da cooperação internacional e o desejo de participar mais activamente nas iniciativas de promoção da língua e da cultura francesa, fundamentais para o desenvolvimento global da educação e da diplomacia cultural”. Se pudesse entrevistar a embaixadora Guilhermina Prata fazia-lhe esta pergunta: Qual é mais venenosa, a francofonia ou a lusofonia? Só um burro recalcitrante faz tal pergunta. A senhora embaixadora não dá entrevistas a burros.

O comunicado da Embaixada em França é redigido segundo as regras do Acordo Ortográfico que Angola não aceitou, pelo menos que se saiba. Isso quer dizer que já começámos a demolir a Língua Portuguesa, oficialmente. Até agora era apenas de forma oficiosa, nos comunicados governamentais, nas declarações do ministro da Comunicação Social e nos ecrãs da TPA. Coisas sem importância. Importante é que em África a francofonia está a ser posta em causa. A França “ultramarina” tem os dias contados.  

O Mali abandonou o francês como língua oficial. O mesmo aconteceu com o Burkina Faso que também escorraçou os franceses das minas de ouro. O Níger segue o mesmo caminho. Angola substitui os contestatários ao colonialismo francês. Faz o mesmo com o estado terrorista mais perigoso do nundo. Neste momento Luanda é a única base segura do poder da Casa dos Brancos em África.

sábado, 5 de outubro de 2024

Angola | O Kaporrotista Desvairado -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Agostinho Mendes de Carvalho tinha saído do Tarrafal e de vez em quando passava pelos Estúdios Norte, atrás da Sé de Luanda, onde ficava à conversa com Sebastião Coelho, o senhor Café da Noite, e seus companheiros de trabalho, entre os quais o sonoplasta João Canedo e eu. Um dia apareceu com umas folhas dactilografadas guardadas numa capa grossa. Era o original de “Mestre Tamoda”. Fui o primeiro a ler. 

Sebastião Coelho também leu o livro e gostou muito. Nessa altura a actividade editorial em Luanda estava paralisada. O meu amigo Carlitos (Carlos Ervedosa) não conseguiu arranjar um editor. Falei com Orlando de Albuquerque, que tinha lançado a editora Capricórnio. Nós tínhamos coordenado, em parceria, a página de artes e letras do diário “O Lobito”. O jornalismo e a Literatura uniu-nos numa amizade sólida. 

Depois de uma conversa telefónica fui ao Lobito levar o original do livro Mestre Tamoda. Não havia qualquer cópia do livro e tinha medo que se perdesse nos correios. Orlando de Albuquerque ficou encantado com a obra e assumiu a responsabilidade de editá-la. Foi o livro 19 da sua editora. Grande festa nos Estúdios Norte quando recebemos os primeiros exemplares pela mala do correio! 

Desde então fiquei amigo de Agostinho Mendes de Carvalho, mais tarde Uanhenga Xitu. Amigos para sempre.

Nas eleições de 2012 concorreu a coligação CASA-CE e um dirigente era o Almirante Miau, filho do meu amigo Agostinho Mendes de Carvalho. Num comício fez declarações dignas de um kaporrotista militante. Fiquem com esta: “Deus salvou Abel Chivukuvuku da morte após as eleições de 1992, para que ele fosse o salvador do Povo Angolano”. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Mortos de Primeira e Mártires -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

No dia 16 de Janeiro de 1991, às três da manhã, os vidros das portas-janelas do meu quarto no Hotel Al Rasheed, Bagdade, foram pulverizados. Fui à varanda e vi que caíam bombas sobre a capital do Iraque em toda a sua extensão. 

Os bombardeamentos incessantes obrigaram-me a procurar o refúgio da unidade hoteleira. Estava cheio de funcionários mais os poucos hóspedes que não abandonaram o Iraque no dia anterior. Tinha começado a Guerra do Golfo. 

De manhã fui com os jornalistas Jorge Uribe e Zurita Reys ver os estragos dos bombardeamentos. A Bagdade das Mil e Uma Noites foi gravemente atingida. Um bairro residencial moderno estava completamente arrasado. Os sobreviventes choravam seus mortos, feitos em pedaços ou soterrados nos escombros dos prédios e moradias. Ali viviam cinco mil pessoas. Poucas dezenas sobreviveram. O ocidente alargado matou e houve aplausos desde Lisboa até Helsínquia. O Comandante Yasser Arafat disse-me que a coligação agressora ia ganhar a guerra mas perdia para sempre a paz. 

O atentado contra as Torres Gémeas em Nova Iorque, no dia 11 de Setembro de 2002, causou 2.977 mortos. Este número incluiu os 19 guerrilheiros que desviaram quatro aviões e os 265 passageiros a bordo. Foi o primeiro aviso de que o ocidente tinha perdido a paz para sempre. 

Os cinco mil mortos naquela madrugada de Bagdade não comoveram o mundo, só a mim. Os 2.977 mortos das Torres Gémeas suscitaram um clamor de vingança. Manifestações assustadoras de barbárie. Os Media propalaram que aquele foi o dia que mudou o mundo. Pelos vistos só eu percebi que os cinco mil mortos num bairro residencial de Bagdade começaram a ser vingados. Desde então, de vingança em vingança, há um cortejo de mortos, sobretudo crianças. Joe Biden diz que isso é justiça. O outro lado fala de libertação da Palestina ocupada. De um lado genocidas, do outro martírio e orgulho nos martirizados.

Sigam o Rasto do Dinheiro -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Procuradoria-Geral da República pediu às autoridades portuguesas que “recuperassem” a EFACEC porque a empresária Isabel dos Santos comprou-a com dinheiro desviado do Estado Angolano. No ano de 2019, ainda sob gestão da proprietária, a empresa facturava 355 milhões de euros e tinha em carteira quase 400 milhões. 

No seguimento da “recuperação” foram ver e afinal a empresária Isabel dos Santos comprou a EFACEC com empréstimos bancários. Quatro anos depois a empresa está de rastos e o Estado Português ficou com um rombo de 500 milhões de euros. Depois deste fiasco, vai ser difícil Portugal confiar nas autoridades judiciais angolanas.

Os fundos ilegais de cidadãos angolanos depositados no estrangeiro só são restituídos quando não existir a mínima dúvida quanto à sua origem. E mesmo assim vai ser difícil mandar milhões para Luanda, que fazem tanta falta aos falidos países do ocidente alargado e seus paraísos fiscais. Luanda pede que sigam o rasto do dinheiro mas ninguém vai nisso. O kumbu faz-lhes imensa falta.

Os Media nacionais e estrangeiros deram grande destaque à decisão de três juízes num Tribunal de Londres, que recusaram descongelar mais de 600 milhões de euros da empresária Isabel dos Santos. Mas ninguém vai repetir a aventura da EFACEC. E o dinheiro faz falta aos ingleses para fazerem figura de grandes senhores da alta finança. A vida está difícil para todos.

O Presidente João Lourenço no seu discurso na Assembleia-Geral da ONU disse que na “recuperação de activos” Angola teve dois casos de sucesso, graças à cooperação das autoridades do Reino Unido. Elogios merecidos. Londres, em 1974 e 1975, mandou-nos mercenários que se divertiam a matar angolanos.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Angola | Chaves de África e do Céu – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

“Angola Chave para África” é um livro de 1968, editado em Lisboa pela Parceria A. M. Pereira. Autor, Mugur Valahu. Este era tenente do exército romeno quando foi combater para a frente russa integrado nas hordas de Hitler. Depois da guerra fugiu para Paris. Aí fez a via do costume: BBC e Rádio Free Europe. Depois tornou-se secretário-geral da União dos Jornalistas Livres da Europa Central, tipo Teixeira Cândido. Os fascistas adoram as palavras livre e liberdade. Mugur Valahu foi contratado pelo regime colonialista de Lisboa para escrever “Angola Chave para África” com a colaboração da PIDE/DGS. 

“Jonas Savimbi Chave para África” é um livro de Fred Bridgland, editado pela Perspectivas & Realidades, em Lisboa, 1988, dez anos depois da propaganda fascista e colonialista. O dono da editora é um tal João Soares, que ficou com a boca torta depois de uma aterragem forçada na Jamba. Em homenagem ao Jonas Malheiro Chaveiro, assassino e criminoso de guerra, o seu filho também se chama Jonas. João Lourenço e Esteves Hilário adoptaram o nome Malheiro como pseudónimo quando resolvem insultar e caluniar dirigentes, militantes, amigos e simpatizantes do MPLA.

“Angola é chave para África” disse o bakongolês Tulinabo Salama Mushingi que fez papel de embaixador dos EUA em Luanda, entretanto substituído por uma senhora invisível que pernoita no Cemitério do Alto das Cruzes ou mesmo num covil das barrocas do Miramar. O senhor concedeu mais uma entrevista à TPA. Garantiu que Angola é a chave para África e João Lourenço o São Pedro que tem chaves para abrir tudo. Campeão para a paz no Sudão e no Leste da República Democrática do Congo.

A Casa dos Brancos mandou a agência noticiosa Reuters dizer que Joe Biden vai visitar Angola em Outubro. Na eventualidade de ninguém saber na Cidade Alta, foi o primeiro órgão de comunicação social no mundo a noticiar o assassinato do Presidente Abraham Lincoln. Cuidado com as imitações. Na entrevista à TPA, Tulinabo Salama Mushingi não confirmou a visita porque isso da agenda de Biden é lá com eles em Washington. 

Sem querer meter-me onde não sou chamado, deixo aqui uma sugestão. Joe Biden é um pobre diabo que sofre de demência senil. Já nem consegue articular as palavras. Sempre que se desloca, nem que seja do quarto para a sala, leva atrás dele uma numerosa equipa para lhe muda uma fralda que absorve tudo, até o mau cheiro. O seu partido declarou-o incapaz na candidato à Presidência nas próximas eleições nos EUA. Daqui a uns dias vai para casa.

Angola | Presidente Fugiu dos Heróis -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

João Lourenço gozou 15 dias de merecidas férias e regressou a casa na véspera do Dia do Herói Nacional. Ninguém o viu nas cerimónias oficiais de hoje. E bem precisava de aparecer para se limpar dos ataques rasteiros que tem desferido contra dirigentes e militantes do MPLA. Das perseguições impiedosas aos familiares dos Presidentes Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos Tem medo dos Heróis. Fugiu dos Heróis. Depois de tantas e desvairadas exonerações exonerou-se a ele próprio! É obra desenganada. No seu lugar apareceram os ministros Francisco Furtado e Filie Zau. Ao nível partidário foi salvo pela vice-presidente Luísa Damião.

O herói de João Lourenço é o demente senil Joe Biden. O seu mentor é o assassino Blinken. O General genocida Austin o seu exemplo. Algo apodreceu de Cabinda ai Cunene e do Mar ao Leste. 

Angola é berço de Heroínas e Heróis desde os becos ignorados dos musseques de Luanda às áreas libertadas do Leste, das matas de Cabinda aos Dembos, das cidades às aldeias, dos campos do algodão às tongas de café, das cadeias e campos de concentração ao Palácio da Cidade Alta. Os que se ergueram do lodo até ao píncaro das estrelas. Milhares de mulheres e homens acreditaram, sem hesitações, que a vitória é certa.  

Não culpem os Heróis Nacionais por terem lutado sob a bandeira do MPLA. Tal como não podem culpá-los por João Lourenço arrastar o partido para o pântano da submissão ao estado terrorista mais perigoso do mundo. Curvar-se aos pés do demente senil Biden que já não serve nem para candidato a caixeiro da indústria bélica! Cada um tem os heróis que merece. Não culpem o Herói Nacional pelo ódio à liberdade desencadeado por João Lourenço e os seus sequazes bajuladores.

Em Angola Liberdade e Heroísmo escrevem-se no feminino: Engrácia Francisco Cabenha (4 de Fevereiro), Deolinda Rodrigues, Engrácia dos Santos, Irene Cohen, Lucrécia Paim, Teresa Afonso, Ruth Lara, Conceição Boavida, Mariazinha (locutora do programa Angola Combatente), Maria Mambo, Inga, Rodeth Gil,n Rute Mendes, Maria Eugénia Neto e tantas, tantas outras. Hoje é o dia de todas essas mulheres excepcionais que construíram a Independência Nacional.

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Angola | Os Reféns da Guerra Civil – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

António de Oliveira Cadornega escreveu a “História Geral das Guerras Angolanas”, em 1680, já lá vão 344 anos. Em nenhuma página fala de guerra civil. Outras guerras aconteceram contra os ocupantes estrangeiros. A mais longa foi a Guerra dos Dembos. Rebentou em 1872 e só terminou em 1919 quando as tropas portuguesas assaltaram a cidadela real do Dembo Kazuangongo, na Pedra Verde. Nenhum historiador fala em guerra civil. As guerras de ocupação do Planalto Central e do Sul de Angola aconteceram há mais de cem anos. Os vários historiadores desses acontecimentos não falam em guerra civil.

Em 1961 começou a guerra colonial. Luta armada de libertação nacional. Não se atrevam a chamar-lhe uma guerra civil, ainda que os sicários da UNITA tenham lutado ao lado dos colonialistas contra as forças libertadoras do MPLA. 

Em 1974 começou a guerra contra a liberdade. De um lado as forças de libertação e do outro os independentistas brancos, apoiados pela mais agressiva e reaccionária aliança que alguma vez se formou na Terra: EUA, Reino Unido, França, Alemanha Federal, África do Sul, Rodésia de Ian Smith (Zimbabwe), Zaire do ditador Mobutu, UNITA de Jonas Savimbi, fascistas portugueses e mercenários de várias nacionalidades. Não foi uma guerra civil. 

A coligação continuou após a Independência Nacional para destruir a República Popular de Angola. Os racistas de Pretória invadiram Angola usando como escudo os sicários da UNITA. Nunca foi uma guerra civil. 

Após as eleições de 1992 Jonas Savimbi e a UNITA levantaram armas contra a democracia. Uma rebelião armada que furou dez anos e fez milhares de mortos. Milhões de deslocados e refugiados. Destruições em todo o país. Liquidação da autoridade do Estado. A rebelião foi derrotada em 22 de Fevereiro de 2002. Não foi uma guerra civil. Foi um assalto armado ao poder. A expressão mais sangrenta da traição. Não falem em guerra civil. O banditismo armado não tem dimensão política.

sábado, 29 de junho de 2024

Angola | Mukanda aos Inúteis Comilões -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Quem ignora o passado só serve para viver à custa do Estado como serventes de luxo (ministras e ministros) ou pobres diabos famintos da ração diária, alguns fingindo ser da oposição. Esta parte é que está a dar. Alguns fazem-se passar por intelectuais mas não conseguem disfarçar as bases bravias. Todos trabalham para o grande objectivo dos mandantes: Fazer passar a ideia de que Angola nasceu em 2017. Antes estávamos na idade da pedra e éramos todos analfabetos. Salvo os assassinos golpistas do 27 de Maio de 1977 que eram todos intelectuais!

Esta parte importa esclarecer cuidadosamente. A direcção política e militar do golpe de estado era constituída por gente que não chegava aos calcanhares daqueles que quiseram derrubar. O líder, Monstro Imortal, nunca pôs os pés numa universidade. Nem numa escola secundária ou do ensino técnico. O golpista que serviu de bandeira, Nito Alves, nunca pôs os pés numa universidade. Mas conseguiu ser professor de posto o que, na época era muitíssimo. O comissário político do Estado Maior Geral das FAPLA, Bakalof, nunca pôs os pés numa escola secundária O mesmo com o seu lugar-tenente Sianuk.

José Van-Dúnem era recruta da tropa portuguesa nos “Dragões” da cidade do Cuito. Sita Vales estudante de Medicina. Juca Valentim e Betinho também eram estudantes. Minerva era operário. São todos apresentados como grandes intelectuais que foi preciso afastar para não ofuscarem os analfabetos que dirigiam a República Popular de Angola e o MPLA. 

Entre os golpistas nem um concluiu qualquer curso superior. Nem um era conhecido por dominar a ciência política. No MPLA valiam muito. Fora do MPLA eram uns básicos sem préstimo. Ainda hoje é assim. Há altos dirigentes, ajudantes do Poder Executivo que só valem porque estão sob protecção do MPLA. Fora do partido valem pouco ou nada. 

No Bureau Político do MPLA em 1977 existiam um médico, um economista, dois engenheiros, um doutorado (Ambrósio Lukoki), dirigentes políticos experientes que frequentaram as Universidades, o ensino liceal ou o técnico. Em 12 membros, mais de metade tinha formação superior.

terça-feira, 18 de junho de 2024

Fazendo 7 de outubro sobre anti-semitismo para esconder os abusos de Israel

Caitlin Johnstone* | Caitlin Johnstone.com.au | # Traduzido em português do Brasil

Eles continuam dizendo que o dia 7 de outubro aconteceu porque o Hamas odeia os judeus porque não quer que você faça perguntas sobre as ações de Israel que provocaram o ataque .

O ataque de 7 de Outubro foi inquestionavelmente provocado pelos abusos amplamente documentados de Israel contra o povo palestiniano, mas sempre que se diz isto, os apoiantes de Israel gritam “Como se atrevem a JUSTIFICAR as acções do Hamas?? Nada poderia JUSTIFICAR um ataque tão selvagem!” É um bom exemplo de como a apologia do império na década de 2020 consiste em grande parte em misturar deliberadamente as palavras “provocado” e “justificado”.

Se o ataque de 7 de Outubro foi ou não justificado é um julgamento mental; a resposta a essa pergunta será sempre necessariamente composta inteiramente de opinião subjetiva. O que significa que se o apologista do império conseguir arrastar o debate aos pontapés e aos gritos para a questão de saber se foi justificado , eles realmente têm uma perna para se apoiar, desde então estão apenas a lidar com sentimentos e opiniões. Se você mantiver o foco na alegação incontestável e factual de que o ataque foi provocado , então eles não terão nada, porque os fatos estão todos diretamente contra eles.

Manter esta distinção consciente esclarece muitas questões imperiais, quer se trate do ataque do Hamas, da invasão da Ucrânia totalmente provocada pela Rússia ou da guerra que o império está a tentar provocar com a China por causa de Taiwan.

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