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sábado, 5 de outubro de 2024

Fogo Sem Cessar -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Bangladesh pegou fogo. A violência instalou-se nas ruas de Daca e de todas as cidades do país. Mais de 500 mortos depois, a primeira-ministra Sheikh Hasina abandonou o cargo e partiu para Nova Deli num exilio voluntário. Mas não ficou calada. Acaba de dar a sua versão dos sangrentos acontecimentos no seu país: “O Governo dos Estados Unidos da América está por trás das manifestações que me tiraram do poder. Podia continuar no cargo se entregasse a ilha de São Martinho aos EUA. E permitisse que controlassem militarmente o Golfo de Bengala”.

 O estado terrorista mais perigoso do mundo usa este método sempre que precisa de colocar os seus títeres no poder. Manifestações violentas, destruições, caos. Se não der, avançam com a guerra. E por fim ocupam. Primaveras e revoluções coloridas estão aí a comprovar, do Cairo a Kiev, de Bagdade a Berlim. Estão neste momento a fazer isso na Venezuela.

Tudo se agravou quando a Administração Obama deixou cair políticas emblemáticas que marcam o Estado Social, para conseguir o apoio dos republicanos ao aumento do tecto da dívida dos EUA. A Comissão Europeia diz que não há dinheiro para manter o Estado Social tal como está, oficializando a política neoliberal imposta pelo Partido Popular Europeu, largamente maioritário no parlamento de Estrasburgo. 

De Moscovo veio mais uma acha para a grande fogueira da crise económica. Vladimir Putin disse que os EUA andam a “parasitar” as economias dos outros países e é altura de mudarem de vida. As crises económicas no ocidente alargado são resolvidas com guerras sangrentas que se sabe como começam mas nunca se sabe como e quando acabam. Olhem para a Palestina, Sudão, RDC, Ucrânia, Líbia, Síria, Kosovo e outros teatros de operações onde actua o estado terrorista mais perigoso do mundo e seu braço armado da OTAN (ou NATO). 

Nestes dias de incertezas temos uma certeza absoluta: Está criado o clima social, político e económico para que os países ocidentais recorram mais uma vez à violência da guerra generalizada para resolverem os problemas sociais e políticos que não conseguem resolver desde que Wall Street entrou em falência.

domingo, 30 de junho de 2024

Os EUA continuam a armar o cristianismo contra a Índia

Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Os cristãos não estão a ser abusados ​​na Índia, são apenas os gangues terroristas-separatistas do narcotráfico de Myanmar que exploram o cristianismo como falso pretexto para os seus crimes que estão a ser alvo das forças de segurança. A conspiração americana para criar um estado cristão proxy fora da região através de militantes extremistas Kuki irá falhar.

O último relatório da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) criticou a Índia pelo seu alegado abuso de minorias religiosas, com ênfase específica nas cristãs. Relatórios anteriores tendiam a se concentrar nos muçulmanos e, recentemente, nos sikhs, com o primeiro sendo tradicionalmente apoiado pelos democratas dos EUA, enquanto um terrorista-separatista designado por Delhi do segundo está no centro da última disputa Indo-EUA que pode ser lida aqui. já que está além do escopo desta peça explicar.

“ Bangladesh alertou sobre uma conspiração ocidental para criar um estado proxy cristão na região ” no final de maio, depois que a primeira-ministra Sheikh Hasina afirmou publicamente que um país ocidental não identificado, que foi entendido pelo contexto como sendo os EUA, está buscando esse projeto geopolítico por razões militares-estratégicas. O pano de fundo diz respeito à violência que as gangues terroristas separatistas cristãs Kuki de Mianmar, onde os EUA estão apoiando uma série de rebeldes , provocaram em Manipur há mais de um ano.

Um mês antes, no final de abril, “ American Evangelicals Spun India's Border Fence With Myanmar As Anti-Christian ” depois que o falecido Billy Graham, “Christianity Today”, publicou um artigo de sucesso sobre o país, o que, em retrospectiva, pode ser visto como uma tentativa de fazer os republicanos se irritarem com ele. A narrativa dos democratas sobre supostos abusos do estado contra muçulmanos está, portanto, se combinando com a narrativa emergente sobre supostos abusos contra cristãos para criar apoio bipartidário para adotar uma linha mais dura contra a Índia.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Kissinger morreu, mas há outros criminosos de guerra impunes por aí

Henry Kissinger morreu. O antigo secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos foi um dos principais rostos do imperialismo global norte-americano no século XX. Foi responsável pelo massacre de centenas de milhares de pessoas, apoiou e orquestrou golpes de Estado de extrema-direita, fomentou guerras civis, desestabilizou regiões inteiras. Tudo para assegurar a hegemonia norte-americana.

E ainda recebeu em 1973 como recompensa o Prémio Nobel da Paz por negociar os acordos que permitiram aos Estados Unidos sair finalmente do Vietname. Mas, antes, tudo fez para alcançar a vitória militar, inclusive ordenar o bombardeamento do Cambodja, matando mais de 500 mil pessoas. Ainda hoje detonam bombas lançadas pelos norte-americanos no país, matando e estropiando crianças, homens e mulheres que trabalham nos campos agrícolas. Kissinger foi quem criou todo o contexto para os facínoras Khmers Vermelhos surgirem e matarem centenas de milhares de cambojanos. E este é só um exemplo das consequências das suas decisões, poderia referir Timor-Leste, Paquistão e Bangladesh, Chile, Vietname, Chipre, Médio Oriente, Angola…

Só houve um Kissinger, mas os seus ensinamentos de “visão mundial”, como lhes chamam eufemisticamente, são ensinados nas universidades e os seus discípulos passeiam-se nos corredores do poder da (ainda) principal potência mundial. Foi um criminoso de guerra cujos crimes fizeram escola, são até elogiados como exemplo da política realista nas Relações Internacionais.

Kissinger era um dos últimos “guerreiros da Guerra Fria” e o seu pensamento foi sempre consistente: só ações que reforçassem a superioridade militar e imperial dos Estados Unidos deveriam ser aplicadas e as ações que diminuíssem ou reforçassem o poder do seu adversário no sistema internacional deveriam ser evitadas. O direito internacional era letra morta e todos os movimentos, governos e políticas que pusessem em causa os interesses dos Estados Unidos, independentemente do que defendessem (democracia, melhores salários, serviços públicos de qualidade), deveriam ser aniquilados. É este o seu legado.

Não admira, portanto, que Kissinger seja venerado por republicanos e democratas, ou melhor, pelo partido da guerra - o consenso interpartidário pela manutenção da hegemonia dos EUA e de intervenções militares. Era uma eminência que representava o poder omnipotente dos Estados Unidos. A sua morte é também simbólica: os Estados Unidos já não podem fazer tudo o que querem, o mundo já não é bipolar ou unipolar – é multipolar. Mas o partido da guerra tudo faz para que o poder norte-americano não diminua.

Kissinger tinha 100 anos, mostrava sinais de debilidade e era uma questão de tempo até morrer. Os obituários publicados de imediato, principalmente na imprensa anglo-saxónica, relegam para segundo ou terceiro planos os crimes (isto se lhes chamarem crimes) que cometeu nos longos anos em que se sentou na Sala Oval da Casa Branca. Diluem-nos até mais não numa longa carreiea e o foco está sempre na sua única grande ação que não exigiu o derramar de sangue, o reatar de relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a China. É louvada como exemplo fulgurante de diplomacia.

Uma vez fora da Sala Oval, Kissinger tornou-se rico lucrando com a reputação que as suas políticas lhe deram. Passeava-se nos salões de Washington, dava palestras de milhares de euros, escrevia livros que se tornaram bestsellers e aconselhava presidentes, como George Bush filho e Donald Trump. Hillary Clinton referiu-se como “amiga” de Kissinger. Era o conselheiro do partido da guerra desde os tempos do presidente Dwight D. Eisenhower.

O trajeto de Kissinger é um caso exemplar de como um criminoso de guerra nunca precisou de reabilitação. George Bush filho, Tony Blair, José Maria Aznar e José Manuel Durão Barroso são aprendizes a comparar com Kissinger. E, tal como o diplomata agora falecido, escaparam impunes a mais de um milhão de mortes que causaram no Iraque. Kissinger morreu, mas há outros kissingers por aí. É outro legado de sua eminência.

Setenta e Quatro - em newsleter | * Título alterado por PG

segunda-feira, 24 de abril de 2023

A Índia está introduzindo um modelo exclusivo de desdolarização

Todas as exportações do parceiro menor em um determinado par serão desdolarizadas, enquanto o parceiro maior as igualará com suas próprias exportações. Essa política pragmática garante que haja moeda nacional suficiente em circulação para atender às suas necessidades comerciais bilaterais mínimas, ao mesmo tempo em que mantém uma quantidade confortável de dólares circulando para facilitar seu comércio com outros países que ainda se sentem mais confortáveis ​​usando o dólar.

Andrew Korybko* | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Índia e Bangladesh concordaram em desdolarizar parcialmente seu comércio de acordo com um modelo único que pode se tornar o padrão global no futuro próximo. Todos os US$ 2 bilhões de especialistas de Bangladesh para a Índia serão desdolarizados, enquanto a Índia igualará essa quantia ao desdolarizar um nível equivalente a cerca de US$ 13,69 em exportações para Bangladesh. Em outras palavras, todas as exportações do parceiro menor em qualquer par serão desdolarizadas, enquanto o parceiro maior irá igualar isso com suas próprias exportações.

Essa política pragmática garante que haja moeda nacional suficiente em circulação para atender às suas necessidades comerciais bilaterais mínimas, ao mesmo tempo em que mantém uma quantidade confortável de dólares circulando para facilitar seu comércio com outros países que ainda se sentem mais confortáveis ​​usando o dólar. É tão simples que qualquer par de países poderia facilmente imitar o modelo desses dois se tivessem vontade política, o que um número crescente deles realmente faz depois que os EUA armaram o dólar contra a Rússia no ano passado.

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