segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A Província Jardim e o Bispo -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Atenção, em meados do século XIX Angola tinha um governador-geral mais governadores distritais em “Loanda”, Benguela e Moçâmedes. O distrito de Luanda era gigantesco, tinha 20 municípios: Alto Dande, Ambaca, Ambriz, Barra do Bengo, Barra do Dande, Calumbo, Cazengo, Duque de Bragança (Kalandula), Encoge, Golungo Alto, Icolo e Bengo, Loanda-sede, Malanje, Masangano, Muxima, Novo Redondo (Sumbe), Pungo Andongo, Tala Mugongo e Zenza do Golungo. Abrangia o Cuanza Norte, Cuanza Sul, Malanje e Uíje. Ainda bem que na altura não existia a UNITA. Porque se existisse era contra a nova divisão administrativa.

O distrito de Benguela tinha seis municípios: Benguela-sede, Caconda, Catumbela, Dombe Grande, Egipto e Quilengues. Abrangia uma parte da província da Huíla que ainda não existia. O distrito de Moçâmedes também tinha seis municípios: Bumbo, Gambos, Huíla, Humpata e Moçâmedes-sede. Abrangia parte do território actual da província da Huíla.

Em resposta à Conferência de Berlim (1884-18859), o governo de Lisboa criou o distrito do Congo “desde o extremo setentrional do distrito de Loanda” até às fronteiras das colónias de França e Bélgica. Ficou com governador e secretário “de nomeação régia”. E sede em Maquela do Zombo. Mais tarde no Uíje. O decreto atribuiu ao novo distrito uma comarca judicial. Levou tempo a criar e instalar tudo. Se existisse a UNITA ainda hoje andavam aos papéis.

Em 9 de Dezembro de 1869 Lisboa decidiu criar colónias penais em Angola para onde os degredados iam expirar as suas penas em regime de trabalhos forçados. Brancos europeus reduzidos à condição dos filhos de Angola. Muitos eram vendidos como escravos no Largo do Pelourinho em Luanda. Angola era uma colónia penal.

Em Malanje foi criada a colónia penal Esperança, na circunscrição de Cacolo-Caondo. Os malanjinos fizeram uma resistência tal que Lisboa extinguiu a prisão por Portaria de 14 de Junho de 1886. Este acontecimento dava um romance digno de Dostoievski. Se a UNITA existisse na época, mantinha a colónia penal aberta para internar os “crioulos”, queimar mulheres vivas e matar quem o Savimbi marcasse para morrer.

As cartas militares da época mostram o País dos Dembos, encravado entre Luanda e o Congo. Portugal quis submeter o território e em 1872 estoirou a guerra contra os invasores portugueses. Em 1919 o Dembo Kazuangongo, único que ainda resistia com os seus guerreiros mubiris, foi derrotado na cidadela real da Pedra Verde ou Ninho da Águia. Este acontecimento dava uma biblioteca universal. 

Um documento da época refere-se assim ao distrito de Icolo e Bengo: “É um verdadeiro jardim regado pelo Dande, Bengo e Zenza. O mesmo Bengo ainda banha algumas terras do Golungo Alto”. Hoje Icolo e Bengo é província mesmo contra a vontade dos sicários da UNITA.A nova província é um jardim. Viva a nova divisão administrativa! O mapa de Angola já deu muitas voltas.

Atenção, muita atenção. Na África Equatorial há duas estações no ano, Chuva e Cacimbo. Os filhos de Angola no Século XVIII tinham a Neassu (calores), de Fevereiro a Abril, Kitomba (temporais), de  Abril a Julho, Kibiso (secas), de Julho a Novembro e Mussanga (chuva) de Novembro a Fevereiro. Isto quer dizer que já lá vai estação seca e mergulhámos a fundo, até Abril, na Mussanga. Muita chuva! Tomem medidas limpando as valas de drenagem. E depois temos a Kitomba que vai de Abril a Julho. Muitos temporais. Retirem as populações que vivem em áreas de risco. 

Começa amanhã na Suíça o julgamento dos implicados num esquema de subornos em Angola. A empresa Trafigura (suíça) e um alto funcionário da Sonangol, Paulo Gouveia Júnior, são os principais acusados. Também responde por corrupção o britânico Thierry Guillaume Plojoux. O processo foi aberto em 2023 e a acusação tem 150 páginas. Lá está escrito que “altos executivos da Trafigura estiveram envolvidos numa conspiração criminosa para ganhar contratos governamentais em Angola, corrompendo um funcionário , entre 2009 e 2011, através de 16 depósitos no montante global de 4,3 milhões de euros em contas bancárias em Genebra, abertas em nome de Paulo Gouveia Júnior, enquanto 604 mil dólares em dinheiro foram-lhe entregues em Angola”.

Paulo Gouveia Júnior foi presidente da Comissão Executiva e membro executivo do Conselho de Administração da Sonangol cargos que exerceu entre 24 de julho de 2008 e 22 de julho de 2010. Desta vez o chefe Miala não pôs a sua criadagem a fazer miango nos Media. 

O Bispo da Diocese de Benguela, António Jaca, elogiou, “a diplomacia do Presidente da República, João Lourenço”. O anafado prelado deu a sua bênção “à visita do Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, um reflexo dos avanços conquistados por Angola”. Que os deuses nos livrem das bestas insanáveis. 

A Plataforma Oposição pela Vida é o partido que lidera a Oposição na Ucrânia. Foi ilegalizado. Nas eleições que levaram Zelensky dos palcos das telenovelas à presidência do matadouro, elegeu 44 deputados. O seu líder, Viktor Medvedchuk, foi preso e torturado. Depois trocado por prisioneiros ucranianos! A democracia no seu melhor. 

Zeklensky ilegalizou mais dez partidos da Oposição entre os quais o Partido Sharity, Partido Nashi (Nosso), Oposição de Esquerda, União das Forças de Esquerda e todos os partidos socialistas. Motivo da ilegalização: Opõem-se à adesão da Ucrânia à OTAN (ou NATO) e à União Europeia.  Aleksandr Kononovich e Mikhail Kononovich, líderes da União da Juventude Comunista Leninista da Ucrânia, foram presos pela PIDE de Zelensky e estão desaparecidos. 

Todos os canais privados de televisão na Ucrânia foram obrigados a emitir pela televisão pública. Em nome da Lei Marcial. A Liberdade de Imprensa é reduzir tudo a uma banda só. Em Bruxelas, na Casa dos Brancos e em todas as capitais europeias dizem que a Ucrânia luta pela democracia na Europa. A democracia deles é igualzinha à dos nazis de Telavive. Num ano assassinaram mais de 15.000 crianças e 12 mil Mamãs. Os brancos ficaram mesmo malucos! A democracia deles é coisa de assassinos.

O Destruidor Implacável jogou xadrez com uma menina adolescente e empatou. No fim aconselhou-nos a praticar a modalidade. Eu tentei mas desisti, é um desporto muito violento. Numa partida propus um empate e o adversário atirou-me com uma torre à cara. Partiu-me uma lente dos óculos. Nunca mais! Não tenho casa militar e de segurança. Nem Miala.

* Jornalista

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