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segunda-feira, maio 05, 2008

pilhagem #7

cerca de 70 por cento dos portugueses consideram erradas as relações sexuais entre dois adultos do mesmo sexo

caros compatriotas, peço-vos que reconsiderem a intolerância. lembrem-se que destas relações nunca sairá um menezes ou um santana.



indecentemente roubado ao irmão lúcia

terça-feira, novembro 20, 2007

o cozinheiro, o patrão, a justiça e a burrice dela

por muito que me tente alienar da parvoeira geral com que o país anda entretido, este caso do despedimento do cozinheiro da cadeia de hotéis sana, com base na sua seropositividade para o h.i.v., é demasiado gritante. contra todos os pareceres médicos e de autoridades de saúde pública, os juízes portugueses, do alto da sua ignorância, decidiram dar razão a preconceitos abjectos sem qualquer suporte científico. com esta decisão e o seu impacto na comunicção social, não foi apenas um, mas vários os passos atrás que foram dados em matéria de luta contra a discriminação das pessoas infectadas com o h.i.v., mais um mau serviço prestado pela nossa justiça à nossa sociedade. para as mentes inquietas e cépticas que ainda tenham dúvidas, aconselho a leitura desta declaração do institute of food science and technology, maior autoridade europeia em segurança alimentar, que remete para recomendações do center for the diseases control, autoridade soberana nos estados unidos da américa em matéria de saúde pública. não é interessante o parágrafo que diz: "food handlers who carry HIV are not a threat to their workmates or to the products that they handle. they should not be restricted from working with foods or beverages or be restricted from using telephones, machinery, office equipment, toilets, showers, eating facilities or drinking fountains"? mas nada disto interessa aos nossos juízes...
para expressarmos o nosso desagrado em relação e este triste episódio, está a decorrer online uma petição sobre o assunto. eu já assinei.

quinta-feira, junho 07, 2007

forma e conteúdo

embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo
.
antónio aleixo
.
antónio aleixo mal sabia ler e escrever, mas isso não o impediu de ter uma visão crítica dos homens e do mundo. vivemos numa sociedade que confunde frequentemente formação académica com sabedoria e inteligência. é verdade que ler, estudar, a própria vida académica com toda a riqueza de vivências que proporciona, estimulam os neurónios, mas saber ultrapassar as exigências da formação secundária ou universitária não é de maneira nenhuma sinónimo de inteligência ou sabedoria. alguns dos meus melhores amigos, com quem consigo ter conversas verdadeiramente interessantes, não têm grande formação escolar. alguns dos meus colegas, com formação superior, são das pessoas menos cultas e menos sábias que conheço, no entanto em termos sociais consideram-se bem acima de quem não tem um curso universitário. nada disto me admira, numa sociedade que valoriza mais a forma do que o conteúdo. a cultura e a sabedoria nada têm a ver com o grau de formação académico. é algo que é inerente ao indivíduo, tem a ver com a capacidade de observação, de questionar, de pensar e chegar a conclusões próprias. tem a ver com a curiosidade, com o interesse por si próprio e por aquilo que nos rodeia. muitas pessoas nunca questionam, bebem a cartilha social por inteiro, de um só gole, como se fosse a única perspectiva possível. na verdade nada aprenderam, apenas decoraram. é que há uma diferença entre aprender e decorar. grande, muito grande.

sexta-feira, março 30, 2007

lesão frontal ventromediana


tinha eu acabado de escrever, em comentário noutro blog, que não valia a pena fazer muito barulho à volta da vitória do "inominável" no último reality-show da r.t.p., era deixar morrer o assunto, e deparo-me com este cartaz, que deve corresponder ao execrável outdoor a que já tinha ouvido vagas referências, e pensei: os gajos estão mesmo a por as garras de fora. não pensei que o movimento pendular da história fosse tão rápido e que a memória fosse tão curta. talvez a extrema-direita portuguesa esteja mesmo com apetites de poder e a perder a vergonha e a reinvidicar exposição pública. em nome das regras democráticas e do princípio da liberdade de expressão, isto deverá ser tolerado, mas a principal fraqueza da democracia em sentido lato é que dá espaço para que os seus inimigos cresçam no seu seio, os exemplos a nível mundial são inúmeros. um problema insolúvel, pois a negação da liberdade de expressão fere de morte, à partida, a própria democracia. resta a confiança num povo esclarecido,que já se provou que não somos, numa cultura de vivência democrática interventiva e activa que já se provou que não temos também. fico preocupado.

fico preocupado quando se veiculam estas mensagens que vão contra o mais básico dos bons-sensos. imagino a humilhação que qualquer imigrante (que trabalha neste país e que contribui mais para a economia nacional do que estes betinhos engravatados, como o da foto), sente ao se deparar com isto em tamanho gigante. fico preocupado também com o texto que acompanha o cartaz no site do partido. quem quiser dar-se ao trabalho, vá lá e veja com os seus próprios olhos defender-se que só é português quem tiver pai e mãe portuguesa, que se acabem as políticas do reagrupamento familiar, que estudantes estrangeiros devem voltar ao seu país de origem mal terminem os estudos e que se termine com a livre circulação de pessoas e bens dentro da europa.

lembro-me, a propósito, do recente artigo de antónio damásio na "nature" em que se comprova que os doentes cujo córtex frontal ventromediano (zona do cérebro situada acima dos olhos) está lesado têm geralmente menores reacções emocionais de dimensão social (compaixão, vergonha, culpabilidade, empatia) sem que a sua inteligência e a sua lógica sejam afectadas. damásio vai mais longe ao afirmar que os déspotas têm lesões no seu sistema emocional. isso já eu sabia, mas dito por damásio tem outro peso. resta-me concluir, e com desprezo, que o beto tem as supramencionadas lesões.

sexta-feira, março 16, 2007

a.e.i.o.u.

não, não voltei aos bancos da escola, nem estou a referir-me à sequência pela qual nos habituamos a enumerar as vogais. de repente apercebo-me, via citizen mary, de que estamos em pleno ano europeu da igualdade de oportunidades para todos- a.e.i.o.t. já houve tempos em que estas iniciativas me entusiasmavam, agora impera em mim em grande cepticismo. muito bem, o plano nacional de acção já tem o seu site pronto. podem visitá-lo e ver que se pretende a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos, independentemente do género, tom de pele, orientação sexual, eficiência motora ou sensorial, idade ou credo religioso. lindas palavras, lindas ideias, mas haverá algo mais do que isso? as o.n.g. já têm as suas actividades programadas, há concurso de fotografia, exposições itinerantes, mas bem me quer parecer que o ano em si vai-se diluir nessas iniciativas e no final vai estar tudo na mesma. senão vejamos.

estamos a 16 de março e a maior parte dos cidadãos deste país não ouviram ainda falar da iniciativa. divulgação nos media, spots publicitários, praticamente zero. não parece haver muita vontade em falar do assunto.

igualdade de oportunidades independentemente do género. num país onde a maioria dos licenciados é do sexo feminino e onde a maioria dos quadros das empresas é do sexo masculino. onde os negócios se fazem em jantares de cariz eminentemente masculino e não em reuniões que acabem a tempo de ir buscar os filhos à escola. onde as próprias mulheres continuam a dizer que o marido é muito bom porque até ajuda lá em casa. onde na carreira docente (estatuto aprovado já este ano, curiosamente) as mulheres são prejudicadas em termos de progressão, sendo-lhes descontado o tempo de licença de parto ou à cabeceira dos filhos com febre, onde um alto elemento do m.e. aconselha as mães a confiarem os filhos a vizinhos para estes os acompanharem a consultas médicas. onde mulheres continuam a ser despedidas por engravidarem.

igualdade de oportunidades independentemente do tom da pele. num país onde "tanto se aperta a mão a um branco como o pescoço a um preto", onde teoricamente não há racismo, até porque somos por definição de brandos costumes, mas na prática, no imaginário da populaça, pretos e ciganos estão associados a delinquência, onde o argumento que os imigrantes ocupam os lugares de trabalho dos portugueses tem inúmeros adeptos.

igualdade de oportunidades independentemente da orientação sexual. pois! como se o casamento entre indivíduos do mesmo sexo já estivesse aprovado. num país onde quase não há figuras públicas assumidas, onde se usam insinuações quanto à orientação sexual dos adversários em plena campanha eleitoral e a laracha é depois reproduzida até à exaustão pela turba achincalhadora.

igualdade de oportunidades independentemente da deficiência. por favor! nem a lei das acessibilidades, aprovada há não sei quantos anos, está aplicada. nem sequer é fiscalizada. a maior parte das repartições públicas continua a não ter acesso para cadeira de rodas, escolas de 3 pisos sem um único elevador. leiam este estudo da deco e vejam as dificuldades com que cidadãos portadores de deficiência têm que lidar no dia a dia. a trabalhar, uma minoria, dobragem em língua gestual, quase inexistente. nas escolas, que se pretendem inclusas, uma confrangedora falta de formação do pessoal docente e não docente. a imagem nacional do deficiente e dos seus familiares continua a ser a de coitadinhos.

restam a idade e o credo religioso, porventura os factores menos discriminatórios, mas mesmo assim, perder o emprego a partir dos 40 continua a ser um drama, continuam os escândalos com os lares para a terceira idade sem um mínimo de condições dignas, continuam idosos a serem abandonados nos hospitais, indo alguns familiares ao cúmulo de fornecerem números de contacto falsos. e continua também uma importante fatia da sociedade a querer impor os seus valores, os seus dogmas de fé, como se fossem universais.

podem-me dizer que se tudo já estivesse resolvido não seriam necessários estes anos disto e daquilo, mas diz-me a experiência, infelizmente, que nada ou muito pouco vai mudar. não vamos ter um a.e.i.o.t., mas sim um a.e.i.o.u., um ano europeu de imensas oportunidades para uns. sim, porque somos todos iguais, mas uns mais iguais do que os outros.




Resolução do Conselho de Ministros n.o 88/2006 (introdução)
No intuito de alcançar uma sociedade mais justa através da promoção da igualdade e da não discriminação, o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia designaram o ano de 2007 como o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos. Como é afirmado no âmbito da Estratégia de Lisboa, o relançamento do crescimento é vital para a prosperidade e constitui a base da justiça social e da igualdade de oportunidades para todos. Estes objectivos, todavia, serão difíceis de concretizar enquanto grupos sociais com expressão significativa na população portuguesa estiverem excluídos de um emprego, de uma formação ou de outras oportunidades. Para desenvolver uma sociedade inclusiva e uma economia mais competitiva e dinâmica, colhendo os frutos da diversidade, torna-se imperativo eliminar os factores de discriminação que possam subsistir em razão do sexo, origem racial ou étnica, religião, deficiência, idade e orientação sexual.

sábado, março 10, 2007

coisas q'a gente quase não acredita #1

o grupo mello anuncia que nos seus estabelecimentos de saúde não se pratica a reprodução medicamente assistida, nem laqueações de trompas, nem vasectomias, nem se administra a pílula do dia seguinte. tudo isto em nome da defesa absoluta e do respeito pela vida. a ordem dos médicos diz que no sector público não poderia ser, mas sendo um grupo privado, nada a comentar. e pílulas contraceptivas? será que receitam? às vezes sinto-me como se fosse um e.t.