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quinta-feira, dezembro 27, 2007

1953 - 2007

benazir butto foi hoje assassinada a sangue frio por um louco que se fez explodir depois dos disparos, arrastando consigo mais duas dezenas de vidas. e agora? bush tem razões para se mostrar preocupado. e se o conselho de segurança das nações unidas se reune de emergência, quem sou eu para não ficar preocupado também. acendeu-se um rastilho, resta saber a dimensão dos estragos. era previsível, também. previsível à luz das lógicas absurdas que continuam a dominar esta nossa existência de bichinhos estúpidos. deixo o trabalho de enunciar as imensas qualidades desta mulher a quem estiver para aí virado, os defeitos rapidamente serão esquecidos. temos novo mártir para homenagear.

domingo, outubro 21, 2007

a fragilidade da (nossa) existência

a sequência final da fabulosa série "6 feet under". muito se escreveu ao longo de toda a história da humanidade sobre a brevidade da vida, e não serei eu a acrescentar algo de substantivo. "6 feet under" sempre foi uma série que me reconciliou com a vida, por muito estranhos que fossem os acontecimentos que eu estivesse a viver no meu dia a dia. e, como em todas as vidas, por vezes parece-me que a realidade ultrapassa largamente a ficção. nem sempre estamos dispostos a lidar com, e a encarar de frente, a fragilidade da (nossa) existência, mas essa tomada de consciência ajuda-nos a viver os períodos mais "estranhos" das nossas vidas com um toque de relatividade e de desprendimento. como se olhássemos de fora para dentro.



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domingo, outubro 07, 2007

janis e inês

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quis o acaso que recentemente tenha andado às voltas com duas "personagens" femininas que aparentemente nada têm em comum: inês de castro, através da leitura do romance histórico que maria pilar queralt del hierro escreveu, e janis joplin, através da audição duma colectânea comprada ao desbarato numa grande superfície. separadas pelo tempo, duas mulheres que viveram vidas em pleno, duas personalidades fortes e determinadas. têm em comum o fim trágico, uma às mãos dos esbirros de d. afonso IV, a outra às mãos de uma overdose de heroína. perduraram as duas para além do seu tempo, uma pela voz única, a outra pelo amor que a uniu a d. pedro de portugal. das duas perdura também o fim prematuro em tom de tragédia, devoradas pelas sociedades que as rodearam. mas se os fins foram trágicos, as existências foram gloriosas, pessoas que se cumpriram e viveram intensamente. o mesmo não se pode dizer de muitos de nós, nesta sociedade actual de vidas cinzentas e pouco ou nada cumpridas. rainhas por um dia ou escravas toda a vida, reis por um dia ou escravos toda a vida, o velho dilema existêncial.

terça-feira, setembro 11, 2007

contributos para um 11 de setembro de qualidade







quando a 15 de setembro de 2001 o maestro leonard slatkin dirigiu a orquestra da b.b.c. neste "adagio for strings" de samuel barber, em homenagem às vítimas dos atentados ocorridos 4 dias antes, criou-se um novo requiem. barber, compositor norteamericano falecido 20 anos antes, fornecia assim banda sonora para o lamento e o desânimo, para a dor de uma nação. o 11 de setembro acabou abruptamente com a miragem de um novo século em paz, precipitou uma escalada de tensões e forneceu argumentos aos senhores da guerra para que ela voltasse a fazer parte do nosso quotidiano. toda a gente se recorda exactamente de onde estava e o que estava a fazer quando as televisões invadiram todos os espaços com as imagens de um povo e das torres em agonia. toda a gente se recorda de onde estava quando despertou para uma nova realidade global e descobriu que aviões civis podiam ser transformados em armas letais. não foi apenas a américa que foi atingida, foi todo um modus vivendi que foi abalado. não sejamos hipócritas. por muito críticos que sejamos em relação aos estados unidos e ao papel que reclamam para si na ordem mundial, um pouco de nós morreu também naquele dia, à medida que os corpos choviam das torres e as cinzas tomavam conta de tudo. nada justifica a barbárie a que assistimos.

o que se seguiu, todos nós sabemos. a pior administração norteamericana de que temos memória a fazer uso dos argumentos mais falaciosos e de todas as técnicas de manipulação, mantendo um povo refém do medo e da insegurança, e tentando estender essa manipulação a toda uma civilização.

uma pessoa é uma pessoa, e a morte de uma pessoa é a morte de uma pessoa. a vida de um norteamericano não vale mais do que qualquer outra vida. ao longo destes seis anos já houve muitos dias em que morreram, em circunstâncias violentas, mais do que as 2863 vítimas dos atentados do 11 de setembro. mortos anónimos e sem rosto. asiáticos, que aos nossos olhos de ocidentais são todos iguais; iraquianos, que todos os dias voam aos pedaços; africanos famintos. vivemos num mundo de hipocrisias. porque relembramos uns e esquecemos outros? as imagens que se seguem fazem parte de uma campanha da m.t.v. que foi proibida pelo governo norte-americano, e é fácil perceber porquê. não encaixam nos esquemas manipulatórios e de martirização oficiais. deixam a nú as hipocrisias.

2863 morreram. há 630 milhões de sem-abrigo no mundo. o mundo uniu-se contra o terrorismo. já se deveria ter unido contra a pobreza.

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2863 morreram. 824 milhões de crianças passam fome em todo o mundo. o mundo uniu-se contra o terrorismo. já se deveria ter unido contra a fome.


2863 morreram. há 40 milhões de infectados pelo vírus h.i.v. em todo o mundo. o mundo uniu-se contra o terrorismo. já se deveria ter unido contra a s.i.d.a.

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quarta-feira, agosto 01, 2007

pilhagem #4

Morte

Morreu um. Depois morreu outro. E andam todos, numa roda-viva, a prestar-lhes singelas e patéticas homenagens. Como se a morte e a velhice fossem coisas más. Não são. Há conforto na velhice e alívio na morte.

a propósito da morte de i. bergman e m. antonioni, pilhado à ana, um dos melhores e mais lúcidos blogs que me foi dado descobrir

domingo, abril 29, 2007

bichos com a pele de outros bichos


estranho hábito este de bichos acharem que têm o direito de usar a pele de outros bichos. a pele sintética é tão vistosa como a verdadeira, mas apesar disso há quem continue a achar que um casaco de pele verdadeira é que é bem e que as imitações são para a plebe. são bichos alienados, que nem sequer querem saber como são obtidas as peles dos outros bichos que deram origem à peça que com tanto orgulho ostentam. a mim metem-me nojo. longe vão os tempos em que a humanidade aproveitava a pele dos animais que tinha que matar para comer. hoje em dia nada justifica esta barbárie. divulga a p.e.t.a. que 85% das peles usadas nesta tenebrosa indústria provém das chamadas "fur farms", em que os animais são criados em cativeiro com um único propósito: o de serem esfolados vivos por outros animais bem mais selvagens, num sofrimento indescritível. se tem estômago, veja as filmagens não autorizadas que a p.e.t.a. disponibiliza online. e depois venham falar-me de humanidade...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

viol3ncia


hoje o meu filho mais velho foi ao funeral de um amigo. chegou a casa com um outro amigo, ambos tristes, vinham de um momento difícil. estão revoltados. eles e mais uma série de jovens desta cidade. o amigo morto foi vítima de violência, apenas por responder às provocações "masculinas" de outros jovens sensivelmente da mesma idade, numa noite que era suposta ser de divertimento. um murro no sobrolho, uma lesão interna que foi babando durante dois dias até o cérebro ficar afogado em sangue. mais um caso entre os vários que já ouvi relatados pelo meu filho e alguns em que ele próprio se envolveu. só que o desfecho deste foi bem mais trágico. não vou aqui recordar a cidade calma, pacata, segura em que cresci. pergunto-me de onde vem esta necessidade de violência. como sempre, posso estar errado, mas esta nova geração de rapazes, que chega agora à idade adulta, comporta-se de uma maneira muito mais violenta do que a dos pais que os criaram e educaram. foram expostos a doses maciças de violência enquanto cresciam com desenhos animados violentos, filmes violentos e jogos de consola igualmente violentos. e muitas vezes sem o acompanhamento necessário e equilibrante de quem tinha a responsabilidade de os formar mas andava demasiado ocupado com a carreira, a miragem do dinheiro, a encher a casa de aparelhos da última geração e a exibir aos vizinhos carros e telemóveis. ou simplesmente a sobreviver. relegámos para a escola o dever de os educar, de os formar moralmente, e compensámo-los da nossa distracção com brinquedos caros de todo o tipo. demos-lhes um mundo cheio de matérias mas vazio de conceitos. a ao defendê-los de tudo e de todos, dos professores que os queriam disciplinar, dos vizinhos que lhes chamavam à atenção, demos-lhes a ilusão da impunidade. ninguém lhes ensinou o que é que significa realmente ser homem.