pilhagem #7

genial luís afonso no público de hoje. no cartaz pode ler-se "atenção cidadãos: devem certificar-se que estão dentro dos parâmetros standard antes de se submeterem ao controlo de qualidade. não nos responsabilizamos por eventuais danos físicos ou psicológicos". é assim que o sistema nos quer, todos direitinhos, perfilados, iguaizinhos, consumindo as mesmas coisas, obedientes e contentes. a esses, os cidadãos normalizados, o sistema recompensa, oferecendo-lhes uma vida préprogramada e dando-lhes um certificado de qualidade. a massa amorfa que deve produzir sem questionar e consumir sem questionar também. em nome do santo crescimento da economia (que é como quem diz, do crescimento dos ganhos dos donos do dinheiro). da defesa dos tradicionais valores ocidentais: liberdade (para consumir), igualdade (no consumo), fraternidade (todos de mãos dadas a consumir). os outros, os não normalizados, ficam por sua própria conta e risco, à margem, logicamente. lesões físicas ou psicológicas? paciência, tivessem aceitado a normalização.
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3tiqu3tas: amolecimento ocidental, cartoons, liberdade, luís afonso, não há pachorra, poder, sociedade
acabo de ler, num comentário de um blog, uma das frases mais imbecis que ouço ou leio recorrentemente: "não gosto nada de animais". provavelmente pensaram que a frase era bem mais terrível, mas é só isto: "não gosto nada de animais". confunde-me que nestes tempos de sociedade científica, em que desde a mais tenra idade se apresenta aos miúdos o enquadramento filogenético do homo sapiens, ainda haja pessoas que pensem que não são, elas próprias também, animais. afirmar que não se gosta de animais é uma espécie de tiro no pé, de falta de amor próprio, de desnorte existencial. somos o que somos, porque somos animais, porque partilhamos com todos eles moléculas, genes, sistemas fisiológicos, células especializadas, organizações tecidulares. para mim, que abraço demoradamente os dois cães grandalhões cá de casa enquanto eles me mordiscam as orelhas e me lambem o nariz, que toda a vida convivi com cães, gatos, hamsters, coelhos, galinhas, cágados, que levava para casa grilos, cobras d'água e morcegos que encontrava na rua, que fico horas a ver os insectos a labutarem nos canteiros à volta da casa, que estudo a evolução da colónia de passarada que habita a grande araucária nas traseiras da casa, que gosto de observar osgas, aranhas e outras "nojices" do género, afirmações deste tipo dão-me volta ao estômago.
negar a nossa animalidade, é negar a nossa própria essência, o nosso enquadramento natural. não sendo animais, restar-nos-iam as hipóteses de ser planta, fungo, vírus ou bactéria. não me estou a imaginar passar a existência com as raízes enterradas num pedaço de terra, a alimentar-me de matéria orgânica em decomposição, e a existência unicelular ou molecular também não me parece muito atractiva. creio que concordam comigo quando afirmo que ser animal é a melhor existência que nos poderia estar reservada neste calhau à deriva no espaço.
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3tiqu3tas: absurdos da realidade, animais, bicho-homem, cartoons, existência, não há pachorra, sabedoria, vida
neste dia mundial da criança, muitas criancinhas vão ter mais um presentinho para juntar à pilha dos brinquedos esquecidos a um canto e vão fazer as suas birrinhas manipulatórias. encurralados entre as exigências dos seus meninos e a guerra comercial que transformou este dia em mais um dia para se oferecer uma coisa a alguém, os papás, com um brilhozinho tolo nos olhos, vão ficar a olhar para os seus meninos e a pensar que eles são a coisinha mais querida, mais linda, mais fofa e incrível que alguma vez viram. dos outros, dos meninos que cedo provam as agruras da vida e aprendem que ela nem é fácil nem justa, muito poucos se vão lembrar.
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3tiqu3tas: amolecimento ocidental, cartoons, consumismo, mundo, sociedade
o und3rblog aconselha: se tem um blog, grave este cartoon do luís afonso. é de extrema utilidade, apesar de já ser bem antigo. pode ser postado em qualquer altura, está sempre actual.
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3tiqu3tas: cartoons, luís afonso, portugueses
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3tiqu3tas: cartoons, pilhagens, portugueses
ser ou parecer? vivemos num ambiente social em que parecer é muito mais importante do que ser. parecer rico, parecer jovem, parecer culto, parecer intelectual, parecer cool, parecer dread, conforme os microcosmos sociais em que circulamos. ser é incómodo, obriga a opções reais, a reflexões interiores, à introspecção e ao auto conhecimento, e tudo isso dá imenso trabalho. compre um carro topo de gama, um ecran de plasma, um telemóvel 6ª geração, os últimos devices da tecnologia, poupe no bife, que ninguém vê aquilo que come, recorra a crédito sobre crédito. repuxe a face, aspire as gorduras, encha os lábios, injecte butox, implante cabelos ou aniquile-os a laser conforme a localização. finja que viu o filme que não viu, que leu o livro que não leu, saiba 3 ou 4 citações de cor sem saber quem as proferiu ou em que contexto. impressione os seus vizinhos, faça inveja aos seus colegas de trabalho, publique no seu blog frases complexas mesmo que não as compreenda, nunca cite autores conhecidos do grande público, diga que não gosta daquilo que gosta se os seus interlocutores não gostarem, ouça só a música que os outros ouvem, compre sempre roupa e apetrechos de marca, componha o cabelo milimetricamente ao gosto dos seus colegas. e sobretudo, não tenha veleidades de ser, porque além do esforço interior a que obriga, não lhe traz nenhum benefício. bem vindo ao século 21.
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era o que eu suspeitava. está tudo louco a comprar, comprar, comprar. para consumidores compulsivos, o pimenta negra publicou ontem um inquérito que começa por fazer sorrir, mas o sorriso vai depois amarelecendo. e escusamos de falar mais de consumismo nos próximos tempos. está tudo dito.
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nelio
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3tiqu3tas: cartoons, consumismo, natal