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terça-feira, maio 22, 2007

hergé

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no centenário do nascimento de georges remi, tinha que se falar dele aqui. ficará para sempre conhecido por hergé, o pseudónimo que inventou a partir das iniciais do seu nome e que utilizou para assinar as aventuras do repórter tintin. um dos maiores ícones do século 20, há muito que tintin extravasou as fronteiras da banda desenhada, falando-se frequentemente do projecto sempre adiado de steven spielberg para o passar para o grande ecran, em figuras de carne e osso. tenho a agradecer a hergé a minha grande, enorme, paixão por banda desenhada. quando as aventuras de tintin se tornaram demasiado "grandes" para continuarem a ser publicadas no suplemento juvenil "le petit vingtiéme", hergé fundou "le journal du tintin", revista semanal dedicada exclusivamente à banda desenhada, que publicava as histórias em continuação ao longo de vários números. o sucesso da revista levou a que se multiplicassem as edições noutras línguas e noutros países, e portugal não foi excepção. tinha eu 11 anos quando a descobri, ia ela no sexto ano de publicação. tornou-se um hábito semanal quase tão importante como respirar, ansiava pelo dia de publicação para poder continuar a seguir as histórias. comprei todos os números anteriormente publicados, e enquanto a revista portuguesa foi saindo, foi ritual imprescindível na minha vida enquanto crescia. cada número era lido e relido, tratado com cuidado, e ainda hoje a colecção completa repousa em lugar de destaque nas minhas estantes. com a revista, foi todo um universo de autores que entrou no meu mundo para nunca mais sair. edgar pierre jacobs, paul cuvelier, aidans, jacques martin, dupa, william vance, morris, uderzo, greg, giraud, godard, degroot, hugo pratt, tibet, meziéres, derib, hermann, dany, cosey, will eisner e tantos outros. quando a revista portuguesa terminou, passei a comprar a belga, que na altura ainda se publicava. entretanto surgiu a excelente (à suivre), revista mensal mais virada para um público mais adulto (do qual eu tinha passado a fazer parte por força da roda da vida), que também passei a comprar. ler banda desenhada está-me entranhado tão fundo que nem sei explicar, foi-me incorporado aos 11 anos, naquela tarde, naquele quiosque.

quando hergé morreu em 1983, trabalhava na 24ª aventura do seu repórter, "tintin e o alph'art", que deixou inacabada. a aventura tornou-se mítica, e o seu título deu inclusivamente nome aos prémios atribuídos anualmente no salão de angoulême, os prémios "alph'art", uma espécie de óscares da banda desenhada. por expressa vontade de hergé, a sua obra não podia ser retomada. yves rodier, um jovem desenhador canadiano fã de hergé, pegou clandestinamente no trabalho do mestre, entretando publicado em álbum, e completou-o em 1995, com um traço bastante fiel ao original, mas a fundação hergé recusou e proibiu a sua publicação. quando soube destes factos, há cerca de 10 anos, fiquei cheio de curiosidade, porque o material publicado oficialmente não era bem um álbum de banda desenhada, eram os esboços do mestre, mas lê-lo não dava aquele gozo que se tira de uma boa história desenhada. o que eu não imaginava, era que o trabalho de rodier estivesse disponível na net. mas está, aqui, em versão integral, mas em língua inglesa. acabo de o descobrir e não posso deixar de o partilhar. adivinham-se algumas horas em frente ao computador, embora não seja, de maneira nenhuma, a maneira ideal de ler o tão aguardado 24º álbum das aventuras de tintin.