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sábado, novembro 15, 2008

da monótona existência

o que eu gostava mesmo de ver era uma manifestação da ministra contra os professores. a ministra muito vermelha, de megafone em punho, gritando palavras d'ordem do tipo "a luta continua, professores para a rua", descendo a avenida da liberdade e atravessando toda a baixa até se concentrar no terreiro do paço. isso sim, é que havia de ser giro!

quinta-feira, maio 01, 2008

a história das coisas

várias verdades inconvenientes. embora seja de origem norteamericana, aplica-se a nós como uma luva. são 21 minutos didácticos de reflexão sobre o nosso sistema actual de consumo, que acaba por condicionar toda a organização social. e as relações internacionas também. poderão dizer que não é bem assim, que as ideias vinculadas não estão totalmente certas, mas parece-me bastante aproximado. desapaixonado, pragmático e não panfletário. bom para reflectir neste 1º de maio, que se quer dos trabalhadores. e das pessoas por detrás desses trabalhadores. algures na história houve uma preversão do sentido do trabalho. quando é que deixámos de trabalhar para a comunidade e passámos a trabalhar para alguns indivíduos? quando é que os pratos da balança se desequilibraram? este documentário devia ser mostrado nas escolas aos nossos adolescentes, seguido de conversa alargada, debate. mas quem controla hoje em dia a escola e as ideias que devem ou não devem ser vinculadas? interessa mesmo fazer das gerações futuras seres conscientes, informados, participantes, ou interessa esconder parte da verdade, parte do sistema? o velho das botas, que caiu da cadeira há uns anos atrás, é que dizia qualquer coisa do género: quanto mais culto um povo, mais difícil de governar.




agradeço à idadedapedra por me ter conduzido até ao vídeo.

sábado, março 22, 2008

obviamente, mais um caso de falta de vocação e preparação para o exercício da actividade docente



em toda esta história da professora, a adolescente e o telemóvel, o que mais espanta é como tanta gente tenta o branqueamento da atitude da aluna e se atira à professora, dizendo que não tem vocação, não está preparada, não sabe exercer autoridade, etc, etc, etc. não ponho links, porque basta ler qualquer notícia ou post sobre o assunto para se encontrar esse tipo de comentários. mal estaríamos se o exercício da autoridade dependesse única e exclusivamente da personalidade de cada docente e não fizesse parte das regras do jogo. a autoridade tem que ser imposta pela instituição escola, tem que estar implícita na relação professor/aluno, sem estar à mercê da personalidade e do estado de espírito de cada um. a foto acima foi retirada de um site brasileiro sobre violência nas escolas. é isso mesmo: uma professora com os dois braços partidos e a cara feita num bolo depois de ter sido agredida por alunos. obviamente, mais um caso de falta de vocação e de preparação para o exercício da actividade docente, de acordo com as doutas opiniões dos analistas de bancada que empestam este país.

sexta-feira, março 21, 2008

fascinante

como não sou professor, nem de facto nem de bancada, nesta história da professora, da miúda histérica e do seu telemóvel, que hoje (ontem) dominou grande parte da blogosfera e dos telejornais, há outros aspectos que me interessam. o primeiro é a maneira como o fenómeno se difundiu. primeiro o vídeo foi exposto no youtube pelo colega da histérica que filmou os acontecimentos, depois alguns autores de blogs pegaram no assunto, avisados por e-mail, depois as páginas online dos orgãos de comunicação social, e só no fim as televisões. um circuito cada vez mais frequente, a provar o imenso poder destes dois novos (?) canais de difusão: youtube e blogosfera. o segundo aspecto que me interessa, pelo menos ao sociólogo de bancada que habita em mim, é a enorme quantidade de comentários que os posts sobre o assunto, e as notícia nos sites dos orgãos de comunicação social, geraram. toda a gente teve uma opinião sobre o assunto, toda a gente soube como é que a situação se resolveria, quais os culpados e quais as causas profundas do acontecido. menos eu, que gosto de continuar a cultivar a humildade. em menos de 24 horas, este povo produziu vários milhares de opiniões. a análise detalhada desses comentários, daria uma excelente tese de doutoramento. em sociologia. terceiro aspecto, o vídeo original foi retirado do youtube a meio da tarde pelo aluno que o havia exposto, provavelmente por se ter apercebido do enorme impacto negativo que o fenómeno estava a ter. tarde demais. as imagens já estavam no domínio público e poucos minutos depois já o vídeo estava reposto em pelo menos 10 localizações do youtube, nos videos sapo e em várias páginas dos media. o que prova que uma vez exposta uma imagem na rede, ela se torna virtualmente inapagável. admirável e fascinante mundo novo.

domingo, novembro 04, 2007

a escola, a família, o ranking e o resto da sociedade

não deixa de ser interessante esta discussão que anda na blogosfera sobre o ranking das escolas. confesso que, ao contrário da maioria dos bloguers, não consultei a tabela e não imagino em que posição se encontra a "minha" escola. e parece-me que isso é de todo irrelevante. não foi a escola que me despertou para o saber. ou estava nos meus genes, ou foi o contexto familiar que teve esse mérito. dos professores que tive, ficaram 3 ou 4 figuras de referência ao longo de 12 anos de percurso, porque da faculdade não ficou nenhuma. 3 ou 4 professores, entre as várias dezenas que tive, que me estimularam o pensamento autónomo e contribuiram para que gostasse de aprender. não me parece que tivesse sido diferente num outro contexto.

no debate escola pública vs escola privada, não tomo posição. de um e outro lado há boas e más escolas, há bons e maus professores. com clientela seleccionada é mais fácil trabalhar e obter bons resultados, isto parece-me óbvio. e parece-me óbvio também que toda esta suruba tem como único fim abrir caminho para a privatização em massa das escolas. mais uma vez se cai no erro de que gestões privadas são melhores, por definição, do que gestões públicas.

mas voltemos ao contexto. sempre tive colegas de todos os estratos sociais e não creio que crescer numa redoma de ambiente social seleccionado contribua em alguma coisa para o sucesso do indivíduo. conviver com a pluralidade, sim. ter a noção da diversidade de ambientes familiares, tomar consciência das assimetrias sociais. não acredito em castas nem em elites, seja qual for o parâmetro em consideração.

sendo filho de professores e casado com uma, conheço demasiado bem o meio para me permitir avaliações generalistas da classe profissional. provavelmente, em vez de estarmos a discutir a escola, deveriamos antes estar a discutir a família e as condições que são proporcianadas pela sociedade para que exerçam as suas funções educativas. a escola não se pode substituir à família e não pode nem deve ser-lhe exigida a responsabilidade de, além da formação académica, formar também cívica e pessoalmente os indivíduos em crescimento. vejo uma nova geração crescer sem perceber que não pode haver liberdade sem responsabilidade, e isso deve-se principalmente à família e às políticas educacionais que não deixam a escola dar-se ao respeito, veja-se o novo estatuto do aluno. enquanto a retenção de um aluno (que não é mais que um eufemismo para o clássico chumbo) exigir um processo burocrático com produção de muitas páginas de documentos e a aceitação tácita por parte dos encarregados de educação, será muito difícil a escola exercer efectivamente as funções que lhe são exigidas. denegrir publicamente a imagem da classe docente, como este ministério tem feito, também não contribui em nada para que o sistema funcione com qualidade.

é na família que se devia centrar esta discussão, e, de forma mais alargada, nos valores sociais. não se pode exigir que a escola seja um reduto de boas práticas, quando todo o resto da sociedade valoriza mais a forma do que o conteúdo individual. o apelo ao sucesso fácil e a projecção social de personalidades ocas, que os media levam a cabo, são maus exemplos para jovens em fase de crescimento. cabe à família desmistificar estes fenómenos e dar sólida formação de valores, mas para isso é preciso tempo, e as exigências sociais, centradas na produtividade ilimitada e na ilusão do bem estar eterno e da vaidade social, não deixam esse tempo disponível. para quando um ranking de famílias?