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quinta-feira, maio 01, 2008

a história das coisas

várias verdades inconvenientes. embora seja de origem norteamericana, aplica-se a nós como uma luva. são 21 minutos didácticos de reflexão sobre o nosso sistema actual de consumo, que acaba por condicionar toda a organização social. e as relações internacionas também. poderão dizer que não é bem assim, que as ideias vinculadas não estão totalmente certas, mas parece-me bastante aproximado. desapaixonado, pragmático e não panfletário. bom para reflectir neste 1º de maio, que se quer dos trabalhadores. e das pessoas por detrás desses trabalhadores. algures na história houve uma preversão do sentido do trabalho. quando é que deixámos de trabalhar para a comunidade e passámos a trabalhar para alguns indivíduos? quando é que os pratos da balança se desequilibraram? este documentário devia ser mostrado nas escolas aos nossos adolescentes, seguido de conversa alargada, debate. mas quem controla hoje em dia a escola e as ideias que devem ou não devem ser vinculadas? interessa mesmo fazer das gerações futuras seres conscientes, informados, participantes, ou interessa esconder parte da verdade, parte do sistema? o velho das botas, que caiu da cadeira há uns anos atrás, é que dizia qualquer coisa do género: quanto mais culto um povo, mais difícil de governar.




agradeço à idadedapedra por me ter conduzido até ao vídeo.

sábado, abril 26, 2008

rábula do dia 26 de abril de 2018

liberdade, pois, mas as nossas sociedades apresentam-nos agora desafios que não se colocavam em 1974. aos poucos vamos trocando a liberdade pela segurança. com o advento do trusted computing, que algumas empresas de informática se preparam para introduzir no mercado daqui a 2 ou 3 anos, e com o cruzamento das bases de dados, não me parece que esta rábula, que recebi por e-mail, seja de todo impossível daqui a 10 anos. novos desafios para quem acredita na liberdade como valor a defender.



- telefonista: telepizza, boa noite!

- cliente: boa noite, quero encomendar pizzas...

- telefonista: pode dar-me o seu n.i.n.?

- cliente: sim, o meu número de identificação nacional é o 6102 1993 8456 5463 2107.

- telefonista: obrigada, sr. lacerda. o seu endereço é na avenida paes de barros, 19, apartamento 11, e o número do seu telefone é o 21549 4236, certo? o telefone do seu escritório na liberty seguros, é o 21 574 52 30 e o seu telemóvel é o 96 266 25 66, correcto?

- cliente: como é que conseguiu todas essas informações?

- telefonista: porque estamos ligados em rede ao grande sistema central.

- cliente: ah, pois, é verdade! quero encomendar duas pizzas: uma quatro queijos e outra calabresa...

- telefonista: talvez não seja boa ideia...

- cliente: o quê...?

- telefonista: consta na sua ficha médica que o senhor sofre de hipertensão, diabetes e tem a taxa de colesterol muito alta. além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a saúde.

- cliente: claro! tem razão! o que é que sugere?

- telefonista: por que é que não experimenta a nossa pizza superlight, com tofu e rabanetes? o senhor vai adorar!

- cliente: como é que sabe que vou adorar?

- telefonista: o senhor consultou a página 'receitas gulosas com soja' da biblioteca municipal, no dia 15 de janeiro, às 14:27 e permaneceu ligado à rede durante 39 minutos. daí a minha sugestão...

- cliente: ok, está bem! mande-me então duas pizzas tamanho familiar!

- telefonista: é a escolha certa para o senhor, a sua esposa e os vossos quatro filhos, pode ter a certeza.

- cliente: quanto é?

- telefonista: são 49,99.

- cliente: quer o número do meu cartão de crédito?

- telefonista: lamento, mas o senhor vai ter que pagar em dinheiro. o limite do seu cartão de crédito foi ultrapassado.

- cliente: tudo bem. posso ir ao multibanco levantar dinheiro antes que cheguem as pizzas.

- telefonista: duvido que consiga. a sua conta à ordem está com o saldo negativo.

- cliente: meta-se na sua vida! mande-me as pizzas que eu arranjo o dinheiro. quando é que entregam?

- telefonista: estamos um pouco atrasados. serão entregues em 45 minutos. se estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportar duas pizzas na sua moto não seja lá muito aconselhável. além de ser perigoso...

- cliente: mas que história é essa? como é que sabe que eu vou de moto?

- telefonista: peço desculpa, mas reparei aqui que não pagou as últimas prestações do carro e ele foi penhorado. mas a sua moto está paga e então pensei que fosse utilizá-la.

- cliente: chiça.......!!!!!!!!!

- telefonista: gostaria de pedir-lhe para não ser mal educado... não se esqueça de que já foi condenado em Julho de 2006 por desacato em público a um agente da autoridade.

- cliente: (silêncio).

- telefonista: mais alguma coisa?

- cliente: não. é só isso... não. espere... não se esqueça dos 2 litros de coca-cola que constam na promoção.

- telefonista: lamento, mas o regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 095423/12, proíbe a venda de bebidas com açúcar a pessoas diabéticas...

- cliente: aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!! vou atirar-me pela janela!!!!!

- telefonista: (ri-se) e torcer um pé? não se esqueça que o senhor mora no rés-do-chão...!

sábado, fevereiro 16, 2008

balanço patriótico

nas anotações à sua peça de teatro "pátria", publicada em 1896, guerra junqueiro escreveu frases estranhamente actuais. 112 anos depois. para que não se pense que é invenção do und3rblog, pode-se conferir com o texto original, disponível em e-book no site do projecto gutemberg. faço minhas (quase) todas as suas palavras. reza assim:

"Balanço patriótico:

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúsio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, bêsta de nora, agùentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalépsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, emfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional,--reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta;
(...)
Uma burguesia, cívica e políticamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provêm que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos
(...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; êste criado de quarto do moderador; e êste, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre,--como da roda duma lotaria;
A Justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara a ponto de fazer dela um saca-rôlhas;
Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, na hora do desastre, de sacrificar (...) meia libra ou uma gota de sangue, vivendo ambos do mesmo utilitarismo scéptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguêm deu no parlamento,--de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar;
(...)
Liberdade absoluta, neutralizada por uma desigualdade revoltante,--o direito garantido virtualmente na lei, posto, de facto, à mercê dum compadrio de batoteiros, sendo vedado, ainda aos mais orgulhosos e mais fortes, abrir caminho nesta porcaria, sem recorrer à influência tirânica e degradante de qualquer dos bandos partidários;
(...)
E se a isto juntarmos um pessimismo canceroso e corrosivo, minando as almas, cristalizado já em fórmulas banais e populares,--_tão bons são uns como os outros, corja de pantomineiros, cambada de ladrões, tudo uma choldra, etc. etc.
(...)
A burguesia liberal, mercieiros-viscondes, parasitagem burocrática, bacharelice ao piano, advogalhada de S. Bento, _morgadinhas_, _judias_, sinos, estradas, escariolas, estações, inaugurações, locomotivas (religião do Progresso, como êles diziam), todo êsse mundo de vista baixa, moralmente ordinário e intelectualmente reles,
(...)
O português, apático e fatalista, ajusta-se pela maleabilidade da indolência a qualquer estado ou condição. Capaz de heroismo, capaz de cobardia, toiro ou burro, leão ou porco, segundo o governante. Ruge com Passos Manuel, grunhe com D. João VI. É de raça, é de natureza. Foi sempre o mesmo. A história pátria resume-se quási numa série de biografias, num desfilar de personalidades, dominando épocas. Sobretudo depois de Alcacer. Povo messiânico, mas que não gera o Messias. Não o pariu ainda. Em vez de traduzir o ideal em carne, vai-o dissolvendo em lágrimas. Sonha a quimera, não a realiza.
(...)
Sei muito bem que o estadista não é o santo, que o grande político não é o mártir, mas sei tambêm que toda a obra governativa, que não fôr uma obra de filosofia humana, resultará em geringonça anecdótica, manequim inerte, sem olhar e sem fala.
(...)
A ductilidade, quási amorfa do carácter português, se torna duvidosas as energias colectivas, os espontâneos movimentos nacionais, facilita, no entanto, de maneira única, a acção de quem rege e quem governa. Cera branda, os dedos modelam-na à vontade. Um grande escultor, eis o que precisamos.
Há, alêm disso, bem no fundo dêste povo um pecúlio enorme de inteligência e de resistência, de sobriedade e de bondade, tesoiro precioso, oculto há séculos em mina entulhada. É ainda a sombra daquele povo que ergueu os Jerónimos, que escreveu os Lusíadas. Desenterremo-la, exumemo-la. Quem sabe, talvez revivesse! (...)"

sábado, fevereiro 02, 2008

constatação #33

os detentores do poder ficam tão ansiosos por estabelecer o mito da sua infalibilidade que se esforçam ao máximo para ignorar a verdade.
boris pasternak, escritor russo, 1890-1960

domingo, janeiro 20, 2008

e você? já tem o seu certificado de qualidade?

genial luís afonso no público de hoje. no cartaz pode ler-se "atenção cidadãos: devem certificar-se que estão dentro dos parâmetros standard antes de se submeterem ao controlo de qualidade. não nos responsabilizamos por eventuais danos físicos ou psicológicos". é assim que o sistema nos quer, todos direitinhos, perfilados, iguaizinhos, consumindo as mesmas coisas, obedientes e contentes. a esses, os cidadãos normalizados, o sistema recompensa, oferecendo-lhes uma vida préprogramada e dando-lhes um certificado de qualidade. a massa amorfa que deve produzir sem questionar e consumir sem questionar também. em nome do santo crescimento da economia (que é como quem diz, do crescimento dos ganhos dos donos do dinheiro). da defesa dos tradicionais valores ocidentais: liberdade (para consumir), igualdade (no consumo), fraternidade (todos de mãos dadas a consumir). os outros, os não normalizados, ficam por sua própria conta e risco, à margem, logicamente. lesões físicas ou psicológicas? paciência, tivessem aceitado a normalização.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

1953 - 2007

benazir butto foi hoje assassinada a sangue frio por um louco que se fez explodir depois dos disparos, arrastando consigo mais duas dezenas de vidas. e agora? bush tem razões para se mostrar preocupado. e se o conselho de segurança das nações unidas se reune de emergência, quem sou eu para não ficar preocupado também. acendeu-se um rastilho, resta saber a dimensão dos estragos. era previsível, também. previsível à luz das lógicas absurdas que continuam a dominar esta nossa existência de bichinhos estúpidos. deixo o trabalho de enunciar as imensas qualidades desta mulher a quem estiver para aí virado, os defeitos rapidamente serão esquecidos. temos novo mártir para homenagear.

domingo, outubro 28, 2007

descubra a diferença

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as imagens que se reproduzem acima têm uma diferença. além das óbvias diferenças de ampliação e de gama de cores, a imagem do direita foi manipulada por uma revista francesa de grande circulação. a fotografia da esquerda foi a que foi captada pela objectiva do fotógrafo, a da direita a que foi publicada e vista por muitos milhares de cidadãos franceses. a diferença é subtil. se observarem bem, na foto da direita falta o pneu de banha logo acima do cós dos calções de sarko. modificando uns pixels, prolonga-se o negro do encosto lombar e redesenha-se a silhueta de sua excelência o presidente da república francesa. a necessidade de vender políticos aplicando as leis de formatação social da publicidade e da manipulação de massas está para ficar. redesenham-se silhuetas da mesma maneira que se acentuam texturas e nuances cromáticas labiais em anúncios onde se quer evidenciar os sinais biológicos do desejo feminino. a grande diferença está nos contornos morais da(s) questão(ões). se manipular para aumentar as vendas de um produto com vista ao aumento dos lucros é relativamente aceitável, e o funcionamento do mercado torna inquestionável, vender políticos já apresenta contornos morais mais que duvidosos. a exploração, por parte dos acessores de imagem, de factores de adesão subliminares, não é novidadade no mundo da política. A fotografia oficial do candidato há muito que é retocada, estudada ao pormenor, e as possibilidades de manipulação da imagem oferecidas pelas aplicações informáticas são ferramenta utilizada frequentemente na optimização do produto final. mas perante isto, torce-se o nariz, não se concorda muito, mas passa-se à frente. a passagem dessa manipulação para a imprensa é que já é mais preocupante. um sinal dos tempos, sem dúvida. tempos em que a actividade política serve interesses dissimulados, para não dizer obscuros, e em que o cidadão, o eleitor, é encarado como matéria moldável. até que ponto é que somos livres?

terça-feira, outubro 09, 2007

o triunfo dos porcos

José Rodrigues dos Santos foi suspenso de funções e será alvo de um processo disciplinar para o seu despedimento. Em causa estão as declarações do pivot numa entrevista ao 'Público' e um artigo publicado no 'Diário de Notícias' sobre o tempo em que foi director de informação da RTP e as interferências governamentais no canal do Estado.

rodrigues dos santos disse apenas o que todos já sabíamos. a administração da r.t.p. confirma, ao tomar esta posição. quem fôr muito tapadinho que acredite nessa história da carochinha da vitimização e da necessidade de protagonismo. e eu pergunto: não estão fartos desta gente cinzenta a tomar-nos por parvos e a tapar o sol com a peneira?

quarta-feira, agosto 08, 2007

bcp

já sabiamos que o bcp era um banco bem comercial. não sabiamos é que era tão português.

domingo, junho 17, 2007

poder criativo

nenhuma outra característica do bicho-homem me interessa tanto como o seu poder criativo. não será pois de admirar que os meus "heróis" e as minhas referências como ser humano tenham sido sempre artistas ou cientistas. interessa-me muito mais a história das ciências e das artes do que a perspectiva histórica geopolítica. não hesito nem um momento antes de afirmar que galileu ou leonardo da vinci, picasso ou parteur são figuras de muito maior relevo do que carlos v, napoleão, winston churchill ou de gaulle. leni riefenstahl muito maior do que hitler. da mesma maneira, fazer ritmos com bolas de basketball afigura-se-me muito mais interessante e importante do que presidir a uma assembleia geral das nações unidas ou à reunião do conselho de administração de uma grande multinacional. tenho o mais absoluto desprezo pelo exercício do poder e por quem faz dele um objectivo, um modo de vida. é o poder criativo que faz realmente a humanidade avançar.

quarta-feira, maio 09, 2007

constatação #15

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o poder é a posse das faculdades ou dos meios necessários para fazer os outros homens contribuirem para as nossas próprias vontades. o poder legítimo é aquele que determina os outros a se prestarem aos nossos objectivos pela ideia da sua própria felicidade: esse poder não passa de uma violência quando, sem nenhuma vantagem para o próprio, ou mesmo para seu prejuízo, obriga a que se submeta à vontade dos outros.

paul henri d'holbach, filósofo francês, 1723-1789