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sábado, novembro 15, 2008

how to gracefully disappear in a room

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i think this place is full of spies i think they're onto me didn't anybody, didn't anybody tell you didn't anybody tell you how to gracefully disappear in a room i know you put in the hours to keep me in sunglasses, i know and so and now i'm sorry i missed you i had a secret meeting in the basement of my brain




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terça-feira, julho 22, 2008

entre o riso e as lágrimas

nós nunca deixamos de ser fundamentalmente novos, condenados a ter vários rostos e incapazes de fazer coincidir a nossa intenção com o olhar dos outros. o mundo é uma feira de mal-entendidos que alimenta todas as anedotas e todas as tragédias. a tragédia é ontologicamente igual à comédia - entre o riso e as lágrimas, entre o bem e o mal, não há senão uma cómoda diferença de perspectiva. e a perspectiva foi um mecanismo de defesa do homem face ao absurdo da existência.

inês pedrosa, in a perfeição da clarabóia que falta
(introdução à edição do círculo de leitores de o livro do riso e do esquecimento de milan kundera)

terça-feira, maio 13, 2008

companhia imaginária de música

não tenho tido tempo para este blog. tenho estado ocupado a preparar um novo espaço.


quinta-feira, abril 17, 2008

pilhagem #6

magritte reloaded
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ceci n'est pas un half-pipe




pilhado ao last breath

domingo, março 30, 2008

simpsenigma


desenho: adam simpson, 2004. sem título. desconcertante, é um dos adjectivos que me ocorre quando olho para os desenhos deste artista gráfico. mensagens não lineares, piscares de olho à complexidade da natureza humana. parece-nos que entendemos a mensagem, mas não conseguimos traduzi-la integralmente por palavras. o site de adam simpson, onde cheguei via (non) 2, merece uma visita demorada. fico curioso de saber a vossa (tentativa de) interpretação do desenho acima.

sábado, fevereiro 23, 2008

constatação #34

"a cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. a dor é inevitável. o sofrimento é opcional."

carlos drummond de andrade, escritor brasileiro, 1902-1987

terça-feira, fevereiro 12, 2008

debate

debato-me muitas vezes, como qualquer comum mortal, com esta questão do tempo. Como preencher todas as necessidades do meu espírito inquieto, como conciliar trabalho, família, vida a dois, impulsos criativos, exercício físico, os hobbies, a blogosfera e o lazer. somos escravos desta necessidade de fazer coisas, alimentamos a ilusão de que somos felizes fazendo coisas e transformamos os nossos dias em correrias constantes com tempos contados, como se em vez de um só fossemos múltiplos, com existência temporária, aparecendo e desaparecendo conforme as necessidades. em mim vivem um marido, um pai, um médico, um desportista, um músico, um jardineiro, um amigo, um cinéfilo, um internauta, um bibliófilo, um devorador de música, um pensador solitário. às vezes, é gente demais.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

atmosphere

pois bem, já vi o control do anton corbijn, o biopic sobre ian curtis. a espera foi longa (3 meses, convenhamos, é uma eternidade hoje em dia, principalmente tendo em conta que entretanto estrearam simultâneamente em faro e em lisboa umas quantas dezenas de produções a metro, só porque são de origem norteamericana) e as expectativas foram aumentando à medida que muitos dos blogs que leio se iam desfazendo em elogios desmedidos em relação ao filme. todos os adjectivos que li se confirmaram. soberbo, simplesmente arrebatador. pelo filme, por curtis e pelo seu percurso trágico. pelo preto e branco, que de outra forma não faria sentido ser filmado.

se muitos descobrem agora ian curtis e os joy division, para mim foi uma forma de regressar ao passado e reviver tempos idos em que o negro e os sobretudos até meio da perna eram obrigatórios na indumentária. o fenómeno curtis/joy division apanhou-me no final da adolescência, lisboa, universidade. os primeiros acordes de atmosphere serviam de genérico ao programa que faziamos na primeira grelha da rádio universidade tejo e que dava pelo pomposo nome de os poetas do impossível. passei hoje (ontem) o dia a ouvir unknown pleasures, closer e substance. em cd, porque o vinil das primeiras edições portuguesas já não se aguenta na agulha e a edição em duplo single de love will tear us apart, que conservo religiosamente, serve mais de bibelot que de outra coisa. repesquei também da estante a edição bilingue da lírica de curtis para os joy division que a assírio & alvim incluiu na sua colecção rei lagarto, no longínquo ano de 1983, no auge da formação do mito. na mitologia própria dos 20 anos, curtis foi um dos meus ícones. nenhuma idade é tão propícia à atracção do abismo, e curtis foi realmente um óptimo emissário desse estado de espírito indizível. versos como heart and soul, one will burn, ou here are the young men, a weight on their shoulders, ou people like you find it easy, fazem realmente sentido quando se descobriu recentemente a existência, a fragilidade da existência, quando todas as dúvidas se acumulam, quando não há passado nem futuro.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

und3rmúsica #7 o homem das cidades

há muito tempo que eu queria postar isto aqui. por várias razões. primeiro, porque gosto muito, depois porque publicar pessoa no blog projecta assim uma imagem a modos que bué intelectual, finalmente, porque o projecto wordsong é das coisas mais interessantes que se fazem por cá. depois de abordarem a poesia de al berto num primeiro trabalho, lançaram-se na aventura de adaptar pessoa (o fernando e a sua desmultiplicação caleidoscópica) ao formato canção/música. o resultado é uma mistura de música e palavras que se aproxima bastante do casamento perfeito, editado no álbum pessoa de 2006. o homem das cidades foi adaptado do guardador de rebanhos de alberto caeiro. gosto particularmente destas palavras.




a nossa alma e o céu...


ontem à tarde um homem das cidades falava à porta da estalagem.
falava comigo também
falava da justiça e da luta para haver justiça
e dos operários que sofrem.
e do trabalho constante e dos que têm fome,
e dos ricos, que só têm costas para isso


e, olhando para mim viu-me lágrimas nos olhos
e sorriu com agrado, julgando que eu sentia
o ódio que ele sentia e a compaixão
que ele dizia que sentia


mas eu mal o estava ouvindo
que me importam a mim os homens
e o que sofrem ou supõem que sofrem?
todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros,


quer para fazer bem quer para fazer mal.
a nossa alma e o céu e a terra bastam-nos.
querer mais é isto perder e infeliz ser


se às vezes eu digo que as flores sorriem
e se eu disser que os rios cantam
não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
e cantos no correr dos rios...
é porque assim faço mais sentir aos homens falsos
a existência verdadeiramente real das flores e dos rios

domingo, novembro 18, 2007

constatação #28

é absurdo pensarmos que podemos expulsar o absurdo das nossas vidas.
também é inútil pensarmos que podemos expulsar o inútil das nossas vidas.

domingo, outubro 21, 2007

a fragilidade da (nossa) existência

a sequência final da fabulosa série "6 feet under". muito se escreveu ao longo de toda a história da humanidade sobre a brevidade da vida, e não serei eu a acrescentar algo de substantivo. "6 feet under" sempre foi uma série que me reconciliou com a vida, por muito estranhos que fossem os acontecimentos que eu estivesse a viver no meu dia a dia. e, como em todas as vidas, por vezes parece-me que a realidade ultrapassa largamente a ficção. nem sempre estamos dispostos a lidar com, e a encarar de frente, a fragilidade da (nossa) existência, mas essa tomada de consciência ajuda-nos a viver os períodos mais "estranhos" das nossas vidas com um toque de relatividade e de desprendimento. como se olhássemos de fora para dentro.



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sexta-feira, outubro 12, 2007

claro como água

"sou feliz só por preguiça. a infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção de alma que nem chegou a falecer."

mia couto

domingo, outubro 07, 2007

janis e inês

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quis o acaso que recentemente tenha andado às voltas com duas "personagens" femininas que aparentemente nada têm em comum: inês de castro, através da leitura do romance histórico que maria pilar queralt del hierro escreveu, e janis joplin, através da audição duma colectânea comprada ao desbarato numa grande superfície. separadas pelo tempo, duas mulheres que viveram vidas em pleno, duas personalidades fortes e determinadas. têm em comum o fim trágico, uma às mãos dos esbirros de d. afonso IV, a outra às mãos de uma overdose de heroína. perduraram as duas para além do seu tempo, uma pela voz única, a outra pelo amor que a uniu a d. pedro de portugal. das duas perdura também o fim prematuro em tom de tragédia, devoradas pelas sociedades que as rodearam. mas se os fins foram trágicos, as existências foram gloriosas, pessoas que se cumpriram e viveram intensamente. o mesmo não se pode dizer de muitos de nós, nesta sociedade actual de vidas cinzentas e pouco ou nada cumpridas. rainhas por um dia ou escravas toda a vida, reis por um dia ou escravos toda a vida, o velho dilema existêncial.

sexta-feira, setembro 28, 2007

weeping

















fotografias de sabastião salgado
música: weeping song, nick cave and the bad seeds

segunda-feira, setembro 17, 2007

um após o outro

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e de repente, o sol brilha mais fraco, as nuvens impõem a sua presença, e de manhã as gotas de orvalho ainda persistem nas folhas, no tejadilho dos carros. montam-se novas rotinas, retomam-se práticas interrompidas. os momentos de pura alienação inconsequente, saborosamente absorvidos minuto a minuto, frame by frame, juntam-se um após o outro ao enorme baú de memórias de outros verões. daqui por uns anos, já nem saberemos bem se foi neste ou em outro, se foi em julho ou em agosto. é esta a fragilidade das memórias, impressas, transformadas, personalizadas. retemos sensações, intensidades de luz, fragmentos de imagens, toques, olhares, texturas. o resto, compomos de acordo com as necessidades do nosso ego. os momentos em si, são vividos uma e única vez, sem possibilidade de reconstituição fiel ou duradoura. por isso são tão saborosos, tão únicos. por isso tentamos em vão agarrá-los com os cinco sentidos. ou mais, se porventura os tivermos.

foto de nélio filipe, vondel park, amsterdam, agosto 2007

quarta-feira, setembro 05, 2007

eu, animal



acabo de ler, num comentário de um blog, uma das frases mais imbecis que ouço ou leio recorrentemente: "não gosto nada de animais". provavelmente pensaram que a frase era bem mais terrível, mas é só isto: "não gosto nada de animais". confunde-me que nestes tempos de sociedade científica, em que desde a mais tenra idade se apresenta aos miúdos o enquadramento filogenético do homo sapiens, ainda haja pessoas que pensem que não são, elas próprias também, animais. afirmar que não se gosta de animais é uma espécie de tiro no pé, de falta de amor próprio, de desnorte existencial. somos o que somos, porque somos animais, porque partilhamos com todos eles moléculas, genes, sistemas fisiológicos, células especializadas, organizações tecidulares. para mim, que abraço demoradamente os dois cães grandalhões cá de casa enquanto eles me mordiscam as orelhas e me lambem o nariz, que toda a vida convivi com cães, gatos, hamsters, coelhos, galinhas, cágados, que levava para casa grilos, cobras d'água e morcegos que encontrava na rua, que fico horas a ver os insectos a labutarem nos canteiros à volta da casa, que estudo a evolução da colónia de passarada que habita a grande araucária nas traseiras da casa, que gosto de observar osgas, aranhas e outras "nojices" do género, afirmações deste tipo dão-me volta ao estômago.

negar a nossa animalidade, é negar a nossa própria essência, o nosso enquadramento natural. não sendo animais, restar-nos-iam as hipóteses de ser planta, fungo, vírus ou bactéria. não me estou a imaginar passar a existência com as raízes enterradas num pedaço de terra, a alimentar-me de matéria orgânica em decomposição, e a existência unicelular ou molecular também não me parece muito atractiva. creio que concordam comigo quando afirmo que ser animal é a melhor existência que nos poderia estar reservada neste calhau à deriva no espaço.

sexta-feira, julho 27, 2007

sexta-feira, julho 20, 2007

sobre a especialização

admiro profundamente as pessoas especializadas. em qualquer assunto. a começar pelas pessoas especializadas em futebol, que conseguem ter conversas do tipo lembras-te daquele golo em 1989 na 4ª jornada da liga (perdão, nessa altura era apenas a 1ª divisão). também admiro os especializados em cinema, que sabem de cor todos os filmes realizados pelo visconti ou pelo hitchcock, os especializados em literatura, em filosofia, em banda desenhada, música, jardinagem, política, por aí a fora. gosto principalmente daquele arquear de sobrolho e olhar reprovador quando confessamos que não, não nos lembramos daquele golo, não vimos aquele filme, nunca lemos o ulisses do joyce, não sabemos de cor nenhuma citação do nietzche, não sabemos a ordem cronológica da obra de hergé nem dos álbuns dos u2, não reconhecemos um pelargonium ou não nos lembramos de quantos cargos já ocupou o santana lopes. nesse momento estamos fora. a questão é que eu gosto de futebol, de cinema, gosto de ler, gosto de filosofia, adoro música e banda desenhada, gosto de jardinar e de política, mas nunca me consegui especializar. sei lá, a vida é tão diversificada, a actividade criativa do bicho-homem é tão vasta e as solicitações são tantas que, quando começo a mergulhar num universo, há logo outro que me fascina e que me impede de proceder à tal especialização.

quinta-feira, julho 12, 2007

indizível | constatação #21

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há uma magia indizível nestes cair de tarde de verão, quando as paredes das casas libertam o calor armazenado durante o dia e os degraus de pedra das soleiras das portas são refúgios expostos à fresca aragem que chega do mar.

foto de jeffrey becom, batentes metálicos em forma de mão, tavira.

sexta-feira, julho 06, 2007

pilhagem #3

Cultura muito geral

Aprendemos muito, imenso, com os outros: a família, os mestres, os livros, os amigos. Mas, é na solidão que esse conhecimento se refina e se torna nosso, sob pena de vir embrulhado em ganga e escória inúteis.

pilhado ao josé eduardo lopes, da estrada de santiago