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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

ÚLTIMOS LIVROS LIDOS

Agosto foi um mês de muitas e variadas leituras.  As que constam na colagem acima, para ser mais exata. Sobre o livro de Kate Morton escreverei após a reunião do Clube de Leitura (em meados de Setembro), sobre a tetralogia de Elena Ferrante o mais brevemente possível (ainda tenho de ver como, sem revelar demasiado sobre os enredos e o desfecho). Em relação aos restantes, devo explicar o seguinte: embora sempre tenha referido livros, leituras, apresentações, feiras e afins,  este blogue nunca teve a pretensão de se dedicar exclusivamente à literatura. Portanto, quando leio mais, não dou vazão a opiniões literárias - e, diga-se em abono da verdade,  nem todos os livros o justificam.

Um que justificaria seria "Bifes mal passados", de João Magueijo, que não sendo de todo o meu género de leitura me fez rir até às lágrimas. Aliás, devo esclarecer que me foi sugerido num texto da Graça Sampaio e, como o tinha na estante, resolvi "espreitar". Acabei de ler as cerca de 180 páginas nessa madrugada... Já o policial de Mary Higgins Clark é de agradável leitura, mas semelhante a tantos outros, o de Jo Nesbo está longe de ser o melhor do autor (e isto de publicar os livros na ordem inversa da sua edição também prejudica um bocado o seu interesse, no meu entender), "Solar" de Ian McEwan é uma grandiosa seca. Mas lá está, não há espaço nem tempo para falar de todos, fica apenas esta opinião sucinta.

Em Julho, as leituras foram estas:
Por acaso referi aqui quase todos, o que não mencionei foi uma releitura, relacionada com um tema infelizmente ainda muito atual: o da violência doméstica. É neste livro que Clara Pinto Correia relata um antigo caso verídico, de um proeminente juiz que mata a mulher e o filho paraplégico (vítima de um acidente de mota), pois culpa a mulher do sucedido, uma vez que foi ela que ofereceu a motorizada ao rapaz no seu aniversário. Ou seja, aquela ideia que só campónios labregos fazem da vida das suas mulheres um inferno, moendo-as de pancada até à morte, é falsa, acontece em todas as classes sociais. Pior, é que se mesmo o tal hipotético labrego tem sempre algum vizinho que se mostra muito admirado pela desgraça e afirma que o homicida era um "santo homem", quando se trata de gente da "alta" os casos são abafados e muitas vezes nem chegam aos jornais. No caso do livro (como no real) parece que o próprio PGR se meteu ao barulho, tentando culpabilizar a mulher/vítima por não dar apoio suficiente ao marido homicida... (?!?)

Bom, entretanto já comecei a ler outro livro que entrará para o rol dos lidos em Setembro, e que por sinal também me foi recomendado aqui na blogosfera...

BOAS LEITURAS!

sábado, 13 de fevereiro de 2016

QUEM?!?

Esta semana foi divulgado que, num inquérito nacional, José Rodrigues dos Santos foi considerado o melhor escritor de Portugal. Qual Eça, Camilo, Torga ou até o Nobel Saramago? Não, o "orelhas" que todos os dias nos entra casa adentro a dar notícias e no fim nos pisca o olho, como se fossem todas quentes e boas.

Lamento, mas nunca li nada do . Até me ofereceram 3 dos seus livros, que estão ali calmamente refastelados na estante, à espera de melhores dias e a acumularem pó. Nem se pode dizer que tenha desistido pelo número avantajado de páginas, mas na verdade sou sensível a algumas opiniões alheias, como a da Safira aqui, em 2009, ou mais recentemente de Malomil (com o sugestivo título "a sexualidade das onomatopeias"), que teve a paciência de ler a vasta obra para criticar abundante e minuciosamente. Paciência que eu não tenho. E estas não foram as únicas críticas pouco abonatórias...

Então se os portugueses leem tão pouco e alguns leitores não gramam a faceta de romancista de JRS, como é que ele pode ser dado como o melhor escritor nacional? Só vejo duas hipóteses: ou a notícia é falsa ou alguns cromos-pouco-dados-a-leituras meteram o bedelho nesse inquérito (quiçá para não parecerem demasiado broncos...), lançando o nome do jornalista-escritor para o ar, conhecido que é o seu sucesso de vendas. 

Enfim, são palavras de outros, já que nunca desbravei os ditos calhamaços. Mas assim de repente ocorrem-me nomes de escritores até atuais como José Luís Peixoto, Moita Flores, Mário Zambujal ou Afonso Cruz, que não hesito em ler, quando apanho à mão!

UM EXCELENTE FIM DE SEMANA PARA TODOS!
(também com boas leituras, para os que gostam de ler...)

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SEGUIDORES

A vontade de influenciar os outros ou de impor a sua opinião é coisa que vem de longe e, infelizmente, acontece a muitos, para não dizer a quase todos, seja-se democrata ou não. Aí a única diferença é que os democratas têm tendência aceitar melhor as opiniões alheias, se bem que também os haja bastante intolerantes.

Ao contrário do que nos ensinam na escola, o jornalismo que deveria ser claro, isento e factual, cada vez nos mostra mais essa faceta opinativa. Quem não se lembra da Manuela Moura Guedes a entrevistar Sócrates e Marinho Pinto, que foi de tal modo inconveniente que nem deixava os seus entrevistados falar? Enfim, não terá sido a única, mas cada vez mais desconfio desse jornalismo de meia tigela...

Bom, mas os tempos mudam, as redes sociais são um maná para os que pretendem enveredar pela postura de opinion maker. Pagos ou por convicção, há-os para todos os gostos. E uma das partes que me tinha escapado é que há até quem pague para ter um maior número de seguidores, no FB ou no twitter. Para quê? Só um show offzinho, para se parecer mais importante do que realmente se é e, em alguns casos, até para se fazerem negócios. Tudo muito bem explicado no programa "Toda a verdade", que deu sábado passado, para quem quiser ir espreitar. O engraçado é que a manipulação nem sempre resulta, uma candidata eleitoral (suponho que à câmara de Paris), que viu os seus seguidores aumentar repentinamente para os 45 mil ou coisa, teve de se contentar com cerca de 2 mil votos!

Aqui acontece o contrário: os seguidores em vez de aumentar, de vez em quando diminuem. Não considero que seja propositado, acontece que algumas pessoas desistem da blogosfera, como estão no seu direito. e assim deixam de seguir seja quem for. Mas o que me interessa mesmo são os laços de amizade que por aqui se desenvolvem: a foto, por exemplo, foi-me enviada por uma amiga bloguista, quando não pude participar no almoço de convívio que ajudei a organizar. E creio que, por sua vez, tinha sido oferta de uma outra amiga bloguista, que contemplou todos os convivas com rosas do seu quintal. Como ainda não tinha tido oportunidade, agradeço agora a ambas: obrigada!

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

NÚMERO ZERO

"O livro deverá dar ideia de um outro jornal, mostrar como, durante um ano, eu me esforcei para realizar um modelo de jornalismo independente de qualquer pressão, dando a entender que a aventura acabou mal porque não era possível dar vida a uma voz livre. Para isto, preciso que você invente, idealize, escreva uma epopeia, não sei se me faço entender..." É esta a proposta que Simei, o diretor de um jornal que nunca irá sair, faz a Colonna, um jornalista e escritor pouco conhecido, que ronda os cinquenta anos: que seja uma espécie de ghost writter do livro que publicará após a experiência gorada, enaltecendo a sua dedicação ao projeto de jornalismo livre e independente. Que, está bem de ver até pelo teor da proposta, é mera ficção - os números zero do jornal serão financiados por um tal de comendador Vimercate, um indivíduo que tem um império multifacetado entre hotéis, casas de repouso, televisões locais e publicações variadas, mas cuja ambição desmedida pretende levá-lo mais longe, nomeadamente a entrar no mundo da alta finança, como por exemplo em bancos, grandes jornais diários ou canais televisivos. Os números zero do referido jornal servirão assim os seus interesses, podendo eventualmente ser mostrados às pessoas certas, em momentos oportunos. Como forma de pressão, para não falar em chantagem...

É assim que de um dia para o outro a redação do "Amanhã" se instala no open space de um palácio no centro de Milão, onde se cruzam jornalistas que acreditam piamente em todas as teorias da conspiração havidas e por haver, que apesar da sua inteligência são despachados para a astrologia e necrologia pelo facto de serem do sexo feminino, ou até aquele que se desconfia ser espião não se sabe bem de quem, mas que convém tratar com algum cuidado. Nenhum destes elementos está a par do contrato entre as "chefias" e Colonna, também ele um pobre diabo que acaba por aceitar o seu humilhante papel, para aumentar o seu até então parco pé de meia.

Se o romance de Umberto Eco tivesse sido escrito no tempo em que decorre a ação (de 6 de abril a 11 de junho de 1992) poder-se-ia dizer que se tratava de uma premonição de como muitos meios de comunicação social iriam descambar numa espécie de pasquins dos poderosos, que através deles tentam influenciar a opinião pública. Mas não, o escritor escreveu o livro em 2015, pelo que no fundo retrata ironicamente uma realidade cada vez mais notória, explicando também o descrédito que alguns desses meios hoje têm junto do grande público ou, pelo menos, do mais informado. Em suma, como a contracapa do livro indica "este é o manual perfeito para o mau jornalismo que, gradualmente, nos impossibilita de distinguir uma invenção de um directo".

A temática pode não ser muito original, mas a história em forma de romance aligeira um pouco a crítica evidente, enquanto a ironia sempre patente nestas 163 páginas contribui para tornar a leitura mais prazeirosa, quiçá até um pouco alucinada. Muito bom! 

Citações:
"A questão dos telemóveis não pode durar. Primeiro, são caríssimos e só poucos têm meios para os comprar. Segundo, as pessoas irão descobrir em breve que não é indispensável telefonar a toda a gente a todo o momento, sofrerão com a perda de conversação privada, cara a cara, e no fim do mês vão aperceber-se de que a conta atingiu cumes insustentáveis. É uma moda destinada a esgotar-se no espaço de um ano, no máximo, dois."

"Isto é, seria bom sugerir que, em vez de dizer caralho todas as vezes que se quer exprimir surpresa ou desapontamento, se deveria dizer «Oh, órgão externo do aparelho urinário masculino em forma de apêndice cilíndrico inserido na parte anterior do períneo, roubaram-me a carteira!»"

"A questão é que os jornais não são feitos para difundir, mas para encobrir as notícias. Acontece o facto X, não podes deixar de falar nele, mas embaraça demasiada gente, e então, nesse mesmo número, metes grandes títulos de fazer eriçar os cabelos, mãe degola os quatro filhos, talvez as nossas poupanças acabem reduzidas a cinzas, [...] e por aí fora, a tua notícia afoga-se no grande mar da informação."

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O PÁTIO DAS CANTIGAS

Afirmar que este é um remake do "Pátio das Cantigas" acaba por ser um grande exagero: tirando os nomes das personagens, tratar-se de um filme de comédia e de decorrer numa Lisboa em plenas festas populares, as parecenças não são nenhumas. Nem podiam ser, já que um remake de um filme de 1942 não poderia ter qualquer pretensão: para fazer igual, perdia na comparação; para fazer diferente e atual, pois acaba por ser um novo filme. Como é o caso.

Portanto, tenho para mim que lhe deram o mesmo nome para cativar um público saudoso desses filmes antigos, que obtiveram grande sucesso junto a várias gerações. Ora isto tem vantagens e desvantagens. A primeira das quais é a inevitável comparação. Um dos críticos do "Expresso", Jorge Leitão Ramos, que lhe dá uma redonda bolinha em vez das mais ou menos estrelas (de 1 a 5) de classificação, chega à preconceituosa conclusão que tal tentativa estaria sempre condenada ao fracasso - porque a outra era uma geração de atores de talento inigualável e de comediógrafos (como lhes chama, certamente para designar argumentistas de comédia) "que já não há". É verdade: já morreram todos, 70 e tal anos volvidos, o que não é muito de espantar...

Partindo do princípio que até concordava com as superiores capacidades dos antigos atores e argumentistas sobre os atuais, o que é que JLR sugere? Que se deixe de fazer comédias, já que não se consegue que sejam tão boas? Acontece que até nem concordo: endeusar filmes que gostamos, porque nos habituámos a vê-los desde pequeninos, não significa que sejam realmente tão fabulosos quanto os julgamos. E se o talento de alguns dos atores dessa época é inegável, o dos atuais não lhes fica muito atrás - se bem que com menos experiência, já que se realizam poucas comédias em Portugal (e entende-se porquê, quando lemos o artigo de JLR). Quanto aos grandes comediógrafos de antigamente, pois, na minha modesta opinião não eram assim tão excecionais, além de que o humor também tem a sua época, que se torna cada vez mais exigente com o passar do tempo...

Dito isto, o filme vê-se bem e é engraçado, mas está longe de ser uma obra-prima. A representação de Miguel Guilherme, que se cola um bocado à de António Silva pode suscitar alguma controvérsia - há quem adore e também quem deteste! - mas mesmo alguns dos atores que conhecia pior surpreenderam-me pela positiva, nomeadamente César Mourão ou Dânia Neto. O argumento tem algumas "trapalhadas", aquele final apressado à Bollywood desagradou-me profundamente, mas no geral foi uma sessão de cinema divertida. Com uma sala cheia de gente e, note-se, aplausos no final, o que é bastante inusitado. E deve ser isto que desgosta os críticos da sétima arte: que as pessoas vão ao cinema com o simples intuito de se divertirem! (e o demonstrem tão claramente, digo eu!)

Imagem da net.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

ÓDIO DE PERDIÇÃO

Esta crónica foi publicada no "Diário de Notícias" a 17 de abril de 2015, faz hoje exatamente uma semana. Mas porque se mantém atual e de algum modo relembra e resume as leis que vigoravam antes do 25 de abril de 1974, no que diz respeito aos direitos das mulheres, faz todo o sentido dar-lhe hoje o devido destaque. Para quem não leu, evidentemente, e para as desmemoriadas do "antigamente é que era bom".

ÓDIO DE PERDIÇÃO
Por Fernanda Câncio.

"Marta Nogueira, 21 anos, Joana Nogueira, 23. Primas. Anteontem de manhã, na pastelaria onde trabalhavam, no Pinhão, Trás--os-Montes, um homem entrou e apontou a arma para matar, para apagar, para desfigurar: cara, pescoço, cabeça. Joana morreu, Marta está em coma. Os jornais - este jornal - titulam: "Ciúme levou Manuel a disparar." Manuel, parece, tivera namoro com Marta. O crime passa logo, então, à categoria "passional". Como quem diz de amor, de sentimento, "que levam a".
É sempre assim: homem mata mulher? Coitado, gostava demasiado dela, e ela ou o "deixou", ou ele tinha medo que ela o "deixasse", ou ela "portava-se mal", ou ele tinha medo que ela se "portasse mal". Mesmo, note-se, quando uma das mortas é prima do alegado objeto de amor; estamos perante o crime passional por afinidade. Porque será, então, que o homicídio do bebé de 5 meses que o pai esfaqueou há uma semana depois, diz-se, de ligar à mãe da criança a ameaçá-la, não é "de paixão"? Será porque a desculpabilização implícita, a "naturalização" e "contextualização" que induz, não é aceitável na morte de crianças? Porque nada pode justificar que se mate uma criança enquanto uma mulher, tantas mulheres, é outra coisa?
É para contextualizar? Contextualizemos. Até 1975, o Código Penal português incluía aquilo que nos países muçulmanos o Ocidente reputa de bárbaro: crimes de honra. Permitia-se ao marido enganado matar a mulher e o respetivo amante sem mais castigo que uns meses fora da comarca; o mesmo para o pai que matasse as filhas "desonradas" se menores de 21 e a viver "sob o pátrio poder". O Código Civil autorizava repudiar a mulher que fosse não virgem para o casamento, no qual estava submetida ao "chefe de família", que podia abrir-lhe a correspondência, dar--lhe ou não autorização para ter emprego e decidia tudo sobre os filhos (a mãe tinha "o direito de ser ouvida"). A mulher era ainda obrigada a viver com o marido, que podia exigir à polícia a sua devolução caso fugisse. Isto tudo era lei, há 40 anos. Era lei a submissão da mulher, era legal este desprezo que a tratava como menos que pessoa inteira, a nomeava e manietava como propriedade masculina.
A lei mudou mas o sentimento que esta consagrava e propagava não se vai tão rápido. A desculpabilização "passional" substituiu a da "honra"; subsiste a ideia de que "elas dão motivos" - como diziam os que à porta do tribunal aplaudiam Palito, o homem que há exatamente um ano, a 17 de abril de 2014, matou a ex-sogra e a irmã desta e feriu a ex-mulher e a própria filha: "Lá teve as suas razões." A própria justiça o admite, em acórdãos vergonhosos nos quais nunca se invoca isso que o Brasil no mês passado tipificou no Código Penal como feminicídio - o ódio às mulheres que mata. Cá não, é por amor. Em 15 semanas de 2015, já foram, de tão amadas, mortas onze. Somos assim românticos."

sábado, 26 de outubro de 2013

O ESTRANHO "RAPTO" DE MARIA


Uma menina lourinha foi encontrada a viver junto de uma família cigana grega. A polícia deteve os pretensos progenitores sobre a acusação de rapto e os órgãos de comunicação social ventilaram o caso até à exaustão. O casal de ciganos acabou por declarar que a criança lhes tinha sido dada para criar por uma mulher búlgara. 

Feitos testes de ADN, confirma~se que a pequena Maria é filha dessa búlgara, também de etnia cigana, que na altura do parto se encontrava na Grécia, já mãe de 10 filhos, pelo que entregou a recém nascida ao casal. Agora a grande questão das autoridades é se a menina foi dada ou vendida - nesta última hipótese, os pais búlgaros podem incorrer numa pena de prisão. Tanto quanto se sabe, ambas as famílias são miseráveis e têm uma grande prole... Pagar com quê? Um prato de sopa ou uma carcaça pode ser considerado pagamento?

Entretanto, Maria foi entregue a uma instituição e os exames médicos a que foi sujeita não revelaram abusos físicos ou psicológicos... Por seu turno,  os pais adotivos gregos continuam sobre prisão preventiva, pois as autoridades pretendem investigar a paternidade das outras crianças.  É impressão minha ou toda esta história está mal contada desde o início e é baseada sobretudo em preconceitos rácicos? Antes de qualquer julgamento, já os mídia os apelidavam de raptores... 

BOM FIM DE SEMANA!

sábado, 31 de agosto de 2013

QU' É DELES?

Agosto chega ao fim e com ele o final das férias de muita gente - se bem que alguns ainda vão gozar o merecido descanso nos primeiros dias de setembro - mas os "cientistas" franceses e os "bordas d'água" desta terra sumiram do mapa, depois de terem "previsto" que em 2013 o verão não se faria sentir em Portugal. E como alarmistas existem por aí aos pontapés, o assunto foi amplamente divulgado pelo jornalismo nacional e nas redes sociais (já não se sabe quem anda a reboque de quem!), como se essas previsões fossem a realidade nua e crua. Enganaram-se redondamente, que o verão continua belíssimo, nalguns dias até abrasador demais.

O que a malta gosta de videntes, gurus e afins, especialmente dos alarmistas, é coisa que me transcende e não entendo. Nem me interessa entender pessimismos exacerbados, porque mesmo que este verão não fosse tão bom climaticamente (a nível político foi um non-sense pegado, mas essa é outra conversa...), também não era caso de fim do mundo. Que, aliás, todos os anos vem sendo anunciado por seitas muito veementes, igualmente publicitadas por todos, talvez na ânsia de angariar mais fiéis - ou totós que lhes ofereçam todos os seus bens, para conquistarem o paraíso?

Ah, last but not least, pró ano esses alarmistas "climáticos" regressam, como se fossem realmente os "peritos" que dizem ser, com bases científicas ou conhecimentos ocultos! Até lá, aproveitem mais um...

EXCELENTE FIM DE SEMANA DE VERÃO!

terça-feira, 25 de junho de 2013

OH LUA QUE ESTÁS TÃO PRÓXIMA...

Símbolo de noites românticas, musa de prosas e versos, objeto de inúmeros estudos científicos desde tempos imemoriais, influência decisiva no ritmo das marés, exaustivamente fotografada por fotógrafos profissionais ou amadores e tocada e cantada por músicos de todos os estilos, a Lua é certamente uma fonte de inspiração para quase toda a humanidade.

Especialmente em dias de Lua Cheia, raro é o mês em que alguém se esqueça de a lembrar e/ou  fotografar, homenageando a sua beleza e relembrando as lendas ou mistérios que a envolvem. Mas, há sempre um mas, nem tudo o que se partilha ou publica na net (e ainda mais no facebook) tem fundamento, por mais científicos que possam parecer os sites. Salvo erro, em março deste ano, o entusiasmo com a Super-Lua que se ia ver (ou não, já que março por cá esteve muito nublado) mais próxima da Terra, num fenómeno que acontece apenas de 18 em 18 anos, empolgou uma série de gente a partilhar esses sites pseudo-científicos que a anunciavam. Afinal, a notícia era esta, com dois anos de atraso.

E ontem lá voltou a circular o boato de uma nova Super-Lua, a coincidir com a noite de S. João. Olha, olha, afinal era só de 18 em 18 anos, mas a periodicidade parece que se renovou para de 3 em 3 meses, a nível facebookiano. Claro  que todos os anos  há  um momento em que a Lua está mais próxima da Terra, mas  agora os jornais afirmam que a Super-Lua surge a cada 413 dias. Então como é que ficamos: é um fenómeno raro ou quase anual? E de qualquer maneira a Lua não é sempre linda, é preciso ter o título de Super para gerar tanto fuzué? Talvez aos jornais interesse este tipo de desinformação, porque enquanto a malta anda com os olhos postos na Lua, preocupa-se menos com o que é realmente importante cá na Terra. O que é perigoso, quando associado a uma memória curta...

Bom, mas talvez menos distraído que a maioria, um amigo facebookiano publicou um pequeno texto, que dizia mais ou menos o seguinte: "Aqui em Avis a lua está tão grande, tão grande, que até se vê lá um tipo com uma pá, a gamar a areia." A foto ilustrativa era esta:



Imagens do facebook.

domingo, 19 de maio de 2013

É NOTÍCIA OU NÃO?

Em tempos, um professor de jornalismo ensinava que se uma situação ou um facto não fosse divulgado era uma não-notícia, tal como se nunca tivesse existido. Confesso que essa "abstração" ainda hoje me confunde: mesmo não chegando ao conhecimento geral da população, não altera em nada a perceção dos eventuais intervenientes. Segundo ele, competia aos diretores dos órgãos de informação estabelecer quais as notícias que tinham interesse divulgar.

Em algumas questões compreende-se perfeitamente, nomeadamente no que toca aos suicídios: as taxas e estatísticas são noticiadas de vez em quando, mas os métodos e a personalização dos indivíduos e casos não. Dizem os entendidos que se segue uma onda de mimetismo de outros, igualmente desesperados. E o mesmo se diga em relação a assaltos, por exemplo - parece que os possíveis assaltantes "agradecem" ideias que lhes possibilitem ser bem sucedidos a dar o golpe.

Contudo, não deixa de ser estranho quando um assalto a uma estação dos CTT das redondezas (São Domingos de Benfica) não vira notícia - ainda por cima presenciada pelos funcionários e por vários utentes dos serviços (fora todos os restantes cidadãos que se deram conta do aparato policial que se seguiu) - e é "apagada" como se nunca tivesse acontecido. Ou mais ou menos, que parece que passou numa rádio um breve relato. Como não podia deixar de ser, foi um susto para toda a gente que se encontrava nos correios na hora "errada" e que, de caminho, também foi assaltada. Mas claro que se soube na vizinhança, com mais ou menos pormenores. Fantasiosos ou não.

Não assisti, só soube a posteriori. Porém, ao pesquisar na net, descobri o porquê da falta de interesse em divulgar: não é caso raro e a política dos CTT passa por não fornecer dados aos jornalistas. Portanto, nunca chega a ser notícia, mas facto é que aqueles momentos de 5ª feira passada não se se volatilizaram da memória de quem os viveu... Agora, pergunto eu, sem pretender dar azo a alarmismos despropositados: não era preferível noticiarem casos destes, em vez de ficarem a assobiar para o ar, como se nada tivesse acontecido? É que a confiança dos leitores (e dos telespetadores) numa imprensa livre também se afere por aí... 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

NO REINO DA FALSIDADE...

Os últimos dias têm sido pródigos em falsas notícias de jornal. E nem sequer estou a referir aqueles "jornalistas" que em compadrio com os governantes (ou qualquer dos outros partidos) faz o "jeito" de só noticiar o que lhes é favorável: isso além de não ser jornalismo, na verdadeira aceção da palavra, só revela a (má) qualidade do jornalismo reinante em alguns órgãos de comunicação. Não exclusivamente portugueses, note-se! 

Começou há bastante tempo com a imprensa falsa e pretensamente humorística, que pulula no facebook e que, na prática, só serve para desinformar - há sempre quem não entenda que se trata de um chiste e não de uma verdadeira notícia, e toca de partilhar como se não houvesse amanhã. Também não faltam fotos manipuladas, que se em alguns casos são mera brincadeira (como no exemplo acima), noutros pretendem denegrir a imagem de pessoas ou empresas. Juntam-se umas correntes de pessoas desaparecidas, por vezes também de cães, gatos ou outros animais de estimação, doentes a precisarem de transfusões de sangue ou de medula, uma série de carros roubados e a malta, solidária, não perde tempo a verificar a veracidade da coisa: publica! 

Outro facto que também é curioso é que, se antigamente as notícias partiam das redações jornalísticas e depois eram comentadas (ou não) nas redes sociais, agora muitas vezes acontece o contrário: o que foi "notícia" no facebook passa para os jornais e televisões. Com efeitos perniciosos, no geral, ou em detrimento de notícias realmente relevantes.

Assim, só ontem foi anunciada a morte de Pelé, um suposto ultimato dos jogadores do Real Madrid para despedir o treinador José Mourinho foi desmentido pelo próprio presidente do clube e o jornal "El País" publicou uma fotografia falsa de Hugo Chávez. Não sei a quem interessa a desinformação do público em geral, mas certo é que há gente empenhada e a trabalhar afincadamente nesse sentido...

Entretanto, uma revista de meia tigela divulgou em primeiríssima mão que Louis Armstrong tinha sido recentemente entrevistado pela Oprah, confessando que tinha sido dopado. Igualmente curioso é que foi essa "notícia" - aparentemente verdadeira (conteúdo à parte!), acompanhada da foto da página e mero fruto da ignorância de um qualquer jornalista estagiário - que os big bosses do facebook resolveram censurar. E esta, hein?!? 

BOM FIM DE SEMANA!

Imagem do facebook.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

CHOVER NO MOLHADO?

Os últimos meses têm sido aziagos para a maioria dos portugueses (e não só!), com o desemprego, os impostos, os transportes e os bens de consumo essenciais a aumentar brutalmente, para além de outras medidas governamentais, que determinam falências e insolvências de empresas e cidadãos, num empobrecimento da população cada vez mais gritante!

Ainda há vozes lúcidas nesta terra, embora sistematicamente abafadas no jornalismo tradicional (salvo honrosas exceções), mas, de algum modo, as redes sociais têm conseguido colmatar essa relativa ineficácia de comunicação sobre a realidade que nos envolve a todos. As imagens que se seguem são todas retiradas do facebook - umas mais humorísticas que outras - e retratam as indignações que proliferam por cá:

Mesmo que a tendência já seja antiga, tem aquele travo de humor negro!

De facto, nada mais simples! Ou não? (de Luís Afonso, suponho que no jornal "Público")

Para estes, claro, há sempre lugar de topo, mesmo para quem já ultrapasse a idade da reforma. Competência? Curioso, ainda ontem tive 3 falhas de eletricidade...

Submarino(s) ao fundo!

Um jeito de explicar... a aplicação! (de Henrique Monteiro, em HenriCartoon)

A culpa é deles? Será, mas só parcialmente...

É impossível explicar melhor!

Bem hajam todos aqueles que - de uma forma tão expressiva e criativa, anónima ou declaradamente - nos fazem rir ou sorrir, apesar dos pesares sobre a triste realidade política que nos rodeia...

(Obrigada igualmente a todos os amigos facebookianos, que partilham estas imagens!) 

sábado, 31 de março de 2012

INQUIETANTE...

... é que nem toda a gente queira entender o que se passa. A Opinião de Manuel António Pina, publicada no "Jornal de Notícias" de ontem, que subscrevo inteiramente:

"PSP preocupada com... notícias

Jornais, TVs e Net noticiaram por estes dias o espancamento por agentes da PSP, documentado com imagens que correram mundo, de pessoas que exerciam o seu direito à greve e à manifestação e de jornalistas que exerciam o seu direito de informar.


Muitas de tais notícias tão só repetiam as de há quatro meses, quando da greve ge
ral de 24 de Novembro, dando conta, com numerosos testemunhos (e de novo imagens, malditos telemóveis!), de que a violência terá então tido origem na acção de agentes provocadores infiltrados pela PSP entre os manifestantes, actuação proibida por lei e confirmada ao "i" por um agente do Corpo de Intervenção que, prudentemente, pediu o anonimato.

O Relatório de Actividades da PSP, ontem conhecido e ainda subscrito pelo famoso director-geral que avisou o país de que "nós não andamos com bastões, nem com pistolas, nem com algemas, nem com escudos e etc. para mostrar que temos aquele equipamento...", preconiza agora a análise das notícias dos media e a adopção de "estratégias de combate às menos positivas". Não constando que o Relatório se mostre preocupado com a formação dos agentes da PSP em matéria de direitos humanos e de cidadania, quanto mais não seja para evitar "notícias menos positivas", é de recear que a PSP pense levar a cabo tal combate com "bastões", "pistolas", "algemas", "escudos" e, sobretudo (tenhamos medo, muito medo), com "etc.". Só o ministro Miguel Macedo o sabe..."


Haja alguém que fale claro...

Imagem da net.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

É POR VAGAS...

Fotografia de Ian Britton.

Os peritos em meteorologia asseguram que vem por aí uma vaga de frio. E chuva. Acredito! Afinal de contas estamos no inverno, costuma chover e baixar a temperatura...

Qual é a novidade? Nenhuma, excepto a insistência televisiva em noticiar o assunto pormenorizadamente, incluindo conselhos fantásticos de uma bem intencionada técnica de vestir mais camisolas e casacos para enfrentar a intempérie, de não beber bebidas alcoólicas (aquecimento ilusório, segundo ela!) e de ter cuidado com lareiras, braseiras e aquecedores, que devem ser apagados ou desligados antes das pessoas se irem deitar. Chegou para elucidar os mais lerdos? Não! Nada como inquéritos de rua, nas cidades e nos campos, para verificar como a população enfrenta esta "adversidade".

Às tantas, uma das inquiridas de volta da sua lavoura, não evidenciou qualquer susto: "Nós [ela e o marido, que estava ao lado] a trabalhar nunca temos frio, suamos muito." O homem acenava com a cabeça, em concordância. "Depois jantamos e vamo-nos deitar, que debaixo dos cobertores estamos mais quentes." Nenhuma destas palavras foi proferida em tom irónico ou de regabofe (nem devem ter sido exatamente estas, que já tinha "desligado" do interesse na reportagem), o casal aparentava ter cerca de 60 anos. Mas espantou-me a filosofia de vida daquela mulher, limitada ao trabalhar, comer e dormir... para aquecer e sobreviver (sem queixumes)!

O que me resta entender é o porquê do empenho em dar destaque aos rigores do inverno nos noticiários! A população do país está assim tão esquecida dos anteriores? Chega a ser absurdo, quando noutros locais do mundo temperaturas abaixo de zero são uma constante...

domingo, 20 de novembro de 2011

ISTO-É-UMA-ESPÉCIE-DE-JORNALISMO?

Imaginem que alguém pretende demonstrar um ponto de vista - o de que os atuais estudantes universitários  portugueses são uma cambada de ignorantes! Para tal, arranja uns parceiros para acompanhar com câmaras vídeo e fotográficas e, munido de 2 inquéritos, com 10 perguntas básicas cada, resolve entrevistar 100 alunos. Para evidenciar a seriedade do que se propõe revelar ao mundo, circula à volta de algumas universidades lisboetas onde estudantes nunca faltam e - com o que eles gostam de ser filmados e fotografados - a tarefa não é muito árdua e decorre num clima informal, como convém. As perguntas são tão fáceis (segundo julga!), que a obrigação deles é acertar à primeira. Mas não: aqui e ali hesitam, erram, têm lapsos de memória ou não sabem de todo.

Mesmo assim, após analisar as 2000 respostas (ou um pouco menos, já que uma aluna desistiu de responder a meio), a prestação dos jovens não se revelou tão elucidativa quanto esperava. Então o que fazer com os resultados? Pois, um videozinho com algumas das gaffes mais estapafúrdias e toca de o colocar no Youtube - 4 minutos de risota garantida... Mas, não contente com isso, ainda um artigo numa revista de projeção nacional e parcialmente on-line, evidenciando as falhas dos estudantes, que intitula "A ignorância dos nossos universitários". Demonstrou... ou não?!?

Essa ideia tão "fantástica" passou pela redação da revista "Sábado", que encarregou os redatores  André Barbosa e Tânia Pereirinha de prestar esse extraordinário "serviço informativo" à nação: o vídeo foi um sucesso de indignação no facebook, sendo divulgado e partilhado até à exaustão, com muitos comentários jocosos à mistura.

Mas, como há sempre o reverso da medalha, João Ladeiras (um dos jovens alvo deste inquérito) tem outra versão: respondeu às 10 questões corretamente, mas cometeu uma gaffe ao declarar ser Miguel Arcanjo o pintor do teto da capela Sistina (confusão devida ao externato que frequentou com o mesmo nome). O que emendou de seguida, ao dar-se conta do erro, como alguns colegas puderam testemunhar. Claro que a correção foi omitida tanto no vídeo como no artigo em si. Ora se o procedimento jornalístico com ele foi esse, terá sido diferente com os restantes alunos? Tinham de acertar à primeira e... mainada!

Antes de desancarem os "ignorantes", já pensaram se esta "moda" pega? Se de hoje para amanhã resolvem repetir o "método" em salas de professores, gabinetes médicos, tribunais ou ordens profissionais, por exemplo? Um erro momentâneo e... TARUZ, vira-se motivo da chacota nacional?!? Curioso, já agora,  seria elevar um bocadinho o nível das questões e inquirir os jornalistas da "Sábado", não para "avaliar" a  sapiência que reina naquela espécie-de-magazine-repleta-de-cultura-e-inteligência, mas para nos pasmarmos todos com tanta erudição...

Lamento, mas "jornalismo" desta laia não merece aqui mais que comiseração! (e não, não conheço nenhum dos intervenientes no  inquérito, pessoal ou sequer vagamente, a queixa do estudante encontrei no FB!)

Imagem de uma cena do filme "O Padrinho" (1972), da net, onde Marlon Brando protagoniza o principal papel. (o ator abandonou a carreira em 1980, regressando mais tarde - em papéis secundários e esporádicos - devido a dificuldades financeiras). Como é que estudantes que rondam os 20 anos vão saber disso, se não forem cinéfilos empedernidos?
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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

DE ACORDO!

É um facto que a polémica do "novo" acordo ortográfico já dura há mais de 20 anos, com acérrimos defensores de ambos os lados - uns com alguma razão, outros sem nenhuma!
Percebe-se perfeitamente que poetas e escritores, por exemplo, sejam dos mais ultrarradicais - afinal de contas, daqui a poucas décadas, um qualquer jovem inconsequente vai protestar: "Ca nóia, o txt tava encriptado à moda dos cotas!" 
Também se entende que os professores tenham dúvidas, especialmente em relação a ensinar, mas também a como a classificar testes escritos de uma maneira, de outra ou até de alguma mais "inventiva", para minimizar os múltiplos erros ortográficos e gramaticais que a maioria dos alunos dá (e não só!). Mas suponho que com um bocadinho de bom senso, todos chegam à conclusão que erros são erros, numa fase de mudança aceitam-se as duas maneiras de escrever, sem prejudicar os estudantes.
Agora que a população em geral se sinta muito "ofendida" com as alterações de um acordo com mais de 20 anos, repito, que tentou unificar a língua portuguesa de modo a obter maior visibilidade no mundo, com argumentos do género que "os ingleses não fizeram nenhum acordo com americanos e australianos" (e precisavam, se é a segunda mais falada, descontando a chinesa, além de toda a parafernália científica e informática  nos seus termos?),  por terem sido os portugueses a ensinar a língua por todos os cantos do planeta no século XV e XVI, portanto deveria vigorar a nossa tradição linguística - mesmo que atualmente sejamos apenas 10 milhões versus um universo de mais de 200 milhões? - ou  por "perder" a nossa origem latina? Tenham dó! E, já agora, menos preguiça, que as alterações não são assim tantas...
Toda a comunicação social já aderiu há alguns meses ao "novo" acordo ortográfico, à exceção de alguns cronistas de nomeada, certo é que não se volta atrás no tempo. A única administradora, gerente, escrevinhadora e comentadora cá de "casa" vai fazer exatamente o mesmo, a partir de outubro, com a certeza que terá algumas hesitações e lapsos de caminho... C'est la vie!!!

FIQUEM BEM! 
(com ou sem polémicas inúteis...)
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

VERDADE OU MENTIRA?

Por acaso foi o filme de Billy Ray, "Verdade ou Mentira" ("Shattered Glass", no título original), que vi recentemente no canal Sony, que me recordou uma série de casos que abriram noticiários e foram parangonas nos jornais, sem que depois fosse dado o devido seguimento, muito menos conclusão.
O filme foca a história verídica de um jovem jornalista sem escrúpulos que, para progredir mais rapidamente na sua carreira, inventa várias notícias sumarentas, factos inexistentes, pessoas e empresas fictícias, declarações nunca efectuadas. Com bons resultados, porque ao fim de três anos Stephen Glass já chegara a editor do "The New Republic", um dos jornais políticos americanos mais conceituados, a par de colaborar noutros órgãos de informação. Até ser desmascarado por um jornalista de uma publicação concorrente. O que lhe aconteceu, à parte ser despedido? Nada de grave! Foi estudar Direito, consta que exerce advocacia e publicou um livro supostamente auto-biográfico intitulado "The Fabulist", em 2003 - no mesmo ano em que o filme foi realizado.
Dito isto, o filme vale a pena, mesmo não aprofundando demasiado certas questões éticas, para ficarmos com uma ideia até onde um mentiroso compulsivo pode chegar no jornalismo. Gostei especialmente do estratagema de "receber" telefonemas de entidades importantes, quando reunido com outros colegas. E, claro, do desempenho dos actores, que podem visionar neste trailer.
Então e por cá, o que aconteceu a esses jornalistas que "fabricaram" notícias, plagiaram artigos de publicações estrangeiras, reportaram "algures no deserto", inventaram encontros políticos em torno de uma vichyssoise (para outros publicarem, note-se!) ou se alojaram em casas camarárias destinadas a famílias mais carenciadas? OK, escusam de adivinhar onde é que eles andam...

Imagem de cena do filme da net.

sábado, 15 de janeiro de 2011

NA MORTE DE VÍTOR ALVES

Alice Vieira escreveu este artigo de opinião, nas páginas do "Jornal de Notícias" de ontem, sobre a morte de Vítor Alves:
"Estava em Viseu, quando um SMS me avisou: "Morreu o Vítor Alves". Infelizmente era uma notícia daquelas que se esperam - mas que, no fundo, nunca se esperam. Porque todos os nossos amigos são eternos e, quando descobrimos que não são, temos muita dificuldade em acreditar. Vítor Alves pertencia àquele grupo de homens a quem devemos viver hoje em liberdade e em democracia. Para as gerações mais novas, isto parece um dado tão adquirido que nem lhes passa pela cabeça que alguma vez pudesse ter sido de outra maneira.
Mas foi. Durante muitos anos.
Até que um dia estes homens decidiram arriscar tudo - vida, liberdade, carreira, saúde, família - em nome de um sonho que, com desvios e loucuras e erros e recuos, ainda é o que hoje nos mantém vivos e actuantes.
Esta é uma dívida que nunca poderemos pagar - nem eles estavam à espera disso.
Mas é muito triste descobrir como as pessoas têm memória curta.
Foi vergonhosa a maneira como a morte de Vítor Alves foi tratada nos meios de comunicação - já para não falar das muitas horas de um velório quase vazio, quando deveria ter estado SEMPRE, em todas as horas, cheio de gente.
Atirada a notícia para o rodapé dos telejornais - que se enchiam do assassínio de Carlos Castro em Nova Iorque, com direito a um rol de jornalistas em directo, e entrevistas a meio mundo.
Reduzida, num jornal dito de referência, no dia a seguir ao enterro, a uma pequena fotografia em que se via a parte de trás do carro funerário e dois homens a ajudar a colocar o retrato junto do caixão - enquanto páginas inteiras continuavam reservadas ao crime passional de Nova Iorque.
Mas Vítor Alves não se meteu em escândalos, não morreu num hotel de luxo em Nova Iorque, não alimentou crónicas cor-de-rosa, nem sequer pertencia ao jet-set.
Pecados por de mais suficientes para o atirar para o limbo dos que não merecem mais do que uma breve evocação. Mas se calhar é aí que ele fica bem - ao lado dos que deram tudo pela pátria, e que a pátria, vergonhosamente, esqueceu."
Subscrevo inteiramente esta opinião, obrigada Alice por escrever o que precisava ser dito. Mas, sobretudo, obrigada a Vítor Alves e aos outros homens corajosos que, como ele, se empenharam pela liberdade e democracia em Portugal.

Imagem da net.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

CHOCADA!

Já vos aconteceu estar à conversa com uma amiga, com uma televisão em "pano de fundo" sem som e, de repente, vos parecer ver uma cara conhecida no ecrã, como um dos feridos num acidente grave?
Pois, a mim já! Até comentei com a minha amiga: "Credo, parece o António!" Mas a imagem passou rápido, o acidente ocorreu em Marrocos e o som off não permitiu perceber que existiam portugueses envolvidos - o que nos chama sempre mais a atenção, quer queiramos ou não!
Só alguns dias depois soube que era realmente ele e fiquei completamente arrepiada! Como é que nem me dei ao trabalho de verificar, se a parecença era tão evidente? Não teria valido de muito, que a própria filha do casal passou 12 horas de horror, entre o momento em que soube do desastre e aquele em que conseguiu notícias dos pais, internados num hospital de Ceuta. Mas mesmo assim...
Distracções à parte, imaginam o choque que é saber pelos noticiários televisivos que um familiar ou amigo foi vítima de um desastre, ainda por cima com imagens captadas pelas câmaras pouco depois (neste caso nem tão pouco assim, uma vez que as ambulâncias atrasaram-se no socorro), ainda a sangrar das diversas escoriações, para lá do que não é aparente?!? Detesto este tipo de jornalismo, mais sensacionalista que informativo!
Desejo uma rápida recuperação ao casal e um bom regresso a casa e ao convívio de todos nós! 
(note-se que não sendo amigos muito próximos - antigos vizinhos, com diversos amigos em comum, que ocasionaram várias tertúlias durante os últimos 20 anos - ainda me custa a "digerir" a crueza da imagem televisiva!)