quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2015 À VISTA!

Que seja um ano cheio de paz, amor, harmonia, saúde, alegria e desafios positivos para todos nós. Se calhar é pedir demais em ano de eleições, mas sou de opinião que nunca devemos ser pobres a pedir...

FELIZ 2015 PARA TODOS OS AMIGOS!!!

sábado, 27 de dezembro de 2014

OS LITIGANTES E LIVROS 2014

Este ano li 38 livros. Entre livros de bolso, calhamaços e volumes de uma dimensão dita "normal". Uma média bastante superior há de anos anteriores, mas com clara desvantagem para cinema, teatro, exposições, passeios, onde fui raras vezes ou nem isso.

Também por isso, não escrevi sobre todos os livros que li - não houve tempo (e, em alguns casos, nem paciência!). Mas cheguei à conclusão que para escolher o top + de livros de 2014 (o único deste ano) tinha de dar relevo a este livro de John Grisham. Não só porque foi o meu preferido no género, mas também por ser muito curioso.

Como o nome indica, este é um livro sobre tribunais. Americanos. Que têm muito de admirável, mas também cenas bastante deploráveis - e nem é preciso ir buscar a pena de morte existente em alguns estados (e não noutros), tema que se presta a grande controvérsia. 

David Zine é um jovem e brilhante advogado que trabalha 80 horas semanais numa prestigiada firma de causídicos, sendo remunerado com um montante anual generoso. O problema é que a situação já se prolonga há 5 anos e o advogado não tem tempo para mais nada a não ser trabalhar. (Alguém já viu isto?!? Infelizmente está a tornar-se uma prática bastante comum em Portugal, não só na advocacia, especialmente nas exigências cada vez maiores dos patrões da malta mais nova!) Um dia, farto do emprego, dos colegas, do edifício luxuoso onde nem vê a luz do dia, em vez de entrar no escritório, sai. E na velha tradição destas "decisões rápidas e espontâneas" vai-se embebedar no bar da esquina. Nesse mesmo dia e por puro acaso entra em contato com a firma Finley & Figg,que é exatamente o oposto da anterior - os advogados só se ocupam com divórcios, acidentes de viação e pouco mais, mas estão crivados de dívidas e alguns dos clientes ameaçam processá-los por más práticas. Sem que ninguém saiba ao certo como, acaba contratado por eles e ao serviço do jurista mais novo, que julga ter em mãos um processo contra uma farmacêutica que lhes dará milhões, praticamente sem trabalho nenhum. Mas afinal a causa não é tão fácil quanto aparenta ser... 

438 páginas imperdíveis, para quem aprecia este género de ficção!

Eis 35 dos 38 livros lidos este ano. Alguns não me satisfizeram por aí além, conforme fui referindo à medida que ia escrevendo sobre eles, mas na verdade gostei da maioria. Até porque repito bastante os meus autores preferidos.

Para finalizar este post já de si a dar para o longo, eis os seleccionados:

Clássico: "O Véu Pintado", de Somerset Maugham;

Romance: "A Casa dos Espíritos", de Isabel Allende;

Ação: "Os Litigantes", de John Grisham;

Policial: "Teia de Cinzas", de Camilla Lackberg;

Lusófono: "Segredos de Amor e Sangue", de Francisco Moita Flores;

Humor (também lusófono): "Primeiro as Senhoras", de Mário Zambujal.

Enfim, esta é uma classificação possível, mas em última análise são todos romances de ficção.Tenham...

UM EXCELENTE FIM DE SEMANA!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NATAL 2014

- Presépio - montado;
- Árvore de Natal - ornamentada;
- Presentes - comprados;
- Embrulhos - feitos;
- Iluminações das ruas - vistas;
- Frutas para a salada de frutas - à espera da confeção, mais perto da hora da consoada.

Então o que é que falta, para estar tudo a postos?!? Ora, desejar-vos a todos um NATAL MUITO FELIZ e enviar-vos um grande ABRAÇO, do fundo do coração! (pedindo desculpa se não tiver tempo de passar por todos os vossos cantinhos, para o fazer diretamente)

domingo, 21 de dezembro de 2014

MAIS UM SOLSTÍCIO

É hoje! E com ele começa oficialmente o inverno, as últimas folhas das árvores cairão até ficarem nuas e despojadas, que o vento, a chuva se encarregarão do assunto. Mas, há sempre um mas, a partir de hoje os dias começarão a ser um pouco maiores e, no início de fevereiro, essa mudança já será notória. O que não deixa de ser uma vantagem...

Bom o Natal já está quase à porta, a passagem de ano idem, mas como não sou grande fã das músicas da época - que se ouvem até à exaustão em todo o lado - hoje deixo-vos com uma música de todos tempos, que faz sentido não só nesta quadra como durante todo o ano: "You've got a friend", na voz de Carole King. - e para os amigos do Ricardo Santos, não esquecer o seu desafio musical que "está no ar" até dia 23.



Um  E X C E L E N T E  domingo para todos!

domingo, 14 de dezembro de 2014

UM CANUDO...

... que se limitou a ornamentar uma estante cá de casa nos últimos 30 anos, pode parecer uma grande fiasco. Não foi! Mesmo que nunca tenha exercido qualquer profissão vagamente relacionada com os estudos que efetuei ou ganho um tostão à sua custa, facto é que a sua missão foi única: ornamentar aquela estante!

Mas quando um homem (ou uma mulher) se põe a pensar, o dinheiro não é realmente o mais importante num emprego, mas sim a satisfação que a pessoa tem em realizar certo trabalho. Claro que o salário não deixa de ser importante para a pessoa manter uma vida digna - quando não éramos todos voluntários de qualquer coisa - mas há limites. Que variam consoante (a consciência) de cada um... Enganei-me? Acontece! Pior era ter ficado agarrada ao canudo e à profissão, em que mais que provavelmente não passaria da mediocridade, num pesadelo quase diário.

A ornamentar a cidade mais um graffiti urbano (2), suponho que da autoria de Vhils, que recentemente teve um programa da CNN dedicado ao seu trabalho artístico. Merecido! 

BOM DOMINGO!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O JOGO DE RIPPER

Não li muitos livros de Isabel Allende: os dois autobiográficos, "A Casa dos Espíritos" e agora este, para o Clube de Leitura. Em contrapartida, as minhas companheiras habituais destas "tertúlias" leram quase tudo o que a escritora escreveu e costumam ser fãs.

Desta vez, Isabel Allende mimoseia os seus leitores com um enredo policial. Um género geralmente mal visto na literatura, como uma espécie de 2ª categoria - só um pouco melhor do que os livros de cordel. Teoricamente, até mais fácil de escrever, pois há sempre um crime, uma investigação e, por fim, um desenlace.

Mas mesmo antes de vos falar do enredo em si - o que vou fazer o mais sucintamente possível - posso afirmar que todas as participantes foram unânimes: ninguém gostou!

Nos dias que correm, não é de estranhar que uma jovem de 17 anos passe parte dos seus tempos livres agarrada ao computador e a um jogo online, com amigos virtuais (e o avô). E, se calhar, nem muito original que o fito do jogo seja descobrirem  os criminosos que perpetraram assassínios reais e atuais. Agora completamente inverosímil é que o pai da rapariga, o inspetor encarregue das investigações, lhe(s) passe todas as informações que possui, incluindo relatórios e autópsias. Quer dizer, nem na América, nem no país mais sarrabeco do terceiro mundo! 

Enfim, quando um policial parte de uma premissa estapafúrdia, não há muita volta a dar ao texto, por mais linda e vaporosa que seja Indiana, a terapeuta holística (?!?) mãe de Amanda, a jovem inteligentérrima que desvenda os casos rebuscados, quase sem levantar o rabo da cadeira... 

Citação:

"«Ninguém fica rico a trabalhar», respondeu-lhe, divertido, e deu-lhe uma aula sobre a distribuição da riqueza e de como as leis e as religiões se encarregavam de proteger os bens e privilégios dos que possuíam mais, em detrimento dos pobres, para concluir que o sistema era de uma injustiça descomunal, mas por sorte ele pertencia aos grupo dos afortunados."

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A próxima sessão ficou marcada para dia 8 de fevereiro, com o livro "Em Parte Incerta", de Gillian Flynn.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

FEZADA!

Tenho esperança que no próximo ano o 1º de dezembro volte a ser feriado. Como nunca devia deixar de ter sido.

Também suponho que não é preciso ser um grande génio para tal, basta uma (merecida) "defenestração" eleitoral... por muito que as más-língua digam o contrário!

Viva a Independência e a Restauração!

domingo, 30 de novembro de 2014

PROVA PROVADA...

... que tem chovido muito em Lisboa é esta colagem que retrata um tronco de árvore pejado de cogumelos. Desculpem-me os meus amigos, que se calhar estão fartos de ver imagens destas nos campos - numa rua movimentada de Lisboa não é usual. Daí não ter resistido a fotografá-la para a posteridade...



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A VER NAVIOS?

Não exatamente. Mais de volta ao velho vício televisivo, em que se "papa" quase tudo o que passa no pequeno ecrã. Vício que vem desde criança, só interrompido no tempo do PREC - havia lá pachorra para tanta mesa redonda de gente exaltada, para ficar tudo na mesma? - retomado com "Gabriela" e, felizmente, nos últimos anos só resumido ao quase essencial. Um filme de vez em quando, uma série melhorzinha, alguns programas de informação (não, não são os telejornais), os Oscars de Hollywood e uma coisa ou outra visionada num momento de tédio.  

Enfim, a recaída explica-se pelo tempo que não convida a passeios, o consequente menor número de fotografias tiradas, a escuridão que se abate na casa logo de manhã como se estivesse a chegar o anoitecer e a monotononia acumulada de tantos meses de imobilização - não exatamente forçada, que já ando relativamente bem, mas a chuva e o frio lá fora estão bons para apanhar gripes e constipações, que nunca convêm nada a ninguém, mas quando as imunidades estão em baixo ainda menos... E pronto, andar de trás para a frente no corredor, só porque sim, deve ser bom para tigres enjaulados, mas dá cabo da minha sanidade mental!

Pior é que a televisão também me irrita: as telenovelas, as séries e outros programas são anunciados com a devida antecipação, pompa e circunstância, mas a maior parte das vezes não há nem um avisozinho do seu final (novelas da SIC à parte, que ficam o último mês a ser exibidas com uma legenda de "últimos capítulos", o que também é um exagero). Assim, está uma pessoa toda feita para ver um novo episódio de "Mr. Selfridge" ou de "A Teoria do Big Bang" - ambas do bom e do melhor que se faz em TV, no meu entender - e... népias, lá vem outro programa qualquer. Não se faz!

Contudo, o esforço de abandonar o velho vício tem sido uma constante, aos poucos conto chegar lá - tenho lido mais, ouvido música e até já faço uns sudokus ou palavras cruzadas. Mas a escrita, essa, tem sido bastante desleixada, tanto aqui como em comentários aos vossos posts. Para não dizer praticamente inexistente. Como consolo só a experiência de uma amiga, que após 3 meses de repouso em casa determinado pelo médico, alontrada frente ao ecrã como eu, viu o vício evaporar-se assim que teve alta. Estou a torcer para que me aconteça o mesmo. E para que o tempo melhore um bocadinho...

BOM FIM DE SEMANA!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

MÃE

Pearl S. Buck não precisa de apresentações: não só recebeu o Nobel da Literatura em 1938, como a sua vasta obra foca primordialmente a cultura chinesa, onde viveu grande parte da infância e início da idade adulta, até a revolução chinesa a ter obrigado a abandonar aquelas paragens. Mas não é a cultura chinesa de salão, mas mais de um povo camponês a lutar pela sobrevivência ou de classe média, ainda a enfrentar costumes feudais - para já não falar nos senhores da guerra.

Neste pequeno (grande) livro de apenas 191 páginas damos conta da luta de uma mãe que, com três filhos pequenos se vê abandonada pelo marido, homem dado à jogatina e pouco amigo de trabalhar. E do sofrimento que esconde de todos, dizendo que ele foi trabalhar para longe, chegando a mandar escrever cartas para ela própria para disfarçar o embuste. Com a ajuda do filho mais velho consegue trabalhar nos campos e pôr comida na mesa para toda a família e ainda amealhar algumas moedas. Infelizmente a sogra está velha e é de pouca serventia e a filha tem um mal nos olhos que vai agravando até fica cega, pelo que o futuro não augura nada de bom à menina. O filho mais novo, o seu predileto, tem um feitio bem disposto e risonho, mas infelizmente sai ao pai e é pouco amigo de trabalhar.

É a luta diária desta mulher que vamos seguindo com aquela interrogação de "será possível que algum dia tenha sido assim?" Para chegarmos à triste conclusão que foi e em alguns casos muito pior para as mulheres pobres do povo chinês do início do século passado. E que, provavelmente, por esse mundo fora ainda hoje existem mulheres que trabalham como escravas injustiçadas todos os dias.

Last but not least, na adolescência li uma série de livros de Pearl S. Buck, que a mãe de uma amiga me fez o favor de emprestar. Tantos anos volvidos não me lembro dos títulos da maioria deles, nem sei se li este na altura. Mas se gostei de a ler aos 15 e de a reler aos 55, parece-me muito bom sinal para a escritora: é que a sua escrita se mantém atual e interessante para leitores de várias faixas etárias, apesar do livro ter sido escrito em 1933, portanto há mais de 80 anos.... Quantos escritores se podem gabar disso?

Citações:

"Depois encheu-se de inquietação e pessimismo e pensava que, se a criança era uma alegria, também era uma nova fonte de preocupações, como são todas as crianças, e que podia nascer morta ou deformada, idiota ou cega, ou uma rapariga, ou qualquer coisa parecida."

"Mas havia muita gente à espera, porque tinha corrido pelos campos a notícia de que ia haver esta grande decapitação, e muitos vinham ver o espetáculo e traziam os filhos.[...] A multidão estava silenciosa, as pessoas esperando avidamente, sentindo um estranho prazer e, ao mesmo tempo, detestando o horror que ansiavam ver."

domingo, 26 de outubro de 2014

UM CHEIRINHO A MARESIA...

... e uns raiozinhos de Sol fazem maravilhas pela boa disposição de qualquer um! Alguém se atreve a desdizer-me?!?


APROVEITEM!
(se for o caso)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

GRAFFITIS URBANOS - 1

A falta de concentração, a preguiça, as temáticas pouco interessantes que se encontram dentro de 4 paredes - só saio de casa para ir ao hospital, mas a invernia também não teria convidado a grandes passeios - têm tornado as minhas postagens muito esporádicas. Daí ter-me lembrado de mostrar algumas fotos tiradas este verão, que evidenciam como o graffiti urbano pode ser uma mais valia artística para as cidades, em geral, e Lisboa, em particular. Para quê fachadas de casas em ruínas, muros velhos e pardacentos, superfícies que não têm uma qualificação possível, com tantos e bons artistas dispostos a trabalhar para ajudarem a embelezar esses espaços?

Enfim, a coleção ainda é pequena, mas espero que quando a acabar de a publicar já possa dar umas voltinhas para tirar mais umas quantas fotografias.

E já agora, alguém sabe onde fica o graffiti da foto? Ah, parece que também já existe um catálogo dos principais graffitis existentes na cidade, mas esse ainda não o vi...

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

PRIMEIRO AS SENHORAS

Tenho lido muito pouco, quase nada, para ser sincera. Mas estas 110 páginas de Mário Zambujal leem-se muito bem. Trata-se de um monólogo ou, melhor dizendo, de um depoimento minucioso de Edgar ao inspector da polícia judiciária sobre o alegado rapto de que terá sido vítima. Edgar, um bom malandro tuga com ademanes de um D. Juan a dar para o pindérico tem, em contrapartida, uma enorme verborreia e entre mentiras, verdades e meias verdades vamos percebendo o que realmente se passou...

OK, sou suspeita ao recomendar este livro: além de admiradora do autor, também sou adepta de histórias divertidas e bem dispostas. E pelo preço... pode-se pedir mais?!?

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

DESENCAFUADA!

É assim que me sinto após ter tido alta hospitalar sexta-feira passada. Não é que as equipas médicas, de enfermagem e restante pessoal não faça o possível para minimizar os efeitos da reclusão, mas facto é que nada é como a nossa casa, mesmo sem referir a comida hospitalar. Que, dizem-me, tem melhorado muito nos últimos anos...

Bom, por enquanto ainda estou muito limitada e com visitas assíduas ao hospital - e espero que só isso (nóc, nóc, nóc, para não dar azar) - mas é completamente diferente. Aos poucos espero também retomar o convívio blogosférico, que tem sido um bocado intermitente: até a posição para estar sentada ao computador era complicada.

Agradeço a todos os que sempre aqui me enviaram mensagens de força, coragem e votos de melhoras e aproveitem bem para ter um excelente último dia de verão! Carpe Diem!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

CHEEK TO CHEEK...

"Cada dia que passa te amo mais: hoje mais que ontem e bem menos que amanhã", escreveu a poetisa Rosemonde Gérard no século XIX, num poema dedicado a seu marido Edmond Rostang, também ele escritor e poeta.

Ao completar 24 anos de casamento, não podia concordar mais com ela...

Este ano não haverá comemorações, por motivos óbvios, mas para o ano os festejos serão redobrados,.. se tudo decorrer nos conformes!

Como música, pois, não poderia faltar um dos duetos mais famosos de Louis e Ella, que adoro especialmente; "Cheek to Cheek":


sábado, 13 de setembro de 2014

OS FILHOS DO ÉDEN

Sono, muito sono! Suponho que nunca tinha tido tanto sono na vida, pelo que nem blogues, nem leituras, um esforço titânico para não adormecer durante a hora das visitas ou do episódio da telenovela. Nem sempre conseguido, diga-se! Mas pronto, nos últimos dias a soneira reduziu bastante, já me começaram a falar "de alta" - o que dá logo outro ânimo - e acabei de ler finalmente o livro que trouxe na bagagem, cuja leitura já tinha iniciado antes do internamento: "Os Filhos do Éden", de Ken Follett.

Como muitos saberão sou fã do escritor, mas desta fez o livro foi muito mal escolhido. A começar porque tenho verdadeiro horror a terramotos e Priest e alguns membros da sua comuna hippie andam a tentar provocá-los, de modo a "chantagear" o governador da Califórnia - que pretende construir uma barragem num local que irá alagar as vinhas, que são o modo de subsistência da dita comuna. Cabe na cabeça de alguém provocar terramotos, cujas consequências são imprevisíveis? Pelos vistos Follett pensa que há gente tão radical a esse ponto e, embora a certa altura refira que nem todas as comunas/seitas religiosas são avessas à sociedade, a ideia que normalmente não são flor que se cheire paira ao longo das 438 páginas. Claro que o enredo também se move em torno da agente do FBI Juddy Maddox, que é das primeiras a acreditar nas ameaças loucas de Priest, e na enorme e incansável perseguição aos suspeitos. Incansável, ela, que por mim já estava bem cansadinha de tanta perseguição...

Dito isto, não deito as "culpas" ao livro: parece-me é que há livros que não devemos ler em certas circunstâncias - poderia ter arranjado qualquer coisinha mais animada, por exemplo!

BOM FIM DE SEMANA! 

sábado, 6 de setembro de 2014

FLORES E CANTOS

Tirei esta fotografia no dia 31 de maio deste ano para publicar aqui no blogue, já que a Ematejoca fazia anos nesse mesmo dia. Mas acabei por não publicar: estava um bocado zonza dos 4 dentes que arrancara na véspera e calculei que ela pudesse não gostar destas flores de pano. No entanto, faziam todo o sentido à porta de uma boutique hippie e davam uma alegria à rua que só visto...

A voz que Chico Buarque empresta a "Olhos nos Olhos" também é bem catita (palavra que parece ter caído em desuso, exceto entre tias da Lapa):


Entre flores, cantos e cantinhos, aqui ficam os meus votos de um MARAVILHOSO FIM DE SEMANA para todos!

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O MEU DIA FAVORITO!

OK, o meu dia favorito não é uma segunda-feira de Setembro. A bem dizer, nem posso afirmar que tenha dias favoritos. Simplesmente, gostei da "filosofia" de Winnie the Pooh, patente no desenho acima...

Enfim, estou com falta de temas para postagens e sem grande cabeça para engendrar escritos ou desafios complicados - nem simples, mas pronto! - de modo que hoje só sai o desenho. Aproveitando para esclarecer que estou a recuperar "normalmente", embora não tão depressa quanto desejava. É sempre assim, estamos sempre desejosos de nos pôr "finos"!

Já agora, alguém tem dia(s) favorito(s)? Pensando bem, eu cá gosto do dia do meu aniversário, do Natal, da noite de Santo António, se calhar até era capaz de dar uma listinha... 

Imagem do facebook.

domingo, 24 de agosto de 2014

UM CANTEIRO MUITO ESPECIAL

Juro que quando fotografei só pensei na beleza daquele canteiro. Mas depois informei-me melhor e descobri o que era. Alguém sabe?

ADENDA a 27/08/2014: Como já vai sendo hábito nestes pequenos desafios, há sempre alguém que dá uma pista que funciona e (quase) todos percebem do que se trata: o local onde repousam as cinzas de José Saramago, debaixo de uma oliveira da sua terra natal (Azinhaga) e frente à Casa dos Bicos, em Lisboa, onde se localiza a fundação que leva o seu nome. A colagem seguinte não é muito elucidativa do local, mas ainda dá para ver alguns ramos de oliveira frente à casa - bem sei que podia arranjar um ângulo melhor, mas no dia estava um casal com cara de poucos amigos abancado no local, preferi "passar"...

Bom, o Pedro Coimbra foi o primeiro a reconhecer o local, depois já foi fácil para os restantes comentadores chegar lá. O Rui Espírito Santo refere o dia 18 - porque Saramago morreu a 18 de junho de 2010, mas as cinzas do escritor só foram depositadas no local exatamente um ano depois - e a Afrodite fez referência à Casa dos Bicos. Enfim, tal como digo, também não sabia da história daquele canteiro, foi preciso passar por lá... Obrigada a todos pela participação!   

Boa semana para todos!

terça-feira, 19 de agosto de 2014

RECLUSÃO

Em criança, quando me perguntavam o que ia ser quando fosse grande respondia: "vou casar com um polícia, para nunca ser presa". Ingenuidade infantil, porque se soubesse o que sei hoje diria que ia ser banqueira. Mas pronto, a ideia da cadeia - estar num sítio sem se poder sair quando bem se entende - e até uma certa claustrofobia em ambientes fechados, com muita gente, sempre estiveram presentes na minha maneira de ser. E, claro, a perceção de que se não cometesse actos ilegais ou criminosos a probabilidade de ser condenada a uma pena de prisão era reduzida e cedo se instalou o meu espírito.

Como a vida dá muitas voltas, hoje e (previsivelmente) durante cerca de um mês vou permanecer num quarto de hospital, para fazer um auto-transplante de medula. E já não é tão mau quanto pensava inicialmente, porque o facto de ser dadora de mim própria faz com que possa receber visitas (devidamente equipadas com máscaras e batas próprias), quando não os visitantes só veem os pacientes através da janela do quarto. Enfim, o isolamento não é total, mas não deixa de ser uma reclusão "forçada", que é como quem diz, por força das circunstâncias. 

Vim com a "casa às costas", munida de livros, portátil, revistas de passatempos e, para o efeito, até comprei um pequeno iPod, para ouvir música. No quarto existe também uma televisão (com uma série de canais) e uma bicicleta pedaleira - haja vontade de pedalar, cóf, cóf, cóf (maldita tosse!). 

Tudo isto para dizer que as minhas postagens nas próximas semanas poderão ser um pouco irregulares: alguns destes tratamentos deitam-nos muito abaixo, outros nunca fiz, não sei como serão. No entanto, sempre que me sentir com (mais) genica, venho aqui postar qualquer coisinha e/ou dar uma volta pelos vossos cantinhos - tempo é coisa que não me há de faltar, se tudo correr bem.

Para todos segue aquele abraço, desta vez na voz de Miguel Gameiro:


Ah, last but not least, já resolvi aquele meu problema de não conseguir ouvir música nos blogues. Nem vou dizer o que era, para não me chamarem de barata tonta...

domingo, 17 de agosto de 2014

UM ELÉTRICO CHAMADO... 28

O passeio turístico estava planeado há anos, mas com aquela história do é amanhã, depois ou qualquer dia, estava mesmo a ver-se que tinha encalhado na terra do nunca - porque está frio, calor, chuva ou vento, porque imperam outros compromissos ou há bola ou não apetece, enfim, um adiamento constante. Até ontem, em que o único contratempo era uma Lisboa deserta de lisboetas, mas cheiinha de turistas. Vem algum mal ao mundo se também fizermos turismo na própria cidade?

Como ponto de partida, o terminal junto ao cemitério dos Prazeres - para garantir um lugar sentado à janela, que permitisse tirar algumas fotos. Escusado será dizer que o horário está lá fixado na paragem, mas só serve "para inglês ver": os cerca de 15 minutos de intervalo previsto entre partidas prolongou-se para os 25. A bicha dos utentes engrossou, mas facto é que ninguém protestou. E a viagem começou...

A primeira paragem foi próxima da igreja de santo Contestável, em Campo de Ourique. Porém, virar a máquina fotográfica em direção ao Sol nunca foi grande ideia, eventualmente ao alvorecer ou entardecer podem conseguir-se boas imagens.

Um dos portões do jardim da Estrela. Escusado será dizer que a Basílica, mesmo em frente, não era "alvo" a que pudéssemos apontar, já que o elétrico ia repleto de gente - turistas e não só.

A Assembleia da República. Com o poste de um semáforo pela frente, mas à vertiginosa velocidade de 40 ou 50 km/hora alcançada pelo veículo, não se pode programar atempadamente estes "imprevistos". Ou a câmara tem de possuir outras capacidades/qualidades.

A estátua de Camões mal se via devido às árvores, mas a igreja de Nossa Senhora do Loreto não sofria do mesmo problema.

No Chiado cruzámo-nos com outro elétrico no sentido contrário. Nem dá para verificar a multidão que por ali pairava...

Depois da descida à baixa, o elétrico recomeça a subida de uma nova encosta, cuja primeira paragem se situa frente à Sé de Lisboa.

O miradouro de santa Luzia não dá para espreitar, mas já estamos próximos da Cerca Moura e rumo à Graça. 

Se pelo caminho já tínhamos passado por ruas estreitas e de sentido único, de onde saem vielas e escadarias, onde quase podemos tocar nas paredes das casas, com roupa estendida nos varais, gente a espreitar a rua da janela ou varandas de ferro forjado, mais ou menos ornamentadas de flores e plantas, na Graça não é muito diferente. Numa e noutra colina também existem prédios degradados e/ou em ruínas, aparentemente ignorados pela população e pelas entidades competentes para resolver esses problemas - que não são recentes, dado o estado escaqueirado dos edifícios.

Na descida para a avenida Almirante Reis o elétrico ganhou velocidade, pela avenida fora ainda mais. Nem consegui "apanhar" o antigo cinema Lys, posteriormente denominado Roxy, ainda menos  uma foto decente da fábrica de cerâmica viúva Lamego - seria o motorista a tentar recuperar o atraso inicial? Com (muita) sorte, ainda captei o castelo de São Jorge, entre as árvores do Martim Moniz.

Após os passageiros saírem do elétrico ainda lhe tirei uma fotografia para a posteridade (a primeira deste post). No palco do Martim Moniz atuavam um jazzista e um DJ, de modo que foi aproveitar a onda musical para sentar na esplanada e beber uma imperial. Naquele que deve ter sido o primeiro dia do ano com sabor a verão de agosto. O regresso ao ponto de partida é que já não foi efetuado de 28, dada a fila enorme que se gerou, com pelo menos uma excursão à mistura. Sobre o (relativamente novo) Martim Moniz escreverei noutra altura... se estiver prái virada.

Já anoitecera, quando decidimos jantar por outras paragens: um preguinho com batatas fritas, no sítio do costume. Ou melhor dizendo, na respetiva esplanada, já que a noite continuava amena...

FELIZ DOMINGO!
(com ou sem férias...)

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A CASA DOS ESPÍRITOS

Nunca tinha lido um livro de ficção de Isabel Allende (os que li são uma espécie de diários, dedicados a sua filha Paula, que morreu prematuramente com uma doença rara), e muito menos visto o filme "A Casa dos Espíritos". Esta espécie de "dois em um" de livro e filme surgiu agora, acicatados pela sugestão da Tons de Azul, que recomendou vivamente o livro. O filme, confesso, vi no YouTube, infelizmente numa versão dobrada em brasileiro. Mas foi o que consegui arranjar, já que depois de ler tinha curiosidade de ver.

Como a Tons de Azul bem explica, trata-se da história da família Trueba, liderada pelo determinado, apaixonado, despótico e retrógrado Esteban (Jeremy Irons), órfão de pai, que desde cedo teve a mãe e a irmã Férula (Glenn Close) a seu cargo. O seu noivado com Rosa termina inesperadamente com a morte repentina desta e ele resolve abandonar a mina onde trabalha para se dedicar inteiramente a reerguer o rancho que o pai deixou na falência. O que consegue. E é aí que decide casar com Clara (Meryll Streep), a irmã mais nova da sua antiga noiva, uma rapariga estranha, que tem premonições sobre o presente e o futuro e parece viver sempre num mundo fantasioso muito próprio. Nos primeiros anos, o casamento decorre normalmente, já que Férula vai viver com o casal e é uma grande aliada da cunhada, tentando poupar-lhe todos os esforços e o governo da casa, para o qual ela não tem aptidão. Mas a devoção que lhe dedica provoca os ciúmes do irmão, que a expulsa de casa.

Entretanto, o casal teve três filhos: Blanca (Winona Rider) e os gémeos Jaime e Nicolau. No entanto, à medida que eles crescem, vão desapontando o pai, tanto por demonstrarem um espirito mais moderno e menos conservador, como pela paixão assolapada (e correspondida) que Blanca nutre por Pedro Tercero (Antonio Banderas) - o filho do seu capataz e, simultaneamente,  o maior revolucionário da região - desde a tenra infância.

Sem revelar o final, para quem queira ler estas 337 páginas escritas em 1982, posso avançar que nem o ultra-conservador Esteban Trueba esperava tanta violência "gratuita" na ditadura de Pinochet. Como também não é difícil imaginar...

E o que dizer sobre o filme, de 1993? Apesar do excelente naipe de atores, a produção reduziu personagens, simplificou o enredo, abreviou (e quase descontextualizou) as partes históricas. Daí que se só tivesse visto o filme, até tinha gostado bastante. O que é dizer muito sobre um filme com quase 20 anos. Mas sem dúvida que preferi o livro. Gracias, Tons de Azul

Citações:

"[O sacerdote] Era partidário de vencer as fraquezas da alma com uma boa chicotada na carne. Era famoso pela sua oratória desenfreada. Os fiéis seguiam-no de paróquia em paróquia, suavam ouvindo-o descrever os tormentos dos pecadores no Inferno, as carnes estraçalhadas por engenhosas máquinas de tortura, os fogos eternos, os garfos que trespassavam os membros viris, os répteis asquerosos que se introduziam pelos orifícios femininos e outros suplícios que introduzia em cada sermão para espalhar o terror de Deus."

"Isso serve para tranquilizar a consciência, minha filha - explicava a Blanca - Mas não ajuda os pobres. Eles não necessitam de caridade mas sim de justiça."

"Se pôde ser ministro da educação sem ter terminado a escola, também pode ser ministro da Agricultura sem ter visto uma vaca inteira em toda a sua vida."

terça-feira, 12 de agosto de 2014

NUNCA DIGAS NUNCA

Oren Little (Michael Douglas), um vendedor imobiliário viúvo, faz a vida negra a todos os que o rodeiam: vizinhos, colegas de trabalho, qualquer um que se lhe atravesse no caminho. É cínico, desagradável e excetuando a sua patroa de longa data, não é amigo de ninguém. Até a sua vizinha Leah (Diane Keaton) - uma cantora, igualmente viúva, que se destaca pelo seu feitio simpático e amigável (embora com tendência a também ser demasiado emocional) - se desespera com as suas respostas desabridas. Oren não se dá com o único filho, que em tempos foi viciado em heroína, quando este o aborda com um pedido: ele vai ser preso por 9 meses, comutados em 6 se tiver bom comportamento, mas precisa de alguém que lhe cuide da filha de 9 anos, cuja existência ele desconhecia. Ele rejeita a possibilidade, mas aí Leah promete ao pai da criança que ela própria velará para que a menina (Sterling Jerins) seja bem cuidada. Em pouco tempo, a criança habitua-se aos novos "avós"... Mas será que a romântica Leah consegue vergar o coração empedernido de Oren?

Uma comédia romântica sem grande chama, mas que mesmo assim se vê muito bem numa tarde de domingo meio enevoada...


5,5 em 10 foi a pontuação dada pela IMDb a este filme, realizado por Rob Reiner. Por mim, já vi muito pior, com pontuações bem mais altas. E a alguns ainda lhes dão o título de clássicos!

domingo, 10 de agosto de 2014

O TEMPO NÃO PARA!

Este é um típico (pequeno) jardim lisboeta, onde um quiosque tradicional com esplanada se situa entre um lago com respetivo repuxo, um parque de diversões infantil e as mesas e os bancos apropriados para as tardes de cartada da terceira idade. Sabem como se chama?

JARDIM CONSTANTINO

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Na crista da onda está agora este jardim a que recentemente acoplaram uma "praia". Se assim se pode chamar a um pedaço de areia junto a um antigo lago... Onde?

JARDIM DO TOREL



"O tempo não para", na voz de Mariza, não tem muito a ver com o post em si, mas dado não conseguir ouvir músicas nos vídeos que são colocadas nos outros blogues, serve como experiência para ver se a oiço no meu. Com o YouTube não há problema, pelo que se alguém me souber explicar o porquê, eu agradeço!

ADENDA a 12 de Agosto de 2014: Os jardins já estão identificados, tanto com as respetivas legendas, como com alguns outros aspetos e pormenores de cada local, nas colagens seguintes: o primeiro é um jardim de bairro, o segundo é simultaneamente miradouro sobre a cidade e o rio; todos descobriram o segundo - já que a "praia" tem sido tão badalada - no primeiro o Rui Espírito Santo (como é habitual), a Rosa dos Ventos e o Kok  acertaram em cheio. Obrigada a todos pela participação! 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A VER NAVIOS?

A origem da expressão popular tem várias explicações, quase todas elas depreciativas para o sujeito que assim fica. Expressão à parte, ver (e fotografar) navios, barcos, barquinhos, barcaças, veleiros e outros que tais é uma diversão pessoal. Como outra qualquer. Eis alguns exemplos:

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Mas não se pense que me limitei a ver navios algarvios - no rio Arade e no mar - também nos rios Douro e Minho andei a mirá-los...

E no Tejo também, como não podia deixar de ser!


EMBARQUEM... NUM ÓTIMO FIM DE SEMANA!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

SEGREDOS DE AMOR E SANGUE

Já lá vão mais de três anos em que referi um filme de terror de 1911, que narrava acontecimentos reais. Soube agora, ao ler este livro, que Francisco Moita Flores também escreveu o argumento para um filme mais recente, "A Morte de Diogo Alves" (1997) e que este ano decidiu publicar um romance ficcional sobre o mesmo tema: Diogo Alves foi um criminoso que, nos finais dos anos 30 do século XIX, roubou e assassinou as suas vítimas, atirando-as do alto do Aqueduto das Águas Livres de Lisboa. Foi capturado e condenado à forca, conjuntamente com a maior parte da sua quadrilha. Resumindo: o(s) primeiro(s) (e único(s)?) serial killer(s) da nossa praça.

O que nos filmes pode parecer terror, aqui, à primeira vista, não tem sequer a estrutura de um policial - pessoalmente, parece-me mais uma história muito bem contada, que retrata uma época conturbada, conseguindo a proeza de quase nos sentirmos como os lisboetas de então: a enorme pobreza, a instabilidade e corrupção política, a criminalidade bárbara e o imenso medo do povo honesto, trabalhador e analfabeto perante poderosos e meliantes. 

Manuel Alcanhões é um taberneiro de Alfama, humilde e analfabeto como 90% da população da época, que tem o sonho de aprender a ler e escrever - já que as contas para gerir o negócio lhe foram ensinadas ainda miúdo pelo seu pai, que morreu prematuramente ao juntar-se às tropas de D. Pedro IV. E é ele o protagonista do enredo, que vê juntarem-se na sua taberna alguns dos homens que planeiam os crimes mais hediondos, sabendo de antemão que ele nunca os denunciará, por medo de represálias sobre Isabel, a sua mulher e o grande amor da sua vida. Mas ele sente-se culpado, porque suspeita que a onda de "suicídios" do alto do Aqueduto são obra de Diogo Alves, confirmação que tem posteriormente por um cliente que pertence à quadrilha, mas que também está assustado com a malvadez do galego. Por essa altura, tentando compreender as suas dúvidas existenciais, sonda o padre Sales, um outro cliente (resmungão e miguelista convicto) que acompanha os condenados à morte da prisão do Limoeiro. E este oferece-se para o ensinar a ler e a escrever - já que ele própria almejava ser professor, em vez de confessor de bandidos - em troca do licor de poejo que bebe diária e habitualmente. Há lá coisa melhor que um homem cumprir os seus sonhos mais fantasiosos (de amor e instrução, no caso)? Mas onde fica a culpa, quando as mortes se sucedem com frequência, por vezes incluindo famílias e até crianças e se sabe quem cometeu os homicídios? 

ADOREI!

Citações:

"Dia após dia, explodia um tumulto político, duques contra duques, generais contra generais, liberais contra miguelistas, padres contra maçons, cartistas contra vintistas, e pelas ruas fedorentas, atapetadas pelos excrementos de cavalos, de porcos e de galinhas, cresciam os assaltos, os assassínios, e organizavam-se quadrilhas onde se misturavam soldados e civis, numa balbúrdia tal que não se sabia onde terminava a rixa política e começava o crime."

"A morte não é mais do que isso, uma terrível ausência que sabemos jamais tornar a ser presença."

"O poder prefere a ignorância ao saber. É mais fácil governar uma corja de brutos, mesmo raivosos, mas que se deixa manipular, do que um país de sábios."


Nota: não resisti a experimentar o tal licor de poejo - que por acaso encontrei à venda numa feira algarvia - que o padre do livro tanto apreciava; tem uma cor linda e é bastante agradável, mesmo que não goste especialmente de bebidas licorosas...