... uma escritora compulsiva, que ao longo de cerca de 40 anos escreveu mais de 700 livros. Desta vez não é nenhum enigma, apenas a apresentação do novo livro de Alice Vieira - "O Mundo de Enid Blyton" - que decorreu ontem ao final da tarde na livraria Buchholz, próxima do marquês de Pombal. Como o título indica, trata-se da biografia da famosa escritora britânica Enid Blyton. Nem por isso particularmente elogiosa... mas já lá vamos!
O convite chegou assim, atraente e apelativo, para aqueles que na infância foram vidrados nas aventuras dos "Cinco" e dos "Sete" e das "Gémeas" e do "Colégio das Quatro Torres", entre tantos outros. Sobre esse fascínio infantil, já escrevi aqui, faz tempo.
Após umas breves palavras da editora, da apresentadora Cristina Ovídio e da leitura de alguns pequenos textos incluídos nas suas páginas - subordinados ao tema "Quem foi, para mim, Enid Blyton?" - de autoria de algumas das pessoas presentes, chegou a vez de Alice Vieira explicar as dificuldades que teve na pesquisa dos dados. Segundo ela, sem net teria sido impossível desenvolver a biografia, já que existe apenas uma outra oficial (supervisionada de perto por uma das filhas de Enid), e contactar os clubes de fãs que mantém até hoje, que organizam reuniões anuais e publicam algumas revistas periódicas. Mesmo nesses, encontrou algumas restrições: não se podia falar sobre o valor literário da sua obra. É que apesar da sua imensa dedicação à escrita e dos milhões de livros vendidos em todo o mundo, a inglesa nunca obteve nenhum prémio.
Sumariamente, os presentes também ficaram a conhecer as facetas menos abonatórias da mulher que viveu para escrever, mas que aparentemente estagnou nos 12 anos de idade depois do pai abandonar a família: influenciou várias gerações de crianças, mas mantinha as próprias filhas à distância; traiu e chantageou o primeiro marido, nunca mais lhe permitindo ver as meninas; embora o segundo marido permanecesse ao seu lado até morrer (já ela sofria de Alzheimer, morrendo cerca de um ano depois, num lar), não mantinha laços familiares ou de amizade com ninguém. Cerejinha no topo do bolo - odiava criancinhas por perto!
Estas e outras "pérolas" estarão patentes nas 199 páginas da biografia, mas claro que do livro só falarei depois de o ler. Mas acrescento desde já que adorei a capa de Maria Manuel Lacerda, que me recordou o estado completamente decrépito daqueles que ainda resistem nas minhas prateleiras, depois de tantas vezes lidos e relidos...
A primeira imagem é da net, a segunda a do convite, a última colagem é a das fotos possíveis na apresentação.