Quando Clara me contou a história sobre a "perseguição" que lhe moveu o cineasta Arthur Duarte, lembrei-me de Romeu Correia.
Lembrei-me por uma razão muito simples. Romeu contou-me numa das nossas conversas literárias, que tinha escrito um guião para cinema, a pedido de Arthur Duarte, sobre a vida de Eusébio.
Ele teve o cuidado de me confessar, que o guião do filme era completamente diferente da fita mediocre realizada nos anos setenta, a qual assisti, no desaparecido "Cine-Teatro Pinheiro Chagas", nas Caldas da Rainha.
Infelizmente, por falta de apoios, o filme de Arthur Duarte acabou por nunca ser realizado...
Nunca lhe perguntei o que era feito do guião. Mas cuidadoso como Romeu era, de certeza que tinha uma cópia guardada em casa...
Este episódio fez com que me recordasse que o espólio do escritor e dramaturgo almadense continua "fechado" na casa onde viveu, sem ter alguém especializado, a catalogar e a organizar, tudo o que ficou de uma vida extremamente rica, e que não deve ser nada pouco...
Nem sequer me vou dar ao trabalho de falar das "culpas" do Município e dos familiares do Romeu, para todo este silêncio, cada vez mais denso, à volta da maior figura da literatura de Almada.
A única coisa que adianto, é que compreendo, cada vez melhor, a posição dos descendentes de Romeu em todo este processo...