sexta-feira, dezembro 31, 2010

É Mais que Tempo do Ginjal


Se pudesse, exigia que 2011 fosse o ano de se pagarem as promessas feitas ano após ano ao Ginjal (repetidas em todas as eleições).

É cedo, ainda nem chegou o primeiro dia de Janeiro, por isso ainda temos espaço para acreditar na requalificação de toda a zona ribeirinha de Cacilhas.

Ofereço-vos este belo óleo de Alfredo Keil, do Ginjal, que foi capa do meu último livro sobre esta bonita terra, onde vivo, há já mais de 23 anos...

domingo, dezembro 26, 2010

Cacilhas com Sol e Frio

O largo de Cacilhas hoje estava bastante luminoso, tal como Lisboa, no lado de lá, apesar do tempo dançar com o vento uma "valsa gelada", interminável.
O movimento limitava-se aos transportes. Aparentemente havia mais autocarros e eléctricos que pessoas, com tão pouca vontade de fazer companhia ao vento e "dançar" nas ruas...

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Natal à Beira Rio


NATAL À BEIRA-RIO

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

David Mourão-Ferreira
A bonita fotografia é da Luisa, que tem um blogue estupendo, "Beira-Tejo".

segunda-feira, dezembro 20, 2010

O Inverno no Ginjal

O Inverno paira no Ginjal.
Esconde o sol com nuvens cinzentas, daquelas que estão prontas para lavar o paredão e fazer pequenas piscinas dentro das casas sem telhado.
Não é coisa de menos.
Amanhã é vinte e um, é costume os dias ficarem mais frios neste final de Dezembro.
Frio que permanece em Janeiro.
Claro que o Sol é demasiado vadio para se submeter a "histórias de estações", e vai aparecer, muitas vezes.
Não é por acaso que o Tejo é mais bonito que o Sena ou o Tamisa...

sábado, dezembro 18, 2010

A Estrada Branca do Rio

Há quem tenha dúvidas que o Tejo também tem caminhos, é por isso que vos mostro esta quase estrada branca, aberta pela passagem de uma das barcas que dão cor, vida e até imaginação, ao melhor rio do mundo.
Esta foto foi tirada no interior do cacilheiro que fazia a inesquecível viagem-cruzeiro, entre Cacilhas e Belém, com o atractivo de passar por baixo da ponte que já foi de Salazar e agora é de Abril...

quarta-feira, dezembro 15, 2010

A Falar lá se Vamos Entendendo...


Houve alguém que durante o fim de semana resolveu transformar este banco numa lixeira.

E assim ficou até hoje. Ontem tirei a fotografia com lixo e nevoeiro, a pensar enviá-la a alguém com peso governativo...
Hoje pela manhã, quando fui levar o meu filho à escola, na viagem de regresso, encontrei uma "brigada de limpeza" do Município, composta por duas senhoras. Fiz-me um pouco de parvo e perguntei-lhes se a zona do polidesportivo também lhes pertencia, disseram-me que sim. Informei-as então que um dos bancos estava cheio de lixo. Uma delas disse que já sabia, mas que ainda não tinham conseguido chegar lá...
Achei estranho este "não chegar lá", por estar a uns duzentos metros delas.
Mas a meio da tarde (quando tirei a segunda fotografia), verifiquei que afinal tinham conseguido "chegar lá"...
Claro que a culpa é da malta que ainda não sabe viver em comunidade e faz lixo até em lugares para nos sentarmos...

terça-feira, dezembro 14, 2010

Quando o Dia Tem 25 Horas...

Nunca percebi porque razão Almada não tem um bom semanário concelhio, tal como tantas cidades portuguesas, muito mais pequenas que este nosso burgo, como é por exemplo as Caldas da Rainha, que possui um dos melhores jornais regionais que conheço, a "Gazeta das Caldas".

Hoje temos dois gratuítos, que fazem uma coisa ligeiramente diferente de jornalismo.

Um exemplo claro do que digo é esta notícia publicada no "Notícias de Almada", de 26 de Novembro de 2010, em que além de acrescentarem uma hora ao dia (25 horas), conseguiram deixar de fora o mais importante, o local onde o acontecimento se iria realizar (e a hora certa claro)...

sábado, dezembro 11, 2010

Votar em Branco

Desde que fiz dezoito anos, tenho votado sempre. Claro que por vezes voto em branco, por não me identificar com nenhum partido ou candidato.

Hoje no café, não sei porquê, veio à baila as eleições e os votos. Quando disse que votava em branco, um companheiro de tertúlia disse: «pensas tu.»

Fiquei um pouco incrédulo e depois ele explicou-me o perigo dos votos em branco a quando da contagem dos votos, da facilidade que podem receber uma cruz e passarem a votos de uma qualquer força política, graças aos dedos hábeis de alguém.

Ele sabia do que estava a falar, além de ser militante de um partido, fez várias vezes parte de mesas de voto em eleições.

Senti-me mesmo "anjinho".

Talvez nunca mais vote em branco, talvez tenha de anular o voto, quando quiser votar em "ninguém"...
Explicação dos pássaros:
Mesmo em democracia, Salazar continua a dar lições, com as suas célebres "chapeladas".

quinta-feira, dezembro 09, 2010

O Tigre do Ginjal


Pé ante pé, lá vai ele, pela praia das Lavadeiras, com o ar que lhe dá a sua importância felina, a ver se algum peixe (ou "peixa") dá à costa...

domingo, dezembro 05, 2010

«Isto também é nosso!»

Disse esta frase, «isto também é nosso», a uma funcionária zelosa, de um equipamento municipal, também ela esquecida de que os seus verdadeiros "patrões" somos nós.

Claro que a maior parte dos governantes não pensa nem age assim,
além de gestores, também se acham os "donos da quinta".

Esta frase tanto serve para o governo central como para os locais.

Quem está no poder só se lembra do "povo" quando é hora de pagar ou de votar.
E que conta choruda nos espera...

sábado, dezembro 04, 2010

Só Falta Nevar...

A temperatura da manhã de hoje é inferior a cinco graus, pela certa.

Rente ao Tejo o frio ainda se sente de uma forma mais cortante, quando nos toca no rosto.

Tejo que é o maior obstáculo à queda de neve, em ambas as margens do rio, para tristeza dos meus filhos, que continuam a sonhar com uma Almada pintada de branco...

terça-feira, novembro 30, 2010

O Melhor Miradouro de Almada

Não, não é o Ginjal.

O melhor miradouro de Almada é o jardim da Casa da Cerca, onde está sitiado o Museu de Arte Contemporânea da Cidade.

O conjunto é a mais valiosa "jóia da coroa" de Almada e o seu melhor cartão de visita (para mim, claro...).

O miradouro é de tal forma altaneiro, que nos oferece a vista de toda a Margem Norte de Lisboa.

Talvez tenha sido por isso que o touro de metal tenha deixado o seu lugar habitual no jardim e se tenha instalado ali bem à beira do muro, para ver o Cristo-Rei, a Ponte 25 de Abril, a Torre de Belém, e claro, o Mar, quando deixa de ser Tejo e passa a ser Atlântico...

sábado, novembro 27, 2010

Almada Minha

"Almada Minha" é sobretudo um testemunho de amor, de José Luís Tavares, pela Vila, e depois cidade,onde cresceu e se fez homem.

Estou a falar de uma das grandes figuras do Associativismo Local, tendo presidido as direcções da Incrível Almadense, Ginásio Clube do Sul, SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada e Núcleo de Árbitros de Futebol de Almada e Seixal (é ainda um dos fundadores das duas últimas colectividades).

No seu subtítulo, "Lembranças de uma Almada que conheci como pequena Vila, a partir do ano de 1942", o autor explica muito bem o conteúdo da obra, um excelente roteiro pelos lugares mais importantes da cidade, quase sempre acompanhado pela componente humana e profusamente ilustrado com 50 imagens.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Uma Cidade de Luto

Senti a de greve geral logo pela manhã, quando levei os meus filhos à escola e ambas se encontravam encerradas.

O mais estranho foi não encontrar o movimento habitual na rua, menos pessoas, menos carros, e provavelmente, também muito menos transportes públicos.

Estou a escrever isto e a ouvir na televisão a ministra do Trabalho, com as justificações do costume, a querer virar a realidade de pernas para o ar.

Mas gostava que o dia de greve geral fosse mais vivo, que as pessoas circulassem na rua, que dessem mais mostras do seu descontentamento em relação aos maus governantes que temos e tivemos, pelo menos desde 1986, data da entrada na Comunidade Europeia.

Gostava que Almada não parecesse estar de luto.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Pequenas Coisas que me Fazem Ver Mais Longe

No sábado quando cheguei à cidade, vindo de outra "cimeira" qualquer, também pacifica e lisboeta, descobri que já era Natal, pelo menos nas ruas principais de Almada, desde o Centro Sul, até à praça Gil Vicente.

Critico como sou, disse logo que era cedo demais para a "coisa" e que poderiam ter esperado pelo menos pelo primeiro de Dezembro. Sim, com o dinheiro poupado nas iluminações de Natal em onze dias, era possível fazer centenas (milhares, mais por aí...) de cabazes de Natal, que poderiam ser oferecidos, criteriosamente, às famílias mais desfavorecidas do Concelho.

Levei como resposta, «mas é tão giro, não sejas estraga prazeres. Além disso nota-se que há muito menos exuberância nas luzes.»

Calei-me e percebi que o povo também se alimenta destas luzes (e também do fogo de artificio do fim de ano, que para mim é um desperdício de dinheiro, mas eu sou um antiquado...). O povo e os "eleitos", claro. Eles não querem que "nos falte nada", neste e noutros natais...

sábado, novembro 20, 2010

Ginjal, o Reino das Placas "Proibitivas"...

Irrita-me a existência de tantas placas, povoadas de "perigos de morte", nas imediações do Ginjal.
Começa logo no início, depois vai-se arrastando ao longo do casario em ruínas (embora estas placas já passem despercebidas, corroídas pelo tempo quase salgado...). Subir ou descer as escadinhas que nos levam à Boca do Vento, nem pensar...
E agora chegaram ao cais do Olho de Boi, onde ainda há pouco tempo estavam ancorados cargueiros de pequena e média dimensão. Parece que está para cair...
Sei que é muito mais fácil colocar placas que fazer "obras" (e sobretudo mais económico), ao mesmo tempo que se passa a "bola" para quem gosta de se deliciar com os passeios à beira rio. Se levarmos com algum "calhau", a culpa foi da nossa teimosia...
Irrita-me a existência das placas, porque me irrita tudo aquilo que é postiço...
Pelo menos ainda não existem fiscais nem multas no Ginjal, os "legisladores" deixam a decisão "perigosa" de arriscarmos a vida, apenas com a nossa consciência...

sexta-feira, novembro 19, 2010

«A Vida Está Boa Para os Bois e Para as Vacas»

O Américo sempre gostou de dizer que a vida está boa é para os bois e para as vacas, especialmente em tempo de "crises".
Claro que não fala destes pobres animais, mas sim dos "arregimentados" dos partidos (todos sem excepção, em Almada por exemplo, o séquito é da CDU...), que vivem e gozam à grande, e para variar, à nossa custa, claro.

Manuel Pina foi brilhante, mais uma vez...
O óleo é de Robert Duncan.

terça-feira, novembro 16, 2010

Espelho de Água de Paula Varona


Paula Varona pintou Lisboa e o Tejo de uma forma singular, aproveitando a luminosidade única da Capital, que faz com que o rio se transforme num verdadeiro espelho de água...

domingo, novembro 14, 2010

Ainda o Ginjal de Paula Varona

Tentei retratar o local pintado pela Paula Varona, mas a manhã estava com demasiadas nuvens, próprias desta época outonal.

Por outro lado a criatividade artística pode sempre oferecer-nos uma "ficção" mais bonita que a realidade, seja com a caneta ou com o pincel. Neste caso a pintora espanhola resolveu alindar" (e fez muito bem) o armazém abandonado do Clube Náutico local...

O curioso da manhã de hoje é que me cruzei com os pescadores do costume e com bastantes fotógrafos, em busca da beleza do Ginjal...

sexta-feira, novembro 12, 2010

O Ginjal de Paula Varona

Graças a José do Carmo Francisco, conheci a obra de Paula Varona, artista plástica de Málaga, que se enamorou pela Capital e pintou alguns dos seus lugares mais pitorescos, com o Tejo muito presente, e surpresa das surpresas, o Ginjal.
Nesta imagem surgem em primeiro plano os armazéns onde esteve sediado o Clube Náutico de Almada, vendo-se ao fundo os edifícios dos restaurantes "Atira-te ao Rio" e "Ponto Final", e ainda, na parte superior, a Casa da Cerca.
Sabe sempre bem receber provas de amizade como esta. Obrigado José do Carmo Francisco.

quarta-feira, novembro 10, 2010

"Todo Corazón"

Não sei se terá sido mesmo alguém hispânico que deixou esta mensagem de amor, pintada numa das várias caixas ferrugentas que fazem parte do roteiro turístico do Ginjal (esta próxima da Fonte da Pipa).
Pode ser, ou não, uma mensagem dúbia. Provavelmente é uma dedicatória para alguém especial, mesmo que não tenha ficado registado qualquer nome. Claro que no campo das proabilidades também pode ser uma prova de amor àquele lugar, tão calmo e aprazível...

domingo, novembro 07, 2010

Na Hora Matutina

Tenho andado ocupado a organizar um pequeno "espólio" de papeis que me veio parar às mãos, onde tenho encontrado algumas coisas saborosas, como este recorte do suplemento "Letras e Artes" do desaparecido "Diário Popular, onde se mistura um bonito desenho de Celeste Costa (que não faço ideia quem seja, mas desenha muito bem...), com algumas palavras de Álvaro de Campos do poema "Saudades de Lisboa", da sua "Poesia".

quarta-feira, novembro 03, 2010

A Cor do Dinheiro

Não pude deixar de ouvir a conversa entre quatro comerciantes locais, com lojas próximas, numa das ruas centrais de Almada, onde passa o "metro", um dos culpados da sua desgraça...

Agora que se aproximava o Natal, preparavam mais uma "sindicância" ao Município, em busca de dinheiro, diziam eles, para serem recompensados do prejuízo diário.

Senti-me chocado pela falta de vergonha desta gente. Em vez de se unirem e colocarem ideias em cima da mesa, para combaterem a "crise", pensando em algo que pudesse animar as ruas e trazer pessoas às lojas, não. Querem é mamar na "teta" do poder, como se estivesse aí a solução de todos os problemas...

O mais grave é que esta é a história do nosso país, mesmo os Mellos, os Espiritos Santos e os Champalimauds, nunca tiveram qualquer pejo em vir ver o que é que "caía" do Estado, apesar de "nadarem" em dinheiro...
O óleo é de Natasha Villone.

domingo, outubro 31, 2010

Náufragos Dão à Costa


Com o mau tempo no canal, o Estuário do Tejo transforma-se num oceano e surgem
muitos "náufragos" nas praias do Ginjal...
Foi assim, de manhã, nas praias das Lavadeiras e da Fonte da Pipa.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Mais Vestígios...

Enquanto as coisas não caem de velhas, no Ginjal, ainda é possível fazer registos de placas e de velhas informações.

Neste caso particular, o "28", não é autocarro que eu apanhava para Belém, no começo da década de oitenta, é a entrada da "copenave", uma cooperativa que abastecia os bacalhoeiros de tudo o que era necessário, para as suas viagens pelos mares da "Terra Nova", durante seis longos meses...

quarta-feira, outubro 27, 2010

Vestígios da SNAPB no Ginjal

Esta fotografia oferece-nos um bom exemplo dos vestígios industriais que ainda encontramos no Ginjal.
Este era um dos cais de embarque e desembarque da Sociedade Nacional de Armadores da Pesca do Bacalhau (SNAPB), que ocupou uma parte significativa do Ginjal, do final dos anos trinta até à década de setenta do século passado.

quinta-feira, outubro 21, 2010

"O Efeito Saramago"

Quem disse que os homens não falam de amor?

O último "post" deu que falar e de que maneira, ao ponto de ter vindo para a mesa, o agora chamado, "efeito saramago".

Afinal parece que todas as idades são boas para as pessoas se apaixonarem, mesmo depois dos cinquenta ou sessenta.

Os homens então são óptimos a "apaixonarem-se" por mulheres com metade da idade. E elas também, a apaixonarem-se por alguém com o dobro da idade. As mulheres dizem sempre que gostam da maturidade, do charme dos cabelos brancos. Nunca falam da flacidez do corpo nem da "carteira cheia", que é sempre o principal conforto para se viver "apaixonadamente" a tal vida quase de sonho, onde não pode faltar um casarão, um bom carro e um cartão de crédito quase ilimitado...

É mesmo assim, o "luxo" de casar de novo com uma "menina", com idade para ser nossa filha, tem o seu preço...

O mais curioso, foi quase todos sentirmos (mesmo que fosse a brincar...) alguma inveja de quem pode explorar ao máximo o tal "efeito saramago" e experimentar o "amor" com alguém com a "juventude" que já era...
O óleo é de Sally Storch.

quarta-feira, outubro 20, 2010

Definições Indefinidas...

«Ela é tudo aquilo que eu nunca quis.»

Desabafo de um amigo que explica em parte a inquietude, a surpresa, a incompreensão e a diferença que nos é oferecida pelo "amor-paixão".

Por muitas voltas que demos, a realidade é sempre diferente do sonho...
Na foto Sophie Marceau.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Encontro no Cacilheiro

Encontrei no cacilheiro o mestre Eduardo Gageiro, que em boa hora veio até junto ao Tejo, à procura de inspiração para os seus "bonecos".

Conversámos um pouco, antes de ele aproveitar a viagem para cirandar de janela em janela, no interior da barca. Ainda me disse que há muito tempo que não atravessava o rio, e que andava em busca de imagens para um segundo volume do seu excelente trabalho, "Lisboa no Cais da Memória", desta vez com fotografias de 1975 a 2010.

Além das saudades do Tejo, das gaivotas e dos cacilheiros, disse-me que também queria saber quem eram as pessoas que hoje atravessam o rio.

Pois, olhando para o seu trabalho, percebe-se que o Eduardo Gageiro, gosta imenso de explorar a componente humana nas suas fotografias...

domingo, outubro 10, 2010

Intensamente

Se há algo difícil de explicar, é a poesia, toda, inclusive a da vida.

Sensibilidades, gostos, leituras e olhares diferentes, fazem toda a diferença...

Na quinta-feira foi lançado um caderninho de poemas da autoria de Anyana e Alberto Afonso, do qual escolhi uma parte de um poema de Alberto Afonso, que fala disso:

[...]

Como explicar a quem não o sinta,
A quem não o veja com o nosso olhar...
E possa sentir
O cheiro da maresia ou
A alegria das crianças esbracejando
Nas águas límpidas do rio,
Que nos transporta à nossa infância,
A lugares já desaparecidos
Que fervilhavam de humanidade e labuta,
Que só em sonho se conseguem vislumbrar!

[...]

Pois, há coisas que não se explicam, sentem-se...

terça-feira, outubro 05, 2010

Afonso Costa em Cacilhas

É provavelmente a personagem da 1ª República mais odiada, principalmente pelos sectores mais conservadores da nossa sociedade, mas não deixa de ser a que considero mais importante.
Claro que Afonso Costa cometeu vários erros, o principal terá sido a perseguição que fez à igreja, tendo sido o principal obreiro da "Lei da Separação do Estado e das Igrejas", na nova constituição de 1911. Também é criticado pela entrada de Portugal na Grande Guerra, mas esta foi uma posição inevitável, se não o tivéssemos feito, teríamos ficado com as colónias à mercê dos alemães, sem a protecção dos aliados.
Antes da implantação da República foi um dos deputados que mais se bateu contra os gastos da Casa Real, que recebia "adiantamentos" avultados, que não se coadunavam com as dificuldades económicas que o país atravessava. Este "atrevimento" valeu-lhe inclusive a "expulsão" do parlamento.
Excelente advogado e professor universitário (doutorou-se com a tese, "A Igreja e a Questão Social, em 1895), tinha ideias demasiado avançadas para o seu tempo.
Foi ministro da Justiça, presidente do Ministério e ministro das Finanças, onde realizou um bom trabalho, que só não resistiu à crise europeia provocada pela Grande Guerra, que fragilizou o velho continente, com maior incidência nos países mais fracos, como era o nosso caso (tal como sucede nos nossos dias...).
Anti-salazarista, Afonso Costa acabou por falecer em 1937, no exílio, em Paris.
Na imagem podemos ver Afonso Costa a chegar a Cacilhas em 1911, onde veio agradecer o apoio popular dos almadenses ao ideário Republicano.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Vivas à República em Almada


Almada faz jus à sua situação geográfica, na Margem Esquerda do Tejo e sempre que pode antecipa-se às revoluções, foi assim a 23 de Junho de 1833 e também a 4 de Outubro de 1910. E se recuarmos mais algum tempo, em 1580 também vendeu cara a derrota aos espanhóis...

Voltando ao 4 de Outubro, de há exactamente cem anos, a presença de dois dirigentes republicanos e a acção dos agentes políticos locais, com realce para Bartolomeu Constantino, sapateiro de profissão e ainda mais revolucionário que os próprios republicanos, graças ao seu ideário, próximo do socialismo e do anarquismo, fizeram com que Almada se tornasse republicana, antes do tempo.

Bartolomeu Constantino tinha qualidade oratórias invulgares e foram as suas palavras, junto das fábricas, que conseguiram trazer para a rua cerca de oito mil operários, que percorreram as principais artérias de Almada, com vivas à República, e claro, com outros "mimos" muito menos agradáveis, em relação ao Rei, à Monarquia e à própria Igreja.

O cortejo revolucionário só parou em frente aos Paços do Concelho, ocupados pacificamente e onde se ergueu a Bandeira do Centro Republicano Capitão Leitão e se fizeram discursos inflamados pelas principais figuras da revolta.

O Castelo de Almada também foi ocupado, com a cumplicidade da guarnição, que viu ser içada a Bandeira do Centro Republicano Elias Garcia.

E mais uma vez se fez história em Almada, antes do tempo...

A ilustração mostra-nos Bartolomeu Constantino, que Romeu Correia apelidou de "Idealista sem Mácula" e cujo falecimento em 1916 foi um acontecimento nacional, com a presença de mais de vinte mil pessoas, tendo sido erguidas no Cemitério dos Prazeres oito tribunas para que usassem da palavra todos os oradores inscritos para lhe prestarem homenagem. O cortejo fúnebre contou ainda com a presença de três bandas filarmónicas: a Academia Verdi, de Lisboa e a S.F.U.A. Piedense e a Academia Almadense, de Almada.

sábado, outubro 02, 2010

Biografia de Oliveira Feijão

Hoje, às 16 horas, vou apresentar o livro, "Oliveira Feijão, Cacilhense Ilustre", da autoria do escritor almadense, Victor Aparício.

O lançamento será feito no Centro Municipal de Turismo, em Cacilhas.

Estou a falar da biografia de um dos médicos e professores mais importantes do final do século XIX, tendo inclusive sido deputado às cortes, no princípio do século XX.

Oliveira Feijão além de todo este seu percurso, tem a particularidade de ter nascido na Margueira, em Cacilhas.

A obra é editada pela Junta de Freguesia Local, com o apoio da SCALA.

quarta-feira, setembro 29, 2010

Mas Vale Tarde que Nunca

Um ano e muitos meses depois do fim das obras do Metro de Superfície, o bom senso voltou a prevalecer e estão a colocar abrigos nas paragens da TST.

É bom constar que, mesmo que seja a "conta gotas", alguns erros de palmatória (como este, nunca consegui perceber porque razão os utentes dos autocarros tinham de estar nas paragens à chuva e ao vento) têm sido corrigidos...

domingo, setembro 26, 2010

Burricadas em Cacilhas

Hoje é dia de animação em Cacilhas.

Os Escuteiros, a Junta de Freguesia e o comércio local organizam mais uma vez as "Tasquinhas e Burricadas de Cacilhas", com passeios de burro, venda de artesanato e uma boa oferta gastronómica, não estivesse a decorrer durante o mês de Setembro, a "X Festa da Gastronómica de Cacilhas".

sábado, setembro 25, 2010

Varanda da Mutela

Almada está longe de ser a cidade "moderna" que nos é vendida pelo Poder Local.
Há várias zonas degradadas e abandonadas, como são os casos do Ginjal e Caramujo, que estão reféns de vários projectos de reabilitação, que devido à sua grandeza e à situação económica do país, poderão nem sequer sair do papel...
Esta varanda pertence à zona da Mutela, na rua Manuel Febrero (ou Fevereiro - a duplicidade de nomes é uma constante da nossa toponímica...), a caminho da Cova da Piedade, e está assim há pelo menos duas décadas.
Embora não conheça muito bem os parâmetros legislativos, faz-me confusão que a Autarquia almadense não "exproprie" algumas casas, completamente abandonadas pelos seus proprietários...

segunda-feira, setembro 20, 2010

Quase Aquarela...


O rio fica sempre mais bonito com barcas e velas.

sábado, setembro 18, 2010

Fim de Tarde no Olho de Boi

As margens do rio, a Sul e a Norte, são pródigas em miradouros, naturais ou "inventados" pelo homem. Devo conhecer quase todos, em Lisboa e Almada.

Reparo agora, ao escrever, que a maior parte das vezes visito-os sozinho.

E como gosto muito de andar, sozinho ou bem acompanhado, é fácil descobrir coisas a que ainda não tinha dado a atenção devida.

Claro que andar sozinho é diferente, faz com que seja mais fácil encontrar-me comigo próprio, falar com as paredes ou com as águas do rio, sem cair no ridículo.

Foi desta forma que quando dei por mim, estava rente ao Cais da antiga Companhia de Portuguesa Pesca, depois de ter percorrido todo o paredão do Ginjal, sentindo o vento agradável dos fins de tarde de um Verão farto em calor.

quinta-feira, setembro 16, 2010

Ezequiel não é Nome de Cão

Ezequiel não é nome de cão, mas sim de alguém que pode muito bem retratar a prática uma boa parte dos nossos políticos, que se acham acima da lei.

Falo de um senhor que é adjunto de Isaltino Morais e que foi durante anos presidente do Município de Sesimbra.

Como deve ser um "duro" e viu que o seu cartão de "vip autarca" não fazia cócegas aos agentes da autoridade, depois de terem rebocado o carro da filha estacionado em cima de uma passadeira, partiu primeiro para o insulto e depois para a agressão física, com dentadas e cuspidelas, à boa maneira rufia.

Li a notícia aqui, no blogue do Pedro, onde também se encontra um link do "CM", o nosso campeão de histórias de "faca e alguidar"...

Claro que esta sobranceria de quem tem algum poder, infelizmente, recebe muitas vezes como resposta, o silêncio e a complacência dos agentes de autoridade.

Alberto João é a figura modelar desta gente, que pensa que pode fazer e dizer tudo o que lhe "vem à veneta", e pior, que todas as pessoas têm preço...

Gostava muito que o senhor Ezequiel Lino fosse punido de uma forma exemplar, mas neste país, a justiça tem demasiadas curvas...
E é mais uma bela história para o cinema, ao jeito de um "Kilas", tão bem interpretado pelo Grande Mário Viegas.
Adenda: Não deixa de ser interessante lerem isto...

terça-feira, setembro 14, 2010

Demagogia aos Quilos

À tarde chamaram-me a atenção para dar uma olhadela para a "SIC Radical", porque estavam a dar notícias da minha aldeia.

Uma Catarina sorridente Freitas, vendia a "Semana Europeia da Mobilidade" em Almada, como um acontecimento de nível "mundial".

Quem conhece como eu esta "terrinha", só podia acompanhar o sorriso da Catarina, dizendo bravo, pela "cassete" divulgada à juventude, que provavelmente vai "emigrar" por uma semana para Almada.

Mas que grande vendedora! Parabéns Catarina.

O melhor das histórias de bicicletas, foi ter de desvendar onde se situam os tais quilómetros de ciclovias almadenses, pois, na Caparica, Trafaria e Parque da Paz...

Quem chega a Cacilhas de "ginga", que se cuide, nada de pistas em direcção a Almada ou Cova da Piedade...

domingo, setembro 12, 2010

O Livro


A sessão do Lançamento do livro, "Henrique Mota, Atleta, Treinador, Dirigente e Escritor", na noite de sexta, não encheu a Sala Pablo Neruda, mas foi um excelente momento de convívio e também de partilha, pois além das intervenções dos elementos da mesa de honra, houve alguns amigos que nos deixaram o seu testemunho sentido sobre o Henrique.

O mais irónico é que quem preferiu ficar em casa a ver o Benfica, acabou por passar um mau bocado...

quinta-feira, setembro 09, 2010

Henrique Mota, Escritor

Henrique Mota, apesar de ter nascido em Mafra, a 10 de Setembro de 1920, sempre se sentiu, orgulhosamente, cidadão de Almada. Facto comprovado pela temática de toda a sua obra literária, evocativa das terras e gentes da Outra Banda.
Veio para Cacilhas com apenas nove anos de idade e, ao longo de setenta e dois anos vividos no concelho, teve um papel preponderante como cidadão e homem de letras, ao ponto de se tornar uma das figuras mais carismáticas e prestigiadas do meio desportivo e cultural almadense. Prestígio que foi ampliado ao ultrapassar as fronteiras de Almada, após a publicação do seu primeiro livro.
Iniciou-se no jornalismo no final da década de trinta do século passado na “Gazeta do Sul”. Assim que apareceu o “Jornal de Almada”, em 1955, começou a colaborar com várias rubricas, algumas das quais biográficas, que seriam a principal fonte dos seus livros, como é referido neste ensaio. Em 1994 fez ainda parte de um pequeno núcleo de almadenses que sentia a necessidade de criar um novo jornal no concelho, mais abrangente e também mais pluralista. Estamos a falar de “O Almadense”, cuja sétima série ainda sairia para a rua, embora por ponto tempo. O aparecimento de um empresário local fez com que o projecto fugisse da génese inicial e ditasse o seu afastamento, assim como do grupo de amigos.

Henrique Mota foi autor de oito obras literárias: "Desportistas Almadenses - I Volume" (1975); "Desportistas Almadenses - II Volume" (1984); "Contos Desportivos" (1985); "Desportistas Almadenses - III Volume" (1993); Ginásio Clube do Sul - 75 Anos de Glória" (1995); "Personalidades Cacilhenses" (1997); "Memorando" (1999); "Desportistas Almadenses" - IV Volume" (2004).

quarta-feira, setembro 08, 2010

Henrique Mota, Dirigente

Henrique Mota estreou-se como dirigente no Ginásio Clube do Sul como presidente da Direcção, em 1949, com apenas 28 anos, sendo ainda hoje o presidente mais jovem da história da colectividade cacilhense.
De 1949 a 1983 exerceu vários cargos directivos, sendo de 1976 a 1983, presidente da Mesa de Assembleia Geral do Ginásio.
Ao longo de todos estes anos fez parte de diversas comissões, das quais salientamos a do Bingo e do Pavilhão Polidesportivo, que se tornaram realidade nos anos oitenta e noventa e foram um marco no crescimento do clube, que sempre teve no ecletismo a sua principal bandeira.
Em 1994 foi um dos quinze fundadores da SCALA – Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada, sendo o seu primeiro presidente da Mesa da Assembleia Geral e um dos elementos mais influentes no seu crescimento dos primeiros anos.
O seu fervor e paixão pelo Ginásio do Sul seriam recompensados com a atribuição do diploma de “Sócio de Mérito” em 1989, do “Prémio Prestígio Ginasista” e do diploma de “Sócio Honorário”, ambos em 1992.
A cidade de Almada também lhe prestou a justa homenagem em 1994, atribuindo-lhe a “Medalha de Ouro de Mérito e Dedicação”.
Por iniciativa da SCALA, no começo do Outono de 2001, os serviços de toponímica do Município de Almada foram consultados para que fosse estudada a possibilidade de se atribuir uma artéria no concelho a Henrique Mota.
Com a construção de uma nova urbanização, no local onde nasceu a maior zona comercial de Almada, onde está situado o “Almada Fórum”, foram atribuídas ruas a Henrique Mota, Francisco Bastos, Sérgio Malpique e a António Calado (ainda entre nós na altura), não fossem eles grandes atletas e grandes companheiros, para felicidade dos seus familiares e amigos.
Em 2005, na comemoração do 85º aniversário, o Ginásio Clube do Sul, homenageou Henrique Mota e outros associados relevantes, atribuindo o seu nome ao Salão Nobre do Pavilhão Polidesportivo.

segunda-feira, setembro 06, 2010

Henrique Mota, Atleta

Henrique Mota iniciou-se na prática desportiva durante a adolescência, naquela que seria sempre a sua modalidade rainha, o Atletismo.
Estreou-se em 1937 com a camisola do Lisboa Ginásio Clube, num torneio popular organizado pelo jornal “Os Sports”. Nesse mesmo ano mudou-se para os “Unidos de Cacilhas”, clube da localidade ribeirinha onde residia, sendo a sua principal figura, juntamente com Alfredo Abrunhosa, Henrique nas provas de velocidade prolongada e Alfredo nas de velocidade pura.
Ambos deram nas vistas e no ano seguinte transferiram-se para o C.F, “Os Belenenses, o clube do seu coração, a par do Ginásio Clube do Sul. Henrique manteve-se no “Belém” até 1941, tendo viajado pouco tempo depois viajou para os Açores onde cumpriu parte do serviço militar. Durante a sua permanência na ilha de São Miguel, Henrique continuou a dar nas vistas, ao ponto de ser notícia na imprensa local, pois fizera a melhor marca nacional na prova de 80 metros, que não seria homologada por a competição não ser oficial…
Este excelente resultado acabou por ser reproduzido nos jornais desportivos de então e quando Henrique regressou ao continente foi convidado para ingressar no Benfica, clube que lhe ofereceu o fato para o seu casamento.
Infelizmente teve uma passagem curta pelo clube da Luz, devido a uma lesão no joelho que o obrigou a abandonar as pistas precocemente, com apenas 24 anos…


Nota: Esta semana publico partes da biografia que escrevi para o livro, "Henrique Mota, Atleta, Treinador, Dirigente e Escritor Almadense", que será apresentado no dia 10 de Setembro, em Almada, na Sala Pablo Neruda do Fórum Romeu Correia, às 21.30 horas.

sexta-feira, agosto 27, 2010

Miradouro da Arealva


Penso que esta é a única fotografia (das doze que fazem parte da mostra "Ginjal Tejo", que está patente a partir de amanhã na Sala Pablo Neruda - Fórum Romeu Correia, Almada), que nunca publiquei no "Casario".

quarta-feira, agosto 25, 2010

Duas Exposições de Fotografia de Cacilhas e do Tejo

A par da exposição sobre Henrique Mota, a Sala Pablo Neruda do Fórum Romeu Correia acolhe duas exposições de fotografia no seu hall de entrada, "Cacilhas pelo rio" de Modesto Viegas e "Ginjal Tejo" de Luís Eme.


Grande parte das fotografias que vou expor já foram publicadas aqui no blogue. Aliás, se não existisse o "Casario do Ginjal", não tinha um acervo tão grande de fotografias do Ginjal e arredores...
Este pôr do sol é do Modesto Viegas.

terça-feira, agosto 24, 2010

Homenagem a Henrique Mota


No próximo sábado, dia 28 de Agosto, às 16 horas, será inaugurada a exposição evocativa, "Henrique Mota - Atleta, Treinador, Dirigente e Escritor Almadense", na Sala Pablo Neruda, do Fórum Romeu Correia.

Esta exposição organizada pela SCALA, com o apoio do Município de Almada e do Ginásio Clube do Sul, é uma homenagem póstuma a um grande cidadão e uma figura ímpar do desporto e da Cultura Almadense.

domingo, agosto 22, 2010

Ondas, Barcas e Praia no Ginjal


Quando a maré baixa, o Ginjal volta a ter praias, e quando o vento e as marés querem, com algumas ondas e tudo...
E a água já teve pior qualidade...