sábado, dezembro 07, 2024

Um Amigo especial que regressou à nossa "tertúlia"...


O Carlos II é especial, por várias razões. 

O facto de pensar de uma forma diferente, nunca foi um problema, nunca fez com que não fosse "um de nós".

Às vezes é difícil de explicar, mas talvez seja nas diferenças que nos encontramos, que percebemos e entendemos, que é mais importante do que aquilo que parece, pelo menos nas ruas da amizade, respeitar o outro...

O Carlos tem uma história de vida diferente da maior parte de nós, porque sempre foi ambicioso, nunca aceitou de bom grado a palavra "impossível". E ainda bem.

A vida ensinou-lhe desde cedo, que havia valores e valores. Nunca quis ser um idealista, sempre teve um sentido prático da vida. Nem nunca teve qualquer pudor em sonhar que um dia, "talvez fosse possível ir à Lua".

Nunca teve um grande orgulho em pertencer à "classe operária". Deve ter sido isso que o tornou um dia patrão. Um dos bons, nas suas palavras, por ter aprendido, ao longo da vida, que não valia tudo. Não precisava de "pisar os outros", nem de lhes "passar por cima", para continuar a subir na vida.

É por todas estas coisas, e mais algumas, que é bom termos o Carlos (agora é primeiro) de volta à nossa "Tertúlia"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, novembro 26, 2024

A água que se desvie...


Por sermos um país onde  não chove muito, o planeamento das cidades continua a ser feito a pensar apenas no presente, ignorando as vicissitudes e os caprichos da própria natureza. 

Além de construirmos em cima de linhas de água (secas), ainda fazemos coisas mais parvas: reduzimos os cursos de água existentes a canais subterrâneos ou a meros ribeiros, muitas vezes ladeados de pedras ou cimento (algumas até têm o piso inferior forrado a cimento...). 

Mas ainda vamos mais longe: por não gostarmos muito de cortar as ervas nos espaços públicos, escondemos a terra com pedras, alcatrão e cimento, limitando cada vez mais os espaços onde a água, pode e deve, ser absorvida pelos solos...

Não tenho grandes dúvidas que num futuro próximo, iremos ter as nossas "Valências", principalmente nas localidades que se situam ao nível do mar e onde as pessoas preferem assobiar para o ar, em vez de pensar em mudarem-se para lugares mais seguros...

Percebem quase sempre, tarde demais, que a água não se desvia, escolhe sempre o caminho mais próximo e rápido para passar...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


sábado, novembro 23, 2024

Não há limites para a falta de vergonha (e respeito) da Câmara Municipal de Almada


Não percebo como é uma câmara dita socialista, governa tanto contra as pessoas, neste caso particular contra os almadenses.

A sua única preocupação é o lucro fácil. Pelo menos esta é a explicação que encontro para a instalação de parquímetros em todos os lugares onde é possível estacionar, sem que se efectuem quaisquer obras de melhoramentos desses espaços.

Na zona onde vivo (Quinta da Alegria), há um parque de estacionamento "meio selvagem", onde a única obra feita foi a colocação de linhas brancas para delimitar o estacionamento (provavelmente já a pensar no passo seguinte...).


Nos lugares onde costumo estacionar é visível a degradação do alcatrão, pois estes foram feitos pelo construtor dos prédios, há quase quarenta anos, sem que houvesse qualquer preocupação na melhoria do piso (tal como acontece com as estradas, naturalmente esburacadas...), por parte da Autarquia durante todo este tempo.

Autarquia que em vez de fazer as melhorias tão necessárias nos pisos (estradas e parques de estacionamento), coloca sinais e parquímetros, porque o que interessa é o "dinheiro fácil", de quem precisa de estacionar os seus carros, quando se desloca a Almada e não fazer o seu papel, como Autarquia, na defesa e melhoria da qualidade de vida dos seus concidadãos...

(Fotografias de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, outubro 30, 2024

Vagabundear pelo Ginjal (porta a porta)...


Não sei ao certo, há quanto tempo me perco pelo Ginjal. 

Há uns 35 anos, no mínimo. Foi a minha amizade com Romeu Correia que me "acordou" para a beleza e história desta "Margem Sul", que tanto pode começar em Cacilhas como no Barreiro. 

A minha margem deste Sul, deste além Tejo, sempre começou em Cacilhas (o tempo que vivi perto do Barreiro não conta para nada nestas vivências...). Provavelmente o Rio deve-me ter convidado a caminhar ao longo do Cais do Ginjal, logo nas minhas primeiras vezes que fiquei a ver o cacilheiro partir para a Capital (às vezes perdemos a barca por segundos e temos de esperar pela próxima, o que pode demorar entre quinze a trinta minutos...).

Mesmo que no início fosse para "matar tempo", foi assim que fui descobrindo, pouco a pouco, o Ginjal. O que existiu por ali, antes deste antigo espaço de restaurantes famosos e de várias indústrias, se ter tornado no conjunto de ruínas que hoje conhecemos, entre Cacilhas e o "Ponto Final" (sim, é ali rente ao restaurante que acaba o Ginjal e começa a Fonte da Pipa...), colorido, graças aos "grafiteiros" e pixeteiros". 

As descobertas com mais conteúdo histórico, aconteciam sobretudo nas conversas que tinha com os companheiros da memorável "Tertúlia do Repuxo", que durante mais de duas décadas, foi um espaço privilegiado de amizade e de conhecimento. 

Tertúlia que também contou nos últimos anos, com a presença de Luís Bayó Veiga, que se prepara para lançar no próximo sábado o livro, "O Ginjal, Porta a Porta - Referências e Memórias". Sei que ele também "bebeu" muita informação nas nossas conversas sobre história local à mesa do café. 

Felizmente o Luís não se ficou apenas pelas conversas e quis ir mais longe, quis viajar no tempo e saber que Ginjal era, o que existia há cem anos (para não recuar mais no tempo, coisa que ele faz nesta obra, com um rigor assinalável). E o resultado é um belo livro, que nos satisfaz todas as curiosidades, porta a porta, contando a história das gentes e dos lugares, que estão por detrás de cada "número de polícia"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, outubro 28, 2024

"O Ginjal, Porta a Porta (Referências e Memórias)" de Luís Bayó Veiga


Durante a semana vou deixar aqui algumas palavras, sobre um livro escrito por um amigo, que será apresentado no próximo sábado.

Isso acontece por duas ou três razões, para lá da amizade com o autor. Uma delas é este blogue chamar-se "Casario do Ginjal"...


quinta-feira, outubro 24, 2024

Os treinos da GNR na Lisnave, nestes dias estranhos e violentos...


Comecei a ouvir gritos e barulho de confusão, do exterior da minha casa, que me davam a sensação de serem de qualquer "recreio de escola", pouco habituais. 

Quando vim à janela reparei que a Lisnave estava com mais movimento do que o costume. Estava povoada de viaturas da GNR e de guardas (alguns disfarçados de bandidos...), que imitavam a realidade dos últimos dias, ensaiando distúrbios com a respectiva resposta das forças de autoridade.

Acho positivo este treino, até porque a "confusão" junto dos bairros problemáticos, parece ter vindo para ficar (quase sempre de forma gratuita e sem justificação). E os agentes e guardas da autoridade têm de estar, cada vez mais preparados, para enfrentar todo o género de bandidos.

Mas não deixa de ser curioso, os fins usados pelos velhos armazéns e docas da Lisnave (cada vez mais em ruínas), desde a publicidade, passando por filmes, e acabando agora, com treinos "anti-motim" (e não falo das "corridas de carros").

As coisas que descubro da minha "varanda indiscreta"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, outubro 13, 2024

Uma Bela Surpresa para Todos os Familiares e Amigos de Fernando Barão


Ontem, durante a apresentação do livro da minha autoria, "Fernando Barão; (Quase) Tudo o que Vivi", as mais de cem pessoas que encheram a Sala Pablo Neruda, no Fórum Romeu Correia, em Almada, tiveram uma bela surpresa, durante a intervenção do vereador Filipe Pacheco, que fez parte da mesa de honra, em representação do Município de Almada.

O Vereador deu a todos a excelente notícia, que iria ser atribuído, brevemente, o nome de "Largo Fernando Barão", ao espaço que ainda continua a ser conhecido, popularmente, pelo "Largo da Bomba", onde em temos idos existiu uma bomba de água que abastecia os locais deste bem precioso. Ou seja o Largo junto ao Centro de Turismo de Almada, que foi durante quase todo o século XX, o quartel dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas.

Este lugar tem ainda outra particularidade, foi o lugar de "namoro à janela" de Fernando Barão com a jovem e bonita Isabel, que viria a ser a esposa e companheira da uma longa vida. Foi ainda a propósito deste namoro que o Fernando ganhou a alcunha do "Vai à Bomba"...

Em suma, uma escolha muito feliz do Município, que muito honra os familiares e amigos mais próximos do nosso "Barão de Cacilhas".

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, outubro 11, 2024

segunda-feira, outubro 07, 2024

A História de vida de Fernando Barão em Livro...


No próximo sábado será apresentado o livro, "Fernando Barão - Quase tudo o que vivi", na Sala Pablo Neruda, em que junto uma série de conversas que fui tendo com este Amigo, nos anos de 2018 e 2019, que acabaram por ser interrompidas com a Pandemia...

Ou seja, este livro é a história de vida de Fernando Barão, contada por ele próprio...


sábado, outubro 05, 2024

As Portadas na Entrada do "Corredor do Luís dos Galos"...


Já escrevi sobre esta gente, falsamente libertária, que depois da "ocupação" de espaços aparentemente abandonados - mas com dono -, tem o secreto desejo de construir por ali "condomínios fechados"...

Não foi de repente, foram chegando aos poucos. E hoje vivem dezenas de pessoas no Ginjal. Não fiz nenhum "recenseamento", mas acho que ainda não chegam à centena.

Ocuparam os espaços degradados e abandonados (a última família que ali viveu já saiu dali pelo menos há uma década), ou seja vivem aparentemente sem condições mínimas de habitabilidade (embora, "artistas" como são, lá fizeram as puxadas de luz da ordem, e electricidade é coisa que não falta. A água é que é um pouco mais complicada, tem de se usar o balde e o garrafão. Nada de preocupante, não por o Tejo estar ali mesmo ao lado, mas porque o "banho" está longe de ser a coisa mais importante para esta gente...).

Não estou muito preocupado com este aspecto (nem com nenhum, aliás...). Vivem como querem e como os deixam viver.

A única parte curiosa, é a história dos "condomínios fechados". Sim, ao longo dos mais de quarenta anos que conheço a entrada do "Corredor do Luís dos Galos", sempre foi um espaço aberto. Só hoje, é que tem portas... 

E no seu interior até já existe um "bar" e na parte de fora uma quase esplanada (já existem duas mesas e meia-dúzia de cadeiras...).

A liberdade sempre foi outra coisa. Aliás, "ocupação" nunca foi sinónimo de liberdade...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, setembro 30, 2024

O Adeus de um Grande Companheiro e Amigo...


Jaime Soares deixou-nos no dia 26 de Setembro. Era conhecido entre amigos apenas por "Jaiminho", um daqueles diminutivos que duraram a vida inteira, sem que fizesse alguma vez sombra ao grande desportista, ao grande associativista e ao ser humano de excepção, que sempre foi, defendendo e lutando por uma sociedade mais igualitária, fraterna e solidária.

Graças à "Tertúlia do Bacalhau com Grão", tornámo-nos bastante próximos (almoçarmos lado lado ajudou, porque a sua surdez acabava por ser um obstáculo no convívio com os amigos...). Era um prazer vê-lo "desempatar", as discussões acaloradas entre o Chico e o Orlando, quando andavam às voltas pela "Rua Direita" e metiam o número da porta de uma taberna ou da casa de um amigo comum, ligeiramente ao lado. E o Jaiminho lá explicava que a pessoa em causa morava em tal sítio, com argumentos que facilmente rendiam o Chico e do Orlando, que acabam a dizer "tens razão, é mesmo aí."

O mesmo se passava quando era o Almada, a Incrível ou a Academia, que, alimentavam as nossas memoráveis conversas. Apesar de ter sido operário a vida toda, era bastante culto e continuava a gostar de estar bem informado. O jornal continuava a ser uma das suas companhias durante o café da manhã (mesmo sabendo que o "Público" já não era o que tinha sido...).

Sei que há por aí muita gente que "detesta" a palavra coerência, e normalmente até metem "burros" ao barulho, para a denegrir. Eu sempre gostei, e continuo a gostar muito dela, tal como a maior parte dos amigos da nossa memorável "Tertúlia".

O Jaiminho além de ter sido sempre coerente com os seus princípios, foi uma das pessoas mais autênticas que tive o  prazer de conhecer, nesta terra especial, que é Almada.

(Fotografia do Carlos da "Olivença" - o Jaiminho aparece em primeiro plano à direita...)


quarta-feira, setembro 25, 2024

Gostamos de correr riscos...


Ao olhar para a sarjeta mais próxima da minha casa, quase coberta por folhas deste Outono, que chega quando lhe apetece, só tenho um comentário: gostamos de correr riscos.

Nos incêndios é o que sabemos, a prevenção fica quase sempre a meio caminho. Agora que começam as primeira chuvas, era bom que os responsáveis do urbanismo e das limpezas das nossas autarquias, não estivessem à espera que as suas localidades começassem a ficar "entupidas", abrindo o caminho às primeira cheias...

Já os antigos diziam que "mais vale prevenir que remediar"... Mas esta gente é moderna demais e finge não perceber o que é bom senso (e senso comum), ao mesmo tempo que demonstra gostar pouco de se antecipar aos problemas...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quinta-feira, setembro 19, 2024

A "Nova Sintese" de Abril


Sou um dos colaboradores da revista "Nova Síntese", comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, editada pelos Amigos do Museu do Neo-realismo, com o ensaio, "Sociedade Filarmónica Incrível Almadense - 175  de Associativismo Popular e Democrático".

A Revista será apresentada no próximo sábado, no Museu Neo-realismo, em Vila Franca de Xira.