O conhecimento sobre a fibromialgia em idade pediátrica é ainda escasso, no entanto a sua prevalência tem vindo a aumentar, sendo o diagnóstico precoce extremamente importante para uma eficaz abordagem terapêutica.
O que é?
Fibromialgia é uma doença não inflamatória, que se caracteriza por dor muscular generalizada associada a vários sintomas inespecíficos como fadiga e alterações do sono. A sua causa é desconhecida e afecta maioritariamente os adultos. No entanto, também pode ser encontrada em idade pediátrica, mais frequentemente na adolescência (entre os 11,5 e os 15 anos) e no sexo feminino. É comum haver pelo menos um dos pais com a mesma doença, apesar de não estar ainda demonstrada a transmissão hereditária.
Quais os sintomas?
Além de dor muscular generalizada e fadiga exagerada, também é comum existirem perturbações do sono, cefaleias e depressão que proporcionam mau estar e limitação nas actividades da vida diária, incluindo absentismo escolar. Por vezes, as queixas dolorosas são mais intensas de manhã e estão associadas a rigidez e sensação de edema articular.
Como se diagnostica?
Não existem análises específicas para o diagnóstico de fibromialgia, no entanto, estas podem ser usadas para excluir outras doenças com manifestações semelhantes.
O diagnóstico faz-se pela presença dos vários sintomas referidos anteriormente, associados a dor à palpação de determinados pontos distribuídos pelo corpo, os chamados pontos sensíveis, sem outras alterações no exame físico.
Há tratamento?
O tratamento requer uma abordagem multidisciplinar, tendo em conta os diversos problemas associados. Os objectivos principais são reduzir a dor, a depressão e as perturbações do sono e aumentar a actividade física.
É aconselhado exercício físico de baixa intensidade como a caminhada e a bicicleta, pelo menos 30 minutos por dia, de forma a aumentar a resistência cardiovascular, sendo este um dos pilares do tratamento. Em alguns casos mais graves e prolongados, poderá ser necessária a fisioterapia.
O tratamento farmacológico pode incluir relaxantes musculares e/ou antidepressivos, no entanto, este é o ponto menos importante do tratamento, não devendo ser utilizado por rotina. Também fazem parte das estratégias terapêuticas as terapias cognitivo-comportamentais (psicológicas).
Qual o prognóstico?
A natureza crónica da fibromialgia na população pediátrica tem importantes implicações no desenvolvimento psicossocial e pode dificultar a transição para a idade adulta.
O sucesso do tratamento é alcançado quando existe uma abordagem multifacetada da situação clínica. Numa fase inicial do tratamento (com o aumento da actividade física) poderá haver agravamento da dor, pelo que a persistência é essencial!
Apesar de pouco estudada, a evolução parece mais favorável nesta faixa etária, que na idade adulta.
Liliana Abreu, com a colaboração de Susana A. Carvalho, pediatra do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga