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quinta-feira, outubro 10, 2019

The National, "Hey Rosey"

Sharon Eyal, bailarina e coreógrafa israelita, protagoniza o novo teledisco de The National: Hey Rosey é mais um tema do álbum I Am Easy to Find, agora recriado numa envolvente dança urbana e pagã, com realização de Mike Mills.

domingo, julho 08, 2018

A água e o ar segundo Julie Gautier

Julie Gautier, francesa, 38 anos: mergulhadora, bailarina, realizadora, é autora de um universo de gestos e formas capazes de combinar, com suprema elegância, todos os seus talentos. Um dos exemplos mais extraordinários do seu trabalho é esta curta-metragem, AMA, com o tema musical Rain in Your Black Eyes, de Ezi Bosso — suspendam a respiração.


>>> Site oficial de Julie Gautier.

quarta-feira, março 14, 2018

Michaela DePrince por Madonna

[DanceSpirit]
Natural da Serra Leoa, Michaela DePrince, 23 anos, tem uma história de sofrimento, sobrevivência e admirável talento — de órfã da guerra vivil no seu país a figura principal da companhia do Bailado Nacional da Holanda (vimo-la numa breve participação no video de Lemonade, o álbum de Beyoncé lançado em 2016). Nascida Mabinty Bangura, foi adoptada, nos EUA, pelo casal Elaine e Charles DePrince, de New Jersey — foi com Elaine, aliás, que escreveu a auto-biografia Taking Flight: From War Orphan to Star Ballerina.
A MGM, detentora dos direitos de adaptação do livro ao cinema, anunciou a concretização do projecto, com realização de Madonna. Será a terceira longa-metragem assinada pela Material Girl, depois de Sujidade & Sabedoria (2008) e W.E. (2011)

>>> Michaela DePrince dançando ao som de Quiet Music, de Nico Muhly.

quinta-feira, novembro 21, 2013

Em conversa: Blanca Li (2/2)



Continuamos a publicação de uma entrevista com a coreógrafa Blanca Li, que apresentou esta semana o espetáculo Robot! no CCB, como parte da programação do Lisbon & Estoril Film Festival. Esta entrevista serviu de base ao artigo ‘Podemos procurar a emoção nos gestos e sons de uma máquina?’, publicado na edição de 18 de novembro do DN.

Assinou a coreografia para o histórico teledisco ‘Around The World’, dos Daft Punk. Certamente não imaginava que se transformaria numa peça de referencia...
Quando o fizemos nem pensámos que ia ter aquele êxito. O trabalho correu muito bem, o conceito era divertido. Trabalhei com 20 bailarinos, com diferentes técnicas. Foi um trabalho feito pelo prazer, mas não imaginava que seria um êxito planetário.

Nesse caso já havia música antes da coreografia . Como acontece mais frequentemente? Assim, ou o inverso?
Depende. Quando é um teledisco o que surge em, primeiro é a música. Mas nos meus espetáculos geralmente começo pela coreografia,. E trabalho a música depois.

E como a procura?
Vou pensando a coreografia... Neste espetáculo estava a procurar a origem do movimento e os gestos do corpo, as articulações e as sensações com os bailarinos... Era a ideia do corpo antes de ser corpo, como se estivesse num útero e depois o nascimento. Dou as ideias ao compositor e ele compõe e propõe coisas. Tendo os instrumentos, neste caso as máquinas, cada um mostrava um som diferente. Uma cena fala da industria, da utilização das máquinas em tudo o que é industrial e o compositor surge com uma música muito industrial. 

O que procurou na música para um espetáculo em que o homem ia conviver com a máquina?
A música foi toda feita com as máquinas. Os músicos estão em cena (são máquinas), e tocam ao vivo. A música está programada e é enviada por computador, via midi. Cada instrumento tem a sua partitura, mas tudo é tocado ao vivo. Toda a música é tocada por máquinas. 

Antes da dança começou por fazer uma carreira na ginástica. Foi um ponto de partida?
Deu-me uma base de trabalho diferente, muita força física e muita força de vontade. Quando se é ginasta de alta competição aprende-se a trabalhar de uma maneira muito intensa.

E mais competitiva?
Mas a parte competitiva era precisamente o que menos gostava. Mudei-me justamente da ginástica para a dança porque não gostava desse lado competitivo. Gostava mais do lado criativo e na dança há mais liberdade para criar.

O que atraiu na ideia de apresentar um espetáculo de dança num festival de cinema?
Encanta-me porque trabalho muito em cinema. Há 20 anos que trabalho em cinema como coreógrafa e como realizadora. E como colaboradora de muitos realizadores. Apresentei aqui dois filmes sobre o meu trabalho como coreógrafa. Mas agrada-me o facto de, num festival de cinema, se abrir espaço a um espetáculo de um coreógrafo que está entre esses dois mundos. 

A dança está pouco presente no cinema atual?
Muitos realizadores têm medo da dança. Trabalho com muitos realizadores que receiam que a dança não veicule a história ou crie algo que é demasiado musical. Muitas vezes querem usar a dança mas têm medo que seja demasiado, que pare a história... Por vezes é difícil. Poucos assumem essa vontade de meter a dança num filme. Muitas vezes recorrem à dança para acompanhar uma cena de comédia. Estar numa discoteca.... Mas não deixam que a dança tome o espaço narrativo. Está ali mas não se vê muito, que o importante é o diálogo... O que gosto mesmo é quando um realizador me diz que quer uma cena de dança e a assume. Como o fez Pedro Almodóvar no seu último filme.

quarta-feira, novembro 20, 2013

Em conversa: Blanca Li (1/2)


Iniciamos hoje a publicação de uma entrevista com a coreógrafa Blanca Li, que apresentou esta semana o espetáculo Robot! no CCB, como parte da programação do Lisbon & Estoril Film Festival. Esta entrevista serviu de base ao artigo ‘Podemos procurar a emoção nos gestos e sons de uma máquina?’, publicado na edição de 18 de novembro do DN.

O homem reflete sobre a máquina desde que a inventou. Os Kraftwerk desenvolveram mesmo, nos anos 70, uma reflexão sobre a relação entre o homem e a máquina. Como se podia então abordar este mesmo tema de um modo diferente?
Em tempos a robótica estava num patamar algo imaginário, de escritores e de cineastas. Buscava-se a imagem de como seria um robot. Hoje temos robots. A máquina hoje faz parte da nossa vida. Levanto-me, vou buscar dinheiro a uma máquina, pago a uma máquina no supermercardo, chego ao aeroporto com um cartão de embarque que saiu de uma máquina, viajo de comboio que é guiado por uma máquina... Quantas máquinas tenho na minha vida! São uma realidade. Há uma transformação da nossa sociedade, porque estas máquinas vão mudar o nosso comportamento e a nossa maneira de viver. Comecei a pensar nisto, e comecei a encontrar coisas incríveis na internet. Há coisas muito interessantes a acontecer. Reparei que no Japão havia muitos artistas a trabalhar com novas tecnologias e que, em universidades, há quem esteja a estudar o que serão os robots do futuro. E há empresas de todo o mundo a tentar ser a primeira a criar um robot de companhia... Fui até ao Japão para me encontrar com artistas, com pessoas que trabalham em robótica, fui ver exposições... Eu sabia que queria fazer um espetáculo sobre a relação entre o homem e a máquina mas não sabia por onde ir, por onde me focar... E a viagem que fiz ao Japão foi muito útil. Porque vi coisas muito diferentes e encontrei o Mawiak Denki, um coletivo que inventa máquinas musicais. Uma espécie de robots. Disse que gostaria de trabalhar com aquelas máquinas. Quando voltei do Japão fui visitar um fabricante de robots em França. Visitei-os porque fazem uns robots que se movimentam muito bem. Lancei-me então na criação do espetáculo e a ideia era a de falar sobre este novo mundo onde as máquinas já não estão no imaginário mas aqui. Falar disso de uma maneira poética e lúdica. E saber se podia criar emoções com uma máquina. Podemos criar essa emoção com público? Poderemos, nem que por um momento, sentir algo por uma máquina?

A ideia da inteligência artificial assusta-a?
A máquina é uma máquina e depende de nós. Tenho de a programar. Mas é imperfeita e temos de viver a cada doa com essas imperfeições das máquinas. Mas hoje as máquinas metem-me menos medo. Sei que podem tomar um espaço muito importante nas nossas vidas, mas a verdade é que há sempre um homem por detrás de uma máquina.

A máquina é, assim, uma expressão do homem?
Sim. Mas podemos ver o que nos diz a história. Se usarmos a máquina para fins mais é igual ao que aconteceu sempre. Haverá sempre quem vá usar as máquinas para dominar, para meter medo, para fazer a guerra. Mas também há um lado que pode ser interessante para todos os nós, já que podemos usar as máquinas para curar, para ensinar, para criar, para a inteligência... Há dias, a falar com um matemático, dizia que usando uma calculadora já nem precisamos de pensar para somar, o que de alguma maneira também anula coisas nossas. Mas se não sabemos como e porque a utilizamos, a máquina também não nos serve para nada. É complicado...

E como pensou o movimento. Quando imaginamos robots a mover-se surge-nos sempre aquela visão de gestos “robotizados”, mecânicos...
Com este espetáculo queria romper esse conceito do robot que se mexe assim. E evite-o ao máximo. Tentando dar um pouco de humanidade aos gestos dos robots e trabalhando os movimentos dos bailarinos de uma maneira mecânica mas sem os clichés da robótica. Refletindo sobre a realidade do corpo, as articulações... Porque um robot não se pode mover como nós. Há impedimentos. E a partir dessa consciência trabalhei a coreografia. Pareceu-me mais interessante que imitar um robot.

O filme Inteligência Artificial, de Steven Spielberg, mostra-nos um mundo em que os robots são aparentemente iguais a nós. Não era essa a visão que procurava...
Penso que o robot que se parece connosco mete-nos medo. E creio que o homem prefere um robot de plástico que tem cara de robot e de máquina. Quando mais se aproxima de nós mais medo mete. É um mito... Já vi uns robots japoneses que são quase como pessoas, mas com algo muito estranho. As nossas caras têm muitos pequenos músculos e de reações e os robots isso não podem fazer. E por isso têm uma expressão estranha e que mete medo. Os fabricantes estão por isso a procurar cada vez mais fazer robots que se pareçam com máquinas. À exceção dos robots sexuais ou coisas assim... Mas também já existem bonecas insufláveis há muito tempo.

(continua)

quarta-feira, junho 27, 2012

Madonna sob o signo de Tarantino

A aproximação de Gang Bang (álbum: MDNA) do clássico Bang Bang, interpretado por Nancy Sinatra (original de Cher, publicado em 1966) é algo que tem tanto de imediato como de visceral. Robin Skouteris & Pat Scott tomaram a questão à letra, reencenando a canção de Madonna numa poderosa remistura: The Gang Bang Theory é um caso invulgar de um trabalho que não se limita a formatar o original para pistas de dança, antes propondo uma recriação com tanto de metódico como de paródico — o teledisco de Panos T. aí está para o demonstrar.
A principal referência convocada é... Quentin Tarantino! Uma Thurman sai do duplo Kill Bill (2003 + 2004) para reviver as suas aventuras em paralelo com uma Madonna altiva, primeiro de emblemáticos óculos escuros, depois conduzindo um Chevrolet Camaro (cujas cores, amarelo e preto, rimam com a moto que Thurman conduz no filme de Tarantino). Ironia tingida de sarcasmo: as imagens de Madonna — as primeiras de Star (2001), curta-metragem para a série The Hire, da BMW; as segundas do teledisco de What It Feels Like for a Girl (2001) — pertencem a filmes dirigidos pelo ex-marido da cantora, Guy Ritchie.
A integração do som (e das imagens!) de Nancy Sinatra é admirável. São ainda citados Bon Jovi (You Give Love A Bad Name) e Drowing Pool (Bodies). A abrir, uma legenda avisa as almas mais vulneráveis: "Conteúdo chocante, incluindo violência, sangue, calão e Madonna." Estão avisados.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Música de dança

Mês Philip Glass - 25 


A relação de Philip Glass com a dança ganhou expressão desde que a sua música começou a passar pelos palcos. Em finais dos anos 70 o álbum Dances 1 & 3 registava inclusivamente em disco duas peças criadas para o Ensemble e destinadas a acompanhar coreografias. São já muitas as ocasiões em que a sua música estimulou o trabalho de coreógrafos e dançarinos. Mas se há momento maior na história da sua relação com o mundo da dança esse aconteceu em In The Upper Room, criação de Twyla Tharp para música de Philip Glass.

Criada em meados dos anos 80 a coreografia parte de uma série de composições expressamente criadas por Philip Glass para o efeito. Criada para os recursos instrumentais que o ensemble então conhecia, a música apresenta-se numa sucessão de composições que, unidas, sugerem uma ideia de ciclo e assim se completam.

A primeira edição da música de In The Upper Room chegou, em 1987, no álbum Dance Pieces que, no lado A, recolhia cinco das nove partes da obra criada por Glass para a coreografia. No lado B apresentavam-se elementos de Glass Pieces, uma outra coreografia (esta criada por Jerome Robbins), que na verdade recolhia elementos de Glassworks e de Akhnaten. Uma gravação integral de In The Upper Room surgiu apenas em 2009, em lançamento pela Orange Mountain Music.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Música de dança


Os Pet Shop Boys estão a trabalhar com Javier de Frutos num espectáculo de dança que eles mesmos descevem como “à antiga”, recuperando uma ideia de coreografia narrativa como as que Tchaikovski tornou célebres no século XIX. Baseada num conto de Hans Christian Andersen, The Most Incredible Thing estará em cena no Saldler’s Wells (Londres) de 17 a 26 de Março de 2011, devendo seguir-se digressão internacional entre finais do ano e inícios de 2012. Um CD duplo com a música criada para este espectáculo será editado pela Parlophone por alturas da sua estreia londrina.

terça-feira, outubro 13, 2009

Low, ao serviço da dança

Os Low vão assinar uma peça para uma coreografia de Morgan Thorson. Heaven (a coroegrafia) explora formas de êxtase ligadas a práticas religiosas e natureza ritualística da própria dança. A estreia está marcada para dia 15, em Houston (Texas).

sábado, setembro 26, 2009

A IMAGEM: o ensaio

Foto de V. Donev publicada no The Guardian

Um momento de um ensaio da companhia francesa Asphalte, em plena Semana da Dança em Sofia.

quinta-feira, março 26, 2009

O mundo, segundo Joni Mitchell

É agora editado entre nós o DVD The Fiddle and the Drum, o respectáculo de dança com canções de Joni Mitchell que precedeu o lançamento do seu mais recente álbum de originais. Em palco vemos a Alberta Ballet Company, numa coreografia de Jean Grand-Maître, que explora, com mote nas canções, reflexões que partem do mundo em que vivemos, do ponto de vista do desequilibrado historial de relações entre o homem e o ambiente. São preocupações que encontramos desde muito cedo na obra de Joni Mitchell, que aqui ganham corpo, movimento e espaço, num espectáculo que junta alguns clássicos e três canções inéditas (entretanto gravadas em Shine).
The Fiddle and the Drum não se esgota contudo nesta lógica “verde”, abrindo também espaço a quadros motivados pela guerra, de resto o tema central de uma exposição de pintura que a cantora estava a preparar quando Jean Grand-Maître a procurou para a desafiar para esta colaboração.
O DVD inclui uma interessante colecção de extras, desde uma explicação sobre a criação conjunta entre o coreógrafo e a cantora a entrevistas com alguns bailarinos e o realizador deste filme. Juntam-se ainda galerias com imagens de alguns dos elementos cénicos usados em palco.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Galina Ulanova, 1956

O título do DVD apresenta esta memória do Ballet Bolshoi como um "best of". Não deixa de o ser, mas, mais correctamente, trata-se do filme The Ballet Bolshoi, produzido e realizado por Paul Czinner em 1956. Registado através de uma hábil combinação de câmaras, este é um objecto histórico, uma vez que dá conta da primeira visita do Bolshoi aos palcos ingleses, liderado pela lendária Galina Ulanova — um DVD de referência, em edição apenas limitada pelo facto de não ter havido um trabalho de restauro das cores originais em eastmancolor.

terça-feira, agosto 12, 2008

Zhang Yimou: espectáculo de síntese

Gong Li e Zhang Yimou
— rodagem de A Maldição da Flor Dourada (2006)

À concepção e realização das cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim está ligado Zhang Yimou, nome emblemático do moderno cinema chinês — este texto foi publicado no Diário de Notícias (11 de Agosto), com o título 'O espectáculo de Zhang Yimou'.


A prodigiosa cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim resultou de um extraordinário labor colectivo, envolvendo milhares de pessoas. Em todo o caso, não deixa de ser desconcertante que, pelo menos até agora, se tenha falado pouco dos seus dois directores: o coreógrafo Zhang Jigang (criador internacionalmente prestigiado, várias vezes premiado, não apenas na China, mas também no Japão e nos EUA) e o realizador de cinema Zhang Yimou.
Valerá a pena evocar a personalidade de Zhang Yimou (n. 1951), porventura ainda o mais conhecido dos cineastas chineses, quanto mais não seja porque a transmissão televisiva reflectiu uma curiosa colagem a linguagens e modelos narrativos de raiz cinematográfica. Sobretudo nos quadros que integravam muitas figuras humanas alinhadas em xadrez (por exemplo, o número de percussão, logo a abrir a cerimónia), sentiu-se um jogo de variações de escalas, do grande plano ao plano muito geral, com claras raízes fílmicas.
Terá sido em 2002, com o filme Herói, que o nome de Zhang Yimou entrou definitivamente nos grandes circuitos internacionais. Evocando as lutas pelo poder no tempo do primeiro imperador da China, Herói era um épico próximo da tradição ocidental, em particular das superproduções de Hollywood, para mais com um elenco que incluía alguns dos mais populares actores chineses junto dos espectadores estrangeiros (com destaque para Jet Li, vedeta de muitas aventuras de artes marciais). O filme conseguiu alguns fundamentais apoios da distribuição americana, desde a Miramax (nas salas dos EUA) até à 20th Century Fox (em vários outros países), acabando por obter uma nomeação para o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Depois de Herói, O Segredo dos Punhais Voadores (2004) e A Maldição da Flor Dourada (2006) impuseram Zhang Yimou como símbolo de uma dupla estratégia de espectáculo: por um lado, o seu trabalho manifesta uma especial predilecção pelas memórias primitivas da China, nelas encontrando sempre, directa ou metaforicamente, sinais do confronto entre o velho e o novo; por outro lado, os meios grandiosos e a imponência física de muitas sequências dos seus filmes permitem-lhe jogar num terreno tradicionalmente dominado pelos americanos.
Mas não foi sempre assim. Antes destes títulos mais conhecidos, Zhang Yimou (que começou como director de fotografia) assinou cerca de uma dezena de filmes que, de facto, ajudaram a mudar a paisagem da produção chinesa. Ele integrou a chamada “Quinta Geração” (a que também pertence, por exemplo, Chen Kaige, autor de Adeus, Minha Concubina), grupo que abriu novos caminhos temáticos, estéticos e também comerciais ao cinema chinês. A primeira longa-metragem de Zhang Yimou, Milho Vermelho, vencedora do Urso de Ouro do Festival de Berlim de 1988, revelou mesmo aquela que se viria a transformar na estrela mais internacional da China: a actriz Gong Li.
A dupla Zhang Jigang/Zhang Yimou tem também a seu cargo a cerimónia de encerramento das Olimpíadas (dia 24). Tendo em conta o fulgor da abertura, podemos apostar que vamos assistir a mais uma aposta arriscada na síntese de diversas formas de expressão: teatro e bailado, televisão e cinema.

terça-feira, julho 03, 2007

'Blessed', hoje no CCB

'Blessed' abre hoje o Ciclo Meg Stuart, organização conjunta do Centro Cultural de Belém, Culturgest e Teatro Camões. 'Blessed' é uma nova coreografia que recupera uma velha colaboração da coreógrafa norte-americana com o bailarino português Francisco Camacho. Hoje, pelas 21.00 no Pequeno Auditório do CCB. Repete dias 6 e 10, pela mesma hora. A música é de Hahn Rowe (ex-Hugo Largo).