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2012/10/03

Esquerda e redenção

Vivemos em Portugal um momento ímpar. Existe hoje uma consciência dos problemas do país e dos meios para alcançar um devir mais equilibrado como, atrevo-me a dizer, nunca tivemos desde o 25 de Abril. Não estou a dizer que é suficiente para alcançar os desejados objectivos, mas sim que existe essa consciência, manifestada de mil formas, mais ou menos explícitas, como nunca se viu.
Essa consciência foi ganha no quadro do mais violento ataque feito contra o povo trabalhador português de que há memória, no meio de uma recessão sem precedentes, de um desemprego trágico, do esbulho inaudito dos rendimentos do trabalho e de uma tentativa reles de ataque aos direitos mais básicos do povo, incluindo o da liberdade de expressão.
Quando centenas de milhar de portugueses se movimentam nas ruas, quando o clamor atravessa e une gerações, hierarquias e género, e até derruba fronteiras sociais e políticas, antes julgadas intransponíveis, que resposta vemos nós do lado dos partidos da oposição?
O PCP e o BE, o mais que conseguem fazer, neste quadro de enorme revolta, agitação, angústia e expectativa por alternativas políticas credíveis, perante a arrogância indescritível do poder, é apresentarem juntos duas moções de censura separadas. Perante o quadro catastrófico e a necessidade reclamada por milhões de um sério esforço de união em torno de soluções verdadeiramente alternativas e eficazes para os problemas do país, o PS chuta para canto, e confirma-nos o papel que, por iniciativa própria, atribui ao troço "esquerdo" do arco do poder: malhar mais no bombo e juntar desastre ao desastre. Um verdadeiro escarro este PS.
Estão todos equivocados. O que o clamor popular e esta nova consciência revelam é que a maioria já percebeu perfeitamente ao que vêm os do poder, situem-se eles no arco ou nas órbitas. Já se percebeu a sinceridade das suas posições. E, não duvidem, vão ser castigados, eles também, duramente. Não me parece haver redenção possível.

2012/08/12

Vómito

Na classificação das fobias há uma chamada coulrofobia, ou seja, o medo de palhaços. Nesta história de fobias com conotações circenses, contudo, há uma outra —que não sei se tem ou não designação técnica— que me afecta especialmente: tenho fobia a contorcionistas. Especialmente se se trata de gente sem espinha, uma condição que a torna particularmente vulnerável, em risco iminente de se partir.
O caso das declarações de Zita Seabra não deveria suscitar uma linha sequer, se vivessemos num país a sério, com gente a sério. Infelizmente, tudo isto originou reacções tão inacreditáveis que me levam a ter de dizer também qualquer coisa sobre o assunto.
O que estranho fundamentalmente em tudo isto é que, em primeiro lugar, a criatura em questão, amante da democracia, da verdade e da transparência política, esqueça que não estamos no período do PREC. Estamos em 2012. O PCP já nessa altura fazia papel político de embrulho. Hoje nem papel de embrulho faz. Quem tem uma participação activa e decisiva na destruição da vida dos portugueses, quem contribuiu e continua a contribuir para lhes agravar o seu dia a dia, para fazer do seu quotidiano um martírio sem precedentes e um sofrimento atroz, quem decide medidas que fazem aumentar o desemprego para níveis que apontam para o domínio do crime público, quem produz a contradição insanável de pretender lutar contra o défice aumentando permanentemente o défice, quem desprotege ainda mais os desprotegidos, quem destrói a justiça e o equilíbrio sociais, quem fez recuar o nosso nível de crescimento para valores medievais, quem beneficia os corruptos, quem lambe o rabo dos poderosos, quem assina as leis é o governo do partido de Zita Seabra. O PSD, não o PCP.
Há ainda um outro pormenor, não despiciendo: é da mais alta hierarquia do PSD que provêm todos estes personagens que estão presos, usam pulseiras electrónicas, andam meio a monte ou estão envolvidos em negócios de legalidade duvidosa, nunca totalmente esclarecidos. Não é da hierarquia do PCP.
Zita Seabra parece conviver bem com tudo isso. Nada disto lhe parece fazer comichão.
Colheu Zita Seabra, sabe-se lá com o beneplácito de quem, o favor dos deuses do éter para dizer o que disse, com aqueles ridículos tiques de funcionária clandestina de que não parece nunca conseguir livrar-se. E disse-o sem que ninguém expusesse nenhuma destas contradições, sem que ninguém questionasse a oportunidade destas declarações, sem que ninguém, uma vez obtido todo este efeito, lhe perguntasse se acha então que é o PSD que garante os ideais pelos quais entendeu trair o seu partido de origem.
O que me remete para um apontamento final sobre o PCP, a propósito da nota que, sobre este assunto, tornou pública. O PCP devia ter chamado a atenção dos portugueses justamente para tudo isto. O assunto tornou-se sério e politicamente importante a partir do momento em que a contorcionista Zita foi deixada sem resposta. O espetáculo deprimente desta figura profundamente emética devia mesmo merecer uma análise mais séria, política e solidamente fundamentada, que o PCP não fez e devia ter feito.

2012/08/10

Silly Season

É fatal, como o destino. Todos os anos, por esta altura, as histórias mais inverosímeis enchem os orgãos de comunicação social. Com a classe política "a banhos" e o país "a ferro e fogo", os jornalistas necessitam de "casos" que ajudem a vender o seu produto. Nos países anglo-saxónicos chamam-lhe "silly season", nos germânicos "komkommertijd" (época dos pepinos) e nós? Talvez, "pepineiras". O que, aparentemente, começou por ser um caso de financiamento governamental para um projecto de painéis solares em Abrantes, ameaça transformar-se num argumento digna de Le Carré, mestre do romance de espionagem. A história conta-se em poucas palavras: Alexandre Alves, o famigerado "barão vermelho" (a cognome é todo um programa) foi acusado pelo ministério da economia de ter recebido uma avultada quantia do estado para iniciar um projecto de painéis solares. Dado que o projecto, por falta de verbas, não avançou em tempo útil, o governo quer o dinheiro de volta. Questionado por todas as estações televisivas em "prime time", Alves negou ter recebido qualquer verba do governo (o que foi corroborado pelo, então, presidente do Aicep) e apelidou de mentirosos os ministros que faziam tal calúnia. Foi assim na RTP, na TVI e na SIC. Faltava a SICN, onde Crespo, o "rei da pepineira", resolveu tirar da cartola, o trunfo das grandes revelações: Zita Seabra, personagem digna de um romance tantas são as histórias que deve ter para contar... E o que disse a Zita, instada pelo Mário sobre o "verdadeiro papel" da FNAC (não confundir com a cadeia francesa de produtos culturais), uma empresa de ar condicionado da qual Alexandre Alves foi presidente executivo nos anos oitenta? Que a "Fábrica Nacional de Ar Condicionado", a exemplo de tantas outras (jornal "O Diário", Editora "Caminho") era uma empresa do PCP, apoiada pela RDA (Alemanha de Leste), que teria um especial interesse em vender "ar condicionado" ao estado português... "Deixe cá ver se percebi bem", salivava o Crespo, antevendo a resposta à sua pergunta retórica: "A senhora está a dizer que a RDA queria vender aparelhos de ar condicionado aos ministérios, para poder pôr lá dentro microfones de espionagem? Em plena "guerra fria"? E Zita, rindo de matreira: "Bem, não posso afirmar que havia lá microfones, porque nunca os vi, mas que a RDA tinha um especial interesse em promover esses aparelhos, isso era claro"... Porque o jornalismo também é feito de contraditório, o Crespo lá convidou o Alexandre Alves para rebater a tese. Este explicou, de forma muito clara, o que estava a contecer e reafirmou que nunca recebeu qualquer dinheiro do governo, pela simples razão que o projecto nunca arrancou. Tornou a chamar mentirosos aos nossos governantes e desvalorizou as afirmações da Zita, de quem disse que "anda a viver à custa do anti-comunismo há mais de vinte anos". O Crespo, que não acreditava no que ouvia, não resistiu à última provocação: "Não o incomoda ser apelidado de "Barão Vermelho"? Ao que Alves responderia que era público que ele tinha sido militante do PCP há vinte anos e que, para além disso, era do Benfica... Hoje o DN notícia, em primeira página, que o Procurador Geral da República resolveu abrir um inquérito sobre as alegadas espionagens do PCP, no seguimento das acusações de Zita Seabra no programa da "Pepineira". A coisa promete. Resta-me uma dúvida metódica: Será que os aparelhos da FNAC, vendidos ao Sporting, tinham microfones do Benfica instalados?

2012/06/21

Castidade

O PS enfia o cinto de castidade e anuncia a abstinência, perdão, a abstenção, na moção de censura do PCP. Esperemos que seja a tal abstenção violenta...

2012/06/16

Tranquilidade

O PCP anunciou a apresentação de uma moção de censura ao governo. O BE mete o ponto morto e diz que tem de ver o texto primeiro. O Seguro do PS proclama, em estranho dueto com o PR, deus nos livre!, uma crise política agora, esquecendo-se que é, ele próprio, a crise política! O mesmo PC que apresenta esta moção —que estaria sempre derrotada à partida—, invocando a favor dela, com toda a justiça, o seu carácter simbólico e a necessidade de marcar uma posição face ao bombardeamento em curso contra o povo português, não se coibiu, ele próprio, no passado de criticar iniciativas de índole semelhante com o argumento que... estavam  derrotadas à partida.
Fragilizada, atomizada, incoerente, oportunista, preconceituosa e pífia, assim vai a esquerda portuguesa, certamente para grande gáudio da direita, desta direita reles e nauseabunda que governa e atrofia o grande País que é Portugal.
A direita não resolve os problemas do país com as suas soluções. Vê-se, sente-se. É fácil provar. Mas também a esquerda, que tem nela própria as armas para o fazer, reage desta forma patética e rasteira perante a necessidade de se mobilizar e de constituir uma frente unida. Num País a necessitar de uma solução de esquerda e de pão para a boca!
Não admira pois que o primeiro primeiro ministro estagiário que tivemos desde o 25 de Abril declare que está tranquilo...

2011/04/11

O arco e as flechas

Não percebo, com toda a franqueza, esta admiração em torno da inclusão de Fernando Nobre nas listas do PSD. Creio que só mesmo quem se quis deixar enganar terá votado nele para a presidência da república. A Presidência da República Portuguesa não é uma ONG e Fernando Nobre não demonstra, não tem!, as capacidades para ocupar um lugar destes (*). Se tivesse estofo de político, teria percebido que, no quadro de uma democracia, o que propõe é atributo de actuação de um partido. Para levar o seu desígnio em frente teria de criar um programa e um partido para o levar a sufrágio. Em alternativa, inventou esta coisa bizarra que é propôr um partido... apartidário. Uma espécie de SGPS unipessoal (**). Um disparate, destinado à derrota. Não fosse a mãozinha do clã Soares e Fernando Nobre nem ganhava a Câmara de Vila do Conde. Nobre nunca quis fazer política. Como escrevia ainda hoje o meu amigo Pedro Barroso, tudo não passa de uma "insuperável sede de protagonismo pessoal." Pelo lado de Fernando Nobre a cambalhota não deve, pois, admirar.
Já pelo lado do PSD a coisa não é tão clara. Parece estranho que o PSD, enquanto partido do "arco" se tenha disposto a acolher esta ideia de ter um presidente-partido, como candidato apartidário a presidente do orgão onde os partidos digladiam as suas teses. Confusos? Também eu!
Há nisto tudo uma estratégia suicidária que ainda não consegui perceber e, ou muito me engano, ou as asneiras não vão ficar por aqui. Passo a passo, Coelho dá tiros atrás de tiros nos pés. Em breve se revelará que a perna é mais curta que o Passos. Se alguém tinha esperança de que o PSD pudesse ser alternativa ao regabofe PS e pudesse fazer frente ao seu perturbante e ameaçador cerrar de fileiras demonstrado este fim de semana, o melhor é rever o seu raciocínio.
Com o País entalado como está, com o PCP e o BE a desperdiçarem ingenuamente uma oportunidade de ouro de pressionar o PS e estabelecer uma dinâmica de verdadeira alternativa de poder, estamos de novo entregues ao "arco". Faltam as flechas.

(*) Se o actual inquilino do Palácio de Belém tem capacidade para ocupar o lugar que ocupa é outra conversa...
(**) Verdade seja dita que o vencedor dessa eleição também inventou uma outra coisa bizarra que é a categoria de político... apolítico. E ganhou! Tudo é possível, pois, dentro do rectangulozinho lusitano.

2011/03/11

Testemunhas circunstanciais

Independentemente das motivações (há sempre motivações...), a moção de censura apresentada pelo BE pareceu-me um acto coerente. Tal como escrevi quando o PCP apresentou a sua moção em Maio do ano passado, e tal como aconteceu na altura, parece totalmente legítimo e consequente que os partidos da oposição obriguem, em bloco, este governo a cair face às críticas que lhe são, no geral, dirigidas. BE e PC votaram a moção, PSD e CDS abstiveram-se, uma atitude oportunista e irresponsável.
A moção não passou. O PSD terá feito as suas contas e concluído que não é a altura de transformar as palavras de crítica ao governo em acções coerentes. O PS deve estar mortinho por passar a pasta. Adivinha-se no discurso socialista já uma estratégia pós-eleições e o semblante dos ministros trai-lhes os verdadeiros desígnios. Mas não seria naturalmente expectável que fosse o próprio PS a pedir a demissão do governo que apoia. Falta pois o pretexto e o PSD, inseguro de si e sem uma liderança categórica, não faz esse "favor" ao PS.
O PR, esse, lembrou-se agora de reagir com firmeza, com um discurso muito admirado, mas que, tal como no caso do PSD, não passa de conversa.
Entretanto, prosseguem as negociações por causa do preço do gasóleo industrial. Incompreensivelmente, o braço de ferro parece estar a levar a um extremar de posições e ameaça transformar um problema menor numa enorme convulsão. Aqui poderá estar o pretexto que o PS tanto esperava para sair e obrigar o PSD a pegar na pasta.
E nós no meio de tudo isto, PEC-a-PEC, sabe-se lá à espera de quê.

2010/11/09

Os "mercados"

Quando ouvir dizer a palavra "mercados" outra vez, lembre-se deste artigo, que reproduzo do NYT com a devida vénia.
Pense nas dificuldades que sente, nos cortes dos pequenos salários e pensões, pense nas notícias que se ouvem sem cessar, pense nos PECs, nos PIIGS, pense na austeridade, na "austera" Merkel, no "apreeensivo" Barroso, pense, sobretudo, na cara do Presidente da República, na cara do Primeiro Ministro, na cara do Ministro das Finanças, na figura do Catroga de telemóvel na mão e do seu staff sorrindo a compasso por trás dele, pense nos deputados do PS e nos da oposição na AR Portuguesa, na cara e no discurso dos dirigentes  dos diferentes partidos. Pense nos comentadores e "politólogos" que a toda a hora invadem o nosso espaço com os seus malabarismos verbais e pense na conversa com que nos enchem os ouvidos a toda a hora.
Pare um momento e pense em tudo isto. Clique depois na imagem e leia o artigo...
Garanto-lhe: é um exercício que vai mudar a sua vida!

2010/10/12

Internacionalismo interesseiro?

Aquilo que me pareceu ser uma imbecilidade de todo o tamanho, pode afinal ser uma jogada de mestre! É que ontem ouvi a reacção do PCP à entrega do prémio Nobel da Paz. Uma reacção que me pareceu, à primeira vista, tão desastrada, tão desastrada, de um primarismo tão grande que nem queria acreditar no que ouvia.
Hoje leio que Wang Yong, do banco central chinês, aconselha a compra da dívida soberana dos países em dificuldade (Portugal, Grécia, Irlanda e Itália) para evitar a valorização do yuan acima dos 3%, pretendida pelos americanos. Ah!, pensei eu, afinal sempre traz água no bico a posição do PCP...
O PCP diz que o Nobel é "inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China". My mistake... Afinal, o PCP não foi desastrado, nem o Nobel atribuído a Liu Xiaobo é a condenação de um acto arbitrário de um estado que vive, em certos aspectos, numa situação de inexplicável paragem no tempo. Afinal o Nobel da Paz é um instrumento de pressão económica. E o PCP, numa atitude patriótica e surpreendentemente europeísta, faz o rapapé aos Chineses não vão eles chatear-se, como se chatearam já com a Noruega, e desistir da hipótese de "contribuir activamente para a resolução da dívida europeia", excluindo, nomeadamente, Portugal desse pacote de apoio activo.
Os insondáveis desígnios da diplomacia e da política internacional...

2010/07/22

Com este PSD assim vamos continuar a ter de gramar o PS...

Antes de mais nada há que perguntar por que raio vem toda esta histeria com a pretensa revisão constitucional?! É uma pergunta que deixo à imaginação dos leitores do Face. Ocorrem-me várias explicações, umas mais delirantes do que outras, mas deixemos por agora o assunto.
O que fica de tudo isto? O PSD quer liberalizar ainda mais os despedimentos. Ponto, parágrafo. É este o fim último da "estratégia" de revisão proposta. Como diz Carvalho da Silva "a Constituição é clara nesta matéria" e o que o PSD quer é, com cambalhotas de retórica capciosa, mas saloia, subverter simplesmente o princípio constitucional. Para quê, pergunta-se? Remeto para o primeiro parágrafo...
Sugerir, contudo, numa altura em que os trabalhadores e a população em geral vivem sobre as brasas da precariedade, numa altura em que diariamente fecham empresas e se anunciam constantemente novos despedimentos (ontem foi a Charles a anunciar o fecho das suas lojas e o despedimento de mais duzentos e tal trabalhadores), que seja possível despedir por "razões atendíveis", só pode ser equívoco, provocação ou piada de mau gosto... 
Já é possível despedir por "razões atendíveis", como é fácil constantar pelos números do desemprego. O PSD acha que não e  justifica a proposta... com o desemprego existente. Cuja causa atribui à dificuldade em despedir! É uma coisa absolutamente delirante, nunca se viu nada assim. 
À falta de um desígnio para o país (o primeiro ministro não se cansa de repetir esta ideia e, neste capítulo, convenhamos, tem razão...) , o que o PSD vem propôr é a captação de investimento para pagar os desmandos da república à custa de um regabofe ainda maior em matéria de despedimentos. Pior do que o que se passa agora, estão a ver?
Transformar o mercado de trabalho português numa espécie de enorme Feira de Carcavelos do Laboral, onde qualquer mafioso possa, simplesmente, vir explorar a mão de obra para canhão que temos, oferecendo condições ainda mais precárias de trabalho, sem estratégia, sem horizonte, sem valor acrescentado. Eis o grande desígnio do PSD para o País. PSD que, certamente empolgado com estas habilidades, faz soar alto as trombetas todas e cerra fileiras como se estivesse prestes a investir contra o turco! 
Deu contudo o PSD um valente tiro no pé. Conseguiu fazer o PS aparecer como um partido de esquerda, defensor dos valores do regime nascido em Abril de 74... Aparecer não como o partido culpado que é pelo estado a que chegámos, mas como defensor das vítimas que ele próprio fez. Dá vontade de rir ver o PS, a atacar com indignação as propostas do PSD. O mesmo PS que tem feito tudo para tudo mudar, sem precisar de rever a constituição e sempre com o acordo tácito do PSD. É patético! 
A sofreguidão com que o PS aproveitou esta escorregadela brutal de Passos Coelho, reagindo às propostas do PSD com enorme rapidez e metendo os seus pesos pesados todos a atacar a proposta social-democrata nos telejornais, ao vivo e em simultâneo, diz bem como a agência de agitprop do PS funciona. O PS sabe que o tempo não joga a seu favor e agiu rápido. A fogosidade de Passos Coelho traiu-o e fê-lo dar um trambolhão. Dentro de algum tempo os que agora aplaudem estas propostas vão receber a factura desta operação desastrada e a guerra dentro do PSD vai voltar a estalar. Tanto que o jovem prometia... O PS e o PSD devem estar agora a perceber os supreendentes elogios do dr. Soares ao novel cunico-presidente.
No meio disto tudo, os partidos da esquerda parlamentar parecem, pela reacção pífia que tiveram em relação a tudo isto, ter ido já de férias e o CDS lá se vai safando, marcando pontos preciosos ao fazer o discurso desta esquerda em aparente vilegiatura. O dr. Passos Coelho devia aprender umas lições de estratégia com o dr. Portas.