Volta não volta lá lemos mais uma notícia de uma criatura qualquer que nos Estados Unidos pega numa arma e atira sobre a multidão. Acontece em edifícios públicos, em parques e o atirador acaba geralmente a sua "performance" suicidando-se.
Não é só no E.U.A. que acontece este tipo de massacrees, claro, mas este país é particularmente fértil neste tipo de casos. Desta feita foi na universidade de Illinois Norte. Um antigo aluno da universidade atirou sobre mais de uma centena de alunos que assistiam a uma aula, matou cinco, feriu quinze e suicidou-se a seguir.
Pergunto o que leva uma pessoa a cometer este tipo de actos, e pergunto o que leva este tipo de actos a ocorrer com tanta frequência naquele país.
O acontecimento foi o quarto numa só semana nos E.U.A., que originaram um total de 9 mortos. O ano passado ocorreu um outro no Virginia Tech do qual resultaram 33 mortos.
Por coincidência, no mesmo jornal onde li este caso (o Público de hoje), a cineasta moçambicana Isabel Noronha declarava, a propósito dos recentes acontecimentos em Moçambique, que as reformas ditadas pelo Banco Mundial para esse país "esqueceram as pessoas".
É grande a tentação de dizer que nos E.U.A. os casos frequentes de massacres, do género do que ocorreu agora no Illinois, se fica a dever ao facto de ali se terem há muito esquecido das pessoas...
2008/02/16
2008/02/15
Trimestral
De acordo com o INE, o desemprego médio em Portugal foi de 8% em 2007. Pior do que nós, na Europa a 27, só a Eslováquia (10,8%) e a Espanha (8,6%). Desde 2000, quando as estatísticas registaram uma taxa de 3,9%, que o desemprego em Portugal não pára de aumentar. São 448.000, os desempregados actualmente registados nos Centros de Emprego, 50% dos quais de longa duração (mais de um ano) e 125.000 com mais de 45 anos.
Confrontado com estes números, o primeiro-ministro "deu a volta ao texto" e disse que as comparações devem ser feitas com períodos homólogos. No quarto trimestre de 2007 havia 8,2% e no quarto trimestre de 2008, havia 7,8%. Logo, estamos no bom caminho...
Acontece que, entre Dezembro 2007 e Janeiro 2008, o número de desempregados aumentou em 12.000. Porque a taxa de crescimento económico não atinge sequer os 2%, (a economia diz-nos que é necessário um crescimento mínimo de 2,5% para criar emprego) não é previsível, a médio prazo, uma mudança substancial desta situação. Ou seja, enquanto o desemprego se mantém estruturalmente alto e não é crível a sua diminuição, Sócrates diz-nos que devemos segmentar a estatística, pois dessa forma teremos uma imagem mais optimista da realidade. Ora aqui está uma boa notícia para os desempregados: quando estiverem deprimidos, pensem no trimestre homólogo!
Confrontado com estes números, o primeiro-ministro "deu a volta ao texto" e disse que as comparações devem ser feitas com períodos homólogos. No quarto trimestre de 2007 havia 8,2% e no quarto trimestre de 2008, havia 7,8%. Logo, estamos no bom caminho...
Acontece que, entre Dezembro 2007 e Janeiro 2008, o número de desempregados aumentou em 12.000. Porque a taxa de crescimento económico não atinge sequer os 2%, (a economia diz-nos que é necessário um crescimento mínimo de 2,5% para criar emprego) não é previsível, a médio prazo, uma mudança substancial desta situação. Ou seja, enquanto o desemprego se mantém estruturalmente alto e não é crível a sua diminuição, Sócrates diz-nos que devemos segmentar a estatística, pois dessa forma teremos uma imagem mais optimista da realidade. Ora aqui está uma boa notícia para os desempregados: quando estiverem deprimidos, pensem no trimestre homólogo!
2008/02/13
"Turning Point?"
A tripla vitória de Barack Obama nas primárias de ontem, onde conquistou os estados da Columbia, Maryland e Vírginia, está longe de garantir-lhe a vitória final nas eleições do campo democrático, mas são um sinal inequívoco da "onda" que, neste momento, parece varrer os EUA. Com 8 vitórias consecutivas e 1.223 delegados conquistados (em 2.025 possíveis), Obama ultrapassou pela primeira vez a sua rival directa e tornou-se o fenómeno maior destas eleições norte-americanas. Para Hillary Clinton, que à partida parecia ter os melhores argumentos, os tempos não parecem fáceis. A candidata natural dos democratas tem agora 1.198 delegados, o que não sendo uma diferença significativa em relação ao seu oponente, poderá ser um factor psicológico determinante no comportamento dos votantes futuros. Provavelmente, estamos a assistir a um "ponto de não-retorno" nestas primárias e, a avaliar pelas mudanças operadas no "staff" de Hillary, a candidata percebeu bem os sinais.
Por outro lado, no campo dos Republicanos, as contas começam a tornar-se fáceis. Com um total de 821 delegados (em 1.191 possíveis), a candidatura de John Mccain está a um passo de tornar-se oficial. Os 241 delegados de Mike Huckabee não devem constituir grande ameaça para o veterano do Vietnam. À falta de melhor, esta deve ser a dupla que o campo conservador vai eleger.
Pese a distância e a impossibilidade real de votarmos nas eleições norte-americanas, não podemos ficar-lhes indiferentes. Para o bem e para o mal, os seus resultados vão sentir-se do lado de cá do Atlântico. Como sempre, aliás. Daí o interesse em segui-las. Porque também somos parte interessada.
Por outro lado, no campo dos Republicanos, as contas começam a tornar-se fáceis. Com um total de 821 delegados (em 1.191 possíveis), a candidatura de John Mccain está a um passo de tornar-se oficial. Os 241 delegados de Mike Huckabee não devem constituir grande ameaça para o veterano do Vietnam. À falta de melhor, esta deve ser a dupla que o campo conservador vai eleger.
Pese a distância e a impossibilidade real de votarmos nas eleições norte-americanas, não podemos ficar-lhes indiferentes. Para o bem e para o mal, os seus resultados vão sentir-se do lado de cá do Atlântico. Como sempre, aliás. Daí o interesse em segui-las. Porque também somos parte interessada.
2008/02/12
Timor
O que se passou em Timor continua sem explicação clara. Para além da névoa, subsiste, para mim, uma outra dúvida: o que pensam agora os portugueses de tudo isto?
Lembram-se, certamente, todos do que foi o movimento gerado em Portugal depois dos massacres em Díli e do que foi a reacção dos portugueses face às imagens que nos foram chegando através da televisão. Lembram-se, certamente, todos do movimento maciço que se gerou (parecia espontâneo!) na altura da discussão do assunto no Conselho de Segurança. Lembram-se, certamente, todos das fitas brancas nas antenas dos carros (ainda hoje há carros que as conservam).
Os portugueses pareciam ter encontrado à volta da causa timorense o pretexto para uma inesperada, alargada e quase impensável união. A causa timorense uniu os portugueses entre si e uni-os, de forma que pareceu desinteressada, a um povo sobre o qual, na prática, conheciam afinal muito pouco.
O que pensar de tudo isto agora? O que pensar daquele povo que parece não conseguir governar-se sozinho e que só encontra, aparentemente, um método para resolver os seus problemas? Onde está a "inocência" de Timor? Onde estarão os inocentes? Haverá inocentes em todo este processo?
Que "união" resta hoje à volta desta causa? Que imagem terão os portugueses dos timorenses neste momento? Que imagem subsiste das vítimas "inocentes" do "carrasco" indonésio, agora entregues a si próprios?
Lembram-se, certamente, todos do que foi o movimento gerado em Portugal depois dos massacres em Díli e do que foi a reacção dos portugueses face às imagens que nos foram chegando através da televisão. Lembram-se, certamente, todos do movimento maciço que se gerou (parecia espontâneo!) na altura da discussão do assunto no Conselho de Segurança. Lembram-se, certamente, todos das fitas brancas nas antenas dos carros (ainda hoje há carros que as conservam).
Os portugueses pareciam ter encontrado à volta da causa timorense o pretexto para uma inesperada, alargada e quase impensável união. A causa timorense uniu os portugueses entre si e uni-os, de forma que pareceu desinteressada, a um povo sobre o qual, na prática, conheciam afinal muito pouco.
O que pensar de tudo isto agora? O que pensar daquele povo que parece não conseguir governar-se sozinho e que só encontra, aparentemente, um método para resolver os seus problemas? Onde está a "inocência" de Timor? Onde estarão os inocentes? Haverá inocentes em todo este processo?
Que "união" resta hoje à volta desta causa? Que imagem terão os portugueses dos timorenses neste momento? Que imagem subsiste das vítimas "inocentes" do "carrasco" indonésio, agora entregues a si próprios?
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