Andam os médicos oftalmologistas portugueses, Bastonário da Ordem incluído, preocupados com as operações às cataratas praticadas em Cuba. É compreensível. Se a moda pega (e parece estar a pegar), os cirurgiões nacionais podem perder uma boa parte dos seus potenciais clientes que é, como quem diz, negócio.
O que se passa afinal?
De acordo com as informações da Ministra da Saúde, dos 500.000 portugueses que aguardam uma primeira consulta hospitalar, 120.000 esperam por uma consulta de oftalmologia. Destes, 29.000 necessitam de uma operação às cataratas. As operações são, normalmente, feitas em hospitais públicos cujas listas de espera chegam a atingir três anos. Sei do que falo, pois a minha mãe esperou mais de dois anos, até poder ser operada através do Serviço Nacional de Saúde. Tinha, à época, 88 anos e, como é compreensível, não podia esperar mais tempo...
Esta é a situação da maioria dos idosos com cataratas, cujos rendimentos não lhes permitem apressar uma intervenção, relativamente fácil, mas para a qual parecem não existir meios ou médicos suficientes.
Por esta razão, algumas autarquias - Alcoutim, Vila Real de Sto. António, Santarém, Aljezur, Castro Marim e Alandroal - aderiram a um protocolo com Cuba, que inclui internamento em Havana, diagnóstico e operação, para além de uma estadia de duas semanas na ilha de Fidel, por cerca de 2000 euros. Caro?
De acordo com o presidente de Vila Real, mais barato e mais rápido do que em Portugal, com vantagens inequívocas, pois muitos dos idosos corriam o risco de cegar. Mais do que o preço, trata-se de um problema humano.
É pois, natural, que os oftalmologistas portugueses comecem a fazer contas à vida. Agora que os seus honorários podem diminuir, têm de praticar preços mais baixos. Felizmente que há cada vez mais gente a ver melhor...