Uma das notícias mais badaladas deste fim-de-semana é, certamente, o anúncio da OPA sobre as Acções do clube Benfica. O facto em si, numa SAD desportiva cotada em Bolsa, pode não ter nada de anormal. O insólito é uma pessoa como Berardo interessar-se por estas coisas do futebol. Ficámos assim, a saber, que ele também é "benfiquista".
Para quem tem acompanhado o percurso do comendador Berardo, desde os tempos da afamada colecção de "Pop Art" entretanto vendida ao estado português em regime de "comodato", passando pela herdade da Bacalhoa dos protegidos laranjais transformados em vinhas, até ao Parque de Estátuas Chinesas no Ribatejo, já nada nos espanta.
Berardo, um "selfmade man", esteve também como accionista menor na famigerada assembleia da OPA sobre a PT e, mais recentemente, envolvido na tentativa da OPA do BCP. Hoje mesmo, soube-se que ele é um dos contribuintes líquidos para o estudo do novo aeroporto em Alcochete, encomendado pela CIP. Um português e peras.
Não será pois de admirar, que Luís Filipe Vieira, presidente do SLB, venha a aceitar tão generosa oferta. Que raio, sempre são 30% a mais em cada Acção e ofertas destas não surgem todos os dias. E, depois, como resistir ao carisma do filantropo?
Marlon Brando, num filme que ficou célebre, não diria melhor: "Quero fazer-lhe uma proposta que não pode recusar..."
2007/06/15
2007/06/12
Assim se vê a força da ANMP!
Ora aí está: segundo o Público, "A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) vai processar o fiscalista Saldanha Sanches por "declarações caluniosas" sobre as relações entre o poder local e o Ministério Público."
Eu se fosse a ANMP ou o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público dava o braço a Saldanha Sanches e exigia que os problemas por ele referidos fossem totalmente clarificados até ao último autarca, até ao último agente do MP. Sairia desse processo, certamente, uma nova e desanuviada atmosfera. Os cidadãos deixariam de ter a ideia que têm de tudo isto.
A ANMP, não! Ameaça Saldanha Sanches por este não ter, supostamente, revelado os casos que conhece (por acaso até revelou alguns, mas a ANMP devia ter a tv desligada...). Estamos aqui numa situação semelhante aquela que ocorre no futebol. A sorte dos autarcas é que têm o estádio sempre cheio, senão tinham de vender as Câmaras aos espanhóis...
É isto. Só falta agora o SMMP processar também Saldanha Sanches para completar o ramalhete.
Uma pergunta apenas: afinal existem ou não instituições que têm a obrigação de promover esta investigação e de levar todo este processo até às suas últimas consequências...?
Eu se fosse a ANMP ou o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público dava o braço a Saldanha Sanches e exigia que os problemas por ele referidos fossem totalmente clarificados até ao último autarca, até ao último agente do MP. Sairia desse processo, certamente, uma nova e desanuviada atmosfera. Os cidadãos deixariam de ter a ideia que têm de tudo isto.
A ANMP, não! Ameaça Saldanha Sanches por este não ter, supostamente, revelado os casos que conhece (por acaso até revelou alguns, mas a ANMP devia ter a tv desligada...). Estamos aqui numa situação semelhante aquela que ocorre no futebol. A sorte dos autarcas é que têm o estádio sempre cheio, senão tinham de vender as Câmaras aos espanhóis...
É isto. Só falta agora o SMMP processar também Saldanha Sanches para completar o ramalhete.
Uma pergunta apenas: afinal existem ou não instituições que têm a obrigação de promover esta investigação e de levar todo este processo até às suas últimas consequências...?
Houdini
Sobre o aeroporto parece já estar tudo dito, mas o que poderá mudar é o sítio.
A menos que o governo - pressionado pela opinião pública, pela oposição e pela ingerência do presidente da república - queira mostrar que cede na discussão, para impôr a decisão. Dito de outra forma, agora que as eleições municipais e a presidência portuguesa da UE se aproximam, nada como esvaziar o balão da OTA e sugerir a alternativa de Alcochete. Interrogado pelos jornalistas à saída da discussão plenária, o inefável Lino achou tudo normal. Quando lhe perguntaram se havia recuo na decisão, disse que o governo apenas havia dado mais seis meses de estudo para encontrar a melhor solução. Não perceberam? Eu também não. Como diria o Houdini, após mais um truque de mágica: "et voilá"!
A menos que o governo - pressionado pela opinião pública, pela oposição e pela ingerência do presidente da república - queira mostrar que cede na discussão, para impôr a decisão. Dito de outra forma, agora que as eleições municipais e a presidência portuguesa da UE se aproximam, nada como esvaziar o balão da OTA e sugerir a alternativa de Alcochete. Interrogado pelos jornalistas à saída da discussão plenária, o inefável Lino achou tudo normal. Quando lhe perguntaram se havia recuo na decisão, disse que o governo apenas havia dado mais seis meses de estudo para encontrar a melhor solução. Não perceberam? Eu também não. Como diria o Houdini, após mais um truque de mágica: "et voilá"!
O tempo não nos chega
Regressado a casa estou a tentar entrar no quotidiano. Só para gerir a correspondência gasto imenso tempo. Uma das coisas que os novos processos de comunicação internéticos trouxeram, a par da facilitação dessa mesma comunicação, foi o muito mais tempo que se tem de despender. Só para mandar para o lixo metade dos e-mails, são horas. E eu, que passei anos em que quase não escrevia, agora escrevo todos os dias e não sei se sou mais feliz, porque fico sem tempo para outras coisas.
O sistema em que vivemos molda-nos mais que o que a gente pensa. Cria-nos necessidades a que depois sentimos a necessidade de responder. E àquelas estão sempre associados custos, de tempo mas também de dinheiro; para ter e-mail temos de ter computador, com os gadgets que a este vêm associados (impressora, scanner, ligação à net, etc., etc.), os anti-vírus, as actualizações...
A informação, fácil e em catadupas, que hoje temos, tornou ainda mais frenética a nossa vida; podemos, e queremos, estar a par de tudo, a qualquer hora. O dia está cada vez mais curto; o tempo não nos chega. E este não há ainda maneira de comprá-lo (a não ser vendendo a alma ao diabo, como Fausto ou Dorian Gray).
O sistema em que vivemos molda-nos mais que o que a gente pensa. Cria-nos necessidades a que depois sentimos a necessidade de responder. E àquelas estão sempre associados custos, de tempo mas também de dinheiro; para ter e-mail temos de ter computador, com os gadgets que a este vêm associados (impressora, scanner, ligação à net, etc., etc.), os anti-vírus, as actualizações...
A informação, fácil e em catadupas, que hoje temos, tornou ainda mais frenética a nossa vida; podemos, e queremos, estar a par de tudo, a qualquer hora. O dia está cada vez mais curto; o tempo não nos chega. E este não há ainda maneira de comprá-lo (a não ser vendendo a alma ao diabo, como Fausto ou Dorian Gray).
2007/06/11
Higiene pública
Uma curta nota apenas relativa às várias entrevistas recentes de Saldanha Sanches sobre o tema da corrupção. Não se pode deixar de saudar e dar relevo ao desassombro e à coragem das suas denúncias e à generosidade e oportunidade dos seus comentários.
Há ainda em todas estas entrevistas que tenho lido e ouvido dois outros aspectos que considero também dignos de realce e que, creio, estão interligados. De um lado, Saldanha Sanches chama a atenção, com total naturalidade, para a necessidade das instituições intervirem na sua esfera de competências, mesmo que seja para arquivar os processos. O que não é, de facto, natural, nem aceitável é que as instituições se calem e se demitam de exercer as suas atribuições.
Outra aspecto que, parece-me, deve ser sublinhado é que Saldanha Sanches revela factos e emite opiniões sem medo de ser conotado com esta ou aquela corrente política. Aliás, creio que nenhuma força política, nenhum cidadão, no final, enquanto agente e destinatário da coisa pública, fica de fora das suas acusações, da sua crítica e da sua análise. Na consciência dos Portugueses paira, furtivo, o espectro do oportunismo ou do comodismo na sua conveniente versão da delegação de poderes. E muitos terão, porventura, calado as suas ideias e omitido os seus reparos por obediência, não às suas convicções mais profundas, mas aos grupos mais ou menos organizados, mais ou menos evidentes de que fazem parte, sejam eles quais forem, ou aos seus interesses particulares. Por acção ou por inacção, a corrupção e o laxismo atingem, como ele sublinha, níveis muito profundos da sociedade e estão instalados de forma, dir-se-ia, endémica.
Na minha opinião, é um acto de higiene pública política, merecedor do nosso aplauso, este que Saldanha Sanches vem exercendo com as sua intervenções. Esperemos que seja também um acto eficaz.
Há ainda em todas estas entrevistas que tenho lido e ouvido dois outros aspectos que considero também dignos de realce e que, creio, estão interligados. De um lado, Saldanha Sanches chama a atenção, com total naturalidade, para a necessidade das instituições intervirem na sua esfera de competências, mesmo que seja para arquivar os processos. O que não é, de facto, natural, nem aceitável é que as instituições se calem e se demitam de exercer as suas atribuições.
Outra aspecto que, parece-me, deve ser sublinhado é que Saldanha Sanches revela factos e emite opiniões sem medo de ser conotado com esta ou aquela corrente política. Aliás, creio que nenhuma força política, nenhum cidadão, no final, enquanto agente e destinatário da coisa pública, fica de fora das suas acusações, da sua crítica e da sua análise. Na consciência dos Portugueses paira, furtivo, o espectro do oportunismo ou do comodismo na sua conveniente versão da delegação de poderes. E muitos terão, porventura, calado as suas ideias e omitido os seus reparos por obediência, não às suas convicções mais profundas, mas aos grupos mais ou menos organizados, mais ou menos evidentes de que fazem parte, sejam eles quais forem, ou aos seus interesses particulares. Por acção ou por inacção, a corrupção e o laxismo atingem, como ele sublinha, níveis muito profundos da sociedade e estão instalados de forma, dir-se-ia, endémica.
Na minha opinião, é um acto de higiene pública política, merecedor do nosso aplauso, este que Saldanha Sanches vem exercendo com as sua intervenções. Esperemos que seja também um acto eficaz.
2007/06/10
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