António Avelino Amaro da Silva (c. 1821 – 1889)
Proprietário, engenheiro civil, agrimensor, piloto de navios.
Não sei si nasceu no Brazil ou si naturalizára-se brazileiro, tendo seu berço em Portugal.
Sendo piloto examinado pela escola naval portugueza, serviu alguns annos como agrimensor na cidade de Valença, provincia do Rio de Janeiro.
Escreveu: — O Caramujo: romance historico original. Rio de Janeiro, 1863 [...]
in Sacramento Black, Augusto Victorino Alves, Diccionario Bibliográfico Brasileiro, Vol. I, pág. 116, Rio de Janeiro, Typographia Nacional, 1883
Filho de António Silva (1801 - 1879), natural de Adão Lobo, Cadaval, e de D. Joanna Francisca da Costa e Silva, filha de Manuel da Costa Telles Almas, de Lamego, casados em 1821, ou mesmo em 1820. Deste casamento teriam nascido catorze filhos.
António Avelino Amaro da Silva poderá ter sido o primeiro filho do casal, tendo, por isso, o nome igual ao do pai, como era costume nesse tempo.
Conhecem-se-lhe quatro irmãos: Francisco Emygdio da Silva (1823 - 1887), primeiro taquígrafo da camara dos deputados; Christiano Gerardo da Silva, professor de música e artista (em 1908, proprietário, idoso, encontrava-se doente); Pedro de Alcântara e Maria da Gloria, estes ultimos gémeos, nascidos na freguesia da Encarnação, em Lisboa.
Entre 1831 e 1833 decorre a ação de O Caramujo.
Segundo D. Francisco de Melo e Noronha e José Carlos de Melo, António Avelino Amaro da Silva, foi testemunha ocular da batalha e da vitória ocorridas em 23 de julho de 1833.
António da Silva, seu pai, recebe a medalha das Campanhas da Liberdade, instituída em 1861, com o algarismo 5, correspondente aos anos de serviço durante a Guerra Civil de 1826 a 1834, pelo que existe a clara possibilidade deste ter participado nos acontecimentos relatados no romance, assim como, na descrição dos lugares e caraterização dos personagens.
António Avelino Amaro da Silva entra para a Escola Naútica (Academia Politécnica do Porto) em 1844.
Em 19 de março de 1847, aspirante de 3.a classe a guarda marinha, é promovido a guarda marinha [
O Progressosta n.° 135, 1847] e, com o curso de piloto, permanece na Armada até 1855.
Chega ao Rio de Janeiro, como passageiro, no bergantim Clara [Bremen], proveniente de Santa Helena, após 12 dias de viagem.
[Correio Mercantil, 19 de julho de 1852]
De 1855 a 1859 publicita a sua actividade de agrimensor no Almanak Administrativo, mercantil e Industrial do Rio de Janeiro.
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Bandeira do Império do Brasil de 1822 a 1870
Imagem: Wikipédia |
Em 1859 casa com D. Delfina Amelia de Aquino Silva (1840 - 1872), filha de Joaquim Rodrigues de Aquino, tenente, e de Mariana Osória Leite, então já falecida.
Valença
Antonio Avelino Amaro da Silva. agrimensor, piloto, examinado e approvado, etc.:
Faz publico a quem interessar, aos que o tem honrado com sua confiança e
aos seus amigos. que se mudou para a fazenda de seu sogro, o Illm. Sr.
tenente Joaquim Rodrigues de Aquino no logar denominado Montacavallo,
divisa das provincias do Rio de Janeiro e Minas, margens do Rio-Preto,
para onde lhes podem dirigir quaesquer correspondencias pelo correio
de Santa Theresa de Valença.
Por esta mesma occasião agradece summamente as felicitações que lhe tem sido dirigidas pelo seu feliz consorcio com D. Delfina Amelia de Aquino Silva, e o faz sciente aos que no numero daquelles não tenhão recebido participação.
in Correio Mercantil, 7 de fevereiro de 1859
Instala-se na residência do sogro, na fazenda de Montacavallo, margens do Rio Preto, Santa Theresa de Valença, a região maior produtora mundial de café, nesse tempo.
Monta Cavalo e Mont’Alverne, criadas por Tomás Alves de Aquino, que viera do Turvo ou do Campo, como chamava a faixa do terreno além do Boqueirão. Tomás Alves deixou os seguintes filhos: Manoel Tomás, Joaquim Rodrigues de Aquino, Francisco de Assis Alves, Anastácio Rodrigues de Aquino, Dona Mariana, esposa de Joaquim de Paula e Souza e finalmente a esposa do Coronel Francisco de Assis Vieira, chefe do Partido Liberal até a queda do Império. Manoel Tomás Alves e Joaquim Rodrigues de Aquino tornaram-se proprietários das duas Fazendas comprando as partes dos outros herdeiros [...]
in Porto da Flores, Perfeitura de Belmiro Braga
Em 1862, noticia a liquidação de uns escravos de orfãos em que tem parte [Correio Mercantil, 25 de março de 1862].
No mesmo ano, legitimou-se a fim de obter o passaporte [Correio Mercantil, 12 de abril de 1862].
Em 1863 publica o romance histórico O Caramujo.
Em 1865 faz público que regressou da sua viagem á Europa, e que continuará com os seus trabalhos de medições de terras no Brasil, onde os exercia desde 1852.
Regressa ao Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1871, no paquete inglês Magellan [Diário do Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 1871].
A 7 de março volta a partir para Lisboa, no paquete francês Sindh, por motivos alheios à sua vontade [Diário do Rio de Janeiro, 8 de março de 1871].
Ainda no mesmo ano, 1871, propõe ao governo de Portugal, para Lisboa, um caminho-de-ferro americano de tração animal.
A sua esposa falece em Lisboa a 1 de abril de 1872.
Falecimento em Lisboa; Lê-se no Dário de Notícias de Lisboa em data de 2 do corrente: "Faleceu hontem ás 11 horas e 43 minutos da manhã, a Sra. D. Delfina Amelia de Aquino Leite e Silva, esposa do nosso amigo o Sr. António Avelino Amaro da Silva, proprietário e engenheiro civil. Era natural da provincia do Rio de Janeiro, onde conta muitos e abastados parentes. Contava 32 annos de idade. O seu funeral verifica-se hoje pelo meio dia. O inconsolavel esposo não faz especiais convites."
in Diário do Rio de Janeiro, 21 de abril de 1872
Em 24 de abril é rezada na igreja da Candelária, uma missa por D. Delfina Amelia de Aquino Leite e Silva [Diário do Rio de Janeiro, 24 de abril de 1872].
Tendo sido offerecida pelo directores da Companhia Economia a sua chacara das Larangeiras pareceu á commissão benefico alvitre o de estabelecer nella casa de convalescença. Foram encarregados desse trabalho os dignos membros da commissão dos hospitaes commendador Miguel Couto dos Santos, Caetano Pinheiro e o Sr. António Avelino Amaro da Silva, dignissimo gerente daquella companhia, que infelizmente enfermou logo após os primeiros trabalhos de seu cargo. [...]
No dia 1 de fevereiro fomos privados dos valiosos serviços do nosso companheiro o Sr. António Avelino Amaro da Silva, que, tendo trabalhado e dirigido os trabalhos de limpeza e reparos da casa (o que fez com a mais energica e boa vontade) debaixo de chuva constante cahiu doente e foi obrigado a retirar-se. Desde então tem sofrido constantemente a ponto de não ter podido até hoje voltar ás suas occupações civis [...]
in Diário do Rio de Janeiro 14 de setembro de 1873
Parte para Lisboa, na companhia da filha, em 29 de outubro no paquete inglês Araucania [Diário do Rio de Janeiro 30 de outubro de 1873].
Distinção honorifica — A Sociedade 1° de Dezembro de 1640 [posteriormente Sociedade Histórica da Independência de Portugal], de Lisboa, conferiu ao Sr. António Avelino Amaro da Silva o diploma e medalha de ouro de socio honorario da mesma sociedade pelo importante donativo que fez á comissão representativa daquela sociedade nesta mesma Côrte. O Sr. Avelino é um dos bons cidadãos portugueses que entre nós teem residido não só pela sua honradez como pela estima em que teem os brasileiros, do que muito folgamos em dar testemunho proprio pelo conhecimento intimo que temos do seu excellente caracter.
in Diário do Rio de Janeiro 19 de dezembro de 1873
Distinção honorifica — Sr. redactor, lemos a noticia que V. deu no seu numero de hoje, de haver sido condecorado o sr. Antonio Avelino Amaro da Silva, pelo serviço prestado na concessão feita de algumas acções da companhia que S. S. Era gerente, á Sociedade 1° de Dezembro de 1640.
Não é nosso fim reprovar essa distinção, nem entrar na analyse se ella foi bem ou mal merecida; o que nos cumpre protestar é contra a boa intenção com que aquelle senhor fez esse donativo. Quem sabe o modo arrogante com que este senhor tratou aos dignos directores da companhia que havia confiado ao Sr. Avelino a gerencia dos seus negocios, a ponto de aggredir aum delles em pleno publico, apellidando-os com a grosseira expressão — gallegos — e outras de igual jaez, certamente terá comprehendidoque nem o patriotismo, nem o amor á Sociedade Primeiro de Dezembro de 1640 levaram o Sr. Avelino a semelhante acto.
Quem insulta em publico os seus compatriotas, homens distinctos, cheios de serviços e de reconhecida posição social, chamando-os por um nome que aqui só é conhecido por injurioso, certamente que não merecia semelhante distincção. É neccessario não confundir patriotismo com fanfarronadas filhas do despeito.
in Diário do Rio de Janeiro 20 de dezembro de 1873
Em 1874, protesto de Antonio Avelino Amaro da Silva da Companhia Economia de lavanderia do Rio de Janeiro contra a accusação que lhe faz o relatorio da directoria de 31 de Julho de 1874 e analyse do mesmo relatorio [Biblioteca Nacional de Portugal].
A camara municipal desta cidade concedeu a auctorização ao sr. Antonio Avelino Amaro da Silva para estabelecer uma linha de caminho de ferro americano a partir do largo de Andaluz, pelas terras de Valle de Pereiro, rua do Salitre até ao Rato.
in Diário Illustrado, ed. 17 de novembro de 1874
Em julho de 1875 é noticiado e publicitado o falecimento de sua mãe.
Falleceu a Exma. senhora D. Joanna Francisca da Costa e Silva, esposa do sr. Antonio da Silva, um dos veteranos da liberdade, e mãe dos nossos amigos os srs. Francisco Emygdio da Silva, antigo sub-chefe da repartirão tachigraphica da camara dos srs. deputados, André [António] Avelino Amaro da Silva, engenheiro, e Christiano Gerardo da Silva, distinto musico. Tinha 75 annos de idade.
Senhora muita respeitavel, estremecia seu marido e seus filhos e era por elles adorada. Poucas vezes se terá visto mais amor maternal, poucas vezes terá havido mais dedicação filial.
Compartimos a dôr dos nossas amigos.
Acerca do enterro do finada, publicamos n seguinto convite :
Antonio da Silva, e seus filhos Francisco Emygdio da Silva, Antonio Avelino Amaro da Silva, e Christiano Gerardo da Silva, participam aos seus parentes e relações, que acaba de fallecer sua chorada esposa e mãe, a sr.a D. Joanna Francisca da Costa e Silva que se ha de sepultar hoje 24 pelas 11 horas da manhã, saindo o feretro da rua de S. Filippe Nery n.° 26, 2.° andar [residência de Innocencio Francisco da Silva, autor do Dicionnario Bibliographico Português, conforme atesta ainda hoje a placa apensa no edifício].
in Diario Illustrado, ed. de 24 de julho de 1875
Em Portugal, porém, onde effectivamente a palavra partidos é uma denominação completamente arbitraria, onde essa palavra não significa mais do que a reunião de um certo numero de homens, ligados não pelas mesmas idéas mas pelos mesmos interesses, comprehende-se que haja quem aspire vêr reunidos em uma mesma vereação os homens mais illustrados na certeza de que logo que se acharem debaixo do mesmo tecto, verão que há entre elles a mais completa uniformidade de principios e de opiniões.
[...]
É evidente que o governo favorece a listas do Srs. Rosa Araujo, Visconde da Azarujinha, etc. apoiando assim a reeleição da camara transacta.
A lista que lhes faz guerra é composta dos seguintes cavalheiros: Conde de Paraty, Luiz Manoel da Costa, Francisco Simões Carneiro, Joaquim António de Oliveira Namorado, José Elias Garcia, Antonio Ignacio da Fonseca, Manoel Gomes da Silva, Antonio Moura Borges, Zeferino Pedroso, Gomes da Silva, José Isidoro Vianna, Antonio Avelino Amaro da Silva e José Carlos Nunes [...]
in Diário do Rio de Janeiro, ed. 20 de novembro de 1875
Aproxima-se o dia para a eleição da vereação municipal que ha de gerir os negocios do municipio de Lisboa no proximo biennio e de dia a dia se activam os trabalhos preparatorios [...]
A segunda [lista] é composta dos seguintes cavallheiros: Conde de Paraty, par do reino, proprietario e grão-mestre do Grande Oriente Luzitano Unido; Joaquim Namorado, facultativo; José Izidoro Vianna, idem; Zophimo Pedroso Gomes da Silva, idem; Elias Garcia, lente da escoma do exercito e redactor da “Democracia”; José Carlos Nunes, negociante; Luiz Manoel da Costa, idem; Antonio Moura Borges, capitalista e negociante; Francisco Simões Carneiro, idem; Manoel Gomes da Silva, idem; Antonio Avelino Amaro da Silva, proprietario e engrenheiro; e Antonio Ignacio da Fonseca, cambista [...]
in O Liberal do Pará, ed. 7 de dezembro de 1875
Em 1876, Brito Aranha, confirma a presença de Antonio Avelino Amaro da Silva no funeral de Inocêncio Francisco da Silva, ambos pertenceram à loja maçónica 5 de novembro, mais tarde Loja Elias Garcia. No mesmo acontecimento é notada também a presença de António de Silva, seu pai [Silva, Innocencio Francisco da, Aranha, Brito, Dicionnario Bibliographico Português, Estudos..., Lisboa, Imprensa Nacional, 1883].
Em 15 de março de 1877, regressou ao Rio de Janeiro, acompanhado de sua filha, no paquete inglês Sorata [Diário do Rio de Janeiro, ed. 16 de março de 1877].
No mesmo ano regressou a Lisboa, acompanhado pela filha, no paquete Cotopaxi, em 8 de julho.
Em 1879 falece o seu pai, António Silva, com 79 anos.
Em 20 de dezembro de 1887 falece o seu irmão, Francisco Emygdio da Silva, com 64 anos [Diário Illustrado, ed. 21 de dezembro de 1887].
Em 1889, António Avelino Amaro da Silva, falece na sua casa, em Carnide.
Falleceu na sua casa de Carnide, onde residia, o Sr. Antonio Avelino Amaro da Silva, que durante muitos annos esteve no Imperio do Brazil onde desempenhou em varias provincias diversas comissões de engenharia cívil. O fallecido havia começado sua carreira na marinha mercante, tendo servido mais tarde à junta [governativa] do Porto, em 1846. Deixou um romance histórico intitulado "O Caramujo", onde são descriptas diversas scenas da lucta liberal.
in Tribuna Liberal, Domingo, 24 de Março de 1889
Referências:
Biblioteca Nacional de Portugal
Biblioteca Nacional Digital Brasil
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