Rua Passos Manuel, 67 B Lisboa
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sábado: das 10h-19h
{encerra aos domingos e feriados}
Está à espera que o mundo acabe,
o búfalo.
Ele está ali, desde o princípio.
O arroz, quem o semeia,
o rio, a chuva que nele cai,
as casas, as galinhas inquietas,
os bambus,
que o vento inclina
- tudo isso é transitório.
Bestiário
«“O cartoonista não tem por obrigação construir seja o que for. Se vemos que alguma coisa está mal, o nosso papel é destruir. Depois há gente que vem atrás e constrói sobre os escombros, mas não é nossa missão fazer crítica construtiva, isso cabe a outros, pensadores, políticos…” (entrevista, Maio de 2010). Talvez escombros seja exagero, mas a obra de Augusto Cid (Faial, 1941), que cumpre agora meio século, alguns estragos cometeu numa ou noutra figura da política nacional, como aliás exemplifica logo o primeiro dos auto-retratos que abrem esta antologia. E se começámos com o olhar do artista sobre o seu corpo, tínhamos de iniciar este texto com palavras suas sobre o seu espírito. O observador, que remete com ironia para pensadores e políticos a missão de construir, mexe com o objecto, incomoda com a perspectiva e a caneta. Pode até pedir desculpa, que não lhe evita dissabores: foi o primeiro desenhador de humor do pós-25 de Abril a ver livros seus apreendidos, sofreu processos e retaliações, antes ainda de outras mais duras e pesadas consequências devido a um acto de cidadania. Em país de coitadinhos sempre prontos a vestir o papel da vítima, preferindo os ademanes da simpatia à simples frontalidade, presos algures entre o cacique e o sabujo, Cid foi malcriado e panfletário, obsessivo e impiedoso, mas acima de tudo lúcido, acutilante e divertido.»
João Paulo Cotrim
Formato e acabamento: 23 x 29 cm, edição encadernada / 208 páginas / ISBN: 978-972-37-1513-2