quinta-feira, 29 de maio de 2014

ASCENSÃO










Porque estás a olhar para o Céu?

Perguntas-me,
com um sorriso admirado.

Mas eu nem sequer me dou conta
de que quando Tu partiste
Te fizeste,
afinal,
ainda mais chegado.

Não há razão para estar triste,
com medo,
ou desanimado,
porque quando ao Céu subiste
quando Te afastaste por fim,
deixaste de estar a meu lado
para ficares ainda mais perto,
e seres o todo e o tudo,
no nada que havia em mim.

Desceste depois como pomba,
língua de fogo,
ou como vento forte.
Fizeste-Te presença constante,
aqui, no meio de nós,
cumprindo a tua promessa:
«Eu voltarei para vós!»*



*conf. Jo 14,18

Monte Real, 29 de Maio de 2014
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 23 de maio de 2014

ESCREVER O “INSCREVÍVEL”!

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É sempre assim!
Sinto vontade de escrever, pego na folha branca e … nada!

E fico a olhar o branco imaculado, provavelmente à espera que surja um qualquer texto, que me toque e me arranque de uma letargia espiritual em que me parece ter caído.

É que não sinto aquela exaltação interior, aquela sensação da presença d’Ele junto de mim, dentro de mim, aquela voz que comanda a palavra que já sai escrita do coração, para apenas ser dada ao papel.

Torna-se árido o escrever e no entanto a vontade de colocar palavras no papel, ou melhor, de exprimir o que sinto, escrevendo, é mais forte que a falta das palavras.

Como é que se escreve o que não é “escrevível”?

Como é que se escreve transmitindo o sentimento de: Eu sei que estás aí, mas não Te sinto!

Há um vazio, mas não é um vazio sem nada, é um vazio de uma presença real, mas que não sinto … e me esvazia.

Me esvazia!!! Preciso de esvaziar-me de mim!

Preciso de deixar de querer, para passar a crer.
Preciso de deixar de gostar, para decididamente amar.
Preciso de apenas querer sentir, para definitivamente viver.

Calmamente espero sentir-Te, espero o regresso da exaltação interior e … nada!

Apenas e tão só esta certeza absoluta, real e verdadeira de que estás aqui, de que estás comigo, e de que não preciso de Te sentir, para Te ter.

Afinal sempre há palavras que escrevem o “inscrevível”!!!


Monte Real, 23 de Maio de 2014
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 20 de maio de 2014

O MEU AMIGO “ZÉ DA LAPA”









Quem é que entrou, Pedro, perguntou Jesus, como se não soubesse muito bem quem tinha entrado no Céu.

Foi o Zé da Lapa, Senhor, respondeu Pedro.

Ah, bem! Então, Pedro, é melhor chamares o Espírito Santo para o receber, que eles são grandes amigos.

Pois é, Senhor, respondeu Pedro, e temos que arranjar um espaço bem grande porque ele traz tantos pedidos com ele, que nem sei onde meter tanta “coisa”!

Não te preocupes, Pedro. Chama o Espírito Santo, que Ele arruma tudo isso num instante.
Vai ouvir cada pedido, um a um, de braço dado com o Zé da Lapa, depois vai soprar com aquele vento quente de amor, como só Ele sabe fazer, e todos aqueles por quem o Zé da Lapa pedir e se quiserem desapegar do mundo para Me seguir, vão voar nas asas do amor, vão descobrir a verdadeira vida e vão encontrar a paz, aquela paz, (sabes Pedro?), aquela paz que Eu dou, mas o mundo não pode, nem sabe dar.

Ah, Senhor, disse Pedro, já se sente o “Vento”, já sopra impetuoso, e lá em baixo, Senhor, já se vêem lágrimas transformadas em sorrisos, corações abertos, confianças renovadas, esperanças confirmadas.

À porta, depois de entrar no Céu, o Zé da Lapa insistia com Pedro:
Mas eu não preciso de lugar nenhum especial. Eu sou só o burrinho de Jesus!


Monte Real, 20 de Maio de 2014
Joaquim Mexia Alves


Meu querido amigo Padre José da Lapa
Aí no Céu, vela por nós.
Vela pelo “teu” Renovamento Carismático Católico em Portugal que tanto precisa da tua permanente intercessão junto do Espírito Santo.
As minhas saudades, são a minha alegria, são a minha acção de graças a Deus, por te ter conhecido.
Um abraço imenso do teu filho espiritual

Joaquim
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segunda-feira, 19 de maio de 2014

OBRIGADO PADRE LAPA!

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Há notícias que nunca queremos receber.

Faleceu o Padre Lapa!

Temos/tenho um intercessor no Céu.
Tendo sido ele o mais importante obreiro do meu caminho para Deus, com certeza que neste momento e sempre, não deixará de interceder por mim e por todos nós.
A minha divida de gratidão para com ele é imensurável!

As lágrimas que choro, são de uma saudade imensa que já se instala, mas também de uma alegria serena, porque quem morre em Deus, vive para sempre.

Obrigado Padre Lapa!
Obrigado para sempre!

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segunda-feira, 12 de maio de 2014

O BOM PASTOR

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Como ovelha perdida
aproximo-me do redil,
e mesmo do meio do rebanho,
no meio de tantas mil,
olhas-me nos olhos,
chamas-me pelo nome,
tomas-me nos braços,
e matas-me a sede,
alivias-me a fome.

E eu fico ali,
ovelha indefesa,
olhar de súplica,
cheio de alegria,
sedento de amor,
e Tu abraças-me,
cobres-me de beijos,
e dizes-me ao ouvido:
Eu sou o Bom Pastor!

E eu digo-te muito baixinho,
para não quebrar o momento,
o que os teus ouvidos ouvem,
e o meu coração sente:
Meu Deus e meu Senhor!


Marinha Grande, 12 de Maio de 2014

Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 6 de maio de 2014

OS "RE-CASADOS" SÃO IGREJA (6)

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Na minha experiência pessoal sempre me mostrei disponível, mas também o fiz porque o então Pároco de Monte Real, me chamou, me pediu que colaborasse em várias actividades da paróquia.
Isso, sem dúvida, fez-me sentir Igreja, fez-me sentir útil à Igreja, apesar da minha situação irregular, apesar de toda a minha vida passada.

Devemos lembrar-nos que quem vive estas situações, para além de estar emocionalmente ferido por causa do divórcio, (como vimos na primeira reflexão), é também muitas vezes confrontado com todos aqueles que de fora da Igreja a atacam, a criticam, por causa da Doutrina do Matrimónio.

Ora se estas pessoas só recebem críticas, indiferenças ou respostas negativas da Igreja, vão acabar por engrossar as críticas infundadas, porque não conhecedoras da realidade da Igreja, ou melhor, de como a Igreja devia acolher e amar estes verdadeiramente necessitados espirituais.

Ouvimos muitas vezes estas críticas servirem-se por exemplo do episódio da mulher adúltera a quem Jesus perdoa, para dizerem que a Igreja não faz o que Jesus fez.

Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno.» Jo 8, 10-11
Então é preciso explicar-lhes, com o amor de Jesus, que se esqueceram de uma parte muito importante, e que é a parte final do discurso de Jesus: «Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»

Porque a verdade é que há muita desconhecimento sobre a Palavra de Deus, sobre a Doutrina da Igreja, sobre aquilo que a Igreja realmente diz sobre estas situações, e por isso mesmo é preciso explicar com muita paciência e amor, não só àqueles que vivem estas situações mas também àqueles que vivem em Igreja e são a parte que deve acolher aqueles primeiros, e que só o poderá fazer bem, se souber bem o que a Igreja propõe.

E devemos fazê-lo sem tabus, sem reservas, mas com toda a franqueza, e aceitando as possíveis perguntas incómodas, o possível mal-estar, nunca deixando de responder com clareza fundamentada.

Recentemente propus ao Padre Armindo Ferreira, pároco da Marinha Grande, minha paróquia agora, a criação de um grupo de divorciados e re-casados, com o fim de os acolher, de os fazer sentir-se Igreja e também de os fazer perceber as suas especiais situações.

A ideia era de uma pequena palestra no início da reunião focando alguns aspectos específicos da situação dos divorciados e re-casados, de 10/15 minutos, seguida de um testemunho de alguém que esteja a viver essa situação, 10/15 minutos também. Seguir-se-ia um debate em que as pessoas poderiam colocar as suas dúvidas, as suas questões, as suas indignações, as suas revoltas, com toda a liberdade.
A reunião terminaria com adoração ao Santíssimo Sacramento, comunitária e participada.
O Padre Armindo aceitou de imediato a ideia e assim a primeira reunião teve lugar no mês de Fevereiro.

Foi uma muito boa reunião, em que as pessoas ao princípio “desconfiadas”, no correr do tempo se sentiram à vontade e partilharam as suas dúvidas e desacordos, tendo tido como muito bom que, vivendo alguns desses casais já a sua fé em Igreja dentro da Doutrina, puderam testemunhar isso mesmo, e assim, foi de dentro do próprio grupo que saíram algumas respostas.

Percebemos no entanto aquilo que atrás afirmei, ou seja, o muito desconhecimento, não só da Doutrina da Igreja, mas também do que é verdadeiramente seguir Jesus Cristo, ser Igreja.

Percebemos por exemplo que algumas pessoas vêem este estar na Igreja, este viver Jesus, como um quase “negócio”, ou seja, eu dou e Tu dás, dizendo coisas como: Eu fui tantos anos catequista e agora negam-me a comunhão? Os meus pais deram tanto para a Igreja e eu agora não tenho direito a comungar? Etc.

Antes da segunda reunião ter lugar, foi também tomada uma decisão, (pelo secretariado permanente da paróquia), que aqui desejo relatar.
Na Sexta Feira Santa a paróquia vai realizar uma Via Sacra pelas ruas da cidade.
As estações da Via Sacra foram distribuídas pelos diversos movimentos, obras e serviços da paróquia tendo proposto a esse grupo uma das estações o que foi prontamente aceite. Esta é sem dúvida uma boa maneira de fazer que estes nossos irmãos se sintam integrados, acolhidos na Igreja.

Regresso ao ponto do meu testemunho de atrás em que dizia que a minha mulher e eu vivemos cerca de oito anos e meio nesta situação.

A verdade é que todo esse caminho foi uma graça de Deus que nos ultrapassou, digamos assim. A comunhão espiritual em tantas eucaristias era de uma riqueza extraordinária, e dava-nos, deu-nos, uma consciência da comunhão eucarística, que posso afirmá-lo, julgo nunca teríamos se não tivéssemos passado por essa situação.
Era de tal modo intensa e verdadeira essa comunhão espiritual, que a decisão estava tomada, pois mesmo que a decisão do Tribunal Eclesiástico fosse contrária aos nossos desejos, nos manteríamos fiéis àquilo a que ambos nos tínhamos proposto.

Isto leva a pensar que aqueles que vivem estas situações em Igreja, aceitando o que a Igreja diz, serão as melhores testemunhas junto dos outros, porque não só podem falar do que é, mas sobretudo do que vivem, e um testemunho na primeira pessoa é normalmente um testemunho que toca.

Verdadeiramente, já o disse na primeira reflexão, não chegam os documentos, não chegam os pronunciamentos, (chamemos-lhe assim), da Igreja afirmando que os divorciados e re-casados são Igreja.
É preciso chamá-los, melhor do que isso, ir buscá-los, demonstrando-lhes na prática, não que a Igreja está com eles, mas sim que eles são Igreja, com alguma limitações, mas Igreja sem dúvida.

Para finalizar gostaria ainda de reflectir sobre todas estas notícias, entre aspas, que vêm constantemente na comunicação social, e às vezes até, de algumas pessoas na própria Igreja, quase afirmando que a Doutrina sobre o matrimónio vai mudar porque o Papa já o afirmou.

A verdade, julgo eu, é que o Papa nunca tal afirmou e assim estão-se a criar falsas expectativas que poderão ter um efeito muito doloroso, para não dizer mais, sobre aqueles que por tal mudança anseiam.

Claro que não devemos, eliminar radicalmente tais esperanças com radical negatividade, mas sim dirigi-las para um melhor entendimento da Doutrina da Igreja, para que cada um possa encontrar na sua própria situação o seu lugar como pedra viva da Igreja, no caminho de salvação que o Senhor Jesus Cristo a todos oferece.

O problema da família é hoje em dia algo que ultrapassa as fronteiras da Igreja, porque se torna hoje em dia num problema grave da sociedade.

Uma sociedade que não seja assente no valor da família é uma sociedade que tende a desagregar-se e até a morrer, porque como muito facilmente constatamos, por exemplo, a natalidade está a diminuir de modo tão drástico que já se começam a ouvir vozes pronunciadoras de gravíssimos problemas no futuro.

O divórcio é, quer queiramos quer não uma realidade dos nossos dias, mas a verdade é que após muitos divórcios também aparecem novas relações que constituem famílias estáveis e duradouras.

A essas famílias faltará o caminho para perceberam e viverem o amor de Deus, (que nunca lhes falta, porque a todos Deus ama), e faltará esse caminho se não formos capazes de dar respostas concretas em Igreja àqueles que a procuram a Igreja para nela sentirem e viverem esse amor infinito de Deus, que é, afinal, o elemento, (se me é permitido chamá-lo assim), indispensável a uma família, porque é o elemento unificador e santificador de cada membro da família e da própria família em si.


Joaquim Mexia Alves


Nota:
Final do texto da segunda intervenção da recoleção para sacerdotes, no Santuário de Fátima, que orientei no dia 7 de Abril passado, a convite do Senhor D. António Marto.

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sexta-feira, 2 de maio de 2014

OS "RE-CASADOS" SÃO IGREJA (5)

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Também a linguagem se torna fonte de revolta, indignação, quando utilizamos a despropósito palavras como pecado e condenação.
Com isto não quero dizer que o pecado não existe, e que as pessoas nessas situações, à luz da Doutrina da Igreja, não vivem em pecado, mas há muitas formas de o dizer, de o explicar, para que percebam o que a Igreja lhes diz.

Mas pior ainda se a palavra pecado vem acompanhada de alguma palavra que refere condenação, ou seja, qualquer coisa como: “Se continuares a viver assim estás condenado”.
Isto é terrível, e se nos colocarmos na situação de quem ouve algo parecido podemos perceber como a relação com a Igreja termina nesse momento e como dificilmente voltará a surgir.

Não pensemos que isto não acontece, que estou a exagerar, porque já aconteceu comigo.
Um dia, em que estávamos, (minha mulher e eu, casados civilmente por não podermos então celebrar o Matrimónio na Igreja), numa assembleia do Renovamento Carismático em Fátima, ela sentiu uma grande necessidade de se confessar.
Disse-lhe para não o fazer ali, com um sacerdote desconhecido, mas para aguardar para conversar com algum dos sacerdotes que nos conheciam e conheciam a nossa situação conjugal.
Ela no entanto achou que não havia problema e lá foi à procura de um sacerdote para se confessar.
Voltou passado pouco tempo, lavada em lágrimas, porque tendo encontrado um sacerdote, tendo-lhe explicado rapidamente a situação e pretendendo confessar-se, levou como resposta que vivia em pecado, que não podia confessar-se, e que se não se arrependesse e mudasse de vida, estaria condenada, tudo isto dito de forma abrupta e rude.
O efeito no momento foi devastador, sobretudo para ela. Demorou algum tempo a fazê-la perceber que o que aquele sacerdote tinha dito era uma enormidade e que não era assim que a Igreja pensava e agia.
Valeu-nos, obviamente, a nossa intensa vivência da fé e os sacerdotes nossos amigos para ultrapassarmos essa situação.

Mas se fossem outras pessoas na mesma situação, e não tivessem o apoio que nós tínhamos, nem a vivência tão intensa da fé que nós vivíamos, essa seria uma resposta adequada?
Claro que não, porque não deixando de ser verdadeira quanto à Doutrina, é terrivelmente dura, e sem dúvida afasta quem quer que seja, que se queira aproximar da Igreja.
Há muitos modos de explicar porque é que uma pessoa nessas circunstâncias não se pode confessar, e esta maneira não é seguramente a indicada.

A melhor resposta a dar, seria sem dúvida disponibilizar-se para ouvir a pessoa, explicar-lhe com amor e paciência porque não pode uma pessoa nesta situação receber a absolvição, mas ter a conversa necessária, deixando a pessoa desabafar, aconselhando, aliás como Bento XVI aconselha na Sacramentum Caritatis: «um diálogo franco com um sacerdote ou um mestre de vida espiritual»

O mesmo vale para a resposta a dar quando é perguntado porque não podem as pessoas nessas situações, receber a comunhão eucarística.

Mas não se julgue que apenas os sacerdotes, (alguns, claro, e sem dúvida sem qualquer intenção de magoar, mas por falta de discernimento no momento), têm atitudes destas para com estes irmãos que vivem re-casados.
Uma outra vez, numa celebração em Igreja, uma senhora veio ter connosco e disse-nos cara a cara, em frente da muita gente que ali estava, que sabia muito bem que nós não eramos casados pela Igreja e que por isso não tínhamos nada que ali estar.

Ora isto tem que levar-nos forçosamente a pensar, que tem de existir toda uma formação para os leigos, para que entendam a verdadeira situação destes irmãos re-casados e saibam também acolhê-los em Igreja, para que se sintam amados e não colocados de lado.
Lembro-me bem de alguns muitos olhares que recebia nos primeiros tempos de regresso a Deus e à Igreja, olhares do tipo: O que está este aqui a fazer? Este não tem lugar aqui!
E obviamente esses olhares doíam, sobretudo pela incompreensão das pessoas perceberem que é sempre tempo para regressar a Deus e à Igreja, regresso esse em que quem o faz tem necessidade de ser acolhido, de ser aceite, de se sentir amado em Igreja, porque esse amor é, podemos dizê-lo, o amor palpável de Deus.

A verdade, é que a mágoa, a dor que acontece pela falta da comunhão eucarística, pela impossibilidade de comungar na Eucaristia o Corpo e Sangue do Senhor, seria muito aliviada se as pessoas se sentissem acolhidas e amadas em Igreja, entendendo esta Igreja nas pessoas que a formam, ou seja, sacerdotes e leigos.

Precisamente por isso, não basta explicar doutrinalmente, (digamos assim), o porquê da impossibilidade da Confissão e da Comunhão, mas avançar com todo o amor para introduzir estas pessoas na realidade da sua situação em Igreja, fazendo-as sentir-se Igreja, isto é, dentro de tudo o que lhes é possível pela Doutrina, chamá-las a serviços na Igreja, no coro da paróquia, por exemplo, nas obras de beneficência, na organização das festas religiosas, nos conselhos económicos, etc., enfim na vida comunitária da Igreja.

Obviamente, podemos reflectir aqui se as pessoas nestas situações estarão disponíveis para esta colaboração em Igreja, mas a verdade é que se não lhes apontarmos esses possíveis caminhos, também elas por falta de informação se podem colocar de lado por terem receio que ao oferecer-se, ouçam um não como resposta.


(continua)
Joaquim Mexia Alves


Nota:
Continuação do texto da segunda intervenção da recoleção para sacerdotes, no Santuário de Fátima, que orientei no dia 7 de Abril passado, a convite do Senhor D. António Marto.
O texto é, obviamente, algo extenso, pelo que o publicarei aqui em diversas partes.
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