terça-feira, 28 de março de 2023

MOISÉS E A IGREJA

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Releio e medito nos primeiros Livros da Bíblia, no Pentateuco.

Para além do muito que vou reaprendendo, que vou reflectindo, que vou percebendo da Fé que me move e que é uma continuidade desde o primeiro versículo ao último da Bíblia, encontro, de repente, uma semelhança, uma comparação, um simbolismo, (não sei o que lhe hei-de chamar), entre Moisés e a Igreja.

Naqueles tempos antigos foi Moisés que conduziu aquele povo ao encontro de Deus, segundo a vontade de Deus, de modo a levá-lo até à Terra Prometida.

E fê-lo perguntando a Deus, escutando Deus, intercedendo junto de Deus, aceitando a vontade de Deus e comunicando ao povo a vontade de Deus.

Comunicou àquele povo a Lei de Deus, indicou àquele povo o caminho que Deus tinha para ele, alertou aquele povo para os seus erros, para as suas idolatrias, para os seus desvios, e rogou insistentemente a Deus por aquele povo, sempre que o mesmo desprezava Deus e se afastava de Deus, ficando assim sujeito a todo o mal que lhe pudesse acontecer.

Deus ouvia-o nessas suas preces e perante o arrependimento daquele povo, restabelecia a Sua aliança com o povo e protegia-o de todos os males.

E percebe-se pela leitura e reflexão daqueles Livros, como Moisés sofreu pelos erros do povo e até pelos erros de alguns que estavam ao serviço de Deus nas celebrações e rituais do culto de então.

Mas Moisés continuou sempre a acreditar e o povo sempre viu nele essa fé inquebrantável que os conduzia no caminho.

E, para terminar, Moisés não entrou na Terra Prometida apesar de ter conduzido o povo até ela.

Quero perceber então, como a Igreja Militante, a Igreja que peregrina, a Igreja destes nossos tempos, tal como Moisés naquele tempo, também nos conduz ao encontro com Deus, o Pai, O Filho e o Espírito Santo, para nos levar até à Terra Prometida, ou seja, à vida eterna junto de Deus.

E a Igreja fá-lo, também, perguntando a Deus, escutando Deus, intercedendo junto de Deus, aceitando a vontade de Deus e comunicando a vontade de Deus.

E a Igreja comunica também aos seus peregrinos neste mundo, (que somos todos nós), a Doutrina ensinada por Cristo na Sua Palavra, indica o caminho que leva ao encontro com Cristo, alerta-nos para os erros que praticamos, para as idolatrias em que de quando em vez nos deixamos envolver, para os desvios “doutrinais” que praticamos para fazermos a nossa vontade, e roga por nós, oferece o Sacrifício do Altar por nós todos os dias e em todos os lados, dá-nos os Sacramentos, presença viva de Deus entre nós, para que assim, em comunhão com Deus e com os irmãos, estejamos protegidos do mal do mundo que nos quer fazer perder.

E a Igreja também alcança de Deus o perdão para aqueles que, arrependidos dos seus erros, os confessam, prometendo emendar-se, restabelecendo assim a relação de amor eterno com os homens que, por sua culpa, tantas vezes quebram.

E também a Igreja sofre com os nossos erros e com os erros de alguns daqueles que foram escolhidos para servir a Deus como ministros ordenados e se perderam nos vícios do mundo.

E a Igreja é depósito da Fé e é nEla que podemos confiar para nos conduzir por Deus, com Deus e em Deus.

E também esta Igreja Militante não “entra” na Terra Prometida, pois lá passa a ser a Igreja Triunfante, nessa Terra onde nada falta porque é “só” e “apenas” Amor de Deus.

Obrigado, meu Deus, por Moisés!
Obrigado, meu Deus, pela Igreja!




Marinha Grande, 28 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 20 de março de 2023

OS PADRES E O CELIBATO

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«sua insondável vida interior, da qual provêm ordens e consolações singularíssimas; dela decorrem também a lógica e a força nas grandes decisões, próprias das almas simples e límpidas, como foi a de colocar imediatamente à disposição dos desígnios divinos a própria liberdade, a sua legítima vocação humana e a sua felicidade conjugal, aceitando a condição, a responsabilidade e o peso de uma família e renunciando, por um incomparável amor virginal, ao natural amor conjugal que constitui e alimenta essa mesma família» (São Paulo VI, alocução 19 de março de 1969).

Leio hoje estas palavras de Santo Paulo VI e quero ver nelas o que vai para além da figura extraordinária de São José, o pai por excelência.

Num tempo em que tanto se fala no celibato dos padres, sou levado a ver na vida de São José um exemplo extraordinário dessa entrega a Deus na totalidade.

Sim, São José teve uma mulher, Maria, e teve um filho adoptivo, Jesus, Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, constituindo assim uma família.

Mas para dizer sim, também, a Deus, como Maria sua esposa, renunciou ao «natural amor conjugal», (no dizer de Paulo VI), e assim permaneceu em toda a sua vida.

Assim ao colocar nas mãos de Deus a sua liberdade de homem, libertou-se verdadeiramente de tudo, para melhor servir a Deus, como homem escolhido para O servir de forma singular.

São José foi pai, e a palavra padre vem do latim pater, que significa pai, também.

Os padres, então, também os podemos ver como pais, irmãos, família e talvez, mesmo por isso, Jesus nos diz:
«Em verdade vos digo: quem deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, no tempo presente, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, juntamente com perseguições, e, no tempo futuro, a vida eterna.» Mc 10, 29-30

Na sua entrega, então, a Deus, também os padres na sua liberdade, como São José, se libertam do «natural amor conjugal», para totalmente livres, servirem a Deus servindo os outros.

Obviamente que estas reflexões são fruto do meu permanente querer ver em tudo a mão de Deus, talvez uma visão pessoal que partilho com os outros, e não um qualquer “tratado” seja do que for, para o qual não estou habilitado.

Que São José rogue por todos nós, especialmente pelos pais e muito pelos Padres, para que todos encontremos na figura e exemplo de vida deste grande Santo o caminho e entrega que todos devemos ter à vontade de Deus, dizendo-Lhe o sim incondicional de Maria e de José.




Monte Real, 20 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 14 de março de 2023

SETENTA VEZES SETE

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Não, não lhe posso perdoar, pensava ele enquanto caminhava pela rua ao encontro daquele que o tinha ofendido.

A ofensa tinha sido gravíssima, tinha-o magoado profundamente e a dor da revolta ainda vivia permanentemente nele.

Reparou que estava a passar numa igreja e, sendo cristão, decidiu entrar e fazer uma oração para pedir a Deus forças para aquele encontro tão difícil.
A igreja estava praticamente vazia e ele sentou-se num banco falando em surdina com Deus.

- Ó, Senhor, percebes, com certeza, porque não posso perdoar àquele que tanto me ofendeu?
Não tenho forças em mim para o fazer.

Não sentiu nenhuma resposta e por isso continuou.

- Doeu-me e dói-me tanto, Senhor. Ele prejudicou tanto a minha vida! Como posso eu encontrar em mim razões para o perdoar?

O silêncio exterior e interior permaneciam e ele percebeu que afinal, dentro de si, procurava uma resposta de Deus que o ajudasse naquele problema que ele não conseguia resolver.

- Senhor, (disse ele baixinho para que os poucos que ali estavam não ouvissem), ajuda-me a perceber a Tua vontade neste meu problema.

Ouviu então claramente, dentro de si, uma voz que dizia:
«Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.» (Lc 23, 34)

Lembrou-se imediatamente da frase e do seu contexto e por isso ficou estático, admirado, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer.

No entanto “arriscou” responder, dizendo:
Mas, Senhor, Tu és Deus e o Teu amor é infinito!

Sentiu novamente no seu coração aquela voz que lhe dizia:
Meu filho, se Me procuras é porque queres ouvir a Minha resposta, saber da Minha vontade.
Então lembra-te do que Eu disse a Pedro: ««Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.» (Mt 18, 22)

- Mas eu não consigo, Senhor, não tenho amor em mim que chegue para esse perdão!

E novamente ouviu:
Percebes então porque vos digo para que Me amem acima de tudo?
É porque só no Meu amor e com o Meu amor tereis amor suficiente para vos amardes uns aos outros, e assim vos poderdes perdoar, mesmo nas piores ofensas.

- Ah, Senhor, dá-me então do Teu amor para eu poder perdoar, pois não quero viver no rancor nem no ressentimento que envenenam a vida.

- O teu desejo de perdoar é o primeiro passo para poderes perdoar.
Agora pede por aquele que te ofendeu, mesmo que isso te custe e até te pareça que não é muito sincero. À medida que o fores fazendo o amor, o Meu amor, irá sarando a ofensa, irá abrindo o teu coração ao perdão e, finalmente, poderás perdoar e perceber o outro como teu irmão em Mim.

- Obrigado, Senhor, acredito que sim, porque já sinto dentro de mim a paz que necessito para poder ter uma primeira conversa com o meu ofensor e sinto, por Tua graça, que o amor e o perdão tomarão conta de mim e eu perdoarei a quem me ofendeu.

Saiu da igreja e caminhou apressado, com um sorriso nos lábios, ao encontro daquele que o tinha ofendido, (pelo qual rezou em surdina um Pai Nosso), sentindo uma paz e serenidade que há muito não sentia.

Dentro de si apenas repetia:
Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!



Monte Real, 14 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 7 de março de 2023

A RECTA CONSCIÊNCIA

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Hoje, Senhor, trazes a consciência à minha reflexão diária.

Docemente, como sempre fazes, dizes-me ao coração:
Sabes, meu filho, como se fala sempre de que a consciência está primeiro e deve reger a vida de cada um.

E é verdade, mas a consciência deve ser formada, (embora ela esteja no coração do homem como uma lei escrita pelo próprio Deus), ou seja, deve ser uma recta consciência.

A consciência, sobretudo do cristão, deve ser formada no amor de Deus, no dom da Fé e na Doutrina da Igreja, porque só assim, a consciência nos pode guiar segundo a vontade de Deus.

Por isso o homem deve procurar sempre a verdade e o bem.

E, meu filho, se tens que tomar uma decisão e pretendes iluminar a tua consciência segundo a verdade e o bem, procura conselho, mas não procures inúmeros conselhos até encontrares um coincidente com a tua vontade, porque então estarás a tentar enganar a tua consciência, procurando fazer a tua vontade e não a vontade de Deus escrita indelevelmente na tua consciência.

Fico a meditar no que me dizes, e peço-Te:
Leva-me, Senhor, a procurar formar a minha consciência segundo a verdade e o bem, segundo a Tua vontade.

Que eu não queira nunca manipular a minha consciência para fazer a minha vontade, mas sim que procure sempre o bom conselho e o siga, mesmo que me custe e não seja aquilo que eu julgo desejar para a minha vida.

Que eu deixe sempre o Espírito Santo iluminar a minha consciência para que em tudo eu faça apenas e só a Tua vontade.

Obrigado, Senhor, pela consciência que me dás e dás a cada um.



Marinha Grande, 7 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves


Nota: «No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado. A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser. Graças à consciência, revela-se de modo admirável aquela lei que se realiza no amor de Deus e do próximo. Pela fidelidade à voz da consciência, os cristãos estão unidos aos demais homens, no dever de buscar a verdade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida individual e social. Quanto mais, portanto, prevalecer a recta consciência, tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe da arbitrariedade cega e procurarão conformar-se com as normas objectivas da moralidade. Não raro, porém, acontece que a consciência erra, por ignorância invencível, sem por isso perder a própria dignidade. Outro tanto não se pode dizer quando o homem se descuida de procurar a verdade e o bem e quando a consciência se vai progressivamente cegando, com o hábito do pecado.» Guadium et Spes (16)

domingo, 5 de março de 2023

IRMÃS CLARISSAS DE MONTE REAL

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Alertado por uma publicação das Irmãs Clarissas de Monte Real, recordo hoje a chegada das mesmas Irmãs a Monte Real para darem início ao seu projecto, (projecto de Deus, sem dúvida), de construção de um Mosteiro em Monte Real.

Instalaram-se num edifício das Termas de Monte Real, e ali começaram a viver em comunidade, que já prefigurava o Mosteiro em que hoje em dia adoram continuamente Deus, no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e intercedem por todos nós perseverantemente, em contínua oração.

Muitos frutos essa adoração e intercessão nos dá a todos, e a mim em particular a certeza, (como já tantas vezes afirmei), de que as suas orações por mim, (a pedido de minha mãe), alcançaram a graça de Deus para a minha vida e me transformaram no homem que hoje em dia sou, pecador, mas procurando sempre no amor de Deus a redenção e tentando sempre servi-Lo, servindo os outros, em tudo aquilo que gratuitamente Deus, na Sua infinita bondade coloca em mim, pobre servo inútil que tento ser.

A serenidade, a paz, a bondade, que cada vez que visito aquele Mosteiro sinto naquelas Irmãs, é uma prova mais que evidente, da presença de Deus nas suas vidas e no meio de nós.

É que a felicidade com que vivem só pode vir de Quem é a verdadeira felicidade!

E hoje, neste Domingo da Quaresma, em que lemos e meditamos na Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo, vem ao meu coração que aquelas Irmãs Clarissas todos os dias sobem a «um alto monte» (Mt 17, 1) e ali, desprendidas de tudo e até delas próprias, rezam como Pedro dizendo «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, deixa-nos fazer aqui tendas para todos aqueles por quem rezamos», (cf Mt 17, 4) e acrescentam: para que estando mais junto de Ti, Te encontrem e vivam no e do Teu amor.

Uma dessas “tendas” por elas construídas em oração, abrigou-me e abriga-me ainda, e eu feliz dou graças a Deus pelas “minhas” queridas Irmãs Clarissas de Monte Real.

Tudo e sempre para a maior glória de Deus!




Marinha Grande, 5 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 3 de março de 2023

DIA MUNDIAL DA ORAÇÃO

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Neste dia de hoje gostaria de escrever algo que que pudesse transmitir o que é para mim a oração.

O mais óbvio é que a oração tomou conta de mim, ou seja, que, em quase todos os momentos e situações, (sem qualquer mérito da minha parte que não seja a disponibilidade), o meu coração, o meu ser, se abre à oração e assim eleva o meu espírito para Deus.

Infelizmente e, apesar da oração, continuo um pecador constante, necessitando cada vez mais de oração para poder perceber no meu íntimo que Ele está sempre comigo, me toma nos Seus braços, me faz levantar a cabeça, e guia os meus passos.

O extraordinário da oração constante é que, de quando em vez, ela nos eleva a uma proximidade tão grande com Deus, que O percebemos, não ao nosso lado mas em nós, e nesses momentos enche-nos por completo e ficamos como que crianças nas Suas mãos protectoras.

Mas também em situações difíceis, dolorosas, em que por vezes é tão difícil orar, se abrimos o nosso coração e deixamos que “saia” uma oração, por mais simples que ela seja, tudo se acalma, a dor pode permanecer, mas nós percebemos que não estamos sozinhos.

Olho para dentro de mim e percebo que poderia escrever tanto mais sobre a oração, para chegar à conclusão que afinal, ainda estou muito longe da oração constante e perseverante.

Por isso, neste dia Mundial da Oração, coloco os joelhos em terra, baixo humildemente a cabeça e oro: Senhor, ensina-me a rezar!



Monte Real, 3 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 1 de março de 2023

A “MINHA” IGREJA

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Comecei a escrever este texto de reflexão para mim, com esta pequena frase “a minha igreja”.

Logo de imediato percebi que eu não tenho uma igreja, que a igreja não é minha, mas sim que eu sou Igreja.

Ora este pensamento real e verdadeiro descansou-me e pensei que ainda bem que a Igreja não é minha, porque se fosse estava ferida de pecado, porque eu sou pecador.

Agora sendo eu Igreja e sendo pecador, a Igreja está isenta do meu pecado, porque Ela não me pertence, mas acolhe-me e recebe-me com todas as minhas qualidades e defeitos e mostra-me o caminho para que, sendo eu pecador, possa um dia, (caminhando todos os dias em Cristo), almejar a ser santo, não para ser colocado nos altares, mas para ser testemunha do amor de Deus e na vida eterna viver na Sua presença.

Vem isto a propósito de ler em muitos sítios e ouvir em conversas sobre os pecados da Igreja.
Mas a Igreja não tem pecados!
Quem tem pecados são os homens da Igreja.

Ah, mas dizem que representam a Igreja.
Sim, é verdade, poderão representar a Igreja, podem ser Igreja, mas não são a Igreja.

Falamos de realidades humanas, mas também espirituais, mas podemos fazer uma comparação com as coisas do mundo.
O Presidente da República ou o Governo representam Portugal, mas não são Portugal.
Ou para aqueles mais ligados ao desporto perceber que o presidente de um clube representa o clube, mas não é o clube.

Que realmente Portugal fica “mal visto” pelas acções erradas de um Presidente da República ou de um Governo, sem dúvida, tal como um qualquer clube fica “mal visto” pelas acções do seu presidente.
Mas Portugal, com toda a sua história de feitos gloriosos e errados, não deixa de ser Portugal, Nação Nobre e Valente, por causa das más acções daqueles que o representam.

Assim a Igreja sofre, (sofremos nós que somos Igreja), pelas terríveis acções de alguns dos seus filhos, mas não deixa de ser Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, tal como Jesus Cristo a instituiu.

A Igreja são os pecadores que querem ser santos, e não aqueles que se julgam santos mas são, afinal, pecadores como os outros.

Por isso a Igreja deve acolher, perdoar e amar os pecadores, pedindo continuamente perdão pelos pecados dos pecadores que são Igreja.

Por isso nós pecadores em Igreja, rezamos: «Confesso a Deus, Pai Todo-Poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões…»

Confessamos e pedimos perdão, não só a Deus, mas também aos nossos irmãos, pelos nossos pecados, mas a Igreja permanece Santa, porque assim é sempre o refúgio dos pecadores como eu.

Por isso amo, confio e espero sempre na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica a qual sou com os meus irmãos na Fé.



Marinha Grande, 1 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves