segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

QUENTES E FRIOS

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Aqui, nesta capela, o frio toma conta de nós, toca-nos o corpo e faz-nos sentir o ar gélido que nos envolve.

Mas o coração está quente, porque Tu, Senhor, estás aqui a aquecer-nos com a Tua presença, com o Teu amor.

E o Teu infinito amor toca-nos, envolve-nos, enche-nos profundamente e já nada interessa exteriormente, pelo menos durante estes breves momentos,

Por vezes somos tão frios, Senhor!

Apesar de muitas práticas religiosas, que são infelizmente muitas vezes mais exteriores do que interiores, deixamo-nos “tomar” por uma fé fria, que apenas procura fazer “coisas” e não se deixa tomar pelo Teu amor, para ser amor para os outros.

Somos assim, frios para Ti, porque somos frios para aqueles que de nós necessitam.

Estava frio, Senhor, na noite em que nasceste para nós?

Pouco interessa, Senhor, porque o calor do Teu Nascimento tocou toda a humanidade, embora nos esqueçamos tantas vezes de no Teu amor sermos amor/calor para os outros.

Afinal, Senhor, muitas vezes não somos nem frios nem quentes, mas apenas mornos, o que verdadeiramente não serve para nada.

«Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente.» Ap 3,

Faz com que nos abramos inteiramente ao Teu amor neste Natal, para sermos “quentes” de amor para Ti e para todos.





Garcia, 12 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

CONTO DE NATAL 2024

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Tantas vezes já tinha tentado falar com os seus pais para lhes pedir perdão por tantas coisas erradas que tinha feito e que o tinham levado a sair de casa.

Tantos problemas que tinha causado e tinham entristecido os seus pais que, no entanto, sempre lhe respondiam com todo o amor que tinham por ele.

Lembrava-se de ter saído intempestivamente de casa, dizendo que se ia embora para sempre, deixando-os mergulhados numa profunda tristeza e desalento.

Agora via tudo isso, mas naquele tempo, um qualquer mal que ele não entendia, tinha-o levado a quase odiá-los por não quererem entender, julgava ele, as suas “verdades”.

O que seria feito deles?

Sabia que viviam na mesma casa de sempre, que os anos tinham passado por eles, e alguém lhe tinha dito que viviam sem alegria.

Também ele agora, passados aqueles anos loucos em que se tinha deixado consumir pelos maus caminhos, pela droga, pela sua mania de tudo pensar saber, sentia uma enorme tristeza dentro de si que, quando reflectia conscientemente, percebia que não era só pela vida que tinha levado, mas sobretudo por aquilo que tinha feito a seus pais e por este afastamento deles que agora vivia.

De repente percebeu algo tão nítido que ficou surpreso com ele mesmo.

“Aquilo que tinha feito a seus pais”! “Tinha feito”!

Então se “tinha feito”, pensou ele, era passado e estava muito a tempo de ir ter com eles, pedir perdão e deixar que o amor que ele sabia eles lhe tinham, fazer o resto.

Mas dentro dele ainda vivia um orgulho quase incontrolado.

Ir ter com eles e pedir perdão era reconhecer que tinha errado e, se ele queria sentir a paz do perdão dentro de si, a realidade é que teria de reconhecer que afinal não era dono da verdade e tinha errado, e isso parecia-lhe uma barreira quase intransponível.

Mas ele agora estava tão bem!

Tinha vencido o vício, tinha um bom emprego, um bom apartamento, enfim, uma boa vida e, no entanto, percebia, mais uma vez, que aquela situação não o deixava ser feliz e viver em paz.

Era véspera de Natal, e ele lembrou-se de que nesse mês e nesse dia, algo de bom, de sensível, se vivia sempre em casa dos seus pais, com os preparativos e a chegada do Natal, com uma alegria calma e aconchegante.

Já não rezava há tanto tempo, pensou ele.

Tudo isso tinha afastado da sua vida e já nem se lembrava das orações que faziam em casa de seus pais.

De qualquer modo fechou os olhos, baixou a cabeça, e quase num murmúrio disse: Menino Jesus, se me amas, ajuda-me a nascer de novo.

Veio ao seu coração uma certeza inabalável: Tinha que ir a casa dos seus pais nessa noite pedir-lhes perdão e que o deixassem passar com eles a noite de Natal.

Num instante colocou algumas coisas num saco e partiu de viagem, porque já era tarde e ainda tinha muito quilómetros para fazer.

Longe, na terra de seus pais, já se celebrava a Missa do Galo e eles lá estavam, como sempre na igreja, tentando viver com alguma alegria a noite de Natal.

Mas era quase impossível, porque o seu filho longe e sem saberem onde, gerava uma tristeza muito profunda nos seus corações.

Deram as mãos no Pai Nosso e mesmo sem dizerem nada um ao outro, sabiam que nessa oração pediam ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo por aquele filho a quem tanto amavam.

Acabada a Missa saíram da igreja e caminharam apressadamente, por causa do frio, para sua casa que era ali bem perto.

Quando chegaram perto de casa, perceberam que junto à porta de entrada estava um vulto de homem, e ficaram um pouco receosos.

À medida que se aproximavam parecia-lhes que o ar se tornava mais leve, que uma qualquer melodia enchia aquela rua, que uma expectativa alegre tomava conta dos seus corações.

Foi então que reconheceram o seu filho junto à porta e, sem pensarem nem um pouco, correram para ele enquanto ele corria para eles, também.

Abraçaram-se chorando de alegria e quando ele tentava pedir-lhes perdão, eles só lhe diziam: Obrigado, obrigado por teres vindo ter connosco. Vem, entremos em casa e vivamos o Natal que fez renascer o nosso menino.

No presépio, podiam jurar que o Menino Jesus, Maria e José, sorriam embevecidos com os abraços intermináveis daquela família.




Marinha Grande, 10 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

Com este Conto de Natal desejo a todas as pessoas que visitarem este espaço um Santo Natal, vivido no amor e na alegria de Deus que se fez Homem para nós.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

COMUNHÃO E RAZÃO

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É melhor ser comunhão do que ter razão.

Se somos comunhão somos sempre pela razão, pela união, mas se queremos apenas ter razão, somos muitas vezes “pedras” na comunhão, somos muitas vezes desunião e divisão.

A comunhão implica sempre uma abertura ao outro, uma aceitação do outro, o amor pelo outro e assim leva-nos sempre a tentar perceber a razão do outro e também levará o outro a procurar entender a nossa razão.

E, nesta aceitação e entendimento mútuo, a razão que eu sustento encontra-se com a razão do outro.

Então se a minha razão entende e aceita a razão do outro e assim reciprocamente, passa a haver apenas a procura pela única razão, a Verdade, e então acontece a comunhão, porque a Verdade e a comunhão já estavam “inscritas” na razão de cada um.

Jesus nunca desmerece da razão daqueles que O procuram, mas sim tenta entender a razão deles, para em comunhão os fazer entender a única razão, que é a Verdade que Ele é.

Se neles houver espírito de comunhão, então encontram a verdadeira razão.

E assim se dá a comunhão, na Verdade.

Quem permanece na sua razão, sem olhar o outro tentando entender a sua razão, torna-se divisão e não deixa que aconteça a comunhão com o outro, para juntos procurarem a verdadeira e única razão, a Verdade.

A razão maior é sempre o amor, e o amor é sempre comunhão, porque o amor tudo vence e permanece para sempre.







Garcia, 4 de Novembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

FAÇA-SE A TUA VONTADE

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Onde está a minha confiança e a minha esperança em Ti, Senhor?

Vem a provação e a dificuldade e logo me pergunto se Te esqueceste de mim?

Não, Senhor, não duvido do Teu amor, nem da Tua presença na Eucaristia, mas a minha fraqueza faz-me sempre questionar porque é que os obstáculos aparecem quando tudo parece estar a correr bem.

Por momentos fico assim como que desamparado, como se duvidasse que olhas por mim, mas logo vem o chamamento à oração, o chamamento para me entregar nas Tuas mãos, para confiar e esperar.

A mente balança na sua humanidade, mas o coração firma-se no amor, no Teu amor, e a provação e a dificuldade parecem afastar-se de mim.

Renasce a confiança, a esperança, e logo me sinto mais em paz, mais em comunhão conTigo.

Às vezes quero perceber o porquê de tudo acontecer, mas logo penso que não me compete saber o porquê de tantas coisas que me acontecem, mas apenas aceitá-las e com a força que me dás, ultrapassá-las.

Eis-me aqui, Senhor, faz o que Te aprouver de mim e em mim.

Apenas Te peço a fé, a força, a confiança, a esperança, para tudo aceitar em amor, no Teu amor.

Eis-me aqui, Senhor!
Faça-se a Tua vontade!







Garcia, (escritos em adoração)

Joaquim Mexia Alves


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A PROCURA

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Procuramos tantas coisas na vida e a maior parte das vezes não encontramos verdadeiramente aquilo que procuramos.

E mesmo quando encontramos o que procuramos, sentimo-nos muitas vezes defraudados, porque afinal a confiança e esperança que colocávamos na nossa procura, não corresponde às nossas expectativas.

Porque afinal aquilo que encontrámos não modifica grandemente a nossa vida, porque afinal não corresponde exactamente àquilo que procurávamos, porque afinal não preenche totalmente os nossos anseios, porque afinal não nos faz mais felizes, mais completos, mais conhecedores de nós mesmos e mais em comunhão com os outros.

Por isso “partimos” de novo à procura de algo que vá para além das nossas expectativas, de algo que nos surpreenda, de algo que encha a nossa vida, apesar das dificuldades e provações.

E afinal, basta procurar-Te, Senhor, ou melhor, basta deixarmo-nos encontrar por Ti, basta ouvir o Teu bater à nossa porta, basta dizer: Aqui estou, Senhor, enche a minha vida.

Depois, Tu surpreendes-nos, porque nos dás sempre muito mais do que nós esperamos, embora tantas vezes não nos apercebamos verdadeiramente do tudo que nos dás.

Se estivermos em Ti e Tu em nós, todo um mundo novo se abre para nós, e aquilo que às vezes não compreendíamos, passamos então a entender como caminho para completar a vida que Tu mesmo nos dás.

Afinal, procurar-Te e deixarmo-nos encontrar por Ti, preenche todas as nossas necessidades, porque ninguém como Tu, Senhor, conhece e sabe do que verdadeiramente precisamos.

E assim podem vir as tormentas, as provações, as dificuldades, que sabemos que Tu estás connosco e nos ajudas a ultrapassar tudo isso, transformando tudo em caminho de encontro com nós mesmos e com as nossas fragilidades, caminho para Te encontrarmos em nós e nos outros.

Então vamo-nos completando «à Tua imagem e semelhança» para um dia na Tua presença, vivermos o amor, do amor e no amor para sempre.





Garcia, 7 de Novembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 12 de novembro de 2024

A PESCA

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Anda comigo, vamos à pesca.

Mas, Senhor, eu não sei pescar.

Não faz mal. Vem comigo que Eu ensino-te como pescar.

Mas, Senhor, eu não tenho barco, não tenho rede, não tenho cana, nem linha, nem anzol, como queres Tu que eu pesque?

Sabes, meu filho, não te disse antes, mas vou-te dizer agora.
Não te ofendas comigo, mas tu serás o Meu isco para pescar.

Eu, Senhor, o Teu isco???
Estou velho e sem sabor, nem beleza, nem brilho. Como poderei eu ser um isco apetecível para a pesca?

Não te preocupes e faz apenas o que te digo, o que Eu te peço para fazeres.

Então, Senhor, diz que eu estou aqui para ouvir e a tentar fazer tudo o que me pedires.

Olha, meu filho, que o teu barco seja a Igreja, a tua rede seja a paz e a alegria, a tua cana seja a Palavra, a tua linha a oração e o teu anzol seja o amor.

Oh, Senhor, mas como posso eu ter tudo isso se sou tão fraco e volúvel, tão inconstante e frágil, tão orgulhoso e vaidoso?

Acredita que tudo isso será importante para que a tua pesca tenha sucesso.

Como assim, Senhor?

É que se fizeres tudo o que te peço e como te peço, tudo isso será motivo para que outros vejam a mudança em ti, e essa será uma das razões para que queiram entrar na rede do amor.

Afinal, Senhor, Tu é que és o pescador, e eu sou apenas um humilde servidor que se entrega à a Tua vontade.

Vamos então, meu filho, a pesca só depende da tua entrega, porque tudo o resto sou Eu que faço.
Sim, meu filho, porque o verdadeiro “isco” sou Eu.

Obrigado, Senhor, por me aceitares na Tua barca e Te quereres servir de mim na pesca milagrosa de todos os dias.






Garcia, 28 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 5 de novembro de 2024

A PÉTALA

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Durante a adoração ao Santíssimo Sacramento, a pétala de uma flor sobre o altar, desprende-se e cai no chão.

A flor vai atingindo o seu fim, privada que está da seiva que a alimentava, porque o seu caule foi cortado da planta a que pertencia.

Também eu, Senhor, quando me afasto de Ti, quando não Te comungo, quando não Te vivo em oração, quando me deixo esmorecer na fé, também me desprendo de Ti e caio pelo chão do mundo.

Mas, se aquela pétala nunca mais se pode juntar à flor e à planta que lhe davam vida, já eu, mesmo caído pelo chão, tenho sempre a Tua mão, Senhor, para me levantar, tenho o Teu perdão e o Teu amor para a Ti novamente me ligar e, alimentado por Ti na Eucaristia, voltar a viver a vida sem fim que Tu sempre dás a quem se dá a Ti e por Ti.

Ah, Senhor, dá-me sempre a Tua mão para que eu nunca fique pelo chão, apodrecendo longe do Teu amor, para que a vida que Tu me dás seja sempre amor em mim.

Que eu nunca seja a pétala que se separa irremediavelmente da planta que lhe dá vida e por isso morre, mas seja sempre um ramo da videira que Tu és, para que assim, permanecendo em Ti, eu tenha «vida em abundância», dê fruto e fruto que permaneça, para Te servir, Senhor, servindo os outros.





Garcia, 21 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A LUZ

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A luz da lamparina do sacrário indica que Jesus, que Deus, está verdadeiramente ali presente.

Será que também eu deixo que brilhe em mim alguma luz, que não me indique a mim, mas que mostre que eu estou com Deus e Ele está comigo e em mim?

Terá que ser uma luz simples, sem artificialismos nem “efeitos especiais”, mas apenas e tão só a Luz de Cristo, aquela Luz que indica o Caminho, mostra a Verdade e aponta a Vida.

Não se tem a Luz de Cristo para a “esconder debaixo da cama”, (Lc 8, 16), mas sim para mostrar o que deve ser mostrado, testemunhado.

Um dia, Senhor, pelo Baptismo, deste-me essa Luz, que és Tu em mim.

Quantas vezes eu escondo a Tua Luz e não deixo que ela seja visto pelos outros?
Quantas vezes eu tenho vergonha de mostrar a Tua Luz, que é afinal a Luz que sempre me ilumina e guia?
Quantas vezes eu deixo que o mundo esconda a Tua Luz em mim, e assim ela não brilha para que os outros Te vejam em mim.

A luz da lamparina é uma luz trémula, mas, no entanto, mesmo assim, revela sempre que Tu estás ali bem presente no Sacramento da Eucaristia.

A luz que tenho em mim e que Tu me deste, é também muitas vezes trémula e mortiça, não porque ela fosse assim quando Tu ma deste, mas por causa de mim, que não a alimento com o azeite do Teu amor, com a cera da Tua Palavra.

Que a Tua Luz brilhe em mim de tal forma que eu nem sequer apareça, mas apenas Tu, Senhor, que és o tudo e o todo em mim.






Garcia, 17 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

PRESENÇA!

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Acima dos montes
por entre os vales
onde o sol brilha
e a escuridão não vence.

No meio das ondas
do mar imenso
no meio das águas
dos rios que passam.

No doce murmurar
da folhagem das árvores
no suspirar
das nuvens no céu.

No chilrear de todas as aves
no rugir dos animais selvagens
na entrega dos animais domésticos
em tudo o que a vida pulsa.

No doce sorrir da criança
no chorar do abandonado
na ternura de um beijo de amor
no abraço mais apertado.

No coração que se abre
na vida que se deseja
na prece que se eleva
à procura do amor.

Na lágrima que é chorada
na alegria que é vivida
em cada passo que é dado
em cada vida oferecida.

Em cada momento feliz
em cada momento de dor
ali estás Tu
sempre
sempre
sempre
Jesus
meu Salvador!






Monte Real, 23 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

O SILÊNCIO NA ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO

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«É no silêncio que encontramos Deus, e é no silêncio que descobrimos quem realmente somos.» Bento XVI

Parece, por vezes, que temos medo do silêncio perante Deus e às vezes até perante os outros.

Realmente há momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento em que são lidos tantos textos bíblicos ou de reflexão, são feitas tantas orações, são cantados tantos cânticos, que não há espaço para o silêncio, para a interioridade, para a contemplação, para a adoração, para a escuta do que Deus nos quer dizer ao coração.

Claro que os momentos de oração vocal, de cânticos, de textos bíblicos ou de reflexão, são, obviamente, muito importantes, mas, na adoração ao Santíssimo Sacramento, é da maior importância o silêncio.

Estar perante Deus e não se colocar à escuta, não se estar em silêncio gozando aquele momento e não deixar outros fazê-lo também, é uma pena, porque Deus nos fala sempre no silêncio.

Quem não teve já momentos em que, sentado ou passeando em silêncio com uma pessoa amiga, viveu um encontro sem palavras, de uma união perfeita, que encheu o coração?

Se isso acontece com as pessoas amigas, quanto mais não acontecerá no nosso encontro com Deus, em adoração.

“Encher” os momentos de adoração com textos lidos em voz alta, cânticos contínuos e orações sucessivas, acaba por quase nos afastar do centro da adoração, que deve ser também e sempre o nosso encontro pessoal com Cristo.

Cada um, quando vai para um momento de adoração pode levar a sua Bíblia ou um livro de reflexão, e então, nalgum tempo desse momento de adoração, fazer a sua leitura e meditação para si próprio, e essa leitura, iluminada pelo Espírito Santo, é também uma forma de Ele nos falar no silêncio.

Lembremo-nos sempre da frase de Samuel: «Fala, Senhor, que o teu servo escuta!» 1 Sm 3, 10

Como queremos nós escutar Deus se não nos calamos, se não fazemos silêncio exterior e interior?

E como a oração, o silêncio é também um processo de aprendizagem, em que o Espírito Santo nos vai guiando e ajudando a silenciarmos o nosso coração e a nossa mente.

É, por vezes, muito incómodo estarmos num momento de adoração, querermos fazer silêncio, colocarmo-nos à escuta, mas não conseguimos, porque quem orienta lê inúmeros textos, entremeados de cânticos e orações escritas, de tal modo que, a partir de uma certa altura, já nem damos a devida atenção ao que é dito, nem isso nos serve de reflexão.

Rezar o terço em voz alta numa adoração ao Santíssimo?
Sim, com certeza, mas há tantos momentos para o rezar porquê fazê-lo durante uma adoração?
Parece que estamos apenas a preencher tempo!

Obviamente que cada um tem a sua própria espiritualidade, mas quando lemos os mestres da oração, que são sempre verdadeiros adoradores, o silêncio é uma constante nas suas reflexões, porque é no silêncio que se escuta Deus.

É que, muitas vezes, esse modo de preencher os momentos de adoração, poderá ser mais “ruído” do mundo, do que silêncio de Deus.

Façamos muitas vezes e durante bastante tempo silêncio em nós, sobretudo na adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e seremos com certeza surpreendidos como Deus fala ao nosso coração, à nossa vida quando a Ele nos entregamos.

«O silêncio é difícil, mas torna o homem capaz de se deixar conduzir por Deus. Do silêncio nasce o silêncio. Por Deus, o silencioso, podemos aceder ao silêncio. E o homem é incessantemente surpreendido pela luz que então resplandece. O silêncio é mais importante do que qualquer outra obra humana, porque exprime Deus. A verdadeira revolução vem do silêncio; conduz-nos para Deus e para os outros para nos colocar humilde e generosamente ao seu serviço.»
Pensamento 68 - A Força do silêncio - Cardeal Robert Sarah







Marinha Grande, 21 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 15 de outubro de 2024

AMO-TE SENHOR!

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Tanto para Te dizer e, estranhamente, todas as palavras me parecem pobres e insuficientes para Ti.

Dizer que Te amo?

Sim, amo verdadeiramente, mas parece tão pouco quando o digo ou escrevo.

Como se consegue escrever um sentimento?
Como expressar no papel o sentir mais íntimo do coração?

Mesmo que repita infinitamente “amo-Te, Senhor”, sempre me parece pouco, sempre parece que sinto que são só palavras.

Sim, Senhor, eu sei que os arrebatamentos nem sempre são sensatos, ou melhor, nem sempre nos levam a estar mais e melhor contigo.

Esse amor infinito com que nos amas, esse amor calmo e silencioso com que nos amas, esse amor palpável, sensível com que nos amas, esse amor é verdadeiramente o amor perfeito, o amor de Deus que é amor.

Senhor, o meu amor, o nosso amor, por Ti, é tantas vezes volúvel, tantas vezes inconstante, tantas vezes apenas ruidoso, porque parece ter medo de ser silencioso.

É um amor tantas vezes afirmado e, no entanto, tantas vezes pouco vivido.

O amor com que eu gostaria de Te amar, Senhor, é o amor incondicional, o amor sem princípio nem fim, o amor só doação, o amor sem medida, o amor cuja sua própria expressão é apenas e só amor.

Pois, Senhor, o amor com que Te quero amar é afinal o Teu amor por mim, por todos, porque Tu nos amaste primeiro e nos ensinaste a amar.

A pobreza do meu amor, por Tua graça, encontra sempre a grandeza do Teu amor e, por isso Tu o aceitas de braços abertos, porque me conheces e sabes da minha imperfeição.

Amo-Te, Senhor!





Garcia, 14 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 8 de outubro de 2024

FRAQUEZAS!

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Ontem de manhã, sem qualquer razão ou por um motivo fútil, deixei-me levar pela irritação, descontrolei-me e fiz má figura perante muita gente, com a falta de sensatez, com a falta de paciência, com a quase má educação, mas sobretudo, dei um péssimo testemunho cristão.

Depois arranjei para mim desculpas variadas, como uma noite mal dormida, as dores extremamente incómodas que sentia, as irritações que ainda afloram de quando em vez por causa da guerra que vivi, enfim, um sem número de desculpas, que não desculpam coisa nenhuma.

Ao longo do dia a vergonha pelo acontecido foi crescendo em mim, e se, ao princípio era vergonha pelo que os outros poderiam pensar de mim, depois passou a ser vergonha de mim próprio.

Tinha vergonha de como cristão empenhado ter procedido de tal modo.

Sou tantas vezes chamado a falar de Deus, a rezar em comunidade, a testemunhar a minha conversão e, naquele momento, deixei-me levar pelo meu mau feitio antigo, que desta vez me venceu, porque eu me deixei vencer.

À noite, na celebração da Missa da Festa de Nossa Senhora do Rosário, percebi que, se tinha dado um mau testemunho de cristão publicamente, também deveria dar testemunho contrário publicamente, também, escrevendo sobre isso mesmo.

Afinal tanta entrega, tantas orações, tanta vivência da espiritualidade e, num pequeno momento, sem motivo algum, o meu “eu” anterior veio ao de cima, e mostrou-se com toda a sua fealdade.

As quedas são também ou devem ser sempre, motivo para nos levantarmos, e mostram-nos, mostram-me, que a conversão é um contínuo viver procurando a vontade de Deus, e que só o podemos fazer com Ele, n’Ele e para Ele.

Então pedi perdão a Deus pela minha fraqueza, e pedi cada vez mais insistentemente ao Espírito Santo que me vencesse e me conduzisse como um verdadeiro filho de Deus.

Jesus sorriu-me, deu-me a mão, levantou-me, e eu percebi então ainda melhor aquilo que Ele nos disse: «Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é débil.» Mt 26, 41





Marinha Grande, 8 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

DÁ-ME OLHOS!

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Dá-me olhos de paz
para Te ver
na humanidade.

Dá-me olhos de esperança
para Te ver
em cada criança.

Dá-me olhos de Fé
para Te ver
no caminho.

Dá-me olhos de confiança
para Te viver
na esperança.

Dá-me olhos de comunhão
para Te ver
em cada irmão.

Dá-me olhos de alegria
para Te viver
na Eucaristia.

Dá-me olhos de ternura
para Te ver
no tempo de secura.

Dá-me olhos para ver
a Tua presença
no meu viver.

Dá-me olhos de amor
para que sempre Te reconheça
como meu Deus e Senhor.





Garcia, 26 de Setembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

AS PERSIANAS DO CORAÇÃO

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Hoje em dia há persianas eléctricas, o que exige muito menos esforço de quem as fecha ou abre pois basta carregar num botão.

Às vezes parece que também queremos viver a fé cristã como as persianas eléctricas, ou seja, sem grande esforço da nossa parte.

E a simbologia que veio ao meu coração também tem muito a ver, quanto a mim, com esta imagem das persianas, se nos lembrarmos que a principal maneira de encontrarmos Deus e vivermos a fé, é abrirmos o nosso coração à presença de Deus, ou seja, simbolicamente abrirmos as “persianas” do coração que estão tantas vezes fechadas, para deixarmos entrar a verdadeira Luz.

O facto de haver persianas eléctricas leva-nos a uma certa preguiça física, a uma atitude bem mais passiva do que activa, ou seja, ficamos a ver as persianas abrirem mas, no fundo, pouco contribuimos para isso.

Regressando, então, a esta simbologia das persianas, podemos reflectir que muitas vezes também, a procura e vivência da fé é um pouco como as “persianas eléctricas”, isto é, pouco nos esforçamos por emendar as nossas fraquezas, por mudar os nossos feitios e atitudes, por querer viver realmente as celebrações e sacramentos, que tornam Deus presente nas nossa vidas.

Ficamos apenas ali à espera que as “persianas abram”!

Carregamos no “botão da fé” e agora esperamos que Deus faça o resto, que abra o nosso coração, que envie a luz, que mude o que precisa ser mudado, enfim, que o esforço seja d’Ele e não nosso.

Ora o Senhor diz claramente que “está à porta e bate”, mas também diz que “se alguém Lhe abrir a porta”, então Ele entra e ceia connosco.

Mas Ele não diz que trás consigo a ceia, por isso quem tem de preparar a ceia somos nós para que Ele a abençoe e a coma connosco, ou melhor, somos nós que temos que nos preparar para, em estado de graça, recebermos a Ceia que é Ele próprio, que se dá como alimento divino a cada um de nós.

Ele não nos dá um “botão para carregarmos”, Ele dá-nos uma vida para vivermos.





Marinha Grande, 30 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 24 de setembro de 2024

MEDITANDO EM ADORAÇÃO

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Empalidece o brilho do Sol perante a Tua luz.

Nem mil sóis, com todo o seu brilho, poderiam comparar-se minimamente com a luz que vem de Ti.

Porque Tu és a Luz que tudo cria, tudo vivifica, tudo transforma.

O Sol só brilha porque Tu o criaste e lhe permites brilhar.

A Tua Luz é Tua, porque Tu és a própria Luz, porque Tu és a Luz da vida. a Luz da verdade, a Luz do caminho.

Quem como Tu, Senhor, poderia ofuscar o brilho do chamado astro rei?

Tu, Senhor, és o Rei dos reis, o Astro maior de todo o infinito firmamento, que criaste para o homem.

Tu, Senhor, é que sabes o tamanho, a profundidade e a largura do Universo, porque Tu o criaste na Tua infinita bondade.

O Universo tem limites apenas conhecidos por Ti e mais ninguém.

Só Tu, Senhor, não tens limites, não tens princípio nem fim, não tens nascimento nem ocaso, não tens dimensão que se possa medir.

Tu és o tudo e nem o tudo Te contém, porque Tu és o maior do que o tudo.

Em Ti, Senhor, me refugio e abandono, na minha infinita pequenez, à Tua incomparável grandeza.

A Ti o poder, o louvor e a glória para sempre.




Garcia, 19 de Setembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 17 de setembro de 2024

PERDOAR É FÁCIL?

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É, normalmente, bastante difícil rezar por aqueles que nos ofendem, aqueles que não gostam de nós, aqueles que por vezes são razão de provação para nós, que nos prejudicam e, também, por aqueles de quem nós não gostamos, que também ofendemos, que também podemos prejudicar, por vezes sem nos darmos conta.

O rezarmos por todos eles, parte em primeiro lugar do nosso desejo de o fazer, da nossa vontade de proceder como Cristo nos ensina.

E isso é muito bom, porque Deus “lê” o nosso coração, o nosso desejo de «perdoar como Ele nos perdoa», e, então, mesmo que no início a nossa oração nos pareça não ser muito sincera, Ele recebe-a na Sua infinita misericórdia e vai tocando o nosso coração, de tal modo, que a oração que nos parecia difícil e pouco sincera, passa a ter “calor”, passa a ser verdadeiramente desejada e, por isso mesmo, o perdão e a paz vão tomando conta de nós.

Melhor ainda, porque não sabemos e nem precisamos de saber, como Deus vai tocando também aqueles por quem rezamos, e, se eles estiverem abertos à Sua presença, vai também mudando os seus corações dando-lhes o perdão e a paz.

Ao fim de algum tempo, se insistirmos nessa oração, vamos recordando tudo o que aconteceu e isso já não nos magoa, já não é motivo de tristeza para nós, mas sim, ensinamento para a vida, percebendo o que fazer e como fazer.

Então o ressentimento, o rancor, a falta de perdão, são afastados de nós, e o amor de Deus ocupa esse espaço em nós, levando-nos mesmo a ajudar, (caso precisem), aqueles que são razão dessas nossas orações.

Realmente a Deus nada é impossível, e ao rezarmos pedindo por eles, estamos a pedir a Deus que nos dê o que ainda não temos e até pensamos não conseguir ter, para podermos perdoar e guardar no nosso coração com paz e amor tudo o que aconteceu.

Foi Ele quem nos amou primeiro e, por isso mesmo, só no Seu amor podemos ser amor para Ele e para os outros.





Marinha Grande, 17 de Setembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 10 de setembro de 2024

VEM ESPÍRITO SANTO!

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«A minha palavra e a minha pregação nada tinham dos argumentos persuasivos da sabedoria humana, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.» 1 Cor 2, 4-5

Quantas vezes ouvimos nós pessoas, (sacerdotes ou leigos), a falar de Deus, da Palavra de Deus, da Fé, da Doutrina, e percebemos que uns nos tocam o coração e a vida, enquanto outros, mesmo podendo falar muito bem, não nos fazem “estremecer”, ou seja, não nos levam a querer fazer o que nos pregam.

Por vezes preparamo-nos muito bem para falar sobre determinada passagem da Bíblia, sobre algum ponto específico da Doutrina Cristã, sobre a vivência da fé e, depois quando falamos, muito pouco daquilo que preparámos é o que afinal dizemos.

Por vezes também estamos a falar e, mesmo para nós, parece que estamos a “debitar” algo decorado, mas, de repente, uma qualquer inspiração momentânea, faz-nos “partir à desfilada” por um “discurso” que nem sonhávamos ir fazer.

Ao contrário quando nos preparamos muito e fazemos um esforço para nos cingir ao que preparámos, deixando que dentro de nós se instale uma certeza da nossa pretensa sabedoria, o nosso “discurso” até para nós é “frio” e desprovido de acção.

Sem dúvida nenhuma que a enorme e imperativa diferença é que, nos dois primeiros casos confiámos e nos deixámos conduzir pelo Espírito Santo e no terceiro caso colocámos a nossa confiança em nós próprios e naquilo que julgamos saber.
Por muitos argumentos, mais ou menos correctos que tenhamos, as nossas palavras são apenas nossas e, por isso mesmo, não tocam os corações.

E isso quer dizer que não nos devemos preparar para falar de Deus, da Sua Palavra, da Fé, da Doutrina?

Claro que não, porque o Espírito Santo embora tudo possa fazer sozinho, quer precisar de nós e de todos os talentos com que nos dota, bem como de toda a verdadeira ciência, para nos fazer verdadeiras testemunhas do amor de Deus e proclamadores da Sua Palavra em palavras e gestos.

Sem o Espírito Santo não há calor que aqueça o coração, não há vento que varra as dúvidas, não há fogo que queime as mentiras, não há trovão que derrube as barreiras, nem pomba que traga a paz.

«Unge o meu coração e a minha mente, ó Deus omnipotente, para que possa proclamar com a doçura e o poder do Espírito a tua palavra».
Cardeal Raniero Cantalamessa (Vem, Espírito Criador!)




Marinha Grande, 10 de Setembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

OS MÁRTIRES ABANDONADOS DO NOSSO TEMPO

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“No dia 24 de Agosto, a aldeia de Barsalogho foi alvo de um ataque terrorista em que foram assassinadas mais de 150 pessoas, incluindo 22 cristãos. Este é o terceiro ataque ocorrido só neste mês e é já considerado como um dos mais sangrentos em toda a história do país que está a ser alvo desde 2015 da actuação de diversos grupos armados jihadistas.”
Retirado das notícias da Fundação AIS – Ajuda à Igreja que sofre

É preciso ser a Fundação AIS a dar esta e outras notícias, para o mundo saber dos horríveis e criminosos ataques que acontecem constantemente em África.

Neste mundo, dito “primeiro mundo”, a hipocrisia noticiosa continua todos os dias a manipular e confundir a opinião pública, dando-lhe apenas notícias que pertençam ao mundo do “politicamente correcto”.

Enquanto isso, em África e não só, persiste uma verdadeira guerra de genocídio de cristãos, sem que a ONU e outros organismos iguais, se incomodem em denunciar e condenar, com a mesma força e vigor com que o fazem noutras partes do mundo.

Mesmo, infelizmente, a Igreja Católica neste dito ocidente, não toma, por assim dizer, as dores destes cristãos esquecidos em África, e pouco ou nada fala e escreve, sobre este horror permanente.

Poderemos dizer que nós, cristãos que vivemos neste mundo, dito “primeiro”, pouco poderemos fazer, mas a verdade é que, para além de nas nossas orações diárias termos sempre presente estes irmãos que sofrem horrores, podemos, sem dúvida nenhuma, servirmo-nos das redes sociais em que colocamos, por vezes, tanta coisa de interesse duvidoso, colocar com insistência as notícias destes atentados criminosos que se vão sucedendo em África, para que a opinião pública não diga que não tem conhecimento.

Estes verdadeiros mártires dos nossos tempos, para além de sofrerem estes horrores, ainda sofrem, também, o abandono de uma sociedade mundial e, até, dos cristãos que em geral, como eu, vivem confortavelmente a sua fé, sem daí nos vir nenhum mal ou incómodo.

Indignemo-nos, denunciemos, exijamos das instâncias internacionais, o mesmo vigor e interveniência que têm noutras situações mediáticas, que são permanentemente notícia na comunicação social em todo o mundo.

Ajudemos como pudermos a Fundação AIS que é, talvez, a instituição que mais faz por estes nossos irmãos sofredores.

Que não cometamos o pecado da omissão, pelo menos e no mínimo, rezando pelos cristãos perseguidos em África e em todo o mundo.

Peçamos à Mãe do Céu que interceda por estes seus filhos abandonados à sua pouca sorte.

Que Deus os abençoe e lhes dê a justa recompensa pelo seu doloroso sacrifício.




Marinha Grande, 2 de Setembro de 2024
Joaquim Mexia Alves


Nota: link para a notícia - https://fundacao-ais.pt/burquina-fasso-ais-denuncia-novos-massacres-islamistas/

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

DIÁLOGOS COM O SENHOR 29 - A DECISÃO

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Então o que decides sobre esse assunto que tens de resolver?
Oh, Senhor, não sei bem pois tenho, pelo menos, duas soluções, julgo eu.


E ambas são justas e dignas?
Bem, uma julgo que o é, mas a outra teria que “torcer” um pouco a consciência para conseguir ter êxito, mas é muito mais fácil do que a outra.

Então, volto a perguntar, qual delas escolhes?
Bem, Senhor, eu gostava muito que me dissesses qual eu deveria escolher.

Mas Eu já te disse!
Como, Senhor?

Com tudo o que ensinei, com tudo o que está escrito na Minha Palavra, com tudo o que te ensina a Igreja.
Pois, Senhor, mas eu penso que a solução mais fácil, não é assim tão má.

Não é assim tão má ou não tem nada errado?
Bem, não será completamente correcta, mas também não é algo de muito mau.

Pergunto-te mais uma vez, o que decides então?
E eu volto a pedir-Te, Senhor, que me digas qual devo escolher?

Eu não to posso dizer. Dei-te tudo o que precisas para tomares a decisão correcta, mas não a posso tomar por ti, porque senão violaria a tua liberdade, a liberdade que Eu te dei.
Ah, Senhor, mas eu cedo na minha liberdade e assim podes dizer-me.

Nem isso te posso fazer, porque a liberdade é fruto do Meu amor por ti, e eu nunca abdico de te amar, mesmo quando fraquejas.
Está bem, Senhor. Entrego-me nas Tuas mãos, rezo e decido.

Qual foi então a tua decisão?
Não posso ir contra a minha consciência cristã, não posso “torcer” a verdade para alcançar uma solução, por isso, e porque só assim faço a Tua vontade, vou pela solução mais difícil, mas que é aquela que é justa, digna e correcta.

Eu te abençoo, meu filho. Vai que Eu estou sempre contigo.
Obrigado, Senhor, pelo Teu amor e porque afinal me disseste claramente que decisão eu devia tomar. Eu é que não queria ver a verdade que é só uma. A que vem de Ti, que és o Caminho, a Verdade e a Vida.





Marinha Grande, 28 de Agosto de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

HÁ FRASES … E FRASES CRISTÃS!

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Há tempos atrás li esta frase em qualquer sítio da internet.

"Você tem que estar disposto a dar sua vida para defender a fé de todos os outros, mesmo que não seja a tua fé." Beato Álvaro Del Portillo

Sabendo que hoje em dia, infelizmente, muitas frases são falsas ou falsamente atribuídas a Beatos, Santos e pessoas da Igreja, como por exemplo o Papa Francisco, (que é particularmente citado nesse tipo de frases/mensagens), e pensando que, embora a referida frase nos remeta para um proceder cristão, embora não no sentido de defender a fé dos outros, mas sim defender a liberdade dos outros praticarem a sua fé, perguntei por email ao Opus Dei da veracidade de tal frase.

Foi-me, simpaticamente, respondido que não foi possível encontrar tal frase nos escritos e memórias do Beato Álvaro Del Portillo.

Realmente a frase, tirando aquele pormenor referido, revela uma verdade, que é o dever de todo o cristão defender o próximo, em tudo, e até na vivência da fé de cada um.

Jesus Cristo di-lo por outras palavras: «Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas.» Mt 7, 12

Mas esta situação acontecida com esta frase, falsamente atribuída a um Beato, deve levar-nos a pensar nas inúmeras frases atribuídas a tantos outros, principalmente o Papa Francisco.

É que ao lermos essas frases, elas parecem-nos lindíssimas, cheias de conteúdo, de verdade, mas quando as lemos atentamente percebemos que, a maior parte das vezes, no meio de todo esse conteúdo estão pensamentos errados, ou no mínimo distorcidos, do que é a verdade cristã ensinada por Cristo e pela Igreja.

Para lhes dar credibilidade precisam então de citar alguém que mereça essa credibilidade, como o Papa, Bispos, Sacerdotes, e, até mesmo, Santos e Beatos da Igreja.

Sabemos bem, ou devíamos saber, que o inimigo da Fé Cristã, tem como sua melhor maneira de actuar, a manipulação, o disfarce, o fazer parecer verdade, aquilo que afinal é mentira.

E cada um de nós, cristãos, quando sem discernirmos, procurando a verdadeira autoria e veracidade de tais frases, as publicamos, reencaminhamos, etc., estamos, mesmo sem querermos, a pactuar com a divulgação de uma falsidade que pode induzir os outros em erro.

E afinal é fácil perceber que, por exemplo, as frases do Papa Francisco, poderão ser aferidas, comprovadas, nos sites da Santa Sé, e, se não temos a certeza da sua autoria, não as devemos publicar ou reencaminhar, quer as dele, quer as de outros.

«Se permanecerdes fiéis à minha mensagem, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» Jo 8, 31-32




Marinha Grande, 26 de Agosto de 2024
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

A VINHA DO AMOR

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Chamaste-me para a Tua vinha, Senhor, primeiro para a conhecer e depois para nela trabalhar.

Já lá estavam muitos a trabalhar e depois de mim ainda chegaram bastante mais.

Nem sempre trabalhei de sol a sol, e houve até momentos em que fingi que trabalhava, como se Tu não estivesses sempre atento, e não soubesses bem tudo aquilo que cada um dos Teus trabalhadores faz em cada momento.

Não andas pela vinha como capataz a vigiar o trabalho de cada um, andas sempre a ensinar a trabalhar, a dar a mão quando o trabalho é mais pesado, e a dessedentar aqueles que têm sede.

E depois, Senhor, não é ao fim do dia que me pagas, que nos pagas, porque o Teu pagamento é feito permanentemente e é sempre igual para todos.

E ainda mais do que isso, o Teu pagamento é a totalidade do bem com que nos pagas, porque o Teu pagamento é o amor, e o Teu amor é sem medida, e sem exclusão de ninguém.

Sabes, Senhor, às vezes sou um pouco como aqueles trabalhadores de que falas, aqueles que vieram nas primeiras horas, e acham que deviam ter uma paga maior do que os outros que chegaram no fim.

Mas depois percebo, porque sou “atingido” pelo Teu amor, e compreendo então que o Teu amor é sempre infinitamente o mesmo para todos.

Obrigado, Senhor, porque me chamas a trabalhar na Tua vinha de amor.





Marinha Grande, 21 de Agosto de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

O AMOR NUNCA MORRE

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Li recentemente numa página do Facebook este curioso diálogo.

“- Mãe.
- Sim.
- O amor acaba quando as pessoas morrem?
- Claro que não.
- Mas o coração deixa de bater e deixa de sentir.
- Meu filho, quando um relógio pára, o tempo deixa de passar?
- Não.
- Com o coração é a mesma coisa. Pode parar e deixar de bater, mas o amor que trazia nunca vai passar, porque o deixou ficar por onde passou.”

Este diálogo, quase poderia ser o seguimento do versículo da 1 Cor 13, 8 «O amor jamais passará»

Claro que este amor de que se quer falar naquela frase, quero acreditar, é o amor verdadeiro, aquele que é descrito nos versículos anteriores ao citado acima, e que, sendo um amor perfeito, é verdadeiro, e, portanto, só pode vir de Deus.

Por isso o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas, logo seguido do amar o próximo como a si mesmo, como nos ensina Jesus no Evangelho de São Mateus. (Mt 22, 36-39)

Porque realmente, «nós amamos porque Ele nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19) e assim sendo o nosso amor é sempre vindo de Deus, porque só esse amor é o amor verdadeiro.

Se o nosso amor viesse apenas de nós, morreria quando nós morremos, mas vindo de Deus para nós, e em nós para os outros, existe para sempre porque Deus é eterno.

Por isso o amor não morre quando o coração pára, quando o cérebro deixa de viver ou o corpo morre.

Por isso é que podemos viver para sempre em Deus, se vivermos no amor e do amor que vem de Deus, porque «Deus, o amor jamais passará».

E mesmo que “desapareçam” aqueles que nos são mais próximos e nós amamos “mais”, o amor permanece, porque é amor de Deus em nós, e se «nós permanecemos em Cristo, também Ele permanece em nós» (cf Jo 15, 4), ou seja, “se permanecemos em Deus que é amor, também Deus, também o amor permanece em nós”.






Marinha Grande, 19 de Agosto de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 13 de agosto de 2024

“ACTUALIZAR” A PALAVRA

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No mundo em que hoje vivemos, bem mais urbano que rural, só algumas pessoas sabem e percebem de agricultura, pastoreio e até dos sinais do tempo que indicam o tempo que vai fazer.

Ora isto leva a pensar que, se Jesus Cristo estivesse agora entre nós como há dois mil anos, (porque Ele está sempre connosco embora de outra forma), provavelmente os seus ensinamentos focar-se-iam naquilo que hoje em dia é do conhecimento geral do homem, ou seja, naquilo que todos os dias entra pelas nossas casas adentro.

Obviamente que o pastoreio e a agricultura, com os seus tempos e modos, vão para além da representação simples dessas actividades, levando-nos a encontrar outros simbolismos em tudo aquilo que são e representam.

Mas poderíamos fazer um exercício simples, apenas para utilizar o que hoje é do conhecimento geral, para os ensinamentos de Jesus Cristo.

“Olha pelo teu computador.
Não deixes que ele sirva para escreveres palavras ofensivas ou falsas, para veres coisas que não prestam e que sabes que te vão tentar e fazer cair em pecado, porque ao fazê-lo estás a abrir a porta aos vírus que essas publicações e esses sites sempre contêm.

Mantém o teu computador sempre limpo de vírus, limpa o histórico das procuras na net e tantas outras coisas que, afinal, só carregam para o teu computador coisas do mundo e não o deixam trabalhar com toda a potencialidade com que foi criado.

E lembra-te que, se depois de limpares o computador de tais vírus, não o protegeres com um antivírus, esses vírus ou outros ainda mais perigosos, regressarão, multiplicar-se-ão e tomarão conta do computador, podendo até vir a infectar outros, que ao teu computador estejam ligados.”

É simples e talvez até mais compreensível para os mais jovens que vivem muito este tipo de situações, mas é apenas um exercício, até para percebermos que a Palavra de Deus pode ser ensinada de muitas maneiras, desde que mantenha a pureza e a verdade que Lhe é essencial.

Somos muito resistentes à mudança.

Com isto não se quer dizer que a Palavra de Deus deve ser “actualizada”, porque a Palavra de Deus é sempre actual, mas precisamente por o ser, também deve ser lida, explicada e discernida com tudo o que a humanidade hoje vive.

Isso significa que o que era pecado, que era errado, passa a não ser?
Não, de modo nenhum, porque o que foi revelado por Cristo e em Cristo é eterno, não muda nunca.

Mas, talvez, devamos pensar bem quais são as “lepras” de hoje em dia, quem são os “vendilhões do templo” neste tempo, quem são os “sepulcros caiados” desta sociedade, etc., etc.

A Palavra de Deus é amor e o verdadeiro amor é eterno, porque Deus é eterno e Deus é amor.

«Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor.» 1 Jo 4, 8





Marinha Grande, 13 de Agosto de 2024
Joaquim Mexia Alves