segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O PADRE LAPA, A PNEUMAVITA E EU (2)

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E assim começou a Vida Nova, começou o “nascer do Alto” de que Jesus fala a Nicodemos (Jo 3, 3).
E foi um crescendo, a seguir àquela assembleia, que foi sendo vivido num grupo de oração perto de casa, num encontro com o Espírito Santo, com a oração, com a Palavra de Deus, com os outros, encontros semanais que foram derrubando barreiras de timidez, de orgulho, de vaidade, de pretensa superioridade, tendo sempre presente o conselho avisado do Padre José da Lapa.
 
Toda essa vida nova que fui vivendo, (e ainda vivo, graças a Deus), está bem expressa na carta que então escrevi ao Padre Lapa, (publicada aqui) que era e é para mim, a referência, da vida entregue a Cristo, guiada pelo Espírito Santo no amor do Pai, em Igreja.
 
Lembro-me de, perante as minhas conversas com ele, lhe ouvir dizer coisas que nunca esqueci:
«Joaquim, o Espírito Santo é como uma “epidemia”, quando entra não só nos toca mas toca os que estão ao nosso lado.»
Constatei e constato isso tantas vezes ao longo destes anos.
 
Lembro-me, (e muitos se lembrarão), da sua frase tantas vezes repetida: «Eu sou o burrinho de Jesus.»
E eu pensava para mim: Se ele é o burrinho, eu nem para chão para ser pisado, sirvo!
 
As cartas sucedem-se, numa “vertigem” cheia de ansiedade de querer mais, querer “mais” Deus, querer compreender melhor, querer viver mais e mais sentir, querer fazer “coisas”, e o Padre Lapa, cheio de paciência vai-me respondendo com conselhos avisados, exortando-me e acalmando o meu “nervosismo” religioso.
Escreve ele, em resposta a uma das minhas cartas: «A maior necessidade que terás nesta fase é de orientação espiritual carismática e de uma comunidade na qual possas rezar, participar e colaborar.»
E noutra ainda: «Procura ler e selecionar bons livros.»
 
E mais uma assembleia e um retiro, e as cartas sucedem-se, (pobre Padre Lapa, ter que aturar um “exaltado” religioso).
 
Escrevo eu, em Novembro de 1998: «Sinto que o Senhor quer muito mais de mim, que eu ainda não sei o que é, mas espero que Ele mo mostre brevemente, pois o que faço, o que digo, o que sou, não me chega, sinto que não estou a aproveitar totalmente as capacidades que Ele me deu para O servir e servir aqueles que me rodeiam.»
E perante o problema de não arranjar um Director Espiritual, insisto: «Volto-me novamente para si, pedindo-lhe a sua ajuda e atrevendo-me até a perguntar: Porque não o Padre José Lapa, meu amigo?»
E ele responde com a humildade que o caracteriza: «Logo que seja possível falaremos, face a face, mais e melhor. Para já, sem recusar a ajudar-te, digo-te para escolheres como 1º Director Espiritual o Espírito Santo.»
E mais à frente: «Tu és o instrumento de que Deus se quer servir. Não procures fora aquilo que está dentro de ti e entre nós.»
 
Começa por essa altura a despontar a ideia, sugerida pelo Padre Lapa, da realização de uma assembleia do RCC em Monte Real, e homem de Igreja como é, insiste comigo, (que tudo queria fazer num instante), que devemos rezar pedindo ao Espírito Santo que nos desse o discernimento sobre tal assembleia, que não poderia ser realizada, (insiste ele), sem o acordo e autorização prévia do Pároco de Monte Real, do Assistente Diocesano do RCC e o conhecimento do Bispo da Diocese de Leiria-Fátima.
 
Entretanto convida-me, (com a minha mulher que caminha comigo este caminho novo), em Maio de 1999, a frequentar um Seminário de Aprofundamento com a Comunidade Pneumavita, na Torre d’Aguilha, orientado pelo Padre Vicente Borragán Mata, Seminário que se torna decisivo na confirmação da mudança da minha vida.
 
Neste Seminário acontecem então três coisas da maior importância para mim.
Quando cheguei, ainda tímido, (era assim quando não conhecia as pessoas), sou recebido pelas irmãs e irmãos da Comunidade Pneumavita como se de um filho se tratasse, com palavras e gestos de tal acolhimento, alegria e amor, que imediatamente me senti em família, sentimentos que ainda agora vivo sempre que tenho a possibilidade de estar com a Pneumavita, seja qual for a actividade em que nos encontramos. É um ninho para mim, um ninho onde me sinto amado, acolhido, desejado, sentimentos, aliás, partilhados pela minha mulher.
 
A outra “coisa” que aconteceu foi, que quase no fim do Seminário, o Padre Lapa me chamou para que ele, o Padre Vicente Mata, o Padre António Fernandes e alguns membros da Pneumavita rezassem por mim pedindo a Efusão do Espírito Santo.
Não se julgue que tive visões, ou qualquer outro tipo de manifestações “maravilhosas”, porque não tive nada disso! Tive sim a certeza de que Deus me amava e ama com amor infinito e me chamava e chama a servi-Lo, servindo os outros.
Durante a viagem de regresso, veio ao meu coração e à minha mente, o texto que ao chegar a casa escrevi num repente e que publiquei aqui.
 
A terceira nota sobre este Seminário, é para referir a importância de ter conhecido o Padre António Fernandes, (Beneditino, que já está em Deus), porque a sua amizade e conselho, em conjunto com o Padre Lapa e a Pneumavita, foram os alicerces fortes da morada que Deus quis construir em mim.
 
 
 
Marinha Grande, 25 de Novembro de 2013
Joaquim Mexia Alves
 
 
Nota:
O testemunho/homenagem que queria fazer ao Padre José da Lapa e à Comunidade Pneumavita, está a revelar-se no meu coração bem maior do que eu pensava, e por isso mesmo, vou-me deixando levar até onde Ele me quiser levar.
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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O PADRE LAPA, A PNEUMAVITA E EU

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Neste Sábado que passou, convidado pela Comunidade Pneumavita, fui dar testemunho da vida que Deus me deu, à 39ª Assembleia do Renovamento Carismático Católico em Portugal.
 
Estar com a Pneumavita é para mim, estar em comunhão, estar em família, e, aliás, esta imagem da família é perfeita, porque foi nesta e com esta Comunidade que dei os primeiros passos no meu reencontro com Deus, com a Fé, com a Igreja.
 
E um dos obreiros, ou melhor, o obreiro principal deste reencontro com Deus, com a Fé e com a Igreja, foi o Padre José da Lapa, Espiritano, que trouxe consigo de Roma o Renovamento Carismático Católico para Portugal.
 
Já não sei desde quando o conheço, mas com certeza, pelo menos, desde os inícios dos anos 70, em Monte Real, onde vinha todos os anos fazer 15 dias como capelão da Capela das Termas e ficava hospedado no nosso Hotel.
Lembro-me de ser nesses primeiros anos da década de 70, pelo menos, porque foi numa altura em que estava em Comissão Militar na Guiné e vim passar umas férias à Metrópole, (então assim chamada), e o Padre Lapa se metia comigo sempre que me via, estando na minha memória o facto de os porteiros do Hotel me tratarem por Sr. Alferes, coisa que eu achava que não tinha nada a ver comigo.
 
Mas não é isso que é importante, mas sim que o Padre Lapa tinha o “hábito” nessa altura e mais tarde, de meter conversa comigo, o que não me agradava muito, não só pela sua maneira de ser alegre, intensa, mas também porque eu andava totalmente afastado de Deus e da Igreja e não queria conversas sobre o assunto.
 
Acresce o facto de ele não me inspirar grande confiança, sobretudo depois do seu empenhamento no RCC, porque andava então com um Volkswagen, (tipo carocha), com um grande autocolante dizendo, «Jesus está vivo!», para além de que, as Missas celebradas na Capela das Termas, (a que eu não ia pelas razões atrás apontadas), me pareciam assim uma “coisa” sem jeito, com músicas alegres e muito participação.
Mas, curiosamente, ele não me largava, salvo seja, e em cada oportunidade para se aproximar de mim, lá vinha ele meter conversa e era insistente e paciente, porque eu, que não era de muito bom feitio, mostrava-lhe muitas vezes uma cara desagradável e dava-lhe respostas monossilábicas e irritadas, mas que não o afastavam de mim.
Hoje quando olho para trás pergunto-me se Deus não estaria já a preparar o meu regresso, dando-me assim a conhecer àquele que havia de guiar os meus primeiros passos no reencontro com o Senhor da vida.
 
E os anos passaram, e o Padre Lapa deixou de ir para Monte Real, e os encontros fortuitos acabaram-se, e eu continuei a minha vida afastado de Deus, da Fé, da Igreja e a certa altura, afastado até de uma vida decente e com sentido.
 
E chegaram os anos 90, e perante algumas discussões que foram chegando sobre Deus e a Igreja, (e a continuação da minha vida perdendo-se sem sentido), comecei a minha procura de Quem eu queria acreditar que existia e me podia ajudar a ser diferente, a ter uma vida com sentido, a ter uma vida útil, para mim e para os outros.
 
Passada a primeira fase em que me sentava na Igreja vazia, frente ao sacrário, conversando com Quem eu queria acreditar lá estaria, comecei a “ir” à Missa e a frequentar a igreja, ainda não para mim, Igreja com maiúscula.
Mas era pouco, muito pouco, e eu precisava de algo que me agarrasse, que me motivasse, que tornasse mais presente Deus na minha vida.
E lia, e lia e procurava algo que não sabia se ia encontrar.
 
Num desses livros que li, informava-se sobre os novos Movimentos da Igreja, surgidos após o Concílio Vaticano II, e um deles, pelo seu empenho no Espírito Santo, (não me perguntem porquê, mas naquela altura pareceu-me fazer todo o sentido, o Espírito Santo, claro), mencionava-se o Renovamento Carismático Católico, e que quem o tinha trazido para Portugal era o meu já conhecido Padre José da Lapa.
 
Não terá sido um acto irreflexo, mas também não foi um acto muito pensado, mas a verdade é que dei comigo a escrever uma carta ao Padre José da Lapa, (em Junho de 1997), carta que lida mais tarde, não me pareceu coisa que eu quisesse escrever na altura.
Basta reparar neste segundo paragrafo que aqui reproduzo:
«Quero em primeiro lugar pedir-lhe que me perdoe por diversos “processos de intenção”, por diversos pensamentos e palavras, que contra si dirigi e que agora vejo estavam perfeitamente errados, não só porque não tenho o direito de julgar os outros, como também o tempo, em que Deus Nosso Senhor manda, acabou por lhe dar razão.»
Eu a pedir desculpa! Coisa estranha!
 
Demorou tempo, muito tempo quanto a mim, (de tal modo que passado um mês escrevi nova carta), e a resposta não chegava, e eu ia pensando que da forma como o tinha tratado era muito normal que ele não quisesse nada comigo.
Afinal não o conhecia ainda!
 
Recebi logo a seguir a sua resposta informando que tinha estado fora e só então me podia responder.
Tratava-me com um “velho” amigo, numa carta repassada de alegria por me perceber à procura de Deus, (sem conselhos nem admoestações), e convidava-me a estar presente na 23ª Assembleia do RCC/Pneumavita, em Novembro desse ano, disponibilizando-se de imediato a tratar de tudo para eu poder estar presente com aminha mulher.
Lembro-me de estar preocupado com a minha ida e de ter falado com ele, que me respondeu qualquer coisa como «vem e vê», assim, tão simplesmente.
 
E assim foi!
Estive nessa Assembleia e a minha vida mudou ainda mais, e lembro-me bem com que alegria abracei o Padre Lapa em Fátima e ele me abraçou a mim.
 
 
(continua)
Marinha Grande 20 de Novembro de 2013
Joaquim Mexia Alves
 
 
Nota:
Primeira parte deste testemunho que decidi escrever sobre a importantíssima referência do Padre José da Lapa, bem como da Comunidade Pneumavita, na minha vida.
Porque esta mudança da minha vida foi uma enorme alegria para a minha mãe, (que faria hoje 104 anos), publico hoje este testemunho, em sua memória e em homenagem ao Padre José da Lapa e à Pneumavita.
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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

CAMINHO DE CRESCIMENTO

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Alguém amigo, comentava há uns dias comigo que não percebia porque é que no inicio da caminhada de fé, a oração era fácil, a alegria era sempre presente, as consolações eram muitas, o mundo, a vida, tudo lhe parecia tudo bom, e agora, passado um tempo, tornava-se difícil a oração, muitas vezes a tristeza atacava, em tantas coisas se deparava com o mal.
Às vezes quase apetecia desistir, porque a luta era muita, e se deixasse a vida prosseguir sem se preocupar com a comunhão com Deus e com os outros, tudo seria muito mais fácil.
Não entendia porque é que por causa de tudo isto, às vezes até se revoltava “contra” Deus!
 
Ao tentar responder a estas inquietações, foi-me inspirada a seguinte resposta que aqui deixo para reflexão.
 
O caminho de Deus é uma aprendizagem, com tudo o que implica aprender, desde a consolação, ao desânimo, passando muitas vezes por uma falta de acreditar em nós próprios, nos outros e até em Deus.
 
Quando uma criança nasce, é rodeada de carinho, de ternura, e tudo o que ela faz é objecto de compreensão, até de alegria, (até mesmo coisas que parecem “más”), ou seja, quantas vezes as mães não se alegram porque o bebé sujou as fraldas, o que é sinal que tudo está bem...
Assim o bebé é só consolações, tudo o que faz é bem aceite e fonte de alegria, está totalmente protegido para que nada de mal lhe aconteça. Tudo quanto sejam agressões ao seu bem-estar são imediatamente afastadas porque a sua ligação/comunhão com os pais é total e permanente.
 
Mas depois começa a crescer e já se aventura a decidir algumas coisas por si só, sem atender àquilo que os pais lhe dizem, e começam as "dores", (porque mexeu no lume e se queimou), porque fez isto ou aquilo e lá chegam também as primeiras reprimendas.
Continua a crescer e cada vez mais acha que já sabe tudo, há até um momento em que se quer afastar dos pais, por achar que aquilo que lhe dizem não serve a sua vida.
Agora muitas vezes os erros são maiores e as suas consequências mais pesadas.
Por vezes sente um desejo enorme de se recolher nos braços dos pais, mas o orgulho e muitas vezes uma sensação de culpa, de vergonha, impede-o de o fazer, ou de ser inteiramente verdadeiro com eles, acatando aquilo que eles lhe dizem para o seu bem.
 
E a vida vai continuando e as coisas boas vão alternando com as menos boas e vai descobrindo que afinal as coisas que os pais lhe diziam eram coisas boas, e até as vai ensinando aos seus filhos.
À medida que se vai aproximando da idade mais avançada vai-se dando conta de que tem de confiar naqueles que o amam e assim vai-se deixando conduzir, ajudar, e vai redescobrindo as alegrias e consolos de esperar e confiar em alguém que o ama verdadeiramente e o ajuda a viver a sua vida.
 
Claro que esta descrição é a de uma vida em termos gerais, que acontece, mais parecida ou menos parecida, com muitas pessoas.
 
Com certeza já reparaste na similitude daquilo que te quero dizer.
 
Nesta vida voltada para Deus, ao princípio tudo são consolações, alegrias, descobertas, sentimo-nos protegidos, parece que nenhum mal nos pode acontecer e isso porque a nossa vida é então uma descoberta e é sobretudo uma oração constante, uma constante comunhão com Deus, na Eucaristia, na Confissão, na entrega, enfim, não queremos viver mais nada.
Em tudo O queremos encontrar, em tudo seguimos a Sua Palavra, o mal nada pode contra nós, e espantamo-nos como é possível que os outros não percebam esta maravilha, não queiram viver esta descoberta, esta vida cheia e plena.
Mas depois há que descer do Tabor!
 
É Ele mesmo que quer que comecemos a enfrentar a vida do dia a dia, que enfrentemos o mal que corre o mundo, e então começamos a reparar em tanta coisa má que acontece e questionamo-nos, perguntamos-Lhe até: Como é possível, porque deixas isto acontecer!!!
E Ele na Sua bondade infinita vai-nos mostrando às vezes dolorosamente que não interfere na nossa liberdade e por isso aquilo que fazemos sem pensarmos tem as suas consequências.
 
É o tempo de crescimento, de percebermos que temos também a nossa parte para fazer, a nossa vida a construir.
Então por vezes o nosso arrebatamento já não é tão intenso, o nosso acreditar tão real, e assim isso reflecte-se na nossa entrega, na nossa oração, na nossa comunhão.
 
Ai as dores de crescimento!
Estou a ver os meus filhos a barafustarem quando mais pequenos começaram a comer a sopa com "coisinhas" como eles diziam, ou seja, com bocados de batata ou legumes...
Não queriam a sopa assim! Queriam-na sempre moída, mais fácil de comer, sem dar trabalho!
 
E nós também somos assim!
Antes a oração fluía, a alegria era constante, tudo era fácil e nós nem conseguíamos descortinar as coisas más, pois passavam-nos ao lado.
Mas agora, Santo Deus, parece que o mal nos entra pelos olhos adentro, parece que envolve a nossa vida, e temos dores e dificuldades e não conseguimos rezar, não queremos comer a sopa com "coisinhas"...
 
Mas Ele sabe que nós precisamos desse crescimento, para nos fortalecermos, para podermos enfrentar todas as dificuldades, contrariedades, provações que vão chegando conforme o mundo se torna mais egoísta e a nossa idade vai avançando e tornando mais penoso o nosso viver.
 
A Fé está lá, mas parece não querer dar sinais de vida, parece que o alimento que lhe damos não chega...
É o tempo de lutar, lutar contra nós próprios, lutar contar tudo aquilo que dentro de nós grita: Desiste, não vale a pena!
Lutar sempre! Se não consigo rezar o terço, digo apenas: Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim pecador!
E repito e volto a repetir sempre em todo o momento porque Ele me ouve, e sente a minha angústia, porque Ele não deixa de me responder!
Lembramo-nos então daquilo que Ele nos dizia quando começámos nesta vida e percebemos que já nessa altura Ele nos avisava dos perigos que estavam para vir, das dificuldades que havíamos de viver...
 
E procuramos mais comunhão, mais entrega, com mais perseverança, na confiança e na esperança de que Ele nos está a provar, porque nos ama com amor infinito e nos quer preparar para o que há-de vir: «Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Ficai sabendo isto: Se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a casa.» Mt 24, 42-43
 
E então louvamos!
Louvamos por estas dificuldades, por estas provações e acabamos por não as entender como um mal, mas sim como um bem que nos ajuda a crescer.
E Ele responde-nos e exorta-nos à luta constante, exorta-nos a darmos testemunho dessa luta para que aqueles que a estão a viver saibam e percebam que é na perseverança, na comunhão de oração que Ele responde, mesmo que pareça escondido de nós...
 
Então passada a luta, (quanto tempo demorará?), Ele vem, toma-nos ao Seu colo e diz-nos cheio de amor: Descansa agora nos meus braços de eternidade e goza o louvor e a alegria para sempre!
 
 
Monte Real, 4 de Fevereiro de 2008
 
 
Nota:
Por vezes "revisito" textos que escrevi e encontro neles o que precisava no momento. Este texto, hoje, deu-me o que precisava ... hoje.
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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

DUAS PALAVRAS APENAS…

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Na Missa deste Domingo, (que incluiu a celebração do Sacramento da Confirmação na minha paróquia), chamaram-me a atenção duas pequenas palavras do Evangelho que conta o episódio do chamamento de Zaqueu, atenção essa reforçada durante a homília do nosso Bispo D. António Marto.
 
Costumo servir-me, no dia-a-dia, da Bíblia, dita dos Capuchinhos, que nesta passagem sobre Zaqueu, (Lc 19, 1-10), tem o seguinte versículo 3: «Procurava ver Jesus, e não podia…»
Ora as pequenas palavras que me chamaram a atenção na leitura do Evangelho e depois quando o nosso Bispo O citou novamente, foram: «quem era»
Recorri à “Bíblia de Jerusalém”, bem como à “Bíblia Anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra”, e lá estava o mesmo versículo, mas com a seguinte redacção: «Procurava ver quem era Jesus…»
 
E estas duas pequenas palavras fazem uma diferença extraordinária na percepção da conversão de Zaqueu.
 
Com efeito, Zaqueu não queria “apenas” ver Jesus!
O desejo, a vontade de Zaqueu ia mais longe, ou seja, ele não queria “apenas” ver, queria saber quem era Jesus, queria saber o que fazia daquele Homem um homem diferente dos outros, um homem que transformava as pessoas em que tocava, quer pela Sua Palavra, quer pelas suas acções, quer pelo seu toque pessoal.
 
Ora «quem procura, encontra», (Mt 7, 8), e assim Zaqueu ao procurar “ver quem era Jesus” é tocado, não só pela figura de Jesus, mas sobretudo por quem Jesus era/é, e esse encontro pessoal com Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, não o poderia deixar indiferente, e por isso mesmo a sua vida mudou, as suas prioridades mudaram, o seu modo de proceder mudou, deixou de ser apenas ele, para passar a ser ele e os outros como irmãos, e, claro, a conversão aconteceu.
 
Também hoje em dia há muitos que querem «ver Jesus», mas não querem «ver quem era/é Jesus»!
 
Querem ver uma figura “mediática”, um homem histórico, um homem diferente, um homem que marcou a humanidade, um homem “revolucionário”, um homem que “terá” feito uns milagres, mas não querem «ver quem era/é Jesus», verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.
É que, se apenas queremos ver uma pessoa, vemo-la, e pronto, está vista, vamos adiante, assim "a modos" como ver uma “estrela” mediática do cinema ou do desporto.
Uma vez vista, fica “completo” o conhecimento, porque apenas saciámos os olhos, e por isso mesmo rapidamente esquecemos esse acontecimento.
Agora se queremos ver uma pessoa, porque ela nos chama a atenção para o que diz e o que faz, porque há outros que a acham interessante, com ideias interessantes, etc., então não a queremos só ver, mas também a queremos ouvir, também queremos saber o que pensa e como pensa, também queremos saber o que faz, como faz e porque faz, ou seja, queremos saber “quem é” essa pessoa, e muito provavelmente partilhar das suas ideias e imitá-la naquilo que ela tem de bom.
 
Então, se procuramos apenas «ver» Jesus Cristo, ficamos pelo Jesus histórico, pelo homem diferente, pelo homem que fazia coisas magníficas, etc., mas não vamos mais longe no conhecimento, e assim esse pouco conhecimento rapidamente se perde, e não tem qualquer efeito nas nossas vidas.
 
Mas se queremos, se desejamos, «ver quem era/é» Jesus Cristo, então já estamos predispostos a escutá-Lo, a entende-Lo, a segui-Lo, a imitá-Lo.
Então, como a Zaqueu, Ele toca-nos, transforma-nos, conduz-nos, não porque se introduziu como alguém que força a entrada, mas porque nós desejámos, porque nós quisemos, «ver quem era/é» Jesus Cristo.
 
Apenas duas palavras fazem uma diferença tão grande, sobretudo se essas palavras são Palavra de Deus, e por isso mesmo vão para além do seu entendimento meramente literal.
 
 
Marinha Grande, 7 de Novembro de 2013
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ORAÇÃO

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E continuas a “espantar-me”, Senhor!
 
Estava ali, na celebração do Crisma, e vi aqueles quatro jovens que colocaste nas minhas mãos no último ano para com eles fazer caminho para Ti, e não senti orgulho, não senti vaidade, senti apenas esse espanto de Te perguntar:
Mas Senhor, porque quiseste servir-Te de mim, pecador empedernido, de passado duvidoso, para falar a estes jovens. Que temeridade, Senhor!
 
E tudo somado ao Evangelho, (Zaqueu), levou-me a pensar ainda:
Mas, Senhor, eu ainda nem desci da “minha” árvore! Eu ainda só comecei a mudar de ramo, um pouco mais para baixo, é certo, na Tua direcção, mas ainda estou tão agarrado à “minha” árvore!
 
Pois, eu sei, o Teu amor, o Teu perdão, são infinitamente maiores do que o meu pecado, infinitamente maiores do que o meu passado, infinitamente maiores do que a minha fraqueza, e Tu gostas de Te servir dos pecadores!
 
Agora, Senhor, são Teus, como sempre foram, desde que lhes deste o dom da vida.
 
Que o Espírito Santo os ilumine, os fortaleça, os conduza, e eles se deixem iluminar, fortalecer e conduzir, para que saibam que o Teu amor é constante e mais forte do que todas as provações, do que todas as fraquezas, do que todos os momentos de desânimo, e que é em Ti, por Ti e conTigo que encontrarão a felicidade dos amados filhos de Deus.
 
 
 Marinha Grande, 3 de Novembro de 2013
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