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02 julho 2011

1001 Filmes: Ariel (Ariel)

DIREÇÃO: Aki Kaurismäki;
ANO: 1988;
GÊNEROS: Comédia, Drama, Policial e Romance;
NACIONALIDADE: Finlândia;
IDIOMA: finlandês;
ROTEIRO: Aki Kaurismäki;
BASEADO EM: ideia de Aki Kaurismäki;
PRINCIPAIS ATORES: Turo Pajala (Taisto Kasurinen); Susanna Haavisto (Irmeli Pihlaja); Matti Pellonpää (Mikkonen); Eetu Hilkamo (Riku); Erkki Pajala (Kaivosmies); Matti Jaaranen (Pahoinpitelijä); Hannu Viholainen (Apuri); Jorma Markkula (Prikkamies); Tarja Keinänen (Nainen Satamassa); Eino Kuusela (Mies rannalla); Kauko Laalo (Asuntolanhoitaja); Jyrki Olsonen (Mies Asuntolassa); Esko Nikkari (Autokauppias); Marja Packalen (Tuomari) e Mikko Remes (Vankilalääkäri).





SINOPSE: "Taisto Kasurinen trabalha numa mina de carvão que passa por graves problemas. Seu pai comete suicídio e ele acaba sendo preso por um crime que não cometeu. Na cadeia, ele começa a a sonhar em começar uma nova vida em outro país e planeja escapar da prisão." (Super Cine-Anarquia).



"Mais uma boa surpresa nessa nossa jornada. Mais um bom filme europeu. Mais um grande e bom elenco, enfim, mais um belo filme. Vendo aos filmes europeus, percebemos algo em comum: os filmes quando não são em preto e branco, trazem sempre cores bem definidas e fortes, mas não vivas e sim opacas, característica mais presente em filmes norte-oeste europeu. A suas histórias também retratam relações bem mais para racionais e frias, do que para quentes e emocionais, uma história sempre muito densa, pesada, mas enfrentada e encenada de maneira muito leve, normal e fluída. O filme nos remete a uma cultura bastante interessante, onde o frio é abaixo dos 20º por volta de 7 meses no ano, retratando a vida de pessoas comuns cuja a sorte nunca está ao seu lado e o destino sempre lhe reserva algo da qual não faz parte de uma história de vida feliz e bem sucedida. O diretor lançou mão de uma parte da sociedade para onde não há um olhar, e quando há, geralmente ou é de negação ou é de piedade, e nunca de entendimento e compreensão, retratando apenas a vida da pessoa sem sorte, e não interferindo com suas conclusões ou esteriótipos, algo que o diretor conseguiu resgatar e retratar bem."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira





"Eu diria que Ariel é um filme sobre liberdade, mas não qualquer liberdade, sim aquela que define a vida de uma pessoa. Confesso que quando chegou a nossas mãos um filme finlandês com este nome e esta sinopse pensei que não poderia dar em muita coisa, mas me enganei completamente. A Finlândia é um país do norte da Europa, frio o tempo todo e quatro vezes menor que a cidade de São Paulo em área (340 mil Km2 contra 1,5 milhões de km2) e com metade de sua população (5,5 milhões contra 11 milhões), sendo famosa em seus filhos premiados vencedores em Fórmula 1 e diversos outros esportes. O que o mundo precisa saber é que este país tem também um filho chamado Aki Kaurismäki, diretor de características marcantes em sua obra e que tem em seu histórico recusas a ir para os EUA mesmo quando seus filmes concorrem ao Oscar por não concordar com políticas de guerra. Em Ariel vemos a tentativa de fuga dos personagens, fuga para um mundo novo e diferente, qualquer outro lugar que não seja aquele em que eles vivem, com a falta de sorte que lhes aflige. Vemos pessoas perdidas e sem casa, sem trabalho e sem documentos, mas com imenso desejo de liberdade e de felicidade. E que venha mais cinema finlandês para assistirmos. Se vier com Kaurismäki e seus personagens frios e intensos, melhor ainda."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy





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02 fevereiro 2011

1001 Filmes: Afogando Em Números (Drowning By Numbers)

DIREÇÃO: Peter Greenaway;
ANO: 1988;
GÊNEROS: Comédia;
NACIONALIDADE: Holanda e Inglaterra;
IDIOMA: inglês;
ROTEIRO: Peter Greenaway;
BASEADO EM: ideia de Peter Greenaway;
PRINCIPAIS ATORES: Joan Plowright (Cissie Colpitts); Juliet Stevenson (Cissie Colpitts); Joely Richardson (Cissie Colpitts); Bernard Hill (Madgett); Jason Edwards (Smut); Bryan Pringle (Jake); Trevor Cooper (Hardy); David Morrissey (Bellamy); Natalie Morse (a menina que pula corda); John Rogan (Gregory); Paul Mooney (Teigan); Jane Gurnett (Nancy); Kenny Ireland (Jonah Bognor); Michael Percival (Moses Bognor); Joanna Dickens (Mrs. Hardy) e Janine Duvitski (Marina Bellamy).





SINOPSE: "Três mulheres com o mesmo nome, Cissie, cometem três assassinatos, cada uma afogando o próprio parceiro por pura insatisfação. A garantia para que os crimes não virem à tona é dada por um amigo apaixonado por elas: ele declara que os afogamentos foram acidentes. Esse amigo legista e seu filho são obcecados por jogos de todos os tipos, remetendo a cultura e o folclore local, que são jogados durante o filme." (Cine Click).



"1, 2, 3, 4... 100. Assim começa o filme, em uma contagem de 1 a 100 feita por uma menina nada convencional, sendo essa cena inicial, uma compilação análoga ao filme que se desenrolará em seguida. Assim como a menina, o filme todo, mesmo sendo bastante real, não tendo nada de ficção, em cada cena ou situação, ele é bastante incomum. O filme retrata 'doenças hereditárias' entre as mulheres da família Colpitts, que consiste em: serem infelizes no seu casamento, sempre terminar afogando os maridos e mesmo assim, ainda terem algum tipo de carinho e de 'arrependimento' pelo ato cometido. Porém, há um detalhe entre as mortes que o autor retrata bem, que acaba sendo diferente entre elas. Conforme a relação vai se prolongando, a falta de contato e proximidade é maior, o que torna o primeiro crime quase uma vitória e o último quase um equívoco. Vale ressaltar a cena onde a câmera foca as assassinas, logo após os respectivos crimes cometidos, e fica estagnada em 20 segundos, mostrando o rolar de uma lágrima no rosto de cada uma, o que torna a cena uma das mais significantes do filme. Depois de abordamos o 'Afogando', não podemos deixar de abordar os 'Números', que também é um dos focos do filme. A representação da vida, ou melhor dizendo, da morte, através de uma contagem durante todo o filme é bastante simbólica e amedrontadora, pois as mortes vão acontecendo e sendo registradas por um menino, que tem como divertimento, registrar e contar cada morte que cruza com a vida dele, o que acaba chegando a todos, e de forma perturbadora, cada descoberta é comemorada como se fosse um nascimento, mesmo quando essa comemoração envolve o próprio menino. Apesar de ter um enredo triste, o fato de o filme ter uma fotografia bastante colorida, nos mostrar jogos culturais, agregado ao excelente elenco, acaba amenizando a dramaticidade do filme, que também consegue mostrar bastante vida, seja nos closes em frutas ou insetos, seja pelos próprios jogos que são disputados entre eles."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira





"Dizem que os gatos são ariscos por conta da história de sua raça, na qual constam perseguições e estereótipos de seres amaldiçoados, sendo passado de geração para geração o aviso de cuidado. 'Afogando' é um filme controvertido para o gênero comédia, mas mostra no padrão de perigo vivenciado pelas personagens um humor negro que sustenta o gênero. Com uma história linear, as três mulheres mostram o ritual pregado para assassinar seus maridos, afogando-os, calando-os, sufocando-os, seja por infidelidade ou por falta do olhar do outro. Ora, se a união com outra pessoa é algo para trazer felicidade, interessante notar que em grande parte das vezes acabam em morte, sejam reais ou simbólicas, com facas ou com palavras. A rede de significantes presente na história, unindo as mulheres denotam um padrão interessante no qual elas precisam sobrepor-se aos parceiros, ao homem, ao falo e, mais interessante que isso: cada uma delas, ao ter contrato com o legista (um homem), escapa da descoberta da atuação de seu desejo, seu crime mais íntimo, sua inveja do pênis (para ir fundo ortodoxamente nas teorias psicanalíticas, denotando esta opressão perante os poderes exercidos pelo símbolo masculino). Assim, Freud, no início do século XX já falava das repetições que se manifestam na realidade e em como estas se servem da pulsão de morte: no início do filme a mulher pergunta para a menina porque ela não conta além das 100 estrelas e a menina responde: '... cem é um bom número; depois disso tudo se repete...' E elas repetem os crimes no seio de suas famílias. No mais, o final surpreende: basta aqui dizer que a mulher consegue sobrepor-se a todos os homens e assegura o segredo que guarda a... 100 chaves. Fica para reflexão: qual o limite entre a agressão e a atuação dos impulsos menos nobres que permeiam um casal? Qual o limite para a perversidade entre os pares amorosos? Como seria um mundo sem a lei de interdição para encerrar limites nas famílias? Porque muitos casais se submetem a relações sufocantes, chegando a se afogarem nelas? Em muitos momentos perpetuamos as tradições que os nossos antepassados criaram... até onde isso é bom?" 

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy





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02 janeiro 2011

1001 Filmes: Akira (Akira)

DIREÇÃO: Katshuhiro Otomo;
ANO: 1988;
GÊNEROS: Ação, Animação, Aventura, Ficção Científica e Thriller;
NACIONALIDADE: Japão;
IDIOMA: Japonês;
ROTEIRO: Katshuhiro Otomo e Izô Hashimoto;
BASEADO EM: mangá homônimo de Katshuhiro Otomo;
PRINCIPAIS ATORES: (Akira/28); Mitsuo Iwata (Shotaro Kaneda); Nozomu Sasaki (Tetsuo Shima); Mami Koyama (Kei); Tarō Ishida (Coronel Shikishima); Kazuhiro Kamifuji (Masaru/27); Tatsuhiko Nakamura (Takashi/26); Fukue Ito (Kiyoko/25); Hiroshi Ōtake (Nezu); Masaaki Ōkura (Yamagata/Yama); Takeshi Kusao (Kai) e Yuriko Fuchizaki (Kaori).




SINOPSE: "O ano é 2019 e Tokyo (hoje chamada de Neo Tokyo) já fora abalada por uma Terceira Guerra Mundial. Gangues de motoqueiros povoam uma nova cidade aterrorizada por grupos anti-governamentais. Kaneda é o líder de uma dessas gangues e o membro mais novo de seu grupo, Tetsuo, acaba se desgarrando. Tetsuo sofre um acidente misterioso, e acaba sendo presa de um coronel com sede de poder e de um doutor meio paranóico tornando-se vítima de uma série de experiências, as quais tentam fazer com que ele desenvolva uma espécie de poder psíquico. Esta força acaba por enlouquecê-lo aos poucos, fazendo com que ele comece a perder o auto-controle. O poder é comparado ao de "Akira" e agora todos devem se unir para evitar uma nova tragédia de proporções mundiais." (Animes Shade).


"Akira me surpreendeu duplamente. Primeiro, a qualidade, o cuidado, os detalhes do desenho agregado à imaginação de Katshuhiro Otomo resulta nesse trabalho vigoroso, ágil, caótico e confuso. A segunda surpresa, é justamente essa confusão, bagunça e poluição, que acabam por vezes não tendo um sentido claro e óbvio. Essas duas características acabam por se completarem, pois sem essa loucura a criação poderia ser limitada. Não me agrada muito esse caos sem nexo, mas fiquei imensamente encantado com o dom para desenhar de Otomo, um outro filme, sem essa genialidade, não teria recebido mais que 2 na minha votação particular. Ele consegue descrever um mundo que imaginamos ser daqui mais de 20 anos, se pensarmos que o mundo irá ser mais violento, truculento, ambicioso, egoísta e caótico que é hoje."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira





"Muito interessante como alguns filmes animados conseguem penetrar na alma das pessoas como é o caso de Akira. Explicação para isso talvez seja o lúdico como forma de contato com nossas partes mais primitivas. Em todo caso, o longa demonstra o mundo adolescente com todo seu 'poder', tanto criador quanto destruidor. Os impulsos, a falta de certeza, a possibilidade de se lançar aos riscos sem horizonte e, porque não dizer, necessidade de se lançar ao mundo para conhecê-lo. Os poderes latentes de Tetsuo mostram o alto potencial humano para a realização, para a criação, preconizado por Carl Rogers no século XX, ignorado por muitas vertentes do conhecimento acerca da mente humana. Mas não sem dor... não sem agressividade. Este poder, ao ser desenvolvido no personagem, mostra toda sua agressão contra o mundo, a defesa que emite para contrapor-se à sua fragilidade construída em uma história de vida de carência e abandono, na tentativa de se elaborar lutos e de se experienciar a glória. A questão que fica, a meu ver, desta produção, é no quanto reprimimos em nós (seja por conta do olhar do outro ou por nossa própria dinâmica interna) este poder criador e este desprendimento que quando mais jovens tendemos a ter, de se jogar no mundo para conhecê-lo, sem medo de encontrar novos caminhos e sabendo que a criatividade leva à resolução das adversidades. Em que momento esta ruptura acontece? Onde está aquele jovem (leve, talvez) que um dia fomos? Além disso, o filme conta também um pouco do que é o universo jovem na cultura japonesa, que tenta por diversos meios reprimir os instintos e julgar a competência daquele que está ali para contribuir para o crescimento da comunidade (fato compreensível para um povo com tanta determinação). Resultado desastroso desta pressão exercida se encontra na Síndrome Hikikomori, na qual o jovem se isola por longos períodos, se escondendo do olhar do Outro. Lacan poderia estar aqui para nos ensinar um pouco sobre esta relação que se estabelece. Há tanto para se falar desta produção de Katsuhiro Otomo... uma animação japonesa cheia de símbolos e significados subliminares que merece ser conhecida pelo ocidente."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy





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