26 junho 2012

Olhares Mágicos #39: Futebol Histórico

Por Jonathan Pereira

A seção 'Olhares Mágicos' traz a cada semana 5 imagens temáticas para sua apreciação, sendo estas continentes de significados para nós dois, mas que podem também mexer com as percepções, ideias, vontades, gostos, etc. dos visitantes deste espaço. Selecionamos momentos históricos do esporte mais popular dos brasileiros, criado na terra da Rainha e difundido pelo mundo afora: futebol!







Se desejar ver mais imagens mágicas acesse nosso Tumblr. Até a próxima seleção Olhares Mágicos!

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25 junho 2012

1001 Filmes +: O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum)

DIREÇÃO: Paul Greengrass;
ANO: 2007;
GÊNEROS: Ação, Policial e Suspense;
NACIONALIDADE: EUA e Alemanha;
IDIOMA: inglês;
BASEADO EM: romance homônimo de Robert Ludlum;
PRINCIPAIS ATORES: Matt Damon (Jason Bourne); Julia Stiles (Nicky Parsons); David Strathairn (Noah Vosen); Joan Allen (Pamela Landy); Paddy Considine (Simon Ross); Daniel Brühl (Martin Kreutz); Albert Finney (Dr. Albert Hirsch); Scott Glenn (Ezra Kramer); Édgar Ramírez (Paz); Tom Gallop (Tom Cronin); Corey Johnson (Wills); Joey Ansah (Desh); Colin Stinton (Neal Daniels); Dan Fredenburgh (Jimmy) e Lucy Liemann (Lucy).




SINOPSE: "Bourne enfrenta uma nova saga para fugir de assassinos cada vez mais inteligentes, enquanto continua atrás de informações que revelam quem ele realmente é." (Cineplayers)


"Depois de uma sequência de filmes chamados cult, nos deparamos um um filme rotulado como blockbuster, e dos bons. Muita ação, suspense, amor entre os mocinhos, uma vingança contra aqueles que fizeram mal ao mocinho e sua família, uma trama que 'desmemoriza' o personagem principal, efeitos especiais, perseguições, tiros, uma dose de humanidade e claro, um ator famoso, no mínimo. Um enredo, convenhamos, recorrente para este tipo de rótulo, mas com algo diferente, que o coloca no seleto grupo dos filmes para ver antes de morrer. Por ser uma sequência, imaginei que não tendo assistido aos outros dois, poderia ficar perdido ou com algum enigma em aberto, mas não, o filme por si só conta toda a história de Jason Bourne, que foi desfragmentada em três partes, talvez pelo apelo financeiro e de bilheteria, claro, mais dois itens dos tais filmes blockbuster. Matt Damon consegue ser impassivo, apesar de ser o agente secreto mais imbuído de emoções, e por essa apatia calculista e prática, merece menção, afinal, era justamente essa falta de interpretação que o personagem pedia. David Strathairn e Joan Allen dão a dose de interpretação que faltou ao personagem principal, e com isso, faz a balança igualar e o roteiro se destacar, prendendo o telespectador ao próximo minuto turbulento de Bourne."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira





"Você quer ver um filme de ação com conteúdo? A trilogia Bourne é uma ótima opção. Filmes de ação (estou falando de ação, não aventura) normalmente não tem um enredo muito bem construído, assim como contam com atores de talento breve para a dramaturgia, mas alguns filmes e séries tem os ingredientes que fazem de um filme de ação algo muito interessante de se ver: adrenalina, ótimos atores, história bem construída, romance, suspense e uma boa dose de inteligência, que convida ao espectador a pensar junto e entender a trama. Nesse caminho encontramos Matt Damon encenando o herói Jason Bourne e sua parceira de aventuras, Nicky Parsons (pela atriz Julia Stiles), não podendo deixar de citar a excelente atriz Joan Allen, que aqui é a oficial da CIA Pamela Landy. Estes três personagens parecem ficar de um lado da trama que busca a humanização nas relações, pois Bourne é um matador profissional, mas que nem sabe porque mata suas vítimas, além de ser um homem sem memória. Em busca da construção de sua identidade ele passar os filmes em contato com diversas pessoas e lugares para encontrar respostas, encontrando labirintos que o levam a pensar no porque se tornou matador: que treinamento foi esse que me fez rumar no sentido de deixar de ser quem eu era? Penso que no dia-a-dia andamos mais ou menos por este caminho de desumanizar o outro, esquecendo um pouco de quem fomos, e Jason vem para nos relembrar que o resgate do outro é importante. 'Você nem sabe por que tem que me matar...', diz Jason para o matador enviado a ele, e a arma não dispara. Logo, mesmo que o outro tenha esquecido que dar 'bom dia' é um bom hábito, que nós não deixemos de fazê-lo. Assim, com efeitos sonoros e ângulos perfeitos de câmera, este filme (assim como a série) tem muito a mostrar em entretenimento e lições de vida."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy





Para entender o que são os '1001 Filmes', acesse a página explicativa.

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22 junho 2012

Trajetória: Michael Jackson (Parte III)

Neste mês completa-se três anos da morte de Michael Jackson e como forma de homenagear esta grande figura, que sempre terá espaço e sempre será relembrado nas seções aqui do blog, trazemos aqui no palco do 'O Teatro Da Vida' a última parte da trajetória do Rei Do Pop, contando um pouco de sua vida e arte a partir do ano de 2000, passando por sua morte em 2009 e comentando as repercussões deste 'evento' que chocou as pessoas em escala mundial, e que elevou a lenda a uma referência no mundo do entretenimento mundial. Para ler a primeira parte desta homenagem clique aqui e para ler a segunda parte clique aqui.


Michael, do começo ao fim de sua vida e carreira foi acompanhado de acontecimentos um tanto quanto estranhos. Assim, em 2002 nasce Prince Michael II (apelidado de Blanket, na tradução livre para o português: cobertor), filho de mãe desconhecida. O bebê ficou famoso logo de cara quando Michael o exibiu da janela de um hotel em Berlim, diante da imprensa. Quem não se lembra deste fato? Parece que ele fez isso para mostrar o filho aos fãs que pediam em frente ao hotel, em um ato inocente, mas impulsivo. Na época choveram críticas sobre seu comportamento e questionamentos de quem seria a mãe do bebê. Seria resultado de uma inseminação artificial como ele disse? Mais um dos mistérios com muitas respostas divergentes na vida de Michael.

Paralelamente à sua vida pessoal, a carreira também não vai bem. Em 2000, Michael tentou retirar a licença das gravações originais do catálogo dele da Sony, pois desejava um lançamento independente de sua obra, sem ter que dividir os lucros com a gravadora, mas o contrato o impediu de fazer isso. O acordo com a gravadora se deu e ele pode, então, deixar a gravadora após a gravação de mais uma coletânea de sucessos e de seu inédito álbum em 2001, chamado Invisible.


Invisible é lançado e considerado um fiasco se comparado aos seus antecessores e, antes de ser lançado, cheio de disputas entre ele e a gravadora, discussões sobre a divulgação do álbum, o lançamento de singles, etc. Este álbum até então é conhecido como o mais caro da história, com um custo de cerca de 30 milhões de dólares somente em produção. Apesar da Sony boicotar seu lançamento após três meses, retirando-o das lojas, ele vendeu mais de 11 milhões de cópias pelo mundo todo. A ideia de lançar um álbum tinha  com 35 cantores famosos como Shakira, Celine Dion, Ricky Martin, Laura Pausini, etc. , mas por conta dos desentendimentos entre Michael e a gravadora e a falta de patrocinadores, o álbum nunca foi lançado.

Neste momento sua carreira e vida pessoal estavam com manchas, o que o faz entrar em decadência financeira e emocional. Assim, isolando-se em Neverland, alvo de mais processos sobre pedofilia, se afasta do público, da imprensa e dos fãs. Acredita-se que ele pensava estar sem muitos fãs após todos os recentes episódios, mas viemos a perceber mais para frente que os seguidores de Michael estavam mais vivos do que nunca, seja quando anunciou sua volta aos palcos, pouco antes de sua morte ou, até mesmo, e ainda mais, pela grande perturbação pública mundial que sua morte causou.


Em 2003 Michael é entrevistado por um jornalista inglês, Martin Bashir, em grande parte utilizada no documentário 'Living With Michael Jackson', exibido pelo canal ITV, mostrando o dia-a-dia de Michael. Foi um encontro esclarecedor para o público. No documentário ele conta o que pensa e o que sente com tudo o que cerca sua carreira, um relato emocionante no qual declara que não há nenhum mal em dormir na mesma cama que uma criança, causando piora da opinião pública. Se foi inocência da parte dele ou se um deslize em seu comportamento criminoso, ficou ao publicou julgar, absolver ou crucificar. Um detalhe piora a situação de Michael: um garoto de 13 anos o acompanha na entrevista. Investigações policiais chegam a Neverland em busca de provas de seu perfil pedófilo, causando em 20 de novembro de 2003 uma prisão na qual Michael é algemado e levado a uma delegacia de Santa Bárbara por uma hora, libertado sob fiança, mas avisado de que será levado ao tribunal. No ano da entrevista, a coletânea Number Ones vendeu 10 milhões de cópias no mundo todo.

Um novo processo, movido por um garoto de 13 anos leva Michael ao tribunal que alega inocência do primeiro ao último dia de julgamento, um show midiático promovido pelas emissoras de TV. Elizabeth Taylor, sua grande amiga, o defendeu em diversos momentos e disse que estava na casa quando Michael recebeu o garoto e que nada de anormal havia acontecido, somente brincadeiras de criança, filmes da Disney e muita diversão inocente. O assunto ficou tão sério que um especialista em saúde mental foi chamado para avaliar Jackson e o garoto. Em seu laudo ele atesta que Michael tem idade mental de 10 anos, não o perfil de um pedófilo. Até maio de 2005, quando o julgamento finalmente termina, Michael se vê magro e com a aparência mais alterada que nunca. Ao fim de todas as várias acusações que recebeu, os jurados o consideraram inocente. Após a decisão, uma multidão de fãs esperavam a saída de Michael do tribunal. Michael se muda de Neverland deixando-o magoado e triste, mas disse ser a melhor forma de viver. A partir de então, longe do rancho e sem mais andar com crianças, entra em reclusão no Golfo Pérsico, no Bahrain.


As coletâneas continuam a ser lançadas e Michael sai de sua reclusão em 2006 para ir a premiações e homenagens, entre elas na MTV japonesa, para receber um prêmio raro, a Legend Award, como o artista masculino internacional que mais vendeu no Japão. O Guinness World Records o listou em 8 categorias, entre elas: primeiro artista a ganhar mais de cem milhões de dólares em um ano; primeiro artista a vender mais de 100 milhões de álbuns fora dos Estados Unidos; artista mais bem sucedido no mundo da música; entre outros. Talvez fosse neste momento o artista mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em mais de oito bilhões de dólares, com centenas de milhões de discos vendidos.

Depois das diversas premiações se mudou para Dublin, na Irlanda, e iniciou a gravação independente de seu décimo terceiro álbum, o qual produzia com o rapper Will.I.Am, líder do Black Eyed Peas, que sairia com o selo da Michael Jackson Company Inc., recém-criada, mas ainda em conjunto com a Sony. Em 2008 a Sony tenta resgatar a imagem de Michael com o lançamento de Thriller 25th, contando com remixes de grandes nomes da atualidade como: Will.I.Am, Akon, Fergie e Kanye West. Foi um sucesso de vendas, estando entre os 10 álbuns mais vendidos em mais de 30 países, premiado e reverenciado por todo mundo. Relembrando: maiores detalhes sobre a discografia de Michael, assim como os DVD´s e clipes lançados por ele em sua carreira, estarão presentes em outras postagens aqui no blog.


Em 2008 foi um ano de sucesso para Michael, com muita vida, prêmios e novas parcerias, novos projetos. Tudo isso culminou no anúncio, em 2009, do lançamento de sua nova turnê mundial This Is It, composta por 50 concertos que se iniciariam em 13 de julho de 2009 na O2 Arena, em Londres. Michael anunciou o projeto a seu público pessoalmente mostrando muita vitalidade e ânimo, desde HIStory World Tour, em 1997, não se via Michael em um projeto tão grande. Assim, 750 mil ingressos foram colocados à venda e se esgotaram em incríveis cinco horas de correria de fãs enlouquecidos para garantir seu lugar perto do Rei Do Pop.

No entanto, em 25 de junho de 2009 a notícia inesperada chegou à imprensa mundial: Michael Jackson morre após uma parada cardíaca sofrida em sua casa, em Los Angeles, nos EUA. Muito mistério cercava esta morte e cogitava-se que era tudo uma invenção: como seria possível? O fato é que era verdade e que a internet e os canais de TV do mundo todo não falavam de outra coisa: o mundo parou junto com o coração de Michael.


O motivo da morte precoce, aos 50 anos de idade, seria uma overdose de medicamentos administrada por seu médico pessoal, o Dr. Conrad Murray, administrador de anestésicos fortíssimos que Michael pedia para que se livrasse das dores terríveis que tinha, assim como para conseguir dormir. Outras versões como a de uma conspiração para sua morte na qual empresários e o próprio médico se beneficiariam financeiramente de seu falecimento, correram por todos os cantos midiáticos. O Dr. Murray foi confirmado como a pessoa que esteve com Michael momentos antes de sua morte, administrando a ele medicamentos, mas que não o socorreu, ficando lacunas a serem preenchidas.

No final de 2011 o Dr. Murray foi condenado a quatro anos de prisão por homicídio involuntário do cantor, pagamento de indenizações á família, assim como de custos do seu funeral. A mãe de Michael disse: 'Quatro anos de prisão não me trazem o meu filho de volta, mas é a lei. O juiz aplicou a pena máxima pelo que estou grata a ele e aos procuradores. Correu tudo bem.' O médico está preso até hoje, tendo seus pedidos de cumprir a pena em liberdade negadas pela justiça.


Após algumas semanas de investigação de seu corpo, um evento privado com a família aconteceu em Forest Lawn Memorial Park´s Hall Of Liberty. Também houve um funeral em forma de show realizado em 7 de julho de 2009, com a exposição do caixão dourado de Michael, no Staples Center, onde 17.500 pessoas conseguiram 'ingressos' para acompanhar o ato público. Pela TV o mundo todo assistiu ao evento de cerca de 3 horas com seu caixão fechado, sendo estimado em 2 bilhões o número de pessoas que acompanharam a despedida pelo mundo afora.

O corpo de Michael ainda ficou disponível para investigações, sendo enterrado somente em 3 de setembro de 2009, mais de 2 meses após sua morte, com cerimônia privada para a família e amigos, com cerca de 150 pessoas presentes. O corpo de Michael foi colocado no túmulo no Terraço Sagrado do Grande Mausoléu, com segurança reforçada, monitorado por câmeras e vigias, e de acesso restrito.


Como não poderia deixar de ser, algumas das polêmicas de sua vida vieram a tona através de depoimentos dos personagens que passaram pela vida de Michael. Neste sentido: Jordan, agora com 30 anos, o garoto que acusou Michael de assediá-lo em 1993, declara que foi uma farsa criada por seu pai para que lucrassem com o acordo realizado, meses depois seu pai cometeu suicídio; Debbie Rowe, mãe dos dois primeiros filhos de Michael, alega ter sido inseminada por doadores anônimos e que as crianças não seriam filhos dele e também confirma ter assinado documentos nos quais abre mão da guarda das crianças, mas que foi assegurada por seu advogado de que poderia voltar atrás em sua decisão a qualquer momento; Michael Jackson teria um quarto filho, Omer Bhatti, que na época da morte tinha 25 anos e assistiu a cerimônia fúnebre do astro, apesar de não ser oficialmente reconhecido pela família.


Os ensaios de sua turnê contam com mais de 100 horas de vídeo em alta definição e já rendeu um filme/documentário com o nome do projeto que ele mesmo havia anunciado, 'Michael Jackson This Is It (Kenny Ortega, 2009)'. A produção do DVD custou cerca de 60 milhões de dólares e teve bilheteria nos cinemas de 260 milhões no mundo todo. Em 2010 é lançado o álbum Michael, contendo algumas inédias; em 2011 é a vez de Immortal, com remixes gravados originalmente por Michael e pelo grupo The Jackson 5, sendo a trilha da turnê mundial 'The Immortal World Tour' do Cirque de Soleil em homenagem a Michael. Um jogo musical intitulado 'Michael Jackson: The Experience' foi lançado para algumas plataformas em 2010 batendo recorde de vendas com mais de 1,2 milhão de cópias vendidas em um único dia.

No testamento de Michael, ele deseja que: os filhos fiquem com sua mãe, Katherine, sendo que se ela em algum momento não puder assumir, que a guarda seja passada para sua amiga Diana Ross; sua fortuna, que até então deve ficar por volta de 500 milhões de dólares, fica em um fundo familiar, com a mãe como guardiã até que os filhos cheguem à idade adulta, sendo que parte da herança ficou para instituições de caridade, e o pai Joe Jackson, não foi citado no documento.


Vale constar que Michael é o detentor dos direitos da Famous Music LLC, lista de músicas de grandes artistas. Depois da morte do pai, os três filhos de Michael vivem com os avós e começaram uma vida 'normal' frequentando a escola e convivendo com primos de forma menos protegida que antes. Até mesmo uma entrevista para a TV, à apresentadora Oprah Winfrey, foi concedida pela mãe de Michael e por seus filhos. A senhora Jackson expõe suas dúvidas sobre a morte do filho e sua angústia diante de todo o acontecimento, além dos filhos e sobrinhos falarem da falta que sentem de Michael e o exaltarem como um excelente pai e protetor, do qual sentem muita falta e nutrem muito amor.

E aqui se encerra uma trajetória, nossa homenagem a esta brilhante história do único e eterno Rei Do Pop mundial, grande artista, dançarino, cantor, compositor, enfim, o ícone da arte moderna!




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19 junho 2012

Mais Saúde + Você: Psicoterapia Para O Melhor Viver

Por Kleber Godoy

Nesta seção, como já destacamos no post explicativo sobre seus objetivos, o assunto é sério: saúde. Um tema abrangente, que envolve diversas ciências e, principalmente, a vida de cada um de nós. Assim, buscando criar um espaço para pensar o que podemos fazer para contribuir neste quesito, a cada mês um tema diferente é lançado aqui: hoje falaremos sobre Psicoterapia! É um assunto tão abrangente quanto a própria área da saúde. Ao questionar as pessoas sobre o tema podemos ouvir de tudo, desde que é ótimo ir a um psicólogo até que é completamente dispensável. Vamos tentar clarear um pouco estas opiniões e o porquê delas? A primeira parte deste texto vai mostrar três notícias retiradas da internet ou de revistas da área de Psicologia, abordando os seguintes assuntos: 1) o tempo de duração de um tratamento psicoterápico; 2) os benefícios da psicoterapia para a mudança nas conexões neurais; e 3) a cura da homossexualidade por alguns psicólogos. Após a exposição destas interessantes reportagens que selecionamos para você, segue a proposta de uma reflexão.



PSICOTERAPIA DEVE TER METAS E NÃO SE ESTENDER POR ANOS

Terapeuta dos EUA causa polêmica ao defender que a maioria dos pacientes precisa só de poucas semanas de tratamento e que terapia deve ter objetivos para não ser um "desabafo". Há 15 dias, o psicoterapeuta americano Jonathan Alpert mexeu com os brios dos colegas ao publicar um artigo no "New York Times" em que questionava a eficácia de tratamentos de longo prazo.

Citava um estudo de 2010 no "American Journal of Psychiatric" para dizer que só 10% dos pacientes fazem mais de 20 sessões e um de 2006 no "Journal of Consulting and Clinical Psychology" para afirmar que o progresso cai de 88% para 62% após a 12ª sessão. Culpava os pares. A resposta, diz, veio numa avalanche de e-mails tanto mandando-o para o inferno como elogiando por contestar algo pouco questionado.

Artigos contra e a favor se multiplicaram, cartas de psicanalistas chegaram ao "Times" pedindo cuidado com generalizações e a lista de clientes do psicólogo que atende em Nova York e acaba de lançar "Be Fearless - Change Your Life in 28 Days" (Seja destemido - mude sua vida em 28 dias, que sai no Brasil no fim do ano) cresceu. Mas ele nega que ofereça solução mágica, como acusam os críticos que viram no artigo uma autopromoção.

Sua defesa, diz, é de uma terapia que mostre resultado, em que paciente e analista tracem metas e que não sirva apenas "para desabafar". "Pela minha experiência, a maioria busca ajuda para questões menores e tratáveis: insatisfação no trabalho ou no relacionamento. Não é preciso anos de terapia para isso."

FONTE: Instituto Humanitas Unisinos, 08 maio 2012



OLHAR DO BLOGeste artigo é bastante provocador para a área: quanto tempo deve durar um processo psicoterápico? O psicólogo americano diz que deve ter duração limitada, de poucas sessões e sem enrolação, obtendo assim, respostas raivosas de seus parceiros. Sobre este assunto, baseado em minha atuação profissional, posso dizer que o colega foi um tanto quanto precipitado em suas convicções, pois generalizou toda uma área do conhecimento que é muito abrangente. Posso afirmar ainda que a psicoterapia não tem uma data de término, não dá para se prever quanto tempo irá durar a 'conversa' com meu paciente sobre suas questões. Ao iniciar a terapia o paciente traz uma questão principal e uma ou duas questões secundárias. Conforme as semanas vão passando, o número de perguntas cresce e as respostas vem aos poucos, tanto para mim quanto para eles, seguindo uma lógica que não é a do tempo cronológico, pois a vida é complexa e um ponto se conecta a diversos outros. Neste sentido, depende de diversos fatores: a velocidade em que as mudanças ocorrem, passando pela gravidade do caso, pela personalidade do profissional, pela abordagem de trabalho do profissional, pelas características pessoais que o paciente tem e, também, pela rede de relações afetivas que ela traz (no sentido de que é importante saber o quanto de suporte emocional existe na vida desta pessoa que chega a mim). Há ainda os diversos tipos de psicoterapia, sendo que a Psicoterapia Breve, que se aproxima do discurso do psicólogo da reportagem, realmente dura poucas sessões, pois foca-se em um ponto dos vários que necessitariam de atenção. Em outra extremidade encontramos a Psicoterapia Psicanalítica, que tende a fazer uma análise existencial do paciente e tende a ter uma duração prolongada por muitos anos, dependendo da linha de trabalho adotada pelo profissional. Logo, dependendo do entrelaçamento de todos estes fatores, a psicoterapia pode sim durar alguns anos. No entanto, concordo com o colega quando diz que a psicoterapia deve ter metas, mas também sem rigidez, pois os objetivos do meu paciente e os meus objetivos podem não ser os mesmos, convergindo ou divergindo com o passar das semanas, mas buscando sempre a melhora da condição inicial (a estagnação da condição do paciente com o passar dos meses pode sim indicar um profissional de pouca qualidade). Ultimamente, posso dizer que tenho recebido pacientes que já passaram por análises, mas estas foram mal terminadas, com pontos em aberto, que agora estão agravados pelo tempo e pelas relações que estabeleceram no intervalo entre os tratamentos. É muito perigoso movimentar as coisas dentro de uma pessoa e soltá-la na vida, sem fechar algumas feridas que se abriram ali dentro do consultório.

Kleber Godoy*



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CURA PELA PALAVRA
Neuroimagens mostram que a psicoterapia pode reorganizar circuitos neurais

Uma das principais críticas às ideias de Sigmund Freud sobre o funcionamento da mente é a suposta ausência de comprovação científica, apesar dos resultados práticos no tratamento do sofrimento psíquico e seus sintomas. No entanto, os avanços na técnica de neuroimageamento têm possibilitado o estudo dos efeitos cerebrais do método da “cura pela palavra”.

Duas pesquisas, da Universidade de Amsterdã e da Universidade de São Paulo (USP), mostram que a psicanálise e a psicoterapia causam alterações em áreas neurais relacionadas à tomada de decisões e ao controle das emoções. Pesquisadores holandeses registraram durante quarto meses a atividade cerebral de 35 voluntários diagnosticados com transtorno de estresse póstraumático (TEPT). Parte deles frequentou sessões de psicanálise e o restante não passou por nenhum tipo de psicoterapia. As imagens revelaram que o grupo que fez o tratamento apresentou maior atividade no córtex pré-frontal. Além disso, os pacientes mostraram-se menos aflitos ao falar sobre suas recordações e relataram menor frequência de pesadelos e pensamentos recorrentes.

O outro estudo, do Instituto de Psicologia da USP, avaliou os resultados da terapia cognitiva (TCC) e obteve dados parecidos. O psicólogo Julio Peres acompanhou por dois meses o tratamento de 16 voluntários com TEPT submetidos a sessões semanais de psicoterapia de exposição e reestruturação cognitiva, que consiste em confrontar o paciente com sua experiência traumática e estimulá-lo a reavaliar o próprio medo.

As neuroimagens registradas ao longo do experimento mostraram que a atividade da amígdala – região relacionada à vigilância, à percepção de ameaça e às emoções – diminuiu em comparação com o grupo de controle, formado por 11 pessoas. Esse experimento indica que o tratamento pode modificar circuitos neurais. Segundo Peres, as alterações concentram-se em áreas relacionadas a dores e dificuldades, o que evidencia o potencial terapêutico da psicoterapia.

FONTE: Mente & Cérebro, 07 fevereiro 2012



OLHAR DO BLOG: a questão da cientificidade da psicoterapia, que é buscada na contemporaneidade por muitos pesquisadores americanos e europeus. Neste sentido, afirmo que a psicoterapia é uma relação que se estabelece entre uma pessoa e outra, com uma teoria e uma filosofia ao fundo, ocasionando uma transformação em sentimentos e pensamentos. Logo, uma relação que promove mudanças precisa de cientificidade? O leitor leigo deve estar atento a notícias deste tipo, pois nem tudo na vida cabe nos métodos da ciência e nem tudo a ciência pode medir e comprovar. O importante na atuação da psicoterapia é haver melhora e promoção da saúde de quem nos procura com o passar do tempo, e isso é comprovado pela prática dos psicólogos. O estudo, muito importante em seus resultados, comprova que a psicoterapia modifica redes neurais, o que vai de encontro com o sentido da psicoterapia: reorganizar pensamentos e sentimentos, modificando relações e tornando as pessoas diferentes.

Kleber Godoy*



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CONSELHO PUNE PSICÓLOGA QUE OFERECIA TERAPIA PARA CURAR HOMOSSEXUALISMO

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) decidiu, nesta sexta-feira (31), aplicar uma censura pública à carioca Rozângela Alves Justino, psicóloga que oferecia terapia para curar o homossexualismo. Ela já havia sido condenada à censura pública no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro em 2007. Resolução do CFP de 1999 proíbe os psicólogos de tratar a homossexualidade como doença, distúrbio ou perversão e de oferecer qualquer tipo de tratamento.

A terapeuta estava sujeita à suspensão do exercício profissional por 30 dias ou, até mesmo, à cassação do registro. Entretanto, os conselheiros decidiram, por unanimidade, que a censura pública era a medida mais adequada no caso. O advogado Paulo Fernando, contratado pela psicóloga, disse que vai recorrer na Justiça Federal contra a decisão do CFP.

Para Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), "a decisão é uma vitória", ainda que parcial. "Foi cumprido o código de ética da profissão", disse.

A ABGLT também fez representação junto ao conselho de ética do CRP do Rio, requerendo a cassação do registro de Rozângela. "Precisamos que essa senhora pare de atuar. Já temos, inclusive, notícias de outros profissionais que têm atuado de mesma forma que ela, principalmente ligados a religiões", apontou Igo Martini, presidente do Centro Paranaense de Cidadania, um das entidades filiadas a ABGLT.

A psicóloga, no entanto, não dá sinais de que parará tão cedo. "Com certeza, vou continuar. Vejo que as pessoas têm direito de procurar esse apoio. É a pessoa que define o quer dentro da psicoterapia. Não sinto vergonha e nunca sentirei de acolher pessoas que querem deixar voluntariamente o estado de homosseuxalidade", afirmou.

Em seu blog na internet, Rozângela, que é evangélica, se diz perseguida pelo Conselho Federal de Psicologia, no que ela chama "Ditadura Gay". Para o julgamento no CFP, ela foi de óculos escuros e máscara, por medo de sofrer represálias nas ruas.

Para Rozângela, as pessoas não são homossexuais, mas "estão" homossexuais. Para defender sua tese, ela cita a classificação da Organização Mundial de Saúde que divide a orientação sexual em bem aceita/assumida pela pessoa (egossintônica) ou mal aceita (egodistônica). "Então, em pessoas cuja homossexualidade seja egodistônica, respeitando a motivação individual para efetuar as mudanças que elas mesmas desejarem, o estado homossexual é passível de mudança", escreve.

Para a militância LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), tal opinião contribui para o preconceito e a negação do homossexualismo tanto pela pessoa quanto pela família, ao postular que existe cura. "Esse tratamento é charlatanismo, pois tanto OMS quanto o Conselho Internacional de Psiquiatria declaram que o homossexualismo não é doença nem transtorno mental. Mesma coisa dizer que vai curar a Aids", fala Igo. "O sofrimento vem da pessoa não aceitar sua condição, não viver bem consigo mesma. Os homossexuais sofrem ainda mais por conta de profissionais como essa senhora e de religiosos que dizem que isso é pecado. Essa postura contribui para que cada vez mais pessoas não saiam do armário", continua.

FONTE: UOL, 31 julho 2009



OLHAR DO BLOG: o último artigo escolhido traz uma psicóloga que ignora diversos pontos do Código de Ética Profissional do Psicólogo, assim como a própria humanização no tratamento psicoterápico. Neste sentido é necessário esclarecer: a homossexualidade não é doença a ser tratada, não necessitando de uma cura, mas o preconceito sim, necessita de cuidado, atenção e até busca de cura, podemos pensar, não? A pessoa que busca tratamento psicoterápico deve ser respeitada em sua subjetividade em todos os sentidos, desde suas escolhas afetivas até sua religião, sendo que minhas opiniões pessoais ficam fora do tratamento de meu paciente. Alguns profissionais não levam isso a sério e maldizem toda uma categoria, divulgando com esta prática que a psicologia não funciona e que não pode ajudar. Peço aos leitores que entendam esta minha escolha de artigo para que possam refletir sobre a seguinte questão: há muitos profissionais ruins atuando por ai afora, mas também há muitos ótimos profissionais, sendo que não é porque você ou alguém conhecido se decepcionou com um deles, que deve se generalizar. O cuidado com o pré-conceito (ou preconceito) tem que permear diversos momentos em nosso dia-a-dia, percebe?

Kleber Godoy*



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Assuntos pesados para uma pequena discussão, não? Mas a proposta aqui é de clarear brevemente alguns pequenos pontos e o restante deixar por conta das reflexões do leitor. Assim, os três textos escolhidos por mim colocam questões importantes para iniciar um processo de reestruturação do pensamento dos leitores leigos no assunto sobre a psicoterapia. Há diversas formas de psicoterapia e diversos tipos de profissionais; o tempo para se encontrar caminhos em suas questões pessoais é muito relativo; ao buscar um profissional de psicologia penso que você deve ‘sentir’ o profissional, se ele é responsável, ético, ‘bom’ e se está lhe dando resultados de alguma forma, sendo que se você se sentir sem adaptação tem todo direito de mudar, buscar outra pessoa; a psicoterapia promove o autoconhecimento, muda as redes neurais, mexe com seus sentimentos e pensamentos, é bom fazer; de outro lado, ela promove reflexões existenciais e isso nem sempre traz risos, muitas vezes traz dor, mas uma dor necessária para o desenvolvimento (e isso explica tanta resistência de algumas pessoas à buscarem um psicólogo: o medo desta dor, da mudança de pontos de vista, do movimento...); a eficácia da psicoterapia começa com você. Converse, busque conhecer mais sobre as alternativas que a área de saúde pode te dar para prevenir a doença e promover a saúde... tente conhecer mais sobre você mesmo e quem sabe encontre uma forma de melhor viver e de melhor ser. Afinal, Mais Saúde + Você."

Kleber Godoy*


Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda. (Carl Gustav Jung, psicanalista)


Para entender a dinâmica do 'O Teatro Da Vida' visite a página sobre o blog.





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* Kleber Godoy é graduado em Psicologia pela Universidade São Francisco e pós-graduando em Acupuntura Tradicional Chinesa pela Faculdade Einstein em parceria com a Associação Brasileira de Acupuntura e o Instituto Brasileiro de Acupuntura e Psicologia. Atualmente trabalha com Psicoterapia Psicanalítica, Psicoterapia De Grupo e Orientação Profissional nas cidades de Campinas, Piracaia e São Paulo. Entre em contato pelo correio eletrônico: [email protected]

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17 junho 2012

1001 Filmes: Banquete De Casamento (Xi Yan)

DIREÇÃO: Ang Lee;
ANO: 1993;
GÊNEROS: Comédia, Drama e Romance;
NACIONALIDADE: EUA e Taiwan;
IDIOMA: inglês e mandarim;
ROTEIRO: Ang Lee, Neil Peng e James Schamus;
BASEADO EM: ideia de Ang Lee;
PRINCIPAIS ATORES: Winston Chao (Wai-Tung Gao); Mitchell Lichtenstein (Simon); Ya-lei Kuei (Sra. Gao) como Ah-Leh Gua; Sihung Lung (Sr. Gao); May Chin (Wei-Wei); Dion Birney (Andrew) e Tien Pien (Old Chen).




SINOPSE: "Wai Tung Gao imigrou para os EUA, onde se tornou mais um bem sucedido negociante do ramo imobiliário. Naturalizado, ele divide sua vida e o belo apartamento no Brooklyn com o amante americano, Simon. A família, é claro, ignora sua condição de homossexual. Eles esperam que seu filho se case e dê continuação à família. Simon forja a solução ideal para o problema. Wai Tung casa-se com uma de suas inquilinas, a artista plástica Wei Wei. Em troca, ela conseguiria o visto de residência, o green card. Com o anúncio das bodas, o clã Gao faz as malas rumo à América e instala-se na casa do filho." (Cineplayers)


"Como de costume nessa nossa empreitada, os filmes orientais sempre nos apresentam algo excepcional, seja pelo recado que passam, seja pela arte, seja pelas atuações ou simplesmente pela cultura que há do outro lado do mundo. Aqui, os costumes de orientais e ocidentais são colocados a prova perante a um assunto bastante controverso no mundo todo. De um lado uma família tradicional, neste caso chinesa, do outro um filho homossexual. Ambos lados com objetivos e convicções próprios. Além disso, há a diferença cultural que também os coloca em lados opostos. Enquanto um prefere a cultura ao corpo, o outro prefere o olhar introvertido do seu corpo; enquanto um lado vive uma vida prática e moderna, o outro quer uma vida regrada e fundamentada em uma tradição ancestral que passa de geração para geração. Apenas isso, já seria um enredo e tanto. Mas tem o olhar de Ang Lee, um olhar especial, leve, simples, um olhar repleto de reflexões claras ou subliminares, um olhar afetuoso, cuidadoso, enfim, um olhar completo. É um filme para a família, ou um filme para entender que há sim grandes diferenças entre pessoas, e muito mais, entre culturas, mas também, mostra que o óbvio nem sempre é o óbvio, sendo que a tradição pode se romper por amor, ou o modernismo pode ser tradicional. É um ensinamento de vida!"

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira





"Ang Lee é um dos meus diretores americanos preferidos (apesar de não ser americano), sempre tocando com muita sensibilidade nos temas mais prementes para a alma humana. Assim, com muito sentimento ele desenrola a história de 'O Banquete de Casamento', o qual roteirizou, produziu e dirigiu em parceria com sua terra natal, Taiwan. A história é simples: um homem chinês que, vivendo toda sua homossexualidade no ocidente em hipótese alguma pode contar isso à sua família que vive em Taiwan. O pai fica doente e ele se envolve em uma trama para se casar e agradar ao pai e aos costumes da tradição. Mas este contexto não seria completamente compreendido pelo expectador se não fosse feito com muito cuidado, levando em conta detalhes simples da vivência e do jeito de viver oriental, mais especificamente, o chinês. Assim, para um estudioso da cultura chinesa ou simples interessado no estudo deste 'outro', vale a pena explorar os mínimos detalhes como cores, gestos, falta de gestos, afetos... e as relações que se estabelecem nesta história entre os nossos personagens do outro lado do mundo, do começo ao fim da película. Ang Lee não poderia deixar de mostrar na tela a cultura na qual nasceu, os pontos mais importantes do pensamento chinês e do modo de se relacionar entre os membros de uma família dentro deste contexto. Outro ponto interessante também é a questão da mistura de culturas, presente no banquete que é realizado para comemorar o casamento, incluindo rituais tradicionais junto com toda influência ocidental que eles receberam, deixando para o espectador atento refletir sobre as qualidades e faltas das duas formas de se vivenciar o mundo. No meio disso tudo, fiquei impressionado com a profundidade dos personagens e das relações que eles estabelecem entre si, sendo que ao piscar se perde grande parte de tudo que ali acontece: tudo gira de modo muito dinâmico e interessante, aguçando vários sentimentos e emoções como a curiosidade sobre o que acontecerá a seguir, assim como a torcida para que os desfechos se deem de uma forma ou de outra. Desta forma, se formos comentar a psicologia dos personagens e suas relações teremos que produzir um enorme texto, o que não pretendo neste pequeno espaço que criamos; de outro lado, se for para resumir, não se atingirá o que se deve dizer, sendo melhor não reduzir e encerrar dizendo que excepcionais atores mostram toda emoção em cena para nos ensinar que a sétima arte serve ao nosso bem pensar e, assim, ao nosso bem viver."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy





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