Anda um homem, vivo, por pouco ainda vivo e extraordinariamente ainda cheio de vontade, a choramingar constantemente a mesma baba e ranho, lavados a seco para um nada higienizado de absoluto desdém, para depois assistir a isto: o saque do espólio dos mortos, ainda mortos e certamente já sem vontade alguma de publicar seja o que for. - Estão, tipo...mortos! Certo? Mas não, a altura é exacta, é sempre exacta ao ritmo da necessidade dos ganhos possíveis, da família, da editora, do raio que os parta, nunca dos fieis leitores, que esses são carneiros puros com moeda infinita incrustada na lã inocente do bom gosto. E mais, o texto tem de ser alto, levantado, sublime, pois é do Bolaño valha-me deus, um tipo que escrevia bem como o caralho mas que poucos serão os que, com genuína honestidade se chegarão à frente para descrever a emoção orgástica da leitura das duríssimas e dificilíssimas 1063 páginas do seu épico romance " 2666 " - ' A vida humana inteira está dentro destas ...