(...) Escreve quase todos os dias. Sobretudo no Inverno, disse-me um amigo comum. Onde eu vivo são lugares fora do mapa, muito isolados, e esta leitura foi como um bálsamo e uma inquietação. Primeiro, foi belo. Segundo, consegui identificar o referente fundamental da narrativa. Terceiro, e a partir daí, o texto andou por onde eu nunca estive, mas gostaria. Foi paixão garantida para mim. Muitas vezes, fez-se silêncio total, ainda maior que o habitual silêncio da minha aldeia, onde todos os cães e gatos pararam de mexer, à escuta. eu lia em voz alta e a aldeia parece que ouvia. Houve por aqui, tantas vezes, uma nostalgia tão forte, ou, mais raramente, expressões de uma tão negra tristeza, que me pareceu quase impossível prosseguir, mas, quase sempre a sua escrita é de tal modo ampla que só pode ser literatura, experiência literária. A vida e o pensamento normais, em suma, foram ficando para longe enquanto fui vivendo com o Humberto. E, naquele lugar plano, onde ele viv...