Alguns anos depois de Selma se ter tornado num dos filmes mais aclamados pela comunidade afro americana como representativo da luta pelos seus direitos, eis que a Netflix com a chancela e produção do casal Obama lança um novo biopic, desta vez centrado na figura de Bayard Rustin o organizador da conhecida marcha da liberdade. Em termos críticos o filme resultou com avaliações muito positivas, que tem colocado o seu protagonista Colman Domingo nas odds para a possibilidade de melhor ator. Comercialmente um tema mais pesado e acima de tudo a falta de figuras de primeira linha poderão ter colocado de lado algum valor comercial ao filme.
Sobre o filme podemos dizer que o mesmo acaba por ser um biopic culturalmente afro americano do primeiro ao ultimo minuto, quer na banda sonora quer na temática, mas que também não coloca de lado outros pontos de Rustin como a sua homossexualidade e mesmo a segregação interna que existia entre os próprios associados a orientação sexual. Neste particular a historia de Rustin é interessante mas fica a ideia que o filme não potencia para além de ela mesma, dando todo o espaço para Domingo brilhar, o que o faz.
Fora isso temos alguns elementos curiosos como todos os avanções e negociações pela referida marcha, embora seja um filme mais biopic do que propriamente sobre o acontecimento. E certo que o filme quer mais falar sobre a controvérsia em torno da figura do que propriamente sobre ela, e isso resulta num curioso mas pouco impactante biopic de segundo nivel, que tem o seu epicentro no que vai ser mais sublinhando, ou seja a interpretação central.
Assim mais um tiro de partida da Netflix na temporada dos prémios, num filme que acaba por ser simples nos processos, mas que mais uma vez acaba por ser competente naquilo que é um filme sobre tal acontecimento. Pode na historia ficar, e vai ficar atrás de Selma, mas a historia acaba por ser bem interpretada e os outros pontos são nuances culturais que ficam.
A historia segue Rustin e a sua ligação próxima com Martin L. King e a forma como a mesma com aproximações e recuos acaba por conduzir à marcha da liberdade, mesmo que a sua figura tivesse sido bastante controversa em face da homossexualidade e um caracter demasiado extrovertido.
No argumento o filme e competente a contar a historia e o momento do personagem, sem nunca tirar coelhos da cartola, onde me parece que o filme sofre de ser demasiado academico, com apenas alguns rasgos culturais, que chegam pela banda sonora. Os dialogos sao os esperados, os temas diversificados, mas se calhar ja os vimos todos melhores tratados noutros filmes que documentam períodos historicos.
A realizaçao a cargo de C Wolfe, tem na banda sonora e no ritmo de blues constante a assinatura do realizador um pouco no seguimento do seu filme anterior tambem da netflix. Esta a construir uma carreira consistente, com uma agenda de temas muito politica que lhe poderá levar ao sucesso ja que muitas vezes e um espaço para realizadores mais associados ao lado comico ou ação de serie b.
No cast Domingo tem tido algumas das melhores criticas do ano, e a nomeaçao ao oscar e possivel, por este papel consistente, dinamico, estudado nos maneirismos, que normalmente chamam a atenção, ainda para mais ao interpretar uma figura tão particular. O filme é dominado do primeiro ao ultimo minuto por ele, so perdendo espaço para os pouco mais de cinco minuntos em Wright rouba algumas cenas.
O melhor - Colman Domingo, é muito competente na construçao da personagem.
O pior - Ja vimos estes temas melhor tratados ou pelo menos de uma forma mais creativa
Avaliação - C+
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