segunda-feira, abril 28, 2014

O Mário foi Notícia na Gazeta


Embora continue a ser uma notícia triste, a morte do último caldense na Guerra Colonial, quarenta anos depois, não posso deixar de escrever algumas palavras sobre o Mário.

aqui tinha escrito sobre ele, há praticamente seis anos, por ser a única pessoa próxima que conheci, vitima da chamada Guerra do Ultramar (nesse tempo as colónias eram sobretudo parte do império...).
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Apesar da confusão entre Salir de Matos e Santa Catarina, como sua terra natal, gostei da forma como foi escrita a notícia na "Gazeta das Caldas".

Do Mário "Torrelho" continuo a recordar sobretudo a alegria, o seu sorriso contagiante, as suas brincadeiras e a paciência que tinha para mim e para o meu irmão.

Do seu desaparecimento recordo o quase "luto" de toda a aldeia de Salir de Matos, o sabor a injustiça que têm todas as mortes que acontecem em guerras estúpidas.

Esta ainda é mais absurda por ter ocorrido dias depois do 25 de Abril...

domingo, abril 13, 2014

"O Teu Mar" (meu...)


Há algumas pessoas especiais que visitam os meus blogues e que quando me encontram falam do que escrevo, quase sempre de uma forma positiva.

Acho que também é por isso que vale a pena escrever, que vale a pena ter blogues...

Uma dessas visitantes, a Clara, até me brindou com um poema, em que quase "glosa" o meu Mar, da Foz do Arelho. Poema que vou partilhar convosco, muito agradecido à  amiga e poetisa almadense:

O Teu Mar

Olhas o teu mar
dentro de ti
nunca o encontras
parado
Achas que quase
imita a lassidão
dum rio...
gostas mais da tua 
Foz
Povoada de sons
e ondas fortes
Estás certo!
O mar é como nós
precisamos de espaço
muito espaço
e muita sorte...

Clara Mestre

quinta-feira, abril 03, 2014

Ser de Dois Lugares sem Qualquer Tipo de Conflito


Quando almoço com a minha mãe, falamos de muitas coisas e aparecem sempre outras pessoas à mesa.

Elas não surgem com um sentido de coscuvilhice, mas sim memorialista. É comum a mãe falar-me de gentes de Salir de Matos, que eu não recordo a maior parte das vezes, nem mesmo quando ela rebusca as suas árvores genealógicas ou visita os seus lugares.

Às vezes penso que ela acha que eu vivi muito mais tempo em redor dos avós, que tenho um conhecimento mais profundo das gentes de Salir de Matos. 

Mas não, embora tenha uma boa memória visual, nem sempre consigo oferecer um nome e um lugar às pessoas que por vezes passam por mim.

O lugar onde permaneço há mais tempo, é em Cacilhas. Já são mais de vinte seis anos. Muitas vezes penso que hoje sou mais almadense que caldense. 

Mas talvez seja as duas coisas, sem qualquer tipo de conflito.

O óleo é de Colin Berry.

terça-feira, abril 01, 2014

Os Montes e Vales Estremenhos


Sei que os arquivos da minha memória estão bem organizados.

Hoje até pensei que estavam separados pelas estações do ano, mas acho que não.

O mais curioso é associar as memórias de Salir de Matos ao Verão, embora o verde seja a cor predominante e não aquele castanho amarelecido das searas dos cereais...

Isso deve acontecer porque um dos meus fascículos de infância eram as partes verdes das fazendas (a Várzea e a baixa da Ambrósia), regadas diariamente pelo avô, ora com o motor de rega, ora com o cabaço.

Adorava ver a água a correr pelos carreiros e a inundar as plantas, o feijão verde que trepava pelas canas quase armações das tendas índias, os melões e as melancias, os tomates e os pimentos, e outras mais coisas que adoram água...

Mesmo quando olhava os montes e vales que me cercavam, sem linha do horizonte (isso é era coisa mais do mar e dos desertos...).

O óleo de Jo March.