sexta-feira, novembro 27, 2015

«As "Caldas" da Rainha estão encerradas.»


No final do Verão um amigo aqui de Almada pensou em passar uma quinzena nas termas das Caldas (até já tinha escolhido alojamento e tudo, graças às maravilhas da "internet"...).

Felizmente ele falou comigo antes de fazer a reserva e ficou a saber que o Hospital Termal estava encerrado e a viver mais um dos muitos impasses que tem vivido nos últimos anos e que deitaram por terra um dos maiores - senão o maior - trunfo turístico da Cidade.

Se contar o que se têm passado nos últimos vinte anos com as Termas, as pessoas ficam de boca aberta. Nunca os governantes que exerceram o poder (central e local) nestas duas décadas se mostraram interessadas em resolver o problema. Foram fingindo que resolviam as questões mais prementes (é uma história quase igual à da Lagoa de Óbidos, só que esta também tem o dedo da natureza presente...), para no final ficar tudo na mesma.

E agora parece que continuam a fingir que resolvem o problema. Pelo menos o tempo vai passando e nada de "fumo", branco ou preto...

Será que querem "matar" a história da Cidade, secar as "Caldas da Rainha"?

terça-feira, novembro 24, 2015

Caldas SC: Sena, um Grande Centro-Campista Caldense (21)


Um dos jogadores com melhor visão de jogo e capacidade técnica, que vi jogar no Caldas, foi o Sena. Embora fosse um jogador franzino (e um pouco avesso ao treino como costuma acontece com os grandes talentos...), enchia o pelado do velho Campo da Mata com o seu virtuosismo. 

No final dos anos 1970 (principio anos 1980?) deixou as Caldas e partiu para a Madeira, onde viveu uma experiência diferente, já a caminho do profissionalismo com as cores do Nacional. Não sei se fez parte da primeira equipa do clube madeirense que subiu à Primeira Divisão, sei apenas que deixou a sua marca na bela Ilha Atlântica.

Sei que a fotografia é de péssima qualidade. Foi a possível...

quinta-feira, novembro 19, 2015

Caldas SC: Os Belos Anos Setenta (20)


Crescer numa Cidade, sem grandes manifestações políticas ou culturais, acabaria por fazer que o seu principal epicentro fosse o desporto, ou seja, o futebol, ou para ser ainda mais claro: o Caldas Sport Clube.

Tudo começou com as visitas ao domingo à tarde, de mão dada com o meu pai, ainda antes da Revolução de Abril e que talvez tenham começado no final dos anos 1960. Depois de 1974 o pai afastou-se deste "ópio" e eu passei a ir com o meu irmão e com os amigos do bairro.

Nesta equipa, treinada pelo inesquecível, António Pedro, estão muitos dos jogadores que jogaram épocas a fio no Caldas, como foram os casos de Fortunato (o guarda redes das barbas...), Custódio, Franco, Forneri, Orlando, Gaspar, Sena, Lúcio ou o Vala.

Foi já no final da década, quando optei pela prática de atletismo federado no Arneirense, que me afastei do Campo da Mata e do futebol (pelo menos as tardes de domingos deixaram de ser passadas nas bancadas do velho estádio..).

segunda-feira, novembro 16, 2015

Caldas SC: Saraiva o Nosso Campeão Europeu (19)


Após a subida do Caldas à primeira divisão, o Clube reforçou-se e um dos novos jogadores que chegaram ao nosso foi o Saraiva, vindo do Norte (natural de Peso da Régua) e que se revelou um excelente defesa central.

Quem ouvia os relatos de futebol nunca esqueceu a expressão de Artur Agostinho, quando comentava os jogos do Clube Alvinegro: «Corta Saraiva, do Caldas», dita para salientar o seu valor como principal obstáculo dos avançados adversários.

O excelente jogador manteve-se no Caldas até ao fatídico ano de 1959, que ditou a despromoção de divisão do Caldas Sport Clube.

Saraiva não passara despercebido aos principais clubes portugueses e acabou por sair, fazendo a melhor escolha possível, ao rumar para o Benfica, que se preparava para se sagrar Campeão Europeu com Bella Gutman.


Embora se diga que Saraiva se sagrou Bi-Campeão Europeu, o que é facto é que ele só jogou na época de 1960/61 (cinco jogos e um deles foi na meia-final), na temporada seguinte, 1961/62, foi sempre suplente. É bom recordar que nestes tempos não eram permitidas substituições...

Mas o que ninguém retira da história é que tivemos um Campeão Europeu de Clubes na equipa do Caldas Sport Clube.

Na fotografia da equipa do Benfica, Campeã Europeia de 1960/61 (e também Campeã Nacional), Saraiva encontra-se de pé, ao centro, ladeado de Germano e Costa Pereira. Na primeira imagem é o número cinco...

segunda-feira, novembro 09, 2015

Caldas SC: Um "Magriço" na Cidade (18)


Já escrevi aqui sobre Jaime Graça, um campeão dentro e fora das quatro linhas.

Como futebolista foi dos melhores. Foi titular da selecção que conquistou um brilhante terceiro lugar no Mundial de 1966 (os famosos "Magriços"), onde Eusébio demonstrou ser dos maiores futebolistas do mundo, com a FIFA (e a Inglaterra...) a torcer o nariz à possibilidade de um pequeno país como Portugal se poder sagrar Campeão do Mundo de Futebol.

Como sublinhei na época, foi a única pessoa que entrevistei para um jornal nas Caldas da Rainha (em Agosto de 1991, para o "Record"). 

Gostei de conversar com ele no Campo da Mata. E mais tarde em Setúbal e também no Estádio da Luz.

Apesar de ter jogado no Benfica nos seus melhores anos (de 1966 a 1975), quando o Clube da Águia dominava completamente o campeonato português, a passagem para o mundo  dos "mortais", fez com que não fosse um "deslumbrado" ou alguém "preso ao passado".

Era um homem simples, cheio de sabedoria, e sem medo de falar de coisas com "cheiro a proibido", como o "doping", por exemplo, que era uma prática corrente nos seus tempos de futebolista.

Embora gostasse de ter tido a oportunidade de treinar uma equipa da primeira divisão, não ficou ressentido por isso. Sabia que o futebol era um mundo especial, onde nem sempre se apostava nos melhores. Explicou-me muito bem isso, através da selecção do seu tempo, em que eram convocados sempre os mesmos, estivessem em boa ou má forma. No nosso campeonato principal também se fazia a rotação entre quase sempre os mesmos treinadores. Alguns eram mesmo conhecidos por terem no seu currículo várias descidas de divisão, mesmo assim conseguiam arranjar clube  com relativa facilidade (sabe-se lá porquê!).

Não tenho qualquer dúvida que Jaime Graça foi um dos bons treinadores que passaram pelo Caldas SC. Facto que pode ser testemunhado pelos atletas que faziam parte da nossa equipa, no começo dos anos 1990.