domingo, dezembro 14, 2014

A Vitória de Victória


A nadadora do S.I.R. Os Pimpões, Victória Kaminskaya, alcançou uma medalha de ouro e outra de prata numa prova internacional disputada na Holanda, em Amesterdão.

Não sei quase nada dela, a não ser que é uma excelente nadadora (penso que melhor em provas de fundo...), cujos pais se fixaram na sempre bonita cidade das Caldas da Rainha.

Curiosamente estive a ler uma "Gazeta" (de 5 de Dezembro), para ver se sabia mais coisas da Victória e reparo que ela (segundo a notícia...) falhara os Campeonatos Distritais de Piscina Curta por lesão, disputado na nossa Terra.

Ainda bem que não estava lesionada e que se estava a preparar para outros voos, mais internacionais.

E claro, parabéns para a Victória e para "Os Pimpões".

(foto do site da "A Bola)

domingo, dezembro 07, 2014

A Isabel e as Caldas de Bordalo


Ontem estive presente numa pequena apresentação de um caderno de poesia ilustrada, onde emprestei as palavras aos desenhos do meu amigo Américo. Quase em simultâneo com o lançamento do livro, "As Caldas de Bordalo", da autoria de Isabel Castanheira, na minha Cidade Natal.

Tive pena de não aparecer, para dar um abraço à Isabel, que tanto fez (e continua a fazer...) pela Cultura caldense.

Embora nunca tenha tido uma grande proximidade com a Isabel (provavelmente devido à minha partida para a Capital aos dezoito anos), graças à "Gazeta das Caldas", acompanhei o seu percurso como livreira de excepção (amante dos livros e dos autores) e também de grande apaixonada pelo nosso Rafael, que fez o percurso inverso em relação a mim, veio da Capital para as Caldas, onde deixou a sua marca, até hoje, transportando os seus bonecos para a louça da Cidade.

Sei que este livro é excelente (pelas histórias de amor da Isabel...) e logo que me seja possível vou em sua busca, onde quer que ele esteja à minha espera (sem a "107", tenho de descobrir qual a livraria caldense onde está à venda...). 

sexta-feira, novembro 21, 2014

Saudades da Minha Aldeia


Em resposta a um comentário escrevi que tinha saudades da minha aldeia.

Que tinha de a visitar, para ver se as pessoas continuavam a cumprimentar com um bom dia e uma boa tarde, toda a gente, mesmo os desconhecidos...

Acredito que sim, pelo menos as pessoas de mais idade (a maioria...), incapaz de se render aos tempos modernos dos telemóveis e computadores.

Eu sei que estamos num outro tempo, mas conversar continua a ser das melhores coisas que podem acontecer entre seres humanos... 

O óleo é de Petros Malayan.

domingo, novembro 09, 2014

O Desencanto dos Feirantes...


Leio na última "Gazeta" o desencanto dos vendedores da Praça da Fruta, pelas novas estruturas criadas para este lugar histórico.

As suas queixas fixam-se no peso e tamanho dos toldos (com ferros pesados e grandes...).

Não sei como interpretar as palavras do presidente da Câmara, Tinta Ferreira. Como ele já "pagou" os toldos e as bancas, não vai colaborar na montagem e desmontagem dos toldos... Percebo mas não entendo. Até por saber que a maior parte dos vendedores são pessoas já com alguma idade.

O estúpido da coisa, é que o bom senso raramente aparece nestas alturas.

sexta-feira, outubro 31, 2014

A Praça Ainda Sem Fruta


Ontem fui às Caldas almoçar com a minha mãe.

Antes andei a ver a Cidade (cujo centro quase parece um estaleiro de obras...) e lá fui espreitar a Praça da República, conhecida internacionalmente apenas como Praça da Fruta.

E acabei por ver os toldos. Talvez a Praça fique gira...

Talvez.

Acho estranho este prolongamento das obras, mas talvez os senhores estejam à espera que chegue a chuva, para testar a impermeabilidade da "cobertura".

sábado, outubro 25, 2014

A Nova Ribeira "Centro Comercial Gastronómico"


Uma boa parte do Mercado da Ribeira está transformado num "centro comercial gastronómico" de comida de plástico ou falsamente tradicional. Pelo que consta, foi uma criação de uma revista semanal.

No exterior também se encontram vestígios do Oeste, com a "Ginja de Óbidos", também a caminho da "universalidade", quase a par com  o pastel de nata...

domingo, outubro 19, 2014

Bordalo em Almada


Foi ontem inaugurada na Casa da Cerca uma exposição curiosa, "ID. A Identidade do Desenho".

O mais significante foi a presença de Rafael Bordalo Pinheiro (através das faianças...), com andorinhas, um sapo, um gato preto assanhado (de olhos verdes...), e claro o Zé...

Foi bom ver as Caldas em Almada.

segunda-feira, setembro 29, 2014

Setembro no Campo (5)


Com a chegada do Outono começava a escola e quase que perdíamos o rasto dos campos.

Voltávamos alguns fins de semana, mais para matar saudades com os avós, que para visitar as fazendas do avô. Até porque nas aldeias o domingo era mesmo dia santo, com visita à missa e tudo.

Claro que trazíamos sempre qualquer coisa, nem que fosse um saco de fruta e outro de legumes, para não perdermos o perfume e sabor dos campos.

O óleo é de James Borger.

segunda-feira, setembro 22, 2014

Setembro no Campo (4)


Um dos exercícios que tenho feito na fisioterapia é pisar uma cunha de esponja forrada a napa.

Sempre que faço esses movimentos, lembro-me da alegria que era entrar no lagar e ficar ali a pisar as uvas, na companhia do meu irmão e dos primos.

Só quando se começava a fazer o vinho é que éramos convidados a acabar a brincadeira, para não estorvarmos o avô, o pai e os tios.

Claro que depois de crescermos mais de um palmo, também participávamos naquele agradável treino de musculação, em que o nosso suor se misturava com o vinho e em que todo o trabalho era feito de forma artesanal...

sábado, setembro 13, 2014

Setembro no Campo (3)


Volto aos campos, para falar das vindimas, que me lembro desde sempre e que se iniciavam durante o mês de Setembro (normalmente na segunda quinzena).

Fazer vinho era um dos maiores orgulhos do avô, e depois passou a ser do meu pai, quando herdámos uma das vinhas, o Arneiro.

Há quase algo de mágico na arte de fazer, é quase uma quimera que enche de orgulho quem trata de uma vinha desde o seu início, a poda, até ao fim, a apanha das uvas...

Além do vinho que chegava aos lagares, havia a aguardente, o açúcar (e um pó branco, conservante acho eu), que se misturam na pia, que era despejada com o motor para um dos depósitos enormes da adega (que também herdámos...), onde ficava a fermentar.

O avô (e o pai, posteriormente...), iam medindo o grau do vinho, quase tina a tina, não escondendo o orgulho da fortaleza deste néctar, em anos  mais quentes e com menos chuva na Primavera e Verão...

O óleo é de Ernesto Arrisueno.

sexta-feira, setembro 05, 2014

Setembro no Campo (2)



O meu avô podia muito ser a personagem retratada neste quadro do Eustáquio Servelles, junto da sua parelha de vacas mais famosa, a "Borisca" e a "Benfeita" (nunca percebi o porquê destes nomes...).

Quando me recordo do meu avô materno, descubro um homem sábio, com uma enorme bagagem da sabedoria popular, tão útil naqueles tempos, que fazia com que desse a sensação de saber quase tudo sobre a vida.

As suas conversas a caminho de estórias, tinham algo de mágico (devia ser por isso que a avó tinha ciúmes...), deixando os netos sentados sossegados nas escadas que davam para a casa de fora, a beberem cada uma das suas palavras...

A única coisa realmente diferente dele em relação à personagem deste quadro, é o cigarro. Penso que o avô nunca fumou. Pelo menos eu nunca o vi fumar, embora não o tenha conhecido na juventude, espaço de eleição para quase todos os pecadilhos.


quarta-feira, setembro 03, 2014

Setembro no Campo (1)


Em Setembro costumávamos apanhar a fruta das fazendas do avô.

Lembro-me que era uma tarefa realizada antes das vindimas.

Além da alegria do rancho de pessoas, enchiam-se umas dezenas boas de caixas com pêros e maçãs...

O óleo é de  Eustáquio Segrelles.

sábado, agosto 30, 2014

A Festa de Salir de Matos


No começo de Agosto, talvez no seu primeiro fim de semana, decorria a Festa de Salir de Matos, igual a tantas outras que enchem de alegria as aldeias portuguesas.

Acho que todos os meus tios foram festeiros, ou seja os "operários para todo o serviço" da festa pagã, que nunca se desligou da paróquia (penso que era o padre que guardava os seus lucros, embora não tenha a certeza absoluta).

De um ano para o outro (acho que já neste milénio, embora o tempo voe...) deixou de se realizar, sem que fossem dadas muitas explicações, para lá das dificuldades financeiras em realizar os festejos, com muitos anos (sempre me lembro da sua realização...) de história.

Infelizmente nunca mais foi reactivada. Este ano durante um jantar familiar soube de mais um pormenor, que concorreu para algumas discordâncias entre os organizadores, a existência de uma pipa de vinho, que podia ser consumida à discrição, por todos os contribuintes da festa.

Algumas pessoas não só achavam que a "pipa" causava descrédito como era um "rastilho" para algumas discussões, provocadas por quem tinha "mau vinho".

Com pipa ou sem pipa, eu limito-me a lamentar que tenham colocado fim esta Tradição, sem grandes explicações, como é hábito acontecer no nosso país, de tantas "mortes solteiras"...

O óleo é de Alphonse Roman.

sexta-feira, agosto 15, 2014

O 15 de Agosto nas Caldas


O 15 de Agosto sempre foi um dia grande nas Caldas da Rainha.

Vinha gente de todo o lado, enchiam os restaurantes, as pensões, e claro, as casas de familiares. Era normal recebermos a visita de algum tio paterno, que ficava pelo menos uma noite, com a sala a transformar-se em quarto de hóspedes.

Não sei quando começou a perder importância... talvez fossem as mudanças de lugar (constantes até se fixarem no lugar actual) ou o peso do tempo. No meu imaginário, nunca existiram feiras com as realizadas na Mata da Rainha. Mas nesses tempos era pequenote e tudo o que me rodeava parecia enorme...

Ou talvez fosse a sua dificuldade em se modernizar. Embora uma feira ambulante, com estas características populares, não consiga funcionar de forma muito diferente.

Havia ainda a tourada, que o meu avô fazia questão de assistir (e de me levar algumas vezes), que felizmente permanece viva...

Infelizmente a Cidade perdeu muita da sua importância comercial e termal, por erros políticos cometidos e pela situação económica do país. E isso acaba por afectar o turismo e tudo o que o rodeia...

O óleo é de Ernest Procter.

segunda-feira, agosto 11, 2014

Resquícios de uma Certa Monarquia


O comportamento das grandes famílias portuguesas em relação ao país sempre teve muito que se lhe diga, pois uma boa parte delas sempre achou estar acima da restante população. Embora sejam uma "casta" habituada a viver à sombra do Estado, ou seja, de todos nós, acham-se seres "iluminados" (ou fingem muito bem...) e que os grande cargos do país nunca deviam fugir das suas mãos.

Como nunca se adaptaram à democracia (a possibilidade de ser o povo a escolher os governantes...), conseguiram "inventar" outra coisa, com a conivência de uma outra "casta" (os novos ricos com poucos escrúpulos que hoje enchem o parlamento e os ministérios...), que acaba por se resumir a um sistema misto, que dá a possibilidade a quem tem poder e dinheiro, de viver acima da lei, com os resultados que todos sabemos.

O mais curioso, é que, apesar de viverem desta forma obscena, muitos ainda têm o descaramento de dizer que o salário mínimo é demasiado elevado, entre outras coisas...

Coloco aqui a fotografia deste busto (do jardim do Museu da Cerâmica), por estar farto desta gente "postiça", que tem destruído o país ao longo dos séculos e por simbolizar tudo aquilo que abomino em qualquer sociedade.

quinta-feira, agosto 07, 2014

Uma Estátua para a Rita (e para mim)


O quase "abandono" das Viagens levou a que a Rita me pedisse para colocar por aqui fotografias minhas com a estatuária do Parque das Caldas.

Quase de uma forma simbólica, coloco José Malhoa de costas, porque também tenho estado de costas voltadas para o meu blogue do Oeste...

domingo, julho 20, 2014

Água de Mar


Embora não vá ver a telenovela, "Água de Mar", pelo menos com regularidade, acho uma boa ideia esta aproximação aos lugares, este sair do estúdio e filmar em espaços abertos, e muito mais ainda por as escolhas da RTP recairem no Oeste.
 
Depois do Carvalhal é agora a vez da Foz do Arelho...
 

quarta-feira, julho 02, 2014

As Palavras e o Mar de Sophia


Sophia,

O mar azul e branco
torna-se mais expansivo,
e tocante,
depois de sentir
a luminosidade,
o perfume
e o encanto
das tuas palavras...


Porque hoje é dia da nossa Sophia, poeta maior da nossa Aldeia, publico aqui um poema que lhe dediquei, em 2003. A fotografia mostra o mar da Foz do Arelho.


segunda-feira, junho 30, 2014

Quase Bilhete Postal


Este  óleo é de Mathias Alten e simboliza em parte as colheitas de Verão de outros tempos, o pasto que começava a ficar seco e era apanhado e guardado nos palheiros, para a alimentação dos animais...

Quando ainda eram raras as máquinas nos campos.


É quase um bilhete postal.

quarta-feira, junho 11, 2014

Um Dia Pode ser Muitos Dias...


O feriado 10 de Junho é o dia que transporta atrás de si mais definições.

A nós, crescidos, habituados a estas maneiras pouco dadas à simplicidade da nossa "lusa pátria", nem sequer estranhamos.

Mas quando a nossa filha do alto da sua sabedoria de nove anos nos questiona, porque é que este dia não é um feriado como os outros, só com um significado, não sabemos muito bem o que dizer, porque Dia de Portugal, é como todos os que passamos por aqui...

Eu se pudesse escolher era apenas do "Dia de Camões"...

Deixo-vos este Camões de Lima de Freitas.

sexta-feira, junho 06, 2014

As Cores da Primavera


As Cores da Primavera são do melhor que se encontra nos campos.

E com as cores vêm os cheiros, os sabores...

O óleo é de Jane Aukslumas.

sexta-feira, maio 16, 2014

As Minhas Músicas


Noto que há medida que o tempo passa, o jazz e o fado são as músicas que mais "andam à volta" do leitor de "cedês".

Encontro nestas sonoridades uma largueza que antes não encontrava. 

O mais curioso é que a maior parte dos álbuns que ouço são dos anos cinquenta, sessenta e setenta.

Há fadistas que só conhecia de nome ou de ouvir cantar na televisão. Ou seja, desconhecia completamente a sua obra.

E as suas palavras já têm muita poesia, mesmo que muitos dos letristas não tenham obra publicada...

O meu completo desinteresse pelas músicas destes tempos, pelas sonoridades que entusiasmam os meus filhos, deve ser coisa da idade.

quinta-feira, maio 15, 2014

Hoje é o Dia da Minha Outra Cidade


Hoje é dia de festa nas Caldas da Rainha, pois comemora-se o dia da Cidade.

Como é o "ano estreia" do actual presidente (ainda que tenha sido vereador durante quase cinquenta anos...), aposto que se irão fazer coisa diferentes, o que acho muito bem.

A cidade tem estado povoada de obras, pelo que até devem existir umas fitas para cortar e tudo.

Entre outras coisas é preciso esquecer o "reinado" do Costa...

Agora sem ironias, desejo que a Festa seja boa e que os caldenses se sintam mais em casa.

quarta-feira, maio 14, 2014

Ainda os Museus e a Cultura


Noto que há um desinteresse crescente pelas coisas da Cultura (e se calhar por muitas mais coisas, noto na cultura por ser a área onde me movimento com mais ligeireza...) no nosso país.

O que disse em relação aos museus das Caldas, também poderia ser transferido para Almada (que hoje também já tem uma oferta invejável de espaços museológicos) e não é tão conservadora.

Talvez um dos meus amigos, o Francisco, tenha razão: estamos a viver um período de grande indefinição, em que ainda não conseguimos equilibrar a "balança", entre o passado, presente e o futuro. Ainda não conseguimos dar respostas aos desafios diários que o tal futuro nos coloca, especialmente aos jovens, que andam sempre um passo à frente de nós e por isso são tão incompreendidos...

terça-feira, maio 06, 2014

Museus quase Desertos...


Não devia estranhar, as Caldas não é uma cidade de Cultura, embora tenham espaços culturais dignos de qualquer grande urbe (e até uma Escola Superior de Arte e Design).

Acho que a minha passagem pelos museus da Cerâmica e José Malhoa, é quase um vício, um abraço a Malhoa e a Rafael.

Mas não deixo de achar anormal que quando visito o Museu da Cerâmica, abram a porta propositadamente para mim e seja o único "passageiro" daquela "barca" com tanta beleza e luz...

segunda-feira, maio 05, 2014

A Praça da Fruta Improvisada


Ontem fui às Caldas almoçar com a minha mãe e o meu irmão.

Fui mais cedo que o costume para puder visitar o Parque, os Museus José Malhoa e da Cerâmica, e passar também pela Praça da Fruta.

E até deu para ver a exposição que está no CCC sobre o naturalismo (colecção do Millenium).

Apesar de tudo, não fiquei mal impressionado com a Praça provisória... continuam por lá as cores, os cheiros e os olhares campestres.


segunda-feira, abril 28, 2014

O Mário foi Notícia na Gazeta


Embora continue a ser uma notícia triste, a morte do último caldense na Guerra Colonial, quarenta anos depois, não posso deixar de escrever algumas palavras sobre o Mário.

aqui tinha escrito sobre ele, há praticamente seis anos, por ser a única pessoa próxima que conheci, vitima da chamada Guerra do Ultramar (nesse tempo as colónias eram sobretudo parte do império...).
~
Apesar da confusão entre Salir de Matos e Santa Catarina, como sua terra natal, gostei da forma como foi escrita a notícia na "Gazeta das Caldas".

Do Mário "Torrelho" continuo a recordar sobretudo a alegria, o seu sorriso contagiante, as suas brincadeiras e a paciência que tinha para mim e para o meu irmão.

Do seu desaparecimento recordo o quase "luto" de toda a aldeia de Salir de Matos, o sabor a injustiça que têm todas as mortes que acontecem em guerras estúpidas.

Esta ainda é mais absurda por ter ocorrido dias depois do 25 de Abril...

domingo, abril 13, 2014

"O Teu Mar" (meu...)


Há algumas pessoas especiais que visitam os meus blogues e que quando me encontram falam do que escrevo, quase sempre de uma forma positiva.

Acho que também é por isso que vale a pena escrever, que vale a pena ter blogues...

Uma dessas visitantes, a Clara, até me brindou com um poema, em que quase "glosa" o meu Mar, da Foz do Arelho. Poema que vou partilhar convosco, muito agradecido à  amiga e poetisa almadense:

O Teu Mar

Olhas o teu mar
dentro de ti
nunca o encontras
parado
Achas que quase
imita a lassidão
dum rio...
gostas mais da tua 
Foz
Povoada de sons
e ondas fortes
Estás certo!
O mar é como nós
precisamos de espaço
muito espaço
e muita sorte...

Clara Mestre

quinta-feira, abril 03, 2014

Ser de Dois Lugares sem Qualquer Tipo de Conflito


Quando almoço com a minha mãe, falamos de muitas coisas e aparecem sempre outras pessoas à mesa.

Elas não surgem com um sentido de coscuvilhice, mas sim memorialista. É comum a mãe falar-me de gentes de Salir de Matos, que eu não recordo a maior parte das vezes, nem mesmo quando ela rebusca as suas árvores genealógicas ou visita os seus lugares.

Às vezes penso que ela acha que eu vivi muito mais tempo em redor dos avós, que tenho um conhecimento mais profundo das gentes de Salir de Matos. 

Mas não, embora tenha uma boa memória visual, nem sempre consigo oferecer um nome e um lugar às pessoas que por vezes passam por mim.

O lugar onde permaneço há mais tempo, é em Cacilhas. Já são mais de vinte seis anos. Muitas vezes penso que hoje sou mais almadense que caldense. 

Mas talvez seja as duas coisas, sem qualquer tipo de conflito.

O óleo é de Colin Berry.

terça-feira, abril 01, 2014

Os Montes e Vales Estremenhos


Sei que os arquivos da minha memória estão bem organizados.

Hoje até pensei que estavam separados pelas estações do ano, mas acho que não.

O mais curioso é associar as memórias de Salir de Matos ao Verão, embora o verde seja a cor predominante e não aquele castanho amarelecido das searas dos cereais...

Isso deve acontecer porque um dos meus fascículos de infância eram as partes verdes das fazendas (a Várzea e a baixa da Ambrósia), regadas diariamente pelo avô, ora com o motor de rega, ora com o cabaço.

Adorava ver a água a correr pelos carreiros e a inundar as plantas, o feijão verde que trepava pelas canas quase armações das tendas índias, os melões e as melancias, os tomates e os pimentos, e outras mais coisas que adoram água...

Mesmo quando olhava os montes e vales que me cercavam, sem linha do horizonte (isso é era coisa mais do mar e dos desertos...).

O óleo de Jo March.

sábado, março 29, 2014

As Caldas - Numa Única Palavra


Há "jogos" complicados, mesmo os das palavras...

Pediram-me que em apenas uma palavra, definisse as Caldas, como espaço turístico.

E claro, disseram-me também que não podia pensar, tinha uns "míseros" cinco segundos.

Podia ter dito: "Cerâmica", "Termas", "Cavacas", "Comércio", etc.

Mas disse: "Parque"... Vá-se lá saber porquê.

É uma palavra que significa beleza turística, mas não é a melhor como cartão de visita, é demasiado vaga, para quem não conheça a Cidade...

Mas foi o que saiu em cinco segundos. E como eu gosto do Parque...

quinta-feira, março 27, 2014

O Quarto Escuro


Antes de entrar para a primária a minha mãe começou a trabalhar e eu e o meu irmão tivemos de ir para uma espécie de "jardim escola", que ficou conhecido nas cidade das Caldas como a casa da "Velha da Estação", pela proximidade com a estação (era só atravessar a rua...) e por ser gerido por uma senhora austera já com alguma idade.

Era um "infantário" misto e como nem sempre nos portávamos bem, havia vários castigos. Um dos mais "normais" era passarmos algum tempo no "Quarto Escuro".

Os mais velhos gostavam de assustar os mais novos, mas eu, como sempre, era "protegido", pelo meu irmão, mais velho dois anos e por outros amigos. Por outro lado, estava longe de ser dos um eternos castigados. Ou seja, visitei poucas vezes o "quarto escuro". 

Mas este quarto tinha numa das suas paredes uma pele de leopardo pendurada, que era motivo de várias congeminações, até diziam que ela "ganhava vida". Isso assustava, mas também fazia com que os não frequentadores desse espaço silencioso e escuro, sentissem alguma curiosidade e até pensassem em fazer alguma "patifaria", para experimentarem as tais sensações exploradas pelos "putos" mais imaginativos...

O óleo é de Katherine Frazer.

domingo, março 16, 2014

Os 40 Anos do 16 de Março


Foi há 40 anos que os militares do RI5 saíram do quartel das Caldas, rumo à Capital.

Foi um rebate falso. Houve prisões mas mesmo assim houve Abril, felizmente, um mês e nove dias depois.

Embora só se tenham passado quarenta anos, já é possível uma aproximação maior à realidade.

Ou seja, hoje ganha cada vez mais força a versão de que o 16 de Março foi um "contragolpe" protagonizado por alguns elementos próximos de Spinola. Uns com ligações do Movimento dos Capitães, outros nem por isso...

terça-feira, março 11, 2014

Uma das Praças da Fruta do Mártio


Já publiquei aqui pelo menos um quadro sobre a nossa Praça da Fruta, da autoria de Mártio, um amigo e artista plástico da Margem Sul.

Quando referi aqui a conversa que tive com um amigo, sobre as obras da Praça das Caldas, falava do Mártio, que tinha passado por lá.

Por saber que as coisas não voltariam a ser iguais, ele resolveu-me oferecer um pequeno quadro deste lugar especial das Caldas da Rainha, que retrata um vendedor a entregar legumes a uma "turista" (parece e são eles quem mais aprecia aquela bonita Praça...).

É uma bela recordação de um lugar que não será o mesmo, com toda a certeza. Os amigos são assim...

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Um Mar Mais Igual que os Outros


Passei pela Foz do Arelho e quase que encontrei tudo no mesmo sitio.

Gostei especialmente da bravura e do cheiro daquele Mar, tão meu.

Claro que não andei a medir os avanços e os recuos do mar, embora soubesse que dantes a viagem até à beira-mar não era tão rápida, havia muito mais areia, muito mais praia...


E que modernos aqueles caminhos de madeira, ainda cheios de sentidos proibidos...

sábado, fevereiro 15, 2014

Viver Mais e Pensar Menos


Um dos aspectos mais pitorescos das nossas memórias são as mudanças físicas dos lugares.

Uma conversa ou uma fotografia antiga são o suficiente para nos recordarem que onde hoje existe um aglomerado de prédios, antes existiu uma quinta e também um baldio, que transformávamos com grande alegria em campo de futebol.

Foi ao lembrar-me de uma dessas quintas que separavam os bairros, que me lembrei de um antigo companheiro de escola, que era muito mau aluno, ficando para trás logo na segunda classe, quando havia "chumbos" na primária. Como morava nos arrabaldes do meu bairro, continuámos a vermos-nos. Ele era tão magro, que nós chamávamos-lhe o "esqueleto humano".

Estivemos uns anos sem nos encontramos, até que ele foi morar para o que restava de uma quinta, que ficava a caminho da casa dos meus país (entretanto nós também tínhamos mudado de bairro...). 

Descubro um homem feito com vinte e um anos, a cumprir o serviço militar, já com dois filhos e a mulher à espera do terceiro. Às vezes falava com ele e descobria que ele era muito mais "desembaraçado" que eu. Ou seja muito mais vivido e preparado para enfrentar a vida, com toda a conjugação de problemas que nos vão surgindo pela frente. A própria vida obrigou-o a correr atrás do "pão". Enquanto nós continuávamos a passear os livros, ele trabalhava, certamente...

Pouco tempo depois a quinta foi transformada em lotes e ele teve de partir para outro lugar e nunca mais nos encontrámos.

Comecei a falar da memória e dos lugares, mas o que eu queria dizer é que as pessoas com menos instrução, pensam menos e vivem mais. Habituam-se desde cedo a viver o seu dia a dia sem pensar muito, ou seja vivem a vida como ela é...

De certeza que não era nada confortável para a sua mulher, provavelmente com uns dezoito anos, já ter dois filhos para criar e ter um terceiro a caminho. Mas como diria a minha avó, tudo se cria...

Nãos sei se nós pensamos de mais. Sei sim, que só quem não gosta de pensar muito, é capaz de ter uma "ninhada" de filhos nestes tempos a lembrar alguma da literatura de Charles Dickens...

O óleo é de Damian Elwes.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

A Chuva Cai e...


A chuva cai e as desculpas inundam a Cidade, em obras, num Inverno que quer ser farto.

A "Gazeta" fala das derrapagens habituais. E eles desculpam-se com o mau tempo, como se estivessem à espera que de Novembro a Março, o Sol brilhasse todos os dias...

Talvez no Verão se desculpem com as temperaturas elevadas e com a sede...

Ou seja, música para os caldenses. Foi por isso que escolhi este óleo de Lima Junior.

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

A Praça Será Outra Coisa


Um amigo que passou pelas Caldas falou-me das obras na Praça da Fruta e da sua nova localização.

Quis saber se eu sabia o tempo de duração das obras. Sorri e disse que ninguém deve saber, pois à boa maneira portuguesa, há dois tipos de "derrapagens", os valores da obra que chegam a duplicar, e o tempo, que também pode dobrar ou triplicar...

Acabámos por falar da beleza do mercado de rua, praticamente único no nosso país. Ele é pintor e já pintou várias Praças da Fruta das Caldas. Ambos sabemos que nunca mais será igual, pois a modernidade deverá retirar a originalidade plástica de cada vendedor, que escolhia o chapéu de sol, a banca e até a maneira de colocar a fruta e os legumes na praça...

O óleo é de Claudio Caxeta.

sábado, janeiro 25, 2014

Não Queria Voltar, Mas...


Não queria voltar, mas tinha mesmo de regressar. Não era uma vontade, era um imperativo de consciência, fosse isso o que fosse.

O único transporte que lhe dava espaço para ler, escrever e sonhar, era o comboio.

Sabia que agora tinha uma outra vantagem, podia partir de Santa Apolónia e dar quase a volta a Lisboa até descobrir a Linha do Oeste. E depois continuava a parar nas estações e nos apeadeiros.

Com sorte, talvez a viagem entre a Capital e a Cidade das Termas, demorasse mais de três horas...

quarta-feira, janeiro 15, 2014

«Só as pessoas da cidade é que encontram poesia nos campos»


Sei que ela lê o que escrevo por aqui, provavelmente por ser espaçado. Quase que basta passar por aqui uma ou duas vezes por mês para ler as minhas "viagens pelo Oeste" (cada vez mais curtas)...

Mesmo assim estranhei a sua observação: «só as pessoas da cidade é que encontram poesia nos campos.»

Limitei-me a sorrir, até por saber que havia alguma verdade nas suas palavras.

Mas apenas alguma. Acredito cada vez mais que a "poesia" não é de ninguém, mas sim de toda a gente.

Lembrei-me do meu avô materno, homem praticamente sem instrução e que foi maior parte da sua vida agricultor a tempo inteiro. Apesar dos tempos difíceis que viveu (como boa parte dos portugueses nos anos trinta e quarenta do século passado, bem piores que os de hoje...), senti que não só encontrava "poesia" nos campos, como gostava de de todo aquele ciclo de vidas, ditado pela natureza.

Foi pena não ter estado mais atento aos seus ensinamentos, à maneira simples como nos tentava fazer gostar dos campos...

sábado, janeiro 04, 2014

Abriu-se a Aberta...


Felizmente a Aberta da Lagoa de Óbidos voltou a existir, com o restabelecimento da ligação natural do Mar com a Lagoa.

Apesar desde Governo deixar muito a desejar, as gentes do Oeste tiveram a felicidade de ter um Secretário de Estado do Ambiente das Caldas, o meu companheiro de Escola Secundária, Paulo Lemos.

Se não fosse alguém que conhecesse e sentisse o problema tão perto, penso que ainda hoje se estava à espera que a natureza resolvesse o assunto...