A minha avó materna sempre teve alguma facilidade em inventar palavras, pelo menos eu pensava assim, quando era mais jovem.
Tenho quase a certeza que nunca a corrigia, limitava-me a sorrir.
E também não pensava muito nas coisas, muito menos na razão desta facilidade.
Agora já quase crescido, com os cabelos a branquearem, deu-me para decifrar este "enigma", que nem teve nada de complicado, apenas me exigiu alguma razoabilidade.
A sua capacidade de invenção estava ligada sobretudo à liberdade com que se comunicava (e ainda comunica...) oralmente nas aldeias.
A falta de escola, de regras gramaticais, do conhecimento formal dos verbos, substantivos e adjectivos, entre outras coisas ainda mais estranhas, tornava a sua linguagem original e autêntica.
Não conseguiam ler livros mas a oralidade oferecia-lhes um mundo de palavras, que podiam utilizar a seu bel prazer.
O óleo é de Samane Turnbull.
4 comentários:
Bela forma de comentar o fenômeno tão criticado por outros que, sem razão nenhuma, se auto-atribuem o título de proprietários da língua e com direitos a anular a criatividade popular e sua espontaneidade. Vim agora de uma semana pelo Alto Alentejo e que bem que me soavam todas as palavras.
Beijinhos da Península, e tb perto do Tejo!
Essa liberdade gramatical é um prazer de se ouvir!
olá querida, Lóri.
há quanto tempo!
e claro, a língua é de todos os que a amam, mesmo sem saberem...
pois é, MFC, até tem música. :)
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