MEU-CORPO-SER…
Num místico anel de fogo está a noite do meu corpo-ser-a-irradiar.
Raios de luar fecundam a terra, a cantar luz de encantar.
Enrodilhada no halo de fogo frio da noite vazia,
do vento a sibilar,
tentando desfazer o mágico alfabeto do meu tecto de deslumbrar!
Estou presa numa fronteira,
da qual não quero fugir
sem sentir que o teu ser
se me desvenda, a fulgir…
A noite, intacta, passeia por entre nós
com passos de orquestra melódica…
Sabe a nossa sinfonia de suores e de odores…
Conhece, como ninguém,
as teclas exóticas do nosso mundo a soar.
E os segredos do teu ser, lavados pelo luar,
são como um anel de fogo de que não quero abdicar.
Conheço o teu perfume-círculo- de- lume-brando, onde dorme
a madrugada, deixando-nos a alvorecer…
E nossa alma não dorme…
Está ali, fogosa e viva, a morrer por nova vida!
Mantemos, bem funda em nós,
a tortura do beijo que falta dar
de todos os que já demos, até nos faltar o ar…
Há dunas amareladas no passeio do vento, que silva
mares de calor abstracto
diferente do que nos promete o círculo de fogo compacto,
que assola o espaço-do-deslumbramento.
No labirinto do amor
desponta um poema lindo, tecido de fios de ouro que desfiz,
ao armar uma teia de ternura, com aroma de flores-de-lis.
Não sei se há estrelas no céu de agora…
Não sei se o luar resiste, ainda…
Não sei se o mar já está a brilhar…
Mas sei
que fixei teus olhos de ouro…
…que respirei o aroma do teu viver…
…que enredei as veias do teu corpo…
…e que-tudo-foi-fogo-de-arder…
( Na serra, a neve cai,
branca como flores de marfim…)
Maria Elisa Ribeiro/2017
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